Jedis e Padawans – Diferentes Tons de Cinza escrita por MarcosFLuder


Capítulo 16
O feitiço do esquecimento


Notas iniciais do capítulo

E estamos entrando na reta final da história. Já adianto a vocês que acompanham essa fanfic que o último capítulo já foi escrito, é só revisões a partir de agora. Já posso afirmar que este é o antepenúltimo capítulo. Este, por sinal, começará com um breve flashback, mas que ainda será localizado no tempo presente. Teremos também duas referências ao sexto e ao último episódio de Ahsoka. Serão bem sutis, vocês terão de prestar bem a atenção. Enfim, fico muito feliz por todos os que me acompanharam nessa jornada. Boa diversão.



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PLANETA LOTHAL

DOIS DIAS ANTES DO TEMPO PRESENTE

 

O jantar havia se dado de maneira silenciosa, com todos os presentes não falando muito, depois do juramento que haviam feito, mas todos bem conscientes da ligação que se estabeleceu entre cada um ali. Shin e sua Padawan foram colocadas para dividir um quarto privado e após fazer toda a higiene habitual, já se preparavam para dormir. Ath’Zarah Het ainda estava ligeiramente perturbada por tudo o que lhe fora informado, sobre o perigo que desconhecia até então. Sua Mestra a mantivera no escuro durante bastante tempo, assumindo ela o fardo de lidar com esse perigo. A jovem Padawan sabia que era tudo parte do dever que Shin tinha assumido com ela. Ainda assim, ela precisava saber mais do que lhe fora informado. Sua Mestra claramente percebeu o que ia em sua cabeça.

 

— Não guarde as coisas para você, Padawan – sentada em sua cama, Shin se dirigiu a sua Padawan, esta sentada em sua cama, de frente para sua Mestra.

 

— Algumas vezes você costuma ter pesadelos, Mestra – Ath’Zarah Het faz uma pausa, como que medindo suas palavras – o que as Irmãs da Noite lhe fizeram tem alguma coisa a ver com isso?

 

— Normalmente sim – Shin respondeu – já foi bem pior. Nos primeiros meses depois de Baylan ter me salvado, eu costumava ter esses pesadelos praticamente todas as noites.

 

— Como… como você lidou com isso?

 

— Baylan me ajudou – Shin faz uma pausa antes de voltar a falar – ele me ensinou a me tornar Uma com a Força. Me mostrou como a Força poderia me ajudar a superar isso.

 

— Se acontecer comigo, você me ensina também?

 

— Não vai acontecer com você – Shin responde com firmeza, para logo depois se levantar de sua cama e ir abraçar sua Padawan.

 

— E se acontecer?

 

— Eu tenho te ensinado a se conectar com a Força – Shin continua abraçada com sua Padawan – confie na Força, Zara. Ela fortalecerá o seu espírito e seu corpo.

 

PLANETA DATHOMIR

TEMPO PRESENTE

 

A dor que atravessava o seu corpo não se comparava com nada que sentira antes. Desde que ouvira sobre o interesse das Irmãs da Noite nela que Ath’Zarah Het temia viver essa situação. Ela sentia a carne do seu corpo sendo cortada, como se uma lâmina muito quente estivesse passando sobre ele. A jovem Padawan, no entanto, não estava sendo tocada por nada, nem por ninguém. Tudo o que via eram as três figuras sinistras em volta dela. Palavras numa língua estranha sendo ditas, uma fumaça verde envolvendo o seu corpo. Ela tenta seguir o conselho que sua Mestra lhe dera naquela noite, mas a dor continuava dilacerando-a, o medo que sentia não passava, o desamparo tomava conta de seus pensamentos.

 

— Aguente firme, pequenina – era a voz de uma das Irmãs da Noite dirigida a ela – aguente firme e logo você será uma de nós.

 

Ath’Zarah Het ouviu aquela voz e sentiu um grande desespero tomar conta de si. Em seus pensamentos ela evocou a ajuda de sua Mestra. Entre um grito e outro, o seu esforço era todo para se concentrar, focar seus pensamentos na Força, em tornar-se Uma com ela. Seus olhos estão fechados agora, tudo o que aprendeu sobre se concentrar na Força sendo colocado em prática. A dor ainda estava lá, mas os pensamentos da jovem Padawan estavam concentrados em sua ligação com sua Mestra. Uma parte de seus pensamentos também se voltando para Sabine, algo que a surpreendeu, mas de maneira bem positiva. Ela sentiu seu corpo meio que flutuando, o ambiente escuro ganhando visibilidade, o contorno de duas figuras sendo reconhecidas pela menina, dando-lhe confiança, buscando fazer com que ambas a reconhecessem também. Aos poucos a dor que sentia ia diminuindo, até desaparecer por completo. Em sua inexperiência, Ath’Zarah Het viu isso como uma vitória pessoal, mas não poderia estar mais errada.

 

— Ela fez o contato – disse a Irmã da Noite que era claramente a líder do trio – agora é só nos prepararmos para quando as duas chegarem.

 

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— Shin, você… você consegue sentir – a jovem mandaloriana se volta para a Mestra de Zara.

 

— É um chamado da Zara – o olhar de Shin se volta para uma construção que pode ser vista de longe – é lá que ela está – a antiga Padawan de Baylan Skoll corre em direção ao local, sendo seguida por Sabine.

 

As duas mulheres correm de forma desesperada, ambas sentindo o sofrimento da criança que tomaram como suas respectivas responsabilidades, nutrir, ensinar e proteger. Independente da posição que ocupam na vida dela, essa era uma responsabilidade que ambas tomaram para si. Uma responsabilidade que elas fariam qualquer coisa para que dignas dela possam ser. Ambas chegam juntas até a entrada do lugar. O aspecto lúgubre, a aparência nada acolhedora, muito ao contrário, nada disso sendo capaz de detê-las. Nem mesmo os sons nada agradáveis que ouvem, vindos de dentro do local. Nem por um segundo elas hesitam, entrando de imediato no lugar.

O ambiente denota claramente o seu ar de abandono. Pinturas na parede bem apagadas, revelando um desgaste temporal evidente. A poeira sendo levantada a cada passo que ambas dão. Apenas a luz presente no lugar mostram que este voltou a ser habitado, com os corredores iluminados por tochas. Elas chegaram ao fim da passagem estreita, saindo num amplo salão, igualmente iluminado por tochas. Os barulhos que ouviram na entrada se tornam ainda mais fortes, ganhando um ar ainda mais assustador. Sabine e Shin se colocaram a postos, sabres de luz ligados, armas e armadura mandaloriana sendo ostentadas por Sabine. Elas sabiam que um grande perigo vinha de encontro, mas não esperavam, Shin certamente não, o que se revelou para as duas.

A visão dos cadáveres daquelas mulheres vindo em direção a elas causou reações diferentes em Sabine e Shin. A luta em Peridea já tinha preparado a Padawan de Ahsoka Tano para esse poder das Irmãs da Noite, a capacidade de trazer mortos de volta a vida para servir aos seus propósitos. Mesmo assim, ainda era algo que a deixava abalada, essa capacidade antinatural de obter ajuda. Shin Hati, por sua vez, não conseguia evitar o choque de ter de enfrentar criaturas retornadas da morte. Tudo o que ela via de sacrílego e desonroso nas Irmãs da Noite se confirmando diante dos seus olhos. Independente de tudo isso, as duas mulheres não iam recuar, não importa o que tivessem de enfrentar, o dever de ambas com a criança seria mantido.

Shin Hati usou ao máximo a sua combinação de uso da Força, junto com a perícia dela com o sabre de luz. Cortar ao meio aquelas as criaturas sobrenaturais que via diante de si, jogá-las longe, era a sua resposta. Sabine usava a sua combinação de habilidades Jedi e mandalorianas. Ambas as mulheres dando o melhor de si, eliminando uma grande quantidade das criaturas sobrenaturais que vinham em suas respectivas direções. Eram muitas criaturas, no entanto. Já tendo enfrentado essa luta antes, Sabine sabia que não havia sentido em esticar o confronto. A melhor opção era abrir caminho para longe dessa multidão de mortos-vivos, ir direto para o verdadeiro objetivo delas.

 

— Temos que nos livrar dessas criaturas – Sabine grita para Shim – é uma perda de tempo continuar lutando contra elas.

 

— Use seus blasters para mantê-las longe um pouco – é a resposta de Shin, com Sabine seguindo a orientação de imediato. Shin usa o seu poder da Força para provocar a queda do teto, com uma grande quantidade de rochas separando-as dos mortos-vivos, além de esmagar um bom número deles.

 

— Essa foi uma boa ideia – uma Sabine quase sem fôlego diz.

 

— Vamos atrás da Zara – é tudo o que Shin responde, as duas mulheres correndo na mesma direção.

 

ÓRBITA DO PLANETA DATHOMIR

 

— Você não pode estar falando sério, Ezra – é uma Hera entre indignada e apavorada quem fala.

 

— Ele está sim, Hera – é a vez de Ahsoka intervir, ela olhando direto nos olhos de sua amiga – nós precisaremos do Jace nessa luta – o olhar dela se volta para as figuras de Djin Darin e Grogu – e isso vale para o seu filho também, Djin Darin. Mesmo ele tendo escolhido o caminho mandaloriano, ainda assim, a Força precisa dele nesse momento.

 

— Você tem ideia do que vocês dois estão exigindo de mim – é uma Hera em lágrimas que se dirige a Ahsoka e Ezra.

 

— Eu nunca terei um filho para chamar de meu, por isso mesmo eu não vou ofendê-la, dizendo que sei como se sente, Hera – um sorriso meio melancólico surge no rosto da togruta – eu não tenho a menor condição de saber como você se sente, minha amiga. Tudo o que me cabe fazer é pedir que você confie na Força.

 

— Eu não quero perdê-lo, Ahsoka – os olhos de Hera continuam a se encher de lágrimas – não posso… não posso perdê-lo como… como perdi o... – ela é abraçada por um Ezra igualmente emocionado.

 

— Eu sei, eu sei – é um Ezra de voz embargada quem diz. Ahsoka abraça os dois ao mesmo tempo. Demora um pouco, mas eles saem do triplo abraço – confie na Força, Hera. Confie na Força – a resposta de Hera é se dirigir ao filho.

 

— Por que você tem que ser tão parecido com o seu pai, Jace? – ela diz entre lágrimas. A única resposta de Jace, ele também chorando, é correr para abraçar a mãe.

 

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Sabine e Shin continuavam correndo pelos corredores daquele lugar. A angústia tomava conta delas, pois aqueles corredores pareciam infinitos. Foi com um certo alívio que chegaram até um novo salão, este sim, parecia bem melhor conservado que os outros locais. Os sinais de limpeza eram evidentes, assim como os de que o local passara por uma restauração, visível no estado das estátuas e pinturas. As duas mulheres estavam em alerta máximo, uma servindo de cobertura para a outra. Elas sentiam o perigo bem próximo, a sensação de que poderiam ser atacadas a qualquer momento. Um pressentimento que logo se mostrou correto, quando uma luz verde irrompeu de repente, vindo em grande velocidade na direção onde estavam.

Sabine mal teve tempo de se preparar, sentindo seu corpo sendo jogado de encontro a uma parede. O impacto do golpe tirando o seu fôlego, o estalo em suas costas indicando uma possível costela quebrada. Sua primeira atitude foi procurar Shin, seus olhos voltados para todo o canto. Foi com alívio que a viu lutando contra duas Irmãs da Noite, usando sua habitual combinação de poder da Força com seu sabre de luz. O alívio com a visão de Shin lhe permitiu ignorar a dor e se levantar, olhando para seu sabre de luz caído num canto, usando a Força para recuperá-lo sem maiores dificuldades. Foi então que se lembrou do que lhe disseram sobre as Irmãs da Noite, que elas eram um trio.

 

— Pelo visto você já está dominando bem melhor os poderes da Força – a voz em tom monocórdio, mas que não deixava de ter um tom igualmente macabro, fez com que Sabine se virasse para uma determinada direção, o sabre de luz novamente ligado – pena para você que isso não será o suficiente – a Irmã da Noite dispara o que parece ser um raio verde na direção de Sabine. É puramente instintivo, mas tudo o que a mandaloriana faz é levantar o braço na direção do raio, contando apenas que seu treinamento finalmente mostre até onde, no poder da Força, ela avançou.

 

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Todo o treinamento de Shin foi útil, no momento em que sentiu as rajadas da dupla de Irmãs da Noite vindo em sua direção. A Força dentro dela, seu natural talento para dominá-la, lhe permitiu resistir ao ataque. Ela sabia que essa seria uma luta que exigiria o máximo de sua habilidade. Não era algo que a preocupasse, ao lembrar de como fora lapidada por anos de treinamento rígido, por um Mestre que dela exigia, não menos que a totalidade do seu potencial. Tudo isso lhe permitiu também passar à ofensiva contra suas inimigas. A preocupação com Sabine surge de imediato, mas ela sabe que precisa confiar que sua companheira será capaz de lidar com sua própria ameaça. Isso não a impede de procurar por ela com os olhos, ao mesmo tempo em que resiste ao ataque que está sofrendo. Shin consegue vê-la, se recuperando do ataque e se colocando em guarda, pronta para enfrentar a inimiga à sua frente.

 

— Sua amante não vai resistir muito tempo contra a nossa irmã – uma das bruxas se dirige a Shin – já você, será um prazer, meu e de minha outra irmã, derrotá-la, jedi imunda.

 

Shin nunca tinha lutado contra as Irmãs da Noite antes. Tudo o que ela conhecia sobre seus poderes veio do relato de seu antigo Mestre, sobre como lidara com elas na época em que a salvara. A Mestra de Ath’Zarah Het sabia que Baylan se aproveitou bem de um momento de distração das bruxas, ocupadas no ritual de tortura contra Shin, para matá-las. Esse não era o caso. Se tratava de um enfrentamento direto, onde Shin precisava usar uma combinação de uso da Força com a ameaça do seu sabre de luz, para enfrentar aquelas bruxas. Ela sabia que estava diante do seu maior desafio, que nenhum de seus adversários anteriores podia se comparar em poder com uma dupla de Irmãs da Noite.

Sabine usou tudo o que tinha em si sobre a Força para deter o ataque. Ela sentia em seu corpo todo o esforço dispendido nisso. Deter o feitiço da Irmã da Noite custava-lhe muito caro e ela teve que saltar para o lado, pois sabia que não conseguiria isso por muito tempo. Seu treinamento mandaloriano sendo útil nesse momento, pois ao mesmo tempo em que se esquivava do feitiço, tratou de sacar o seu blaster, atirando contra a sua adversária. Ela viu os tiros de seu blaster sendo rebatidos por uma espécie de escudo verde, claramente gerado por magia. O sabre de luz foi sacado novamente e ela atacou esse mesmo escudo. A resposta da Irmã da Noite foi uma nova rajada verde, o sabre de luz segurando a maior parte do impacto, mas com Sabine sendo atirada longe.

Shin notou quando Sabine caiu próximo de onde ela estava, indo direto até ela, preocupada com seu estado. O alívio por vê-la levantar-se por conta própria não durou muito. Logo as duas estavam cercadas pelo trio de bruxas. Suas costas praticamente coladas, cada uma protegendo a retaguarda da outra. Sabine continuou usando o seu blaster para tentar atingi-las, mas os tiros continuaram sendo absorvidos pela energia verde do feitiço delas. Foi então que ambas notaram os orbes nas mãos das três bruxas. A lembrança da chegada delas em Peridea logo surgindo em suas respectivas mentes. O raio vermelho saindo de cada orbe até se juntarem numa forma triangular. Sabine e Shin tinham uma clara ideia do poderia acontecer.

 

— Temos que nos separar – foi Sabine quem gritou, mas era tarde demais, o laço triangular envolveu as duas com cada vez mais força.

 

Sabine e Shin se esforçaram ao máximo, mas quanto mais força o faziam, mais o laço que as envolviam as apertavam mais. Ambas podiam ver as risadas macabras das bruxas. O desespero se tornado maior ao se verem impotentes, quando seus sabres de luz, blasters e armaduras eram arrancados delas por feitiços, deixando-as indefesas diante do trio de bruxas. As duas mulheres não tinham medo de morrer. A única preocupação na cabeça delas era com Zara. O único medo que as afligiam era o de falhar com a menina, com a Padawan de Shin, com a pequenina que Sabine jurou a si mesma proteger. As três orbes flutuavam no ar, mantendo-as presas. Foi com grande temor que ambas viram as Irmãs da Noite estendendo suas mãos para tocar em seus respectivos orbes. O efeito foi imediato. Uma onda de choque tomando todo o corpo de Sabine e Shin. Uma dor terrível, parecendo que ia partir o corpo delas ao meio. Não deve ter durado muito, embora a sensação de um sofrimento interminável, fosse evidente para as duas mulheres. Logo a escuridão tomava conta delas, enquanto seus corpos desabavam no chão.

 

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As várias naves pousaram próximas a mesma construção de aspecto assustador onde Sabine e Shin tinham entrado. Logo saltaram as figuras de Ahsoka, Hera, Ezra, Arlo, Jace, Chooper, Huyang, Zeb Orrelios, Djin Darin e Grogu, além de Boba Fett e Fenec Shand. Junto com esse grupo haviam também vários soldados mandalorianos liderados por Bo-Katan. Todos ali sabiam que enfrentariam o poder das Irmãs da Noite, cujas histórias eram muito conhecidas. Ainda assim, foi com choque e horror que viram tantos cadáveres ambulantes vindo para enfrentá-los. Era um espetáculo macabro, mas já esperado. A história de como as Irmãs da Noite enfrentaram as forças do exército separatista eram muito correntes entre soldados e mercenários por toda a galáxia.

 

— Eu e meus soldados vamos abrir caminho para que você e o seu pessoal possam entrar e ir atrás das garotas – Bo-Katan se dirige a Hera, que acenou positivamente com a cabeça.

 

Os mandalorinos se mostraram uma força militar bem coordenada, disciplinada e firme. Sob as ordens de Bo-Katan, eles formaram uma barreira sólida que forçou o exército de zumbis das Irmãs da Noite a abrir caminho, permitindo ao grupo comandado por Hera adentrar no local. Esse grupo teve de enfrentar apenas um pequeno grupo de mortas-vivas que escaparam da barreira mandaloriana, logo eliminando-as sem maiores dificuldades. O pequeno grupo avançou pelos corredores até se deparar com os escombros deixados pelo poder de Shin. Ahsoka, Ezra e Grogu usaram seus poderes na Força para abrir caminho em meio aos escombros, estes se espalhando num grande estrondo. O avanço continuou, principalmente depois de Ahsoka, usando a sua ligação na Força com Sabine, se dar conta que tanto sua Padawan quanto Shin estavam em grandes dificuldades.

 

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Shin foi a primeira a acordar, sentindo Sabine ao seu lado, ainda recuperando a sua consciência. Após o alívio de constatar que sua companheira estava viva, todo o seu pensamento se voltou para sua Padawan. Por um breve momento, um enorme sorriso surgindo em seu rosto ao vê-la. O sorriso se desvaneceu rápido, ao notar que ela estava presa no mesmo laço surgido dos orbes que haviam derrotado ela e Sabine. Olhando em volta ela vê também o trio de bruxas. Essa visão desperta nela uma fúria que a faz querer se soltar de suas restrições, mas é um esforço inútil. Ela vê que Sabine já está totalmente consciente, e também tenta se livrar de suas restrições.

 

— O esforço de vocês duas é uma perda de tempo – a Irmã da Noite que claramente liderava o trio diz – quanto mais vocês tentam se livrar, mais os laços que as prendem se tornam fortes e restritivos.

 

— Eu vou matar vocês, suas desgraçadas – é uma Shin aos gritos quem diz – vou matar vocês como o meu antigo Mestre matou as suas irmãs.

 

— Nós verificamos as suas cicatrizes, Shin Hati – diz a segunda das Irmãs da Noite – estávamos mesmo muito curiosas para saber como você sobreviveu a isso.

 

— Pelo visto algumas de nossas irmãs resolveram retomar os costumes antigos – a terceira Irmã da Noite fala – de a muito que nós tínhamos abandonado essa forma bárbara de fazer de alguém uma Irmã da Noite.

 

— Isso não importa agora – a Irmã da Noite que liderava o trio intervém – queremos apenas que sua Padawan observe o nosso poder. Que ela veja como faremos você e sua companheira serem mandadas para o esquecimento, levando Abeloth junto.

 

— Vocês são loucas – é a vez de Sabine falar – a Força é a única coisa que pode conter Abeloth.

 

— Não venha nos falar sobre a Força, você que mal consegue invocá-la – a terceira Irmã da noite diz – nós sabemos o que estamos fazendo. Vamos nos livrar de vocês e de Abeloth também.

 

— Preparem-se irmãs – a líder do trio de bruxas diz – vamos começar o nosso ritual.

 

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A sensação que se formou, pelas visões cadavéricas de um exército de zumbis formadas por Irmãs da Noite mortas, era ao mesmo tempo nojenta e assustadora. Todos ali, sendo jedi ou não, viam aquilo como sacrílego e antinatural. Sabres de luz e armas foram apontados para aquela tropa macabra. Cabeças de zumbis eram explodidas por tiros, ou decapitadas por sabres de luz. Tanto a Força como golpes violentos eram usados para afastar os que avançavam em direção ao grupo. Embora tenha se formado naquele mesmo dia, todos ali se mostraram juntos, uma força coesa e bem eficiente. Não foi preciso nem combinar entre os adultos que as duas crianças do grupo deviam ser mantidos mais protegidos.

Por um momento, Jace Syndulla ficou em dúvida se não deveria ter ficado na nave em órbita, como era o desejo inicial de sua mãe. Foi apenas um momento. Ele estava consciente que todos ali faziam uma espécie de barreira de proteção em torno dele, e de Grogu. A contribuição de ambos para a luta era usar o controle de cada um na Força, empurrando zumbis para longe. Ver o seu Mestre, sua mãe, as pessoas que já conhecia e as que conhecera neste dia, lutando, o fez ver o que era ser um verdadeiro Jedi. Ser um Jedi era ir de encontro ao perigo para ajudar quem precisava. Nesse momento, Jace Syndulla teve a certeza concreta de que queria ser mesmo um Jedi.

Foi uma luta dura, mas todos ali, jedi ou não, se mantiveram firmes. Tudo se tornou mais fácil quando a tropa mandaloriana liderada por Bo-Katan chegou. Ahsoka gritou para os demais jedi para seguirem em frente, pois sua ligação com Sabine indicava que eles não podiam mais ser detidos. Os que não eram Jedi, se juntaram a tropa de mandalorianos para abrir caminho. Ahsoha liderou os Jedi e seguiram em frente. Duas trocas de olhares foram dadas. Jace olhou para sua mãe, o seu rosto ganhando um ar de gravidade que remeteu àquela mulher muitas lembranças. Ela sorriu para o filho, neste sorriso um misto de preocupação e orgulho, mas também de consentimento. Outra troca de olhar foi entre Grogu e Djin Darin, foi bem rápida, com a pequena criatura seguindo junto com Jace, ambos atrás dos demais jedi. Tanto Hera quanto o mandaloriano trocaram um breve olhar de compreensão mútua, para logo depois retomarem a luta contra o exército de zumbis.

 

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Shin Hati sentiu seu corpo sendo conduzido por um estranho túnel. Ela flutuava numa direção sem que pudesse evitar. Havia uma estranha luz no final desse túnel, e quanto mais se aproximava dessa luz, mais suas lembranças iam ficando difusas e opacas. Era um sentimento que tomava conta dela, aos poucos se insinuando em seu íntimo. Era um medo que surgia de sua consciência, ao se dar conta que tudo em sua vida parecia estar se apagando. O esquecimento parecendo cada vez mais uma presença corpórea diante dela, ganhando substância, se tornando parte dela, ao mesmo tempo em que tudo o que fizera parte de sua vida ia se desvanecendo.

Sabine já havia enfrentado a magia das Irmãs da Noite antes. Ainda assim, ela lutava muito para escapar da sensação cada vez maior de que estava sendo conduzida por um túnel de horrores. A cada segundo que passava, tudo o que ela era, seus medos, suas alegrias, suas lembranças, boas ou más, tudo parecia sumir diante de si. Era uma sensação horrível de se perder completamente, sentir-se deixando de existir, como se tudo dela estivesse sendo apagado da existência. Muito pior do que a morte, ela sentia que sequer seria lembrada, pranteada. Não haveria tristeza pelo seu destino, mas apenas indiferença.

Ath’Zarah Het podia sentir tudo o que acontecia com sua Mestra e com Sabine Wren. A ligação entre Mestra e Padawan, a proximidade cada vez maior que sentia em relação a Sabine lhe permitindo isso. Ela podia sentir como o feitiço das Irmãs da Noite parecia apagá-las aos poucos da existência. Em sua jovem mente ela podia sentir as lembranças do seu tempo com Shin Hati se apagando, os sentimentos que aos poucos criara por Sabine sumindo. A jovem Padawan tenta se acalmar. Sua mente se concentrando na Força, reunindo o máximo de seu conhecimento para tentar se comunicar com sua Mestra. A ligação entre elas ainda estava presente e Ath’Zarah Het lutaria até o fim para mantê-la consigo.

Shin sentia cada vez mais que o esquecimento a envolvia como uma mortalha fúnebre. Ela lutava contra isso, mas era difícil. A antiga Padawan de Baylan Skoll buscou colocar em prática tudo o que aprendeu. Tratou de usar ao máximo a sua conexão com a Força. Sua mente esvaziou-se de todo o medo, toda a sua concentração voltada para buscar uma conexão. Menos de um minuto se passou e ela sentiu a presença de sua Padawan. Um sentimento quente de orgulho tomando conta dela ao perceber isso. A presença de Sabine também se fez notar, tornando crescente um sentimento de felicidade que envolvia Shin por completo agora. No entanto, essa felicidade foi contaminada, no momento em que ela sentiu outra presença.

Sabine sentiu-se impotente em muitos momentos de sua vida. Ver o seu povo ser submetido pelo império, ter ela própria trabalhado para essa odiosa instituição. Só ela sabe a culpa que precisa sempre remoer dento de si, dos males que causou por ter trabalhado para o império. Só ela sabe o sentimento de impotência que carrega dentro de si, por ter visto, sem nada poder fazer, a morte de seu mundo, de seu clã, de sua família. Sabine só não sucumbiu a tudo isso porque nunca deixou de lutar. Mas em seu íntimo, ela sabe, que um dia acabaria sucumbindo, principalmente se continuasse na vida que estava levando em Lothal, antes de se reconectar com Ahsoka, antes conhecer Shin e Zara. Foi dessa forma, pensando em sua Mestra, em Shin, Zara, Ezra e em todos que ela ama, que Sabine Wren lutou para se manter viva e lembrada. Ela podia sentir a ligação na Força mantendo-a presente, a conexão que estabeleceu com Shin e Zara, a sua reconexão com Ahsoka. Ao mesmo tempo, ela também sentiu algo diferente. Uma presença maligna.

As duas mulheres e a jovem Padawan sentiam-se cada vez mais ligadas na Força. A conexão entre elas resistindo ao feitiço das Irmãs da Noite. Tudo o que tinha sido apagado antes voltando a ser parte delas novamente. Uma nova voz se juntava a elas na Força. Era Ahsoka Tano, usando a sua ligação com Sabine, reforçando a luta delas contra o feitiço. Havia uma alegria genuína nessas mulheres com a conexão que estavam estabelecendo entre si. Essa alegria, no entanto, começou a se desvanecer, Shin sendo a primeira a notar. Não demorou muito, entretanto, para que as outras notassem também. Um sentimento de angústia, da alegria delas juntas sendo conspurcada. Uma sensação maligna se mostrando cada vez mais presente. Abeloth estava junto a elas.

 

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As Irmãs da Noite sentiam-se eufóricas quando iniciaram o feitiço. Tudo indicava que estavam no caminho certo. Aos poucos elas sentiam as duas mulheres tendo suas existências sendo apagadas, as duas conduzidas para algo pior que a morte, para o esquecimento. Finalmente, era o pensamento do trio de Irmãs da Noite, finalmente elas se livrariam de vez de Abeloth. Não haveria mais o medo, poderiam finalmente acordar suas outras irmãs. Aos poucos, no entanto, essa euforia foi se perdendo. Todas as três bruxas podiam sentir a ligação na Força, do trio de mulheres Jedi, fortalecendo as duas mulheres a quem o feitiço era dirigido. Por mais que se esforçassem, elas sentiam a ligação dos jedi quebrando o feitiço que realizavam. Um misto de raiva e frustração tomava conta delas. Ainda assim, o trio de bruxas não desistia, mesmo depois de notarem uma nova presença jedi reforçando ainda mais a luta contra o seu feitiço.

 

— Elas estão resistindo ao nosso feitiço – a segunda Irmã da Noite quase grita.

 

— Aguentem firmes, Irmãs – a líder do trio diz num tom de voz imperioso – elas não vão nos deter.

 

— Não são apenas elas, irmãs – a terceira Irmã da Noite diz, sua voz num tom claramente assustado – tem uma outra presença entre nós – a Irmã da Noite grita – é ela, é Abeloth.

 

A visão que surgiu diante das Irmãs da Noite remeteu a longínquos pesadelos. Um medo que esperavam nunca mais sentir. Estava envolta em fogo, parecendo sugar todo o ar do ambiente. O rosto opaco, quase transparente, como mal se lembravam, mas a horrenda fileira de dentes, indo de um lado a outro do rosto, não deixando dúvida sobre quem tinham diante de si. Um medo ancestral toma conta do trio de bruxas. Um medo que foi cultivado entre elas durante sabe-se lá quantas décadas, quem sabe séculos. O feitiço delas perdendo força diante da visão horripilante, daquela que queriam se livrar de vez, mas que agora era uma ameaça visível diante de seus olhos.

 

— Crianças tolas – a voz tinha um tom tão horripilante quando o aspecto da criatura – achavam mesmo que iam se livrar de mim com esse feitiço? Nem imaginavam que era essa a oportunidade que eu estava esperando para finalmente ser livre novamente.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 16 postado. No próximo domingo teremos a postagem do penúltimo capítulo. Aguardem.



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