Jedis e Padawans – Diferentes Tons de Cinza escrita por MarcosFLuder


Capítulo 12
Mestres Jedi e suas dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Daqui a algumas horas eu vou viajar. Ficarei fora uma semana, me dedicando a uma atividade e sem condições de postar nada na internet. Por isso mesmo que adiantei a postagem deste capítulo, pois se não fizesse isso, só na semana que vem. Como já estou quase na metade do penúltimo capítulo, tenho muita confiança na frente de capítulos que criei. Segue, portanto, esse novo capítulo, ainda centrado nos acontecimentos que mostram com Shin e sua Padawan se conheceram. Espero que quem esteja lendo continue gostando.



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PLANETA LOTHAL – TEMPO PRESENTE

 

— Você não devia ser atormentar tanto por conta disso, Shin – Ahsoka se dirige a ela com sua habitual voz calma – todo mundo que já esteve no seu lugar, em algum momento pelo menos já lidou com esse tipo de dúvida.

 

— Eu tenho essas dúvidas sempre que olho para o Jace – diz Ezra – o Kanan nunca escondeu que também lutava com essas dúvidas enquanto me treinava.

 

— Se um dia eu tiver um Padawan, tenho certeza que vou me debater com esse tipo de dúvida o tempo todo – Sabine intervém. Ela avança para abraçar Shin.

 

— Tudo o que eu mais quero na vida é ser a melhor Mestra possível para a Zara – Shin diz isso, enquanto se aconchega no abraço de Sabine.

 

— Você é, Mestra – todos se voltam para a voz infantil de Zara, ela atravessando a distância entre as duas mulheres para juntar-se ao abraço de Sabine e Shin – me desculpe por criar todo esse problema.

 

— Está tudo bem, Zara – Shin acaricia a cabeça de sua Padawan, Sabine olhando sorridente para as duas.

 

— Agora que essa questão foi esclarecida – intervém Hera – que tal você voltar para a história de como as duas se conheceram?

 

SEGUNDA LUA DE PERKON

MENOS DE UM ANO ATRÁS

 

Ela os viu vindo de longe. Eram duas naves que deviam ser o suficiente para transportar um total de 20 a 30 pessoas pelo menos. Todos na aldeia estão em suas posições. Ficaram apenas os que estavam dispostos a lutar. O restante foi se abrigar num local afastado, pronto para fugir se tudo desse errado. Shin não contava os que ficaram para muita coisa. Tirando Abh’Mari e Moh’Tizah, o restante já estará bom se não fizer dela um fogo amigo. Mesmo os dois com um mínimo de experiência com armas não seriam de grande ajuda. Shin teria que contar basicamente consigo mesma para liquidar a quase totalidade dos bandidos que estavam chegando. Um contato inicial é inevitável, ela precisava avaliar o grupo antes da luta.

As duas naves pousaram nas cercanias da aldeia, e ela viu os dois grupos saindo. A antiga Padawan de Baylan Skoll deu um primeiro sorriso, ao mesmo tempo de alívio e euforia. Fosse ela no comando desse ataque, não teria hesitado em usar o poder de fogo das naves para arrasar a aldeia de imediato. Aqueles bandidos já chegaram cometendo o seu primeiro erro. Eram quase 30 homens, tal como esperado. Mesmo de longe era possível vê-los exalando arrogância, alguns deles apontando para a figura solitária de Shin e rindo. Ninguém ali esperava qualquer resistência além dela. Um homem que ela logo identificou como líder tomou a frente. Shin logo se deu conta de que ele precisava ser um dos primeiros a morrer.

 

— Essa é a vadia que matou Mog e Trition? – a pergunta dele era dirigida ao sujeito que Shin reconheceu como o sobrevivente do trio que encontrara antes.

 

— É ela mesmo, chefe – o homem sorri para Shin, é um sorriso que ela acha repugnante.

 

— Onde está a menina? – ele pergunta para uma Shin que se mostra intrigada – a menina que segundo o meu amigo aqui conseguiu parar um projétil fazendo bruxaria, ou sei lá como chamam isso. Trabalhei com uma pessoa que ficou muito interessado nela. Aliás, essa pessoa ficou interessada em você também.

 

— Não sei do que você está falando – foi a resposta de Shin – não tem nada aqui para vocês – a resposta do líder foi ordenar que alguns dos homens comecem a atirar em Shin. Ela mal conseguia acredita em tal sorte.

 

Inicialmente foram 4 dos homens que começaram a atirar. Ela rebateu os tiros com o sabre de luz, dando dois passos a frente, como que desafiando-os a fazer mais. Outros 3 homens começaram a atirar e ela viu a oportunidade perfeita, manobrando o sabre para rebater um dos tiros direto até a garganta do líder. Melhor mesmo que ele fosse o primeiro a morrer. Ver o líder cair provocou um momento de hesitação nos outros. Tiros vindos do alto indicaram a entrada dos aldeões na luta. Foi com uma certa irritação, embora não surpresa, que Shin notou a grande maioria dos tiros passando longe dos bandidos, três ou quatro, no entanto, acabaram por atingi-los. A vantagem numérica deles diminuindo. Shin aproveitou a confusão e correu para uma das vielas, uma rota de fuga já devidamente preparada por ela. Os bandidos apenas avançaram, atirando na direção de onde os outros tiros vinham, mas também mirando em Shin.

Como esperado, os tiros disparados pelos aldeões serviram muito mais como distração. Felizmente os bandidos estavam longe de ser uma força militar, de fato. Tendo perdido o seu líder logo de cara, trataram de avançar a esmo, sem coordenação, agindo em grupos separados, muitas vezes invadindo os casebres individualmente. Shin encontrou-se lutando com um grupo inicial de 7 deles numa das vielas. Usando uma combinação da Força, e seu sabre de luz, ela matou o grupo sem maiores dificuldades, recuando para outra viela quando um segundo grupo abriu fogo em sua direção. Ela viu alguns aldeões sendo tirados de um dos casebres por vários bandidos. Não havia muito que pudesse fazer de sua posição, além de ver os aldeões serem mortos. Se não havia como salvar os aldeões, Shin pelo menos podia vingá-los, partindo com toda a fúria para cima dos bandidos. Um deles deu um tiro que passou raspando por ela, aumentando ainda mais a sua fúria, chegando a dividir o corpo do sujeito ao meio. Foi então que veio a explosão.

Shin apenas sentiu seu corpo sendo jogado contra a parede de um dos casebres. Um som agudo machucando seus ouvidos enquanto ela tentava superar a sensação de desorientação. Sua visão estava também embaçada, mas ela foi capaz de ver uma arma sendo apontada em sua direção. Shin sabia que não teria condições de rebater o tiro com seu sabre de luz, sem falar que o tinha perdido por conta da explosão. Restava apenas esperar que a pontaria do bandido fosse suficientemente ruim para que não fosse atingida de forma fatal. Os segundos se passaram, mas nada aconteceu, nenhuma sensação de seu corpo ter sido atingido, embora ela tivesse ouvido o som do disparo. Foi apenas quando sua visão voltou ao normal que ela viu o projétil parado menos de 1 metro de distância dela. A antiga Padawan de Baylan Skoll viu a confusão nos olhos do atirador, e só ao olhar de lado percebeu a figura de Ath’Zarah Het, mais uma vez demonstrando um poder que Shin nunca teve. Ela saiu da frente do projétil, permitindo que a menina liberasse a sua trajetória, caindo logo depois, exausta.

Saindo de seu estado de confusão, o atirador apontou a arma para Shin novamente, mas não teve a chance de dar um novo tiro. Mostrando que eram um força sem coordenação, três bandidos vieram para cima de Shin. Dois deles a seguraram enquanto o terceiro tentou atingi-la com um punhal. Foi nesse momento que as técnicas de luta mandalorianas que a ex-Padawan de Baylan Skoll aprendeu com Sabine em Peridea se mostraram úteis. Com dois golpes de pernas alternadas, primeiro ela desarmou o bandido que queria apunhalá-la, para depois atingi-lo no queixo com grande força. Os outros dois que a seguravam também foram atingidos com diversos golpes, dados em pontos estratégicos do corpo, tal como foi ensinado por Sabine. Shin viu o seu sabre de luz caído num canto e usou a Força para recuperá-lo, tratando de terminar de liquidar os dois opositores, além daquele que já estava caído. Ela se virou para enfrentar o bandido com a arma, apenas para vê-lo segurando a menina, apontando sua arma para ela. O impasse durou pouco, pois o bandido foi atingido por um tiro certeiro de Abh’Mari.

 

— Eles estão invadindo todas as casas – Abh’Mari disse – parece que estão atrás de Ath’Zarah.

 

— Eu sei – é a resposta de Shin. Ela começa a olhar em volta, visualizando que todo o lugar virou um caos. A maioria dos aldeões estavam no teto das casas, mas foram desalojados por bombas como a que tinha acabado de atingir Shin – precisamos reagrupar todo mundo.

 

— Eu não sei como... – Abh’Mari nem teve tempo de terminar seu raciocínio, sendo atingida na cabeça por um tiro, caindo morta instantaneamente.

 

— Não! – o grito da menina assusta Shin, ela a vê se agarrando ao corpo sem vida da outra mulher. Shin vê o autor do tiro, junto com outros dois bandidos, ela vai para cima deles, usando mais uma vez a combinação do poder da Força com seu sabre de luz, matando-os sem muita dificuldades.

 

— Não há mais nada que você possa fazer por ela – Shin agarra uma Ath’Zarah inconsolável – fique atrás de mim.

 

Há um caos absoluto por qualquer lado que se olhe. Shin mantém a menina atrás dela enquanto entra em outra viela. Um bando de aldeões assustados passa correndo, todos param, olhando para ela em busca de orientação. Shin faz um gesto para que se escondam numa das vielas adjacentes, no que é imediatamente obedecida. Um novo grupo de bandidos aparece. São 4 homens que começam a atirar em direção a antiga Padawan de Baylan Skoll. Mais uma vez não há coordenação da parte deles, apenas um bando de brutamontes acostumados a atormentar gente que não tem condições de se defender. Usando a Força ela joga metade deles na direção de onde os aldeões estão refugiados. Os dois restantes ela mata sem demora, sempre mantendo a menina protegida às suas costas. Shin se volta para os restantes. Os aldeões estão linchando um deles, um outro atira, atingindo alguém, mas logo depois tem seu braço cortado pelo sabre de luz de Shin, que termina o serviço, separando a cabeça dele do restante do corpo.

Aos poucos os barulhos resultantes do caos vão cessando. Ela vê um outro grupo de aldeões, liderados por Moh’Tizah chegando. Há uma visível euforia neles, que Shin logo reconhece. Uma das pessoas aponta para a saída da aldeia. A antiga Padawan de Baylan Skoll vê 3 homens correndo em direção as naves em que vieram. Ela sabe muito bem que eles jamais poderiam sair vivos desse lugar. Shin nunca gostou de usar armamento comum. Ainda assim, Baylan fez questão que ela aprendesse a usar rifles e pistolas, sempre dizendo que um dia poderiam ser habilidades necessárias em determinados momentos de uma luta. O pensamento sobre a sabedoria de seu antigo Mestre foi deixado de lado. Ela pegou um dos rifles no chão e correu. Não era a melhor maneira de mirar em alguém que está correndo, mas ela o fez. Foram necessários 5 tiros para derrubar dois dos três bandidos. O último deles já estava quase alcançando uma das naves quando ela parou, mirando com calma, para acertar um tiro certeiro num dos tendões de sua perna.

A decisão de deixar o último bandido vivo, veio de repente na mente de Shin. Teria sido mais simples matá-lo como os outros, mas ela precisava saber o porquê de tentarem levar Ath’Zarah com eles. Havia algo ali que Shin precisava esclarecer. Ela não sabia se era um aviso da Força, ou apenas o instinto natural dela. A antiga Padawan de Baylan Skoll caminhava com calma agora, vendo o bandido se arrastando a sua frente, sabendo que o alcançaria sem dificuldades. À medida que se aproximava ela podia ouvir os gemidos de dor. Nenhuma preocupação sobre isso passando por sua mente, principalmente quando pisou no ferimento do bandido, fazendo-o gritar em agonia.

 

— Por favor, por favor – o grito do sujeito só fez com que Shin o virasse de frente para ela, seu sabre de luz apontado direto para sua cabeça.

 

— Você vai morrer hoje! – a voz de Shin é fria, sem qualquer traço de emoção, o que só aumenta o desespero do bandido – sua única escolha é decidir se será uma morte rápida... ou muito lenta.

 

— Por favor, por favor – era a única coisa que o bandido dizia.

 

— Por que vocês também estavam atrás da menina? – o rosto do bandido ainda tinha um ar de agonia quando começou a responder.

 

— O chefe ficou impressionado quando soube de você e do que a menina fez com o projétil – o bandido falava com dificuldade – ele mandou uma mensagem para um grandão da época do império com quem servimos.

 

— De quem você está falando? – todos os instintos de Shin ligados com a ideia que passou por sua cabeça.

 

— Era um sujeito azulão todo pomposo – o bandido respondeu – nunca consegui gravar o nome dele direito.

 

— O que ele queria? – Shin aproximou seu sabre de luz, quase encostando-o na testa do bandido.

 

— Ele nos ofereceu uma boa recompensa se levássemos pelo menos a menina. Ainda nos ofereceu um posto no novo exército que está montando. Isso é tudo o que eu sei, eu ju... – o sabre de luz de Shin atravessou-lhe a cabeça, antes que ele pudesse terminar de falar.

 

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A noite caiu sobre a aldeia, onde o brilho das estrelas contrastava com a tristeza dos que pranteavam seus mortos. O alívio da vitória, a vingança por anos de opressão, não apagando esse fato. Foram 8 os aldeões que perderam a vida, um número que Shin considerou até baixo, mas guardou essa opinião para si. Os corpos dos bandidos foram amontoados num grande buraco longe da aldeia e devidamente incendiados, com as cinzas e restos de ossos enterrados sem muita consideração. A antiga Padawan de Baylan Skoll viu Ath’Zarah Het junto ao corpo de Abh’Mari, as lágrimas da menina evocando dores antigas, que Shin preferia esquecer. Ela ainda estava na dúvida sobre o que fazer. Toda a sensação de que precisava encontrar algo, que carregava consigo desde quando ainda estava no Olho de Sion, havia desaparecido, mas Shin ainda relutava em acreditar que aquela pequena criatura era o que estava procurando.

 

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Ela estava com sua nave pronta para partir, enquanto olhava para os recipientes cheios com créditos da Nova República. Toda essa riqueza que encontrou na caverna dos bandidos eram mais do que suficientes para pagar as taxas da Guilda, com o que sobrou servindo para manter Shin em relativo conforto por um bom tempo. Aos poucos ela notou o luto se diluindo. Fogueiras surgindo sob o céu estrelado, cheiro de comida se espalhando pelo ar. Conversas surgiram em diversos lugares, até que algo, que parecia ser música, sendo ouvido. Agora que os mortos foram devidamente pranteados e enterrados, uma sensação de alívio, e uma ligeira euforia, tomava conta dos que sobreviveram. Shin não os condenaria por isso, ao contrário. Ela olhou em volta do que já era um ambiente festivo, mas não viu quem procurava. Não foi preciso pensar muito para deduzir onde ela poderia estar.

A antiga Padawan de Baylan Skoll a encontrou exatamente onde imaginava que a menina estaria. Ela permanecia ajoelhada junto ao local onde Abh’Mari fora enterrada. Não havia choro, apenas uma prece dita em tom muito baixo, o significado escapando do seu entendimento. Shin não sabia o que dizer, não conhecia nenhuma palavra que pudesse servir de consolo. Mal sabia que tipo de ligação havia entre a menina e a mulher morta. O que a antiga Padawan de Baylan Skoll sabia é que Ath’Zarah Het se encontrava numa situação muito difícil, sozinha, em grande perigo, tal como ela se sentiu, quando era apenas um pouco mais nova. Não haveria palavras de consolo, mas apenas uma oferta.

 

— Você pode vir comigo – a voz de Shin faz com que a menina se vire para ela – vou ensinar você nos caminhos da Força, tal como meu antigo Mestre me ensinou.

 

— Você vai me ensinar a ser como você? – o tom infantil da voz dela provoca um sentimento difícil de compreender para Shin.

 

— Eu não tenho a mínima ideia se serei tão boa para você como o Baylan foi para mim – Shin responde – tudo o que eu posso prometer é tentar – a menina faz um gesto de concordância com a cabeça. Shin tira uma pequena faca de seu cinto e corta o pedaço de uma das tranças de Ath’Zarah, envolvendo-a numa pequena pedra oca de esmeralda – essa trança é o símbolo do nosso compromisso. Você deverá me obedecer, respeitar e seguir as minhas orientações, como minha Padawan. Já eu, devo nutri-la, ensiná-la e protegê-la, como sua Mestra. Você entendeu?

 

— Sim Mestra – Shin teve dificuldade de manter sua respiração. Ela disse aquela palavra por anos, ouvi-la agora, dirigida a si própria, dava-lhe um significado todo especial.

 

— Seu treinamento começa amanhã – ela viu um brilho surgir no olhar da menina, combinado com um sorriso entusiasmado, imaginando se não teria sido o mesmo tipo de sorriso que deu à Baylan, quase uma vida atrás.

 

— Eu vou aprender a lutar como você? A usar um sabre como o seu? – o entusiasmo visível nos olhos dela, a pergunta que fez, praticamente a mesma que fizera a Baylan, quando ainda era até mais nova que a menina diante dela, tudo isso evocava lembranças que Shin tem dificuldade em lidar.

 

— Tudo em sua hora, Padawan – foi a resposta de Shin – você ainda tem muito o que aprender antes de usar um sabre de luz. Antes de qualquer coisa você precisa aprender a ser Uma com a Força – ela basicamente repetiu as mesmas palavras que ouvira de Baylan, assim que este a tomou como sua Padawan, incapaz de evitar um sorriso ao lembrar disso. Foi um sorriso breve. De repente, o olhar de Shin ganhou um aspecto mais desconfiado – uma coisa importante, aquela mentira que você inventou sobre o Baylan – ela vê a menina abaixando a cabeça – nunca mais falaremos sobre isso de novo, entendeu?

 

— Sim Mestra – ela ainda evita manter contato visual com Shin – me desculpe.

 

— Está tudo bem, só... vamos esquecer isso – Shin coloca a mão no ombro dela, sentindo um aperto no coração ao ver um novo sorriso surgir no rosto da menina – partiremos amanhã de manhã.

 

PLANETA LOTHAL – TEMPO PRESENTE

 

— Partimos na manhã seguinte, como combinado – Shin continua relatando para os presentes – passei antes na Guilda para entregar a taxa de serviço deles – ela dá um sorriso astuto – nem preciso dizer o quanto ficaram felizes por receberem bem mais do que esperavam.

 

— O que vocês fizeram a partir daí? – é Sabine quem pergunta.

 

— Fomos para o lugar mais próximo de um lar que eu e Baylan já tivemos – Shin respondeu – uma pequena fazenda na lua de um dos planetas menos importantes do sistema de Alderan. Ficamos lá por uns 6 meses.

 

— Eu me lembro desse período – é Hera quem fala – cheguei a pensar que algo tivesse acontecido com você – a expressão dela ganha um ar de desconfiança – ou que você tivesse decidido deixar o nosso trato de lado – Shin olha de forma decidida para Hera.

 

— Eu informei a Guilda que ficaria fora do radar por um bom tempo – é um sorriso bem astuto que ela dirige à mãe de Jace – imaginei que essa informação chegaria até vocês.

 

— A informação chegou sim – Ahsoka intervém – imagino que você usou esse tempo para se dedicar integralmente ao treinamento de Zara – Shin faz um gesto de concordância.

 

— Depois desse tempo, quando avaliei que Zara tinha avançado bastante no treinamento, decidi que era hora de voltar ao campo – o rosto de Shin ganha um ar mais sombrio – não demorou muito para eu descobrir que as Irmãs da Noite estavam atrás de mim e da Zara.

 

— Por que não nos procurou logo que descobriu isso? – uma Sabine num tom de voz ligeiramente exasperado pergunta.

 

— Achei que podia dar conta sozinha – Shin responde, dando um suspiro logo a seguir – mas acho que não posso, não quando estou desconfiada de que tem algo muito maior do que simplesmente tirar a Zara de mim.

 

— O que quer dizer com isso? – Ahsoka pergunta.

 

— Descobri que o próprio Thrawn está ajudando na busca pela Zara – é uma Shin num tom raivoso quem responde – e não é só pegar a Zara, querem me matar também.

 

— Você acha que isso pode ser parte de um ataque ao que sobrou dos Jedi? – uma Ahsoka com ar preocupado pergunta.

 

— Se o Thrawn está envolvido nisso, eu não duvidaria – todos ali se voltam para Hera – o desgraçado teria vencido a luta em Lothal se o Ezra não tivesse usado o poder Jedi dele para jogá-lo em seu exílio – ela olha para Ezra assim que termina de falar.

 

— Um sujeito como o Thrawn, com certeza deve ter chegado a conclusão de que os Jedi são perigosos demais para os planos dele – é o próprio Ezra quem diz.

 

NAVE QUIMERA

ÓRBITA DO PLANETA TESPYN

TEMPO PRESENTE

 

— Acabamos de sair do hiperespaço, Grande Almirante – a voz do comandante Pellaeon tinha um tom bem formal.

 

— Use uma das luas desabitadas de Tespyn para manter o nosso cruzador escondido – Thrawn disse, no seu habitual tom de voz – vamos nos deslocar para o planeta em pequenos comboios para não revelar a nossa presença.

 

— Nossas fontes em Tespyn nos informaram que ainda não há sinal da presença dos rebeldes – um ligeiro sorriso surge no rosto de Thrawn ao ouvir essa última expressão.

 

— Se é para ser bem estritos no termo, teremos de admitir que nós somos os rebeldes nessa situação, meu caro – há um claro ar de desgosto em Pellaeon ao ouvir a declaração de seu comandante – está tudo bem comandante. Nos próximos dias trabalharemos duro para reverter essa situação.

 

— Há uma outra questão que também me deixa aflito, Grande Almirante – Thrawn recebeu essa fala com um ar bem astuto.

 

— Imagino que esteja se referindo às Irmãs da Noite – a expressão vista no rosto de Pellaeon não deixava dúvida que Thrawn tinha acertado em sua observação – eu entendo a sua preocupação, meu caro.

 

— Com todo o respeito senhor, não sei como pode confiar nelas – Pellaeon tinha uma expressão dura em seu rosto – quando penso que elas nos deixaram na mão naquela batalha...

 

— Eu entendo os seus sentimentos em relação a elas, comandante. Saiba que eu não confio nelas, assim como sei que elas também não confiam em mim – a voz de Thrawn mantém o seu tom tranquilo – fomos obrigados a uma aliança conveniente para ambos, mas tanto eu como elas sabemos que a traição virá numa determinada hora. A questão a saber é qual lado será capaz de trair primeiro.

 

PLANETA LOTHAL – TEMPO PRESENTE

 

Ath’Zarah Het tinha acabado de tomar banho, isso após uma dura sessão de treinamento com sua Mestra. Foi a melhor forma encontrada para dissipar a tensão causada pela revelação perante todos, sobre como ela e Shin se conheceram. A menina sente um misto de emoções em seu íntimo. Ao mesmo tempo em que está feliz por ter resolvido um mal-estar entre ela e sua Mestra, a menina sabe que há uma pendência que ainda se encontra não resolvida entre as duas. Ela não sabe como abordar essa questão, e se pergunta se Sabine poderia ajudá-la nisso. Embora ainda conheça pouco a mandaloriana, Ath’Zarah Het sente que pode confiar nela.

Pensar na Padawan de Ahsoka Tano traz um sorriso ao rosto da jovem Padawan de Shin. O entrosamento dela com sua Mestra só fez crescer com a presença de Sabine. A mandaloriana cresceu no coração de Ath’Zarah com uma rapidez que não esperava, mas que a deixou feliz e aliviada, pois podia sentir a reciprocidade desse sentimento. Nesse ano de convivência ela percebeu o quanto a Padawan de Ahsoka Tano era importante para sua Mestra; ver as duas juntas mostrava claramente as razões disso. Talvez Sabine fosse a pessoa certa para ajudá-la. Pensar nisso a deixou mais tranquila, embora um certo temor ainda persistisse. Esses pensamentos foram deixados de lado, quando viu Shin entrar. Um discreto sorriso em seu rosto acalmando o espírito da jovem Padawan.

 

— Tenho algo para você, Padawan – ela fez um sinal para a menina, que se sentou na cama, sua Mestra se colocando ao seu lado – meu antigo Mestre costumava fazer isso sempre que entendia que tínhamos avançado um ponto no meu treinamento. Eu creio que o mesmo aconteceu novamente contigo – ela tirou uma nova gema verde de um dos bolsos e tratou de colocá-la junto a gema que havia colocado na noite em que reivindicou Ath’Zarah Het como sua Padawan.

 

A emoção que tomou conta da jovem Padawan não podia ser medida. Ela viu o sorriso de sua Mestra, bem menos discreto que o habitual, os olhos dela também brilhando, uma expressão orgulhosa em seu rosto. Ath’Zarah se levantou para contemplar-se no espelho do quarto onde estavam. Ela viu as duas gemas verdes em sua trança Padawan com uma sensação de orgulho crescendo dentro de si, visível a partir do imenso sorriso em seu rosto, e de seus olhos lacrimejantes. Uma sensação de quente tranquilidade tomou conta de seu corpo ao sentir as mãos de sua Mestra em seus ombros, o olhar de ambas refletido no espelho. E mesmo nesse momento, o temor ainda persistente na menina se fez presente.

 

— Sobre tudo o que aconteceu, Mestra... – o olhar de Shin foi o suficiente para que a menina não continuasse o seu raciocínio.

 

— Não vamos mais falar nisso, nunca mais – a voz de Shin tinha um tom que buscava ser compreensivo, mas não deixava de ser enfática em sua determinação – estão nos esperando para jantar.

 

— Posso ficar mais um pouco? – a jovem Padawan continuava contemplando a sua trança no espelho.

 

— Só não demore, está bem – a voz de Shin era acompanhada de um sorriso – precisamos descansar bastante, pois amanhã partiremos bem cedo para Tespyn – um gesto de concordância com a cabeça é tudo o que a jovem Padawan faz, o que é suficiente para Shin, que sai do quarto. Assim que se encontra sozinha, o sorriso da menina se desvanece, com sua face exibindo um ar melancólico.

 

— Ela nunca vai acreditar em mim – é uma triste Ath’Zarah Het quem diz, enquanto se vira em direção ao reflexo que vê no espelho.

 

A primeira vez que ela o viu, quase 5 meses atrás, foi enorme o seu susto. Ao contrário da maioria das crianças, Ath’Zarah nunca foi de acreditar em fantasmas, criaturas mitológicas e diversos tipos de superstições. Curiosamente, o fato de ser sensível à Força, embora não compreendesse a origem de tal poder, fez dela muito cética para qualquer outra questão envolvendo criaturas e situações místicas. Foram necessárias mais duas aparições para que finalmente ela se tranquilizasse, entendesse que tudo estava ligado à Força, afinal. Agora, diante da figura se materializando à sua frente, ela se permite um discreto sorriso, mas que se segue a uma repetição do que acabara de dizer.

 

— Ela nunca vai acreditar em mim – ela diz, agora olhando para a figura fantasmagórica diante de si.

 

— Paciência Padawan – é um sorridente Baylan Skoll, agora como um fantasma da Força, que se dirige à menina diante dele – confie na Força, quando for a hora, ela ajudará você a fazer com que Shin enxergue a verdade.

 

— E quando isso acontecerá? – Zara faz essa pergunta com um olhar angustiado.

 

— Tudo no seu tempo, Padawan, tudo no seu tempo – o rosto fantasmagórico de Baylan ganha um ar bem preocupado – mas uma coisa você precisa saber. Sua presença nessa missão em que sua Mestra está indo é fundamental. Você tem de encontrar uma forma de estar nela.

 

— Já decidiram que eu e o Jace não iremos – Zara responde desanimada – o que eu posso fazer?

 

— Você precisa encontrar uma forma de ir nessa missão, Padawan – o rosto de Baylan ganha um ar ainda mais grave – o seu futuro, o futuro de sua Mestra, o futuro de todos os Jedi dependem disso.


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Notas finais do capítulo

Capítulo postado. Nesta semana, por conta da atividade em que estou envolvido, não escreverei nada, confiando que a minha frente de capítulos vai segurar a onda. Domingo que vem os capítulos voltam a ser postados no dia regular. Aguardem.



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