Após muitos copos de chai e abertura de alguns presentes, Jessica ficou perto de Miguel, que havia acabado de voltar lá de fora.

“Quase não viu o que recebi de Felicia: uma bolsa completa de itens para bebês que cabe direito na moto. Ué, que cara é essa? É porque seu irmão tá conversando demais com a Lyla?”

“Não,” Tentou conter-se em vão, “A Felícia tá se casando hoje?”

“Quem te falou?”

“Seu marido.”

“Urgh, não. A Felícia foi tocar num casamento.”

Antes de mais explicações, um flash: o terceiro integrante do Evento Canônico fotografou-os. 

“Grandão, tu tá com uma cara esperançosa linda. Estão falando do quê?”

Jessica suspirou, ciente que aquele assunto era instável, ou melhor, os sentimentos do amigo eram instáveis.

“Felícia.”

“Não tá meio tarde pra isso?”

“Peter!”

O questionamento acertou Miguel como uma pedrada, embora fosse algo que ele suspeitasse naquela época: Felícia sempre gostara dele. E quase dez anos tinham se passado desde então.

Uma oportunidade perdida era pior do que mais ácido averno.

Ele não sabia o que falar. Estava aliviado por saber que não havia nenhum anel de compromisso no dedo dela, ao mesmo tempo que indagava-se quem diabos era Matthew; e pior, não queria causar um constrangimento. Riu forçadamente da bronca que Peter levara para amenizar a preocupação da amiga e desconversou. Quando tia Maya reclamou que os adolescentes não tinham comido, Miguel ofereceu-se para chamá-los.