Jiban End escrita por Claen


Capítulo 8
Uma intrometida bem-vinda




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Se Marshall e Cannon tivessem esperado somente mais alguns instantes, teriam descoberto que as sirenes que haviam escutado não eram da polícia, mas sim do corpo de bombeiros e da ambulância, que chegavam ao local para atender à ocorrência do acidente.

Os bombeiros foram os primeiros a entrarem em ação, pois o rapaz estava com as pernas presas nas ferragens. Assim que conseguiram liberá-lo, chegou a vez de os socorristas fazerem o seu trabalho. Foi somente alguns minutos depois, quando o ferido já estava sendo atendido na ambulância, que a polícia finalmente chegou.

Quem estava nas redondezas e atendeu ao chamado, foi a policial do trânsito Junko Takayama, que também era conhecida entre os colegas de profissão pelo apelido nada lisonjeiro de “a Megera”. Apelido este, que realmente não lhe era merecido. Ela era intrometida? Sim. Era atrapalhada? Um pouco. Tinha um gênio forte? Talvez. Mas megera, não. Tudo o que ela fazia, mesmo que de forma não muito condizente com as diretrizes da corporação, era sempre com a intenção de ajudar.

Junko sonhava em algum dia conseguir sair do patrulhamento e se tornar uma detetive, assim como Yoko Katagiri, que era seu maior exemplo e inspiração. Por causa desse seu desejo, em algumas ocasiões, ela acabava se metendo sem permissão nos casos dos colegas e causando algumas confusões.

Em uma dessas intromissões, teve o azar de encontrar um dos monstros de Biolon e correu um grande perigo, mas graças a Jiban ela estava sã e salva (Episódio 41). O monstro que a havia atacado na ocasião era tão assustador, que ainda lhe causava pesadelos mesmo meses depois do ocorrido, por isso ela desejava nunca mais ter o desprazer de cruzar com outra daquelas criaturas apavorantes. No entanto, lá estava ela novamente, metida num caso que envolvia Biolon, sem nem mesmo fazer ideia disso...

— Bom dia, senhores. Já sabem o que aconteceu? – perguntou ela ao responsável pela operação de resgate assim que chegou ao local do acidente.

— Não há como dizer no momento, policial. Várias coisas podem ter causado o acidente, mas não havia testemunhas do ocorrido quando chegamos, apenas curiosos que apareceram depois. Os peritos e os médicos poderão nos dar maiores informações. – respondeu o chefe dos bombeiros, repassando o que sabia até o momento, o que não era muita coisa.

— Entendo... Vejo que temos feridos. Quantos foram?

— Apenas um, o motorista. Mas é estranho...

— O que quer dizer, Chefe?

— Bom, é que apesar de termos socorrido apenas o motorista, também encontramos sangue sobre o capô do carro e no chão, ao lado dele. Parece que podemos ter, pelo menos, mais uma vítima, talvez um pedestre, mas quando chegamos, só encontramos o motorista preso às ferragens.

— E o estado dele é muito grave?

— Num primeiro exame, os médicos disseram que ele pode ter fraturado a perna direita em mais de um lugar e a machucou bastante a esquerda, mas sem fraturas. A recuperação deve ser longa, mas elas ficarão boas. O que realmente parece preocupante, é ele também teve um ferimento na cabeça. – revelou o chefe dos bombeiros. – Apesar de ele estar usando o cinto de segurança quando o encontramos, o impacto com o muro foi tão forte, que ele bateu a cabeça no volante com muita força e está inconsciente desde o momento do acidente. Os socorristas não descartam um possível traumatismo craniano. Não há dúvidas de que o carro estava em alta velocidade, mas só saberemos com certeza a gravidade dos ferimentos depois de fazer alguns exames no hospital.

— É mesmo uma pena... E ele tinha alguma identificação?

— De acordo com sua carteira de motorista, seu nome é Ryu Hayakawa e ele tem 24 anos. Foi o único documento que encontramos com ele. Aqui está. – disse o bombeiro, lhe entregando a carteira.

— Ok. Muito obrigada pelo seu serviço. Faremos o possível para encontrar algum familiar dele. – agradeceu a policial com uma continência, liberando o oficial para seguir com seu trabalho.

Pouco tempo depois, a ambulância partiu com as sirenes ligadas e em alta velocidade, levando o ferido para o hospital, mas Junko permaneceu no local do acidente por mais algum tempo. Assim que ouviu o nome do motorista, ela teve um estalo. Aquele nome não lhe era estranho.

Quando pegou o documento em suas mãos, ficou analisando a foto contida nele e teve a impressão de que também já tinha visto aquele rosto. Ela ficou pensativa, mas não conseguia se lembrar porque aquele nome e aquele rosto lhe eram familiares, e foi somente depois de um bom tempo matutando que se lembrou.

— Minha nossa! Só pode ser ele! – exclamou para si mesma, quando sua memória finalmente lhe deu uma resposta.

Graças ao seu sonho de se tornar uma investigadora, ela estava sempre bem informada dos casos em aberto, e dessa vez, sua curiosidade e intromissão foram bem-vindas, pois em uma de suas constantes visitas à Central de Polícia, ela viu o cartaz de procurado de Ryu Hayakawa afixado no mural e se lembrou do motivo de sua busca. Aquele não era um caso qualquer e ela sabia que policiais que ela conhecia e admirava estavam envolvidos não apenas profissionalmente com ele, mas também parecia haver questões pessoais em jogo.

Ela sempre estava disposta a ajudar e ainda mais com um caso desse, então, assim que teve certeza de que não estava confundindo as coisas, correu para se comunicar com a delegacia e avisar o que havia acontecido.

— QAP Central de Polícia... Central de Polícia na escuta?

— Central de Polícia na escuta. Segue. – quem atendeu foi a secretária Michiyo.

Aqui é a agente do trânsito Junko Takayama, preciso falar imediatamente com o Chefe Seichi Muramatsu. É urgente! – disse ela no rádio comunicador apressadamente.

— Ele não está, policial Junko.

— Então pode ser a Chefe Yoko ou o Chefe Naoto.

— Eles também não estão. Os chefes Seichi e Yoko saíram há bastante tempo para atender a uma ocorrência e ainda não voltaram. – disse a moça, com uma certa preocupação na voz.— O Naoto saiu um pouco antes e também ligou procurando por eles há cerca de uma hora, mas também não voltou para cá.

— Puxa, mas que azar! Pode dar um recado quando algum deles aparecer?

— Claro. Pode falar.

— Avisa que o Ryu Hayakawa sofreu um acidente e está sendo levado para o Hospital Central. Parece que o estado é grave. Eu sei que estão procurando por ele, por isso estou indo para lá agora. Ficarei de olho na situação até que algum deles chegue.

— Ryu Hayakawa!? Sim, eu avisarei. O Naoto está desesperado atrás desse homem. Muito obrigada pela informação!

O departamento inteiro, inclusive Michiyo, que era apenas uma secretária, sabia do desaparecimento da pequena Ayumi e de sua possível conexão com o tal Ryu Hayakawa. Ela sabia que todos ficariam muito animados ao finalmente saberem de seu paradeiro, mas o problema era: onde diabos todos haviam se metido?

A secretária tentou contato com as duas viaturas novamente, mas não obteve nenhuma resposta, nem de Yoko e Seichi, nem de Naoto. Aquilo não era normal e por isso, ela decidiu que não iria embora enquanto um dos três não aparecesse.


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