Jiban End escrita por Claen


Capítulo 3
O sofrimento de Naoto




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Não é muito comum que crianças de apenas 13 anos decidam tão firmemente a profissão que seguirão quando crescerem, mas Naoto Tamura tinha decidido. Ele decidiu que seria policial, um investigador, e nada no mundo o faria mudar de ideia.

O tempo passou, o garoto se tornou um homem adulto, e 10 anos depois, sua resolução de infância havia se concretizado e, a cada dia que passava, ele tinha mais certeza de que tinha feito a escolha correta.

Agora ele era o policial Tamura, atuando como detetive na grandiosa cidade de Tóquio, mas não somente isso. Ele também havia se tornado algo muito mais poderoso, algo que nem ele, nem ninguém, jamais sequer havia sonhado que poderia existir algum dia.

Ele tinha ganhado uma nova vida e novas habilidades que lhe permitiam ajudar a muito mais pessoas, mas para sua própria segurança e de todos ao seu redor, isso precisava ser mantido em sigilo absoluto e, por isso, ele teve que agir protegido por uma identidade secreta. Então, além de trabalhar como investigador do Departamento de Polícia de Central City, ele também atuava como o misterioso Policial de Aço Jiban, do Serviço Secreto do Setor de Segurança.

Tanto como Naoto, quanto como Jiban, o rapaz vivia para ajudar a quem precisasse, mas quase ninguém sabia o verdadeiro motivo que o tinha impelido a seguir aquela vida. Podemos dizer que seu motivo era muito mais forte do que o da maioria daqueles que ingressam na carreira policial e esse motivo era simbolizado por uma foto que ele carregava sempre consigo, na carteira. Uma foto de família, tirada quando ele ainda era uma criança.

Na foto estavam ele, a mãe, o pai e a irmãzinha, que na época ainda era praticamente um bebê. Todos sorriam alegremente, mas aquela alegria eternizada na fotografia, na vida real, não durou muito mais depois de eles terem-na tirado.

Pouco tempo depois, aquela família feliz tinha deixado de existir e Naoto, de repente, se viu sozinho e sem saber ao certo o que de fato havia acontecido com seus entes queridos. Os pais e a irmã tinham ido visitar alguns parentes no interior e nunca mais voltaram. Naoto, por estar participando de uma viagem escolar na época, não os acompanhou e isso o atormentou por toda a vida. Dez anos haviam se passado e ele continuava sem respostas.

Esse era o real motivo para ele ter se tornado um policial, um detetive. Ele buscava encontrar, ou ao menos conseguir alguma informação sobre o sumiço dos pais e da irmãzinha que tanto amava. Talvez por isso, ele tivesse se apegado tanto à pequena Ayumi Igarashi, neta do homem que o havia lhe dado uma nova vida como Jiban.

Quando Naoto a conheceu, ele mal pôde acreditar. A menina, além de fazê-lo lembrar da irmã de uma forma impressionante, também tinha o mesmo nome e a mesma idade. Ayumi parecia ter sido colocada em seu caminho por uma força maior, para ajudar a curar seu coração destroçado, mas o maldito Biolon tinha acabado com tudo, e pela segunda vez ele perdia uma irmã.

E o pior de tudo, é que agora tinha sido por sua culpa. Culpa de Jiban. Essa culpa e essa angústia o corroíam a cada dia que se passava sem notícias de Ayumi. Ele não sabia onde ela estava, nem se estava viva ou morta. A falta de notícias era desesperadora, mas o que mais lhe doía era não saber porque ela tinha feito o que fez. Por que ela tinha se jogado da cachoeira, quando ele estava tão próximo de salvá-la?

Os primeiros dias sem notícias de seu paradeiro foram quase enlouquecedores. Naoto convivia com Shunichi e Shizue Igarashi, os pais de Ayumi, que também o haviam acolhido como a um filho, e acompanhava o sofrimento deles, sem poder dar-lhes nenhum alento e sem poder contar que a menina tinha sido capturada por sua culpa, por ela ser a única a saber o seu segredo. Apesar de tudo, eles confiavam em Naoto e na polícia e acreditavam que eles encontrariam sua filha.

Passaram-se os dias, depois as semanas, e nenhuma notícia, até que um mês depois, a menina finalmente reapareceu. Ela estava viva e parecia saudável, mas isso não trouxe exatamente o alento que todos buscavam, porque a Ayumi estava estranha.

Da mesma forma que havia feito no dia em que saltara da cachoeira, ela continuava fugindo de Naoto, se afastando, assustada. Ele não entendia o porquê daquele comportamento. Ela parecia ter medo dele e andava na companhia de um rapaz desconhecido (episódio 20). O policial não sabia quem era aquele homem ou se ela estava segura ao seu lado, e se perguntava se ele poderia ter feito algo à menina.

Encontrá-la de forma passageira tinha trazido mais perguntas do que respostas e do mesmo jeito que veio, desapareceu novamente. Reencontrou-a mais algumas vezes, mas ela sempre fugia antes que ele sequer conseguisse trocar algumas palavras com ela.

O policial também se preocupava, porque sabia que Biolon continuava atrás dela. Parecia que tê-la sequestrado uma vez não tinha sido suficiente e eles não tinham desistido do plano de capturá-la e fazê-la contar tudo o que sabia sobre Jiban.

Frustrado com todas as tentativas fracassadas de trazer Ayumi de volta, Naoto passou a concentrar seus esforços em tentar descobrir qual era a identidade do homem que tinha visto a acompanhando. Depois de algum tempo, soube que seu nome era Ryu Hayakawa, mas isso só serviu para deixá-lo mais inquieto. A investigação não revelou apenas o nome do rapaz, revelou também que ele era procurado pela polícia por um atentado à bomba em um museu de artes de Hokkaido (episódio 25).

Tudo indicava que o rapaz era o culpado, mas não havia provas efetivas disso e foi nesse detalhe que Naoto tentou se apegar para ficar mais tranquilo, mas era difícil saber se poderia confiar nele para proteger Ayumi. Além de tudo, não tinha uma justificativa válida para ele estar junto da menina.  Seu único consolo era saber que ela não parecia estar seguindo-o por coação. Ela claramente não tinha medo dele, muito diferente da reação que tinha com todos os outros. Parecia que o acompanhava por vontade própria e, se estava com ele, pelo menos não estava nas mãos do inimigo. Contudo, sem a proteção de Jiban, voltar a cair nas mãos de Biolon poderia ser apenas uma questão de tempo.

Querendo ou não, agora Naoto precisava contar com a ajuda de Hayakawa.


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