Equilíbrio escrita por Empolguei


Capítulo 6
Capítulo 6




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Durante a noite, me remexi na cama até cansar. Meus olhos ressecados tornavam tudo pior. As lembranças da hora do almoço iam e vinham como tortura. Lembro-me da sensação de pôr a mão por baixo da madeira, de pensar exatamente no que queria comer e então uma explosão. A comida que veio à minha mente para a refeição explodiu do próprio cardápio, espalhando macarrão por todo o salão. Todos os olhares para mais de metro se voltaram para mim e Alya. Ela estava surpresa, mas a maioria me encarava com desdém. Eu imaginei que ser diferente entre os anormais era comum, mas estava enganada, os anormais possuíam mais padrões do que os normais, e para o meu azar, eu era demais para os dois mundos.  

Havia uma dor pesada sufocando meu peito, uma mistura de vergonha e medo, todos aqueles olhos me julgando, assim como no meu antigo mundo. 

Uma melodia ácida e suave surgiu, mais uma vez explodindo em conflitos e reverberando pelas paredes da torre Noroeste. O que era aquilo? Levantei-me seguindo o som, mas parecia perdido pela noite, como se não viesse de lugar algum e de todos os lados ao mesmo tempo. No mínimo desnorteante. Segui para a varanda e fui recebida pelo frio noturno. As estrelas daquele lugar eram brancas, pálidas e com uma forte presença. Parei por um momento enquanto olhava para o céu e fechei os olhos, a melodia vibrava pelo ar com vida própria, o frio tornava tudo mais vívido e acentuado, por fim respirei fundo, tão profundamente que parecia limpar minha alma de dentro para fora e expelir o que tanto me sufocava.  

— É bonito, não é? - Perguntou uma voz familiar. 

Assustada, abri os olhos e me virei para a direita. Para a minha surpresa, Adrien estava na varanda do quarto ao lado, seus braços estavam apoiados no guarda peito e seus olhos erguidos. Os fios loiros balançavam com a brisa da noite, pareciam dançar conforme a melodia que aos poucos se perdia pela escuridão. 

— A noite ou o som? - Perguntei. 

— A noite. - Ele respondeu. - No mundo entre as neblinas, temos a cultura de olhar pro céu. Os antigos acreditavam que o céu possuía magia para curar as feridas da alma. Alguns conhecidos dizem que a imensidão do céu engole todo o sofrimento caótico que fica aprisionado na nossa cabeça em um looping infinito de autotortura e os espalha pelo universo até se dissiparem.  

— É uma filosofia bonita e curiosa. - Comentei. 

— Você se acostuma. Mas é melhor nos dois entrarmos, você não vai querer estar aqui fora depois da meia noite. - Existia receio na voz de Adrien. 

— O que acontece depois de meia noite?  

— Espero que você nunca descubra, Mari. 


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