Equilíbrio escrita por Empolguei


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810632/chapter/4

A sensação de dormir na suíte de Magest era como ser abraçada e amada. Era indescritível, há anos não dormia tão bem assim. Mas durante a noite, brevemente, tive a impressão de ouvir um piano tocar, uma melodia suave e carregada de emoções conflituosas, calmaria temperada com suspense e lutas. Por mais que eu estivesse convencida de que fosse apenas efeitos do meu sonho renovador, algo dentro de mim sabia que não havia sido lúcido, e sim uma música concreta.  

Fui designada para a sala de aula da turma da torre Noroeste. Kemuel alegou serem todas diferentes, cada uma com sua peculiaridade e que, aos poucos, eu encontraria meu nicho, embora não estivesse tão certa disso.  

O ambiente era escuro, iluminado por candelabros de tons amarelados, as mesas seguiam os padrões das madeiras das árvores que vi no dia anterior, assim como o estranho uniforme vermelho parecia imitar as folhas vermelho carmim. 

Sentei-me ao fundo na tentativa de não chamar atenção e, para a minha sorte, estava dando certo. Todos passavam e seguiam para seus lugares com calma, em ordem, e estranhamente quietos. A maioria esboçava jovialidade, assim como mestre Kemuel, mas a disciplina era impecável. Minha roupa era semelhante à deles, exceto por uma mancha em um peculiar formato sobre meu peito, que percorria toda a extensão do meu braço direito e finalizava na ponta do meu indicador. Kemuel havia ficado curioso com a estranha natureza da minha suposta magia em ascensão, com certeza mais empolgado do que eu. No fundo, eu culpava essa maluquice de mágica pela minha perda. Desde que havia partido parecia estar constantemente de luto, rejeitando tudo inconscientemente. E a rejeição reforçava a minha teoria de que estava realmente de luto por Marinette. 

— Posso me sentar aqui? - Estava perdida em pensamentos para notar a aproximação do rapaz loiro. 

— Sim. - Afastei-me ligeiramente do assento dele, sem sequer reparar em seu rosto. 

Pouco tempo depois, tive a impressão de estar sendo observada por todos os lados. Ergui o olhar e averiguei: as pessoas realmente me olhavam de soslaio, disfarçando logo em seguida. Olhei para o rapaz que havia se sentado comigo, seus cabelos loiros e pele branca se escondiam em meio ao vermelho do uniforme. O destaque ia todo para os olhos esverdeados, donos de uma luz belíssima. Talvez ele fosse a causa de tantos pares de olhos.  

Não demorou para que mestre Kemuel anunciasse a todos minha ingressão na turma Noroeste. Logo em seguida, uma mulher de cabelos vermelhos entrou. Sua roupa era completamente branca, símbolo de que era um dos mestres. A voz dela era um pouco rouca, mas presente, firme como uma estrutura de aço. Embarquei nas palavras dela e na fluidez de sua explicação sobre o equilíbrio. 

— No mundo, existe uma clara divisão entre bem e mal. A função dos colégios é justamente garantir que o mal se mantenha do seu lado da balança, ou seja, mantemos a ordem universal. Se, por algum descuido, o bem excede a sua função, cabe também a nós corrigir. Com o tempo, o conceito de bem e mal ficará claro para cada um de vocês, por isso, jamais confiem em seu mais valioso sentido: a intuição. A intuição é como um bom e velho amigo, sabe se entender conosco e nos passar credibilidade, mas se enxergamos a verdade com um pé já em nossa própria convicção, podemos ser vítimas de nós mesmos. - Dizia a mulher de branco. 

Meu rosto estava apoiado na mão enquanto eu a encarava com certo fascínio.  Uma brisa perpassou pela janela e chacoalhou meus cabelos, levei a mão livre ao rosto para arrumá-los quando percebi que o rapaz loiro me observava. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Equilíbrio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.