Equilíbrio escrita por Empolguei


Capítulo 2
Capítulo 2




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Quando cheguei na estação, me deparei com muitas pessoas. A curiosidade despontava em meu peito e a dúvida surgia: uma estação tão movimentada como essa poderia ter ligação com uma escola de anormais?

– Mari! - Gritou mestre Kemuel enquanto corria em minha direção. Carregava uma mochila preta básica em suas costas e, embora estivesse frio, ele suava. Kemuel parecia ser jovem, não mais velho do que trinta anos, seus cabelos acastanhados o deixavam mais jovial, assim como o fato de estar sempre esboçando um sorriso acolhedor. - Desculpa a demora, estava difícil pedir as passagens, aquela neblina está cada vez mais irritante, dificulta nossa comunicação. - Ao ver minha expressão de preocupação, ele logo acrescentou. - Isso é apenas por segurança.
O trem chegou, barulhento, e com a ajuda do mestre arrumei minhas bagagens. Mantive comigo apenas uma bolsa lateral com alguns trocados, meu celular e documentos. As passagens eram avermelhadas e não possuíam nada em escrito. Arqueei a sobrancelha e ele, irritantemente, só sorriu. Nós nos sentamos e Kemuel insistiu para que eu ficasse do lado da janela já que, de acordo com ele, a vista valia a pena.
A viagem foi tranquila, chegamos até San Fiego e logo me prontifiquei a descer, mas Kemuel segurou meu braço e me puxou novamente para o assento. Olhei com curiosidade para ele.
– Nós não saímos.

Voltei a encarar a janela, tentando não me deixar afetar por tudo aquilo. Eu havia perdido meu direito de conviver entre os normais, abandonado meus pais abrindo mão de tudo que Marinette possuía. Agora, depois de ter aceitado que não pertencia ao mundo normal, passei a ser apenas Mari, sem acréscimos, sem sobrenome. Kemuel me explicou que no mundo dos anormais ninguém possuía tais cordialidades de identificação porque a magia e sua natureza única eram suficientes para tal. Ele dizia também que minha magia era boa, afável, e que logo eu entenderia melhor.
O trem voltou a andar e seguir seu caminho. Passaram-se alguns longos minutos e, enquanto eu me despedia dolorosamente de meu antigo eu, a paisagem mudava gradualmente. A vegetação ficava pesada e não demorou para que a neblina começasse a dificultar a visão. Tudo, aos poucos, se perdia diante dos meus olhos, toda a minha vida, todas as lembranças. A monotonia do cinza ficou presente o suficiente para me entediar, e então o vermelho vivo surgiu. As folhas das árvores eram vermelho sangue, os troncos marrons escuros e a mata fechada parecia engolir o trem. Minha boca estava aberta e os olhos completamente arregalados.
– A escola fica logo a frente. - Disse Kemuel ao testemunhar minha surpresa.
Tentei olhar pela janela, mas a vegetação não permitia que mais nada passasse por si.
– O que vocês fazem por aqui? - Perguntei.
– Já conversamos sobre isso. Na hora certa, você saberá de tudo.
– Esse papo tá me cansando. - Reclamei.
– E você foi a aluna mais fácil de lidar em todos esses anos. - Ele riu. - Imagino como deve estar cansada da vida de anormal descontrolada.


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