A magia sempre foi algo do qual duvidei, até acontecer comigo. No mês passado descobri um fluxo curioso de magia nascendo em mim e sintomas estranhos começaram a aparecer, como coisas desaparecendo, a perca do gosto da comida e a estranha sorte que me cercava. Mas é claro, isso não simbolizava nada além de uma situação incômoda e normal para as pessoas. O grande salto que me despertou para a anormalidade foi a levitação de objetos, móveis e até mesmo meu próprio corpo. Acabei vergonhosamente pendurada de pernas para cima algumas vezes e precisei respirar fundo para me acalmar. Na primeira vez, infelizmente, não tive o conselho "se acalme", precisei desmaiar com o sangue descendo para a minha cabeça.
Eu estaria empolgada com a mudança repentina na minha vida se estivesse um pouco mais disposta. Descobrir ser uma fonte de magia em ascenção tinha seu lado ruim e não descansar direito era um deles. Já faziam semanas que não dormia bem, era difícil dizer quando acordaria levitando ou sem travesseiro ou coberta... Ou a cama...
De longe, a parte mais difícil e cruel foi dizer Adeus aos meus pais. No mundo da magia, quando se é designado a manter o equilíbrio entre bem e mal, criação e destruição, ter uma família humana era sinal de ameaça. A solução que os mestres bolaram para isso era apagar completamente a sua identidade da existência e recomeçar no Magest, uma escola escondida entre o mar de neblina que conectava San Fiego a Geórgia. No final, era apenas um buraco assustador de pessoas esquisitas.
Minhas malas estavam prontas há dias. Hospedei-me no hotel próximo a estação de trem e aguardei Mestre Kemuel pacientemente.
Ele havia sido uma espécie de luz da sabedoria no meu incontrolável mar de dúvidas e sua calmaria auxiliou o meu longo e doloroso processo de aceitação. Abrir mão de Marinette Dupain-Cheng e ser apenas Mari, uma menina diferente das normais, e ser, em Magest, uma anormal como os outros.