05. Irmã de coração

    Toda a significativa melhora de Renesmee foi por água abaixo assim que Edward saiu pela porta da frente acompanhado por Carlisle, ele prometeu a ela que ligaria quase todos os dias. Prometeu que estaria ali no Natal, e traria muitos presentes. Mas, não era presentes que a menina precisa, era de presença. Mesmo não tendo tanto apego ao irmão, mesmo que nunca o tivesse visto antes, Edward lembrava em muito a sua mãe e por isso ela se sentiu mal quando ele foi embora.

     Alice colocou as mãos sobre os ombros magros de Renesmee, e encorajou a pequena a acenar dando tchau ao irmão. Isabella notou o olhar triste da menina, tentou consolar dizendo que logo Edward estaria de volta mas de pouco adiantou.

      - O que acha de ir na biblioteca as tardes me fazer companhia? -sugeriu Bella a menina, após uma semana após a ida de Edward. Emmett havia lhe dito algo sobre a menina não estar querendo nem sair do próprio quarto, então resolveu fazer essa proposta, claro que primeiro ela procurou saber o que Carlisle e Esme pensavam sobre e com a aprovação deles, a menina passou a frequentar a biblioteca municipal em quase todas as tardes durante suas férias.

      Não havia como negar. Renesmee gostava de Isabella como se a mesma fosse sua irmã mais velha, e Isabella também gostava de Renesmee como se fosse sua irmã mais nova.

    Setembro havia chegado e junto com ele o convite para o aniversário de nove anos de Renesmee Cullen. Quando o convite chegou na casa do chefe Swan, Charlie o recebeu e imediatamente estranhou. Ele não tinha qualquer vínculo com os Cullens, muito menos tinha criança em casa que justificasse aquele convite. Charlie não sabia que a filha estava meio que envolvida com Edward, na verdade pouco ele sabia sobre a vida da filha desde que a mesma saiu de casa.

       - Hoje recebemos esse convite – balbuciou Charlie, tentando analisar as reações da filha. Queria entender o que estava acontecendo para que até eles tenham recebido o convite para uma festa infantil.

       - Você não me disse que havíamos recebido um convite. – antecipou-se Renee, pegando o envelope das mãos do marido. – Aniversário da sobrinha do doutor Cullen... Ah, sim, a menina que passa as tardes na biblioteca- Renee pensava em voz alta.

       - Tardes na biblioteca? – agora Charlie estava mesmo preocupado

       - Esme deve achar que eu ainda moro com vocês, por isso enviou para esse endereço. Aposto que tem três senhas aí dentro. – apontou e Renée assentiu. – Eu me apeguei muito a pequena Renesmee e ela a mim.

        - A família Cullen não tem o melhor histórico, e dados os últimos acontecimentos não sei se é uma boa você se envolver com eles.

     Charlie tinha medo, medo de ver o desapontamento no rosto da filha que já havia sido largada ao altar por outro. Depois de James Weber, não viu a filha se interessar por mais ninguém e não gostaria que acontecesse logo com alguém que ninguém da cidade conhecia.

        - O que quer dizer com isso? – Bella repousou o cotovelo direito sobre a mesa do jantar, inclinando um pouco a cabeça para a esquerda enquanto fitava. – Se refere ao assassinato de Elizabeth? Ou o fato de ter descoberto que a feriu e levou ela a morte, o mesmo homem que ela também feriu e o levou a morte, é na verdade um ex-aliado do também falecido Anthony Cullen.

      - Quem te contou? – Charlie não precisava mesmo que ela respondesse, só haviam três homens que sabiam da história toda além dele: Carlisle, Emmett e o próprio Edward. Os Cullen preferiram deixar as mulheres da família de fora, que elas tivessem na memória a visão de um Anthony bom e honesto e não de um traficante que acabou sendo pego e entregando os aliados.

        - Edward, enquanto Renesmee brincava no carrossel na primeira e última vez que saímos nos três juntos a pedido da mesma.

       - Você e o sobrinho do doutor estão namorando, Bella? – Renée questionou, animada por saber que sua filha começava a superar o ex.

        - Não. Não estou namorando do Edward. Somos amigos, e eu gosto muito da menina, assim como gosto das minhas primas. É como se ela também fosse minha irmã de coração. – confessou.

         - Você já é adulta, Bella. Sabe muito bem onde pisa e o que está fazendo. Mas, aceite o conselho do seu pai que só quer o teu bem : O doutor Cullen é um excelente médico e mora aqui desde que seu filho mais velho era um menino de fraldas. Conhecemos eles, mas não sabemos nada a respeito do sobrinho, e sabemos bem quem era o pai dele.

          - Edward não é Anthony! – ditou com maxilar travado. – Não pode julgar ele pelas ações do pai.

          - Não estou julgando ele, estou sendo precavido com a minha única filha. Você já sofreu demais nas mãos de James, não quero e não vou deixar que se repita.

         - Já chega, perdi a fome. – Bella recolheu seu prato e o levou até a cozinha.

      Renée encarou o marido com um olhar mortal.

           - Sabe que ela odeia que toquem no nome daquele desgraçado. – repreendeu o marido. – Tinha mesmo que estragar o nosso jantar semanal em família por conta de um simples convite de aniversário?! – não era uma pergunta, ela fez menção de se levantar mas o chefe segurou em seu braço, fazendo com que ela voltasse a olhar pra ele.

          - Eu só estou tentando proteger nossa filha, sabe disso não é?

           A mulher anuiu, sabia bem das boas intenções de Charlie embora não concordasse com a forma dele agir. Seguiu até a cozinha, onde encontrou sua filha se servindo de um pouco de água. As mãos de Bella tremiam e os olhos estavam marejados ao lembrar de quando acreditou que tinha encontrado seu grande amor, na época ela havia inclusive desisti do da faculdade só para pode estar ao lado de James. Sua mãe a viu de costas, levou as duas mãos a tocar ao doía braços da filha, movimentando as mãos de cima para baixo como um carinho.

         - Seu pai não tinha a intenção de te chatear. – ela sussurrou bem próximo ao ouvido da filha.

          - Charlie tem razão em parte. Eu não posso me envolver novamente com alguém que eu não conheço realmente. Isso não quer dizer que eu não possa continuar a ver Renesmee, eu gosto muito dela e sei que ela precisa de mim. Não vou abandonar ela.

          - Sei que não. Eu vi vocês juntas ontem lá na biblioteca, vocês pareciam mesmo irmãs. – Renee sorriu. – A menina é um doce, e tem sorte de ter encontrado você em um momento tão delicado na vida dela.

        - Eu acho melhor eu ir agora, ou vai ficar tarde demais. – disse olhando o relógio em seu pulso. – Espero te ver na festa de Renesmee, sei que vai se dar bem com Esme.

        - Não perderia por nada, sempre quis conhecer essa família, tão falada na cidade, mais de perto. Dizem que a mulher do doutor Cullen é tão bonita quanto ele.

        - Eu passo por aqui para buscar a senhora no dia então.

        Charlie já estava no sofá da sala quando sua mulher e filha saíram da cozinha. Bella passou direto por ele, mas parou com a mão na maçaneta, falando sem olhar para o pai.

         - Sei que se preocupa comigo. Sei que anos atrás praticamente fugi dessa cidade, mas isso não vai acontecer de novo. Eu aprendi a me cuidar, não vou sumir novamente, eu prometo.

        - Eu sou seu pai Bella, é meu dever cuidar de você mesmo que não peça por isso. – respondeu observando a filha ir embora para o próprio apartamento.