Among Other Kingdoms - Terceira Temporada escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 7
Capítulo VII




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—Que bicho mordeu Evie? – Ethan perguntou assim que o desjejum foi encerrado e eles foram para o quarto de Eilon.

—Sei lá – Eilon deu de ombros – Tem algo errado.

—Ou ela só percebeu que não adianta fugir das responsabilidades – Elisa suspirou, os ombros caídos, os olham encarando o chão, tentava engolir o choro – Vamos para Dragoi, Eilon, vamos antes que vocês se casem – os irmãos se olharam, os olhos verdes claros da menina estavam marejados, Eilon caminhou até ela e a abraçou, beijou o topo da cabeça e afagou suas costas.

—Vamos dar um jeito – foi tudo que ele conseguiu dizer.

Eilon foi para a sala do conselho quando os irmãos saíram de seu quarto, ele engolia em seco, tremia um pouco.

—Meu filho – Estevão sorriu – Não temos reunião agora – o menino entrou e fechou a porta.

—Eu sei – Eilon olhou ao redor e respirou fundo – Queria falar com o senhor – controlou a tremedeira.

—Claro, sente – o príncipe sentou na frente do rei, seu pai.

—Papai, eu sei das minhas responsabilidades com a coroa, sei dos seus planos, mas peço que reconsidere esse casamento – disse como se tirasse um peso dos ombros. – Não quero casar com Eveline.

—Filho, sempre foi ela – Estevão sorriu.

—Não precisa ser – Eilon disse – Por favor, pai...

—Não. Eveline será sua noiva – Estevão viu o filho assentir pesadamente e sair em silêncio.

Naquele entardecer o castelo parecia ainda mais cheio de pessoas, muitos condes haviam chegado naquela manhã, se apinhavam para entrarem no salão de baile, Estela estava nervosa pensando se Evie realmente se faria presente, mas naquela noite ela podia se acalmar. A princesa caminhava pelo corredor, Orion a puxava avisando que estavam atrasados, não muito atrasados.

—Licença, Elisa – Evie disse se aproximando dos irmãos, Elora e Ethan olhavam desacreditavam, Eilon arqueou a sobrancelha, a gêmea estava bonita, usava uma bela coroa, mas ainda era Evie – Eilon é meu par – Eveline sorria vitoriosa, estava detestando tudo aquilo, ainda mais acompanhar Eilon em alguma coisa.

—Eu posso ser seu par – Orion entrelaçou o braço no braço da prima recebendo um olhar mortífero de Eilon.

—Vou anunciá-los – Carl informou – Princesa Evie, está linda! – sorriu para a menina, que retribuiu – Condes e lordes, com vocês o príncipe de Drakoj e herdeiro do trono de Calasir, Príncipe Eilon e Princesa Eveline – Estevão ergueu os olhos, não conseguia acreditar que era verdade, a garota realmente estava lá ao lado do irmão, ela sorria, coisa que Eilon não fazia, era visível o desgosto dele ao lado dela, já que todas as entradas anteriores em bailes ele estava sorrindo e acenando – E o filho do conselheiro da cidade, príncipe Orion e Princesa Elisa – Elisa parecia assustada ao lado do primo, estava chateada de ver Eilon e Evie juntos. Os mais jovens entraram sorrindo.

—Não acha que Elisa e Orion fazem um belo casal? – Eveline perguntou sorrindo.

—Por que você não cala a boca? – encarou ela duramente -Que merda aconteceu com você? – juntou as sobrancelhas.

—Eu refleti que realmente preciso mudar – Evie sentiu um amargor subir sua garganta, era difícil falar como Elisa – Serei uma boa esposa para você, meu irmão. – eles chegaram aos tronos, onde seus pais sorriam, Estevão estava achando engraçada a mudança de comportamento da filha, Elisa estava feliz por isso, as coisas seriam fáceis.

—Está linda, filha – Estela sorriu.

—Obrigada, mãe – Evie sorriu.

—Vamos abrir o baile? – Estevão observou a outra filha se aproximando com seu sobrinho, eram um casal muito bonito, talvez promissor, sorriu com essa ideia.

Assim que Ethan e Elora chegaram, o rei e a rainha levantaram e foram para o centro do salão, os músicos começaram tocar uma valsa, Eilon se obrigou a seguir os pais com Evie, Elisa olhava frustrada para eles.

—São um belo casal, serão ótimos soberanos – Orion sorriu.

—Sim – ela quase choramingou.

—Você é uma péssima parceira – Eilon xingou Evie depois de mais uma pisada, ela nunca ia nas aulas de dança, só estava se deixando levar por ele, havia o pisado umas cinco vezes.

—Estou dando meu melhor, você não consegue nem ver isso?! – ela rosnou e então lembrou que não poderia agir assim.

—Não adianta ficar fingindo ser uma boa menina, você jamais será – ele se aproximou dela – Nem será uma boa rainha, porque não será rainha – rosnou e a largou bruscamente, caminhando em passos pesados até Elisa, a tirando dos braços de Orion, que o olhou indignado.

—Isso não é legal, primo – o menino disse num meio sorriso, Eilon o fuzilou com os olhos – Mas tudo bem, podemos trocar de parceira – Orion caminhou até Evie, que olhava para os irmãos como se os fosse matar -Seja superior – sussurrou.

Eilon tomou Elisa nos braços para dançar, sorrindo um para o outro, ele se sentia calmo perto dela, diferente de como se sentia com Eveline; Estevão girou com Estela e viu a troca.

—Eilon está com Elisa – avisou.

—Estranho seria se ele estivesse com Evie – Estela sorriu para o marido – Reconsidere, meu amor, Eilon será um rei muito melhor com Elisa ao seu lado.

—Eveline é a mais velha – respondeu.

—Meu bem, por favor, Evie ficará melhor solteira, Elisa irá ficar doente sem Eilon – ela sorria doce, Estevão a olhava enquanto pensava nisso, a esposa tinha razão, mas ele queria seguir o plano inicial, Elisa era uma moeda de troca muito mais fácil que Eveline.

A manhã seguinte começou igualmente caótica, Orion acordou Evie e ajudou ela se vestir para a refeição.

—Meus pés estão me matando, eu nunca dancei tanto – resmungou calçando as botas, a roupa de montaria para voar em dragões era muito mais grossa e pesada, estava incomodando.

—Mas você foi ótima – Orion prendeu o cabelo da prima em um rabo de cavalo alto.

Juntos desceram para o desjejum, Elisa e Eilon já estavam na mesa, sussurravam algo entre si, Elora e Ethan também conversavam entre eles, mas tudo ficou em silêncio quando os outros chegaram.

—Poderia me ceder o lugar ao lado de Eilon, irmã? – Elisa olhou para Evie com estranheza.

—Esse sempre foi o lugar de Elisa – Eilon respondeu – E ao meu lado sempre será o lugar dela – Elisa apertou a mão dele por baixa da mesa, como um agradecimento.

—O que está acontecendo? – Estela perguntou colocando a mão no ombro da filha mais velha, Estevão contornou as duas para tomar a cabeceira da mesa.

—Eu gostaria de sentar ao lado do meu futuro marido – Evie respondeu, Eilon revirou os olhos bufando.

—Troque de lugar, Elisa – o pai ordenou.

—Mas pai... – A menina olhou para o rei.

—Por favor – Estevão pediu, a princesa levantou com os olhos cheios de lágrimas e foi para o lado de sua mãe – Obrigado – sorriu para ela, que apenas se encolheu na cadeira sem olhar para o pai ou para a irmã.

Orion sentou ao lado de Elisa dando uma rápida olhada para Eilon, conseguia sentir o ódio do primo emanando dele. Eles comeram no melhor clima possível, melhor que dos últimos dias, nem Elisa, nem Eilon se alimentaram como normalmente, inclusive deixaram parte do que haviam servido no prato; eles saíram em grupo, Evie agarrou a mão de Eilon antes de Elisa fazer, no entanto não durou dois passos, o irmão a repeliu, recebendo um olhar de desaprovação da mãe.

—Você precisa ser mais gentil com Evie – Estela disse afastando Eilon dos outros, o príncipe observava a proximidade entre Orion e Elisa – Ela vai ser sua esposa.

—Não, mãe! – resmungou – Não quero me casar com Eveline. Você e papai podem acreditar nessa mudança nela, mas eu não acredito! – respirou fundo – Por favor, mamãe, faça papai pensar melhor – segurou as mãos da mãe – Eu não quero ser infeliz o resto da minha vida – olhou para o grupo que se afastava, Evie já havia chegado na escada, Orion puxava Elisa, que virava a cada passo, era estranho estar sem Eilon ao lado – Eu amo Elisa, não Eveline – ele olhou para Estela com olhos marejados, era palpável o amor dele por ela, a mãe sorriu acariciando o rosto dele.

—Querido, você sempre soube que seria Evie e não Elisa – o menino fechou a cara.

—A senhora passou a vida toda defendendo Eveline. Não imagina quantas vezes ouvi suas brigas com o papai. Tudo que ela precisava, a senhora intervinha para que ela tivesse! – Eilon queria chorar, gritar o quanto sua mãe estava sendo injusta – Agora eu peço para que fale com papai a fim de reconsiderar uma ideia maluca e tudo que me diz é que eu sabia – uma lágrima correu pelo seu rosto, seus lábios tremiam.

—Depois falamos disso, Eilon – Estela acariciou os braços do filho, que saiu pisando duro.

Evie entrou no covil, há anos não ia lá, detestava a ideia de montar dragões, achava ridículo e altamente exagerado; deu dois passos e se aproximou de Ronar, que rosnou para ela, conseguia sentir a raiva do dragão, estendeu a mão para tocar o focinho do animal, mas ele se balançou e mostrou os dentes.

—Não toque nele – Elisa se afastou de Orion e caminhou até Ronar, o acariciando – Eilon já vem – o dragão se acalmou, virou para a princesa e a farejou, ele sabia qual era a menina de seu cavaleiro, não importasse o quanto Eveline, de forma involuntária, tentasse o controlar, o vínculo com o cavaleiro era mais forte que qualquer outra magia, enquanto Eilon estivesse vivo, Ronar se curvaria a ele e somente a ele.

—Prontos? – Estela perguntou na entrada. Ethan ajudou Elora, assim como Eilon se apressou para ajudar Elisa subir em Tyrax.

—Não vai me ajudar? – Evie perguntou forçando uma voz manhosa.

—Seu dragão é pequeno, não precisa de ajuda – respondeu ele colocando o pé no estribo e pulando para a sela. Evie se aproximou, o dragão era bem menor que o de seus irmãos, afinal só tinha cinco anos e era de uma geração que cresceu mais devagar, ele aguentava um cavaleiro, mas não majestoso como nenhum dos outros.

—Dê um nome para ele – Orion sussurrou.

—Qual? – Evie sussurrou de volta.

—Qualquer um – ele olhou em volta, todos os outros cavaleiros esperavam ela.

—Ruphira – a menina estendeu a mão, o dragão lhe deu uma cabeçada suave, ela sorriu.

—Vamos logo! – Ethan gritou, Eveline montou, realmente não precisava de ajuda, seu dragão era pouco maior que um cavalo; Orion correu para o dragão da tia, montando nele junto com ela.

Todos abriram espaço para que ela saísse primeiro, o dragão correu até a beirada e pulou, a princesa gritou em pânico, o animal começou subir, ela estava agarrada ao pito de olhos fechados, sentiu o ar ficar cada vez mais frio, o vento bagunçando seus cabelos, Evie abriu os olhos devagar, estava muito mais alto do que alguma vez já voara com Gameon, olhou para cima, Jaspe estava logo acima dela, seus irmãos pouca coisa abaixo da mãe, ela tremeu, estava indo longe demais nessa ideia de ser superior a eles, seus irmãos nunca a deixariam em paz.

Ela observou a vista, era sim muito bonita, a fortaleza e a cidade pareciam pequenas lá do alto. Insignificante. Eveline sorriu com esse pensamento, seu pai era insignificante visto de cima, insignificante perto dos dragões, e sua mãe era uma idiota em ficar com ele, se ela estivesse no lugar de Estela iria tomar a coroa, ser rainha absoluta, mataria o rei incinerado e sentaria no trono, governaria soberana, única.

Um movimento chamou sua atenção, Ronar e Tyrax subiam lado a lado, furando a nuvem, pensou em ir atrás, mas preferiu não subir muito mais. Jaspe gritou, os outros o seguiram de volta ao covil, menos Eilon e Elisa, que só voltariam horas depois.

—Você foi muito bem, Evie – Estela elogiou a filha, que respirou fundo.

—Obrigada, mãe – Eveline queria dizer o quanto sua mãe havia sido burra em não tomar a coroa de Estevão, mas preferiu se calar e sorrir.

Não muito longe, em Dragoi, uma das ilhas que ficavam perto do continente, um sacerdote acendia velas nos pés de uma estátua de dragão, a construção foi um presente do rei para a rainha pela sua vigésima primeira estação, eles iam pouco lá, Estela ia bastante, gostava de rezar ao seu deus ou apenas conversar com a estátua, se ligar minimamente com suas origens. A fortaleza tinha um fosso ao redor, um portão que descia para fazer a ponte, ele abria para um jardim, que levava para a entrada da construção que tinha três torres altas, era um residência grande, mas muito menor que a fortaleza Balaur, tinha quase um terço do tamanho da fortaleza principal. O templo, que não ficava muito longe dali, era um grande retângulo, havia um grande salão no meio de várias salas de estudo e dormitórios para os convertidos na “fé da rainha”, como alguns chamavam, uma parte do salão era coberta, ali ficava uma estátua de dragão e um altar impecavelmente limpo, sempre haviam velas acesas.

Haviam algumas sacerdotisas, elas usavam longas vestes verdes claras com uma corda amarrada na cintura, seus cabelos eram sempre cobertos por um véu branco, para representar o cabelo dos deragonianos. Os sacerdotes usavam as mesmas vestes, mas raspavam os cabelos. Era um total de três sacerdotes, duas sacerdotisas e dez aprendizes, desses seis eram meninos e quatro eram meninas, a diferença dos aprendizes era que a túnica era branca e não verde. Eles não moravam no castelo e sim nos dormitórios do templo, a fortaleza era habitada por oito funcionários, desses cinco eram soldados, duas faxineiras e uma cozinheira, que ajudava as criadas, assim como elas a ajudavam.

Eilon e Elisa pousaram no campo perto da praia, olharam para trás, para o continente, seus dragões fizeram o mesmo antes de baixarem o pescoço para eles descerem. O príncipe desceu primeiro, ajudando Elisa a fazer o mesmo, eles caminharam de mãos dadas até o templo, Eilon tinha um olhar irritado, muito parecia Estevão, a testa franzida, os lábios contraídos, Elisa tinha um olhar um pouco nervoso e assustado, será que ele faria o que ela havia pedido? Será que iriam consumar o ato e obrigar seus pais a casarem os dois? Não, ele não podia fazer isso, ela nem estava com vestes adequadas!

—Sacerdote Ibran – Eilon chamou ao cruzar o corredor e chegar ao grande salão, era lindo ali, o piso era de uma bela pedra branca, o único detalhe era o escoamento de água que fazia a marcação do salão. O sacerdote estava sozinho no salão, parado em frente ao dragão de pedra, rezava baixinho.

—Príncipe Eilon – o homem virou, era pouco mais novo que o rei, não tinha muitas rugas, sempre ostentava um semblante calmo, havia sido o primeiro convertido, ele havia criado todas as regras do templo, catalogou todos os ritos que a rainha havia ensinado e repassou para a turma que chegou no ano seguinte, era a referência da religião – Princesa Elisa – sorriu para o casal – Estou feliz que vieram. Gostariam de rezar ao Grande Dragão?

—Não, temos algo mais importante para conversar – Eilon disse rápido – Precisamos fazer os ritos de casamento deragoniano – Ibran travou.

—Não posso, alteza – o sacerdote gaguejou – Desculpem, não posso, o rei e a rainha...

—O rei e a rainha não estão pensando corretamente – Elisa falou, o homem percebeu como a garota havia ficado mais parecida com a mãe, até no jeito suave de conversar – O Grande Dragão não permitiria um casamento onde os noivos se odiassem. Mamãe sempre fala que em Deragona os casamentos eram entre parentes, mas sempre prevalecia o amor.

—Sim, correto – ele piscou repetidas vezes confuso.

—Então, sacerdote, o senhor precisa casar Eilon e eu – Elisa segurou a mão do irmão mais forte.

—Não posso, o rei precisaria me pedir – Ibran virou, Eilon colocou a mão no ombro dele, o homem virou e não viu um príncipe, viu um rei, o garoto tinha uma estranha determinação no olhar, uma determinação que moveria céus e terras para alcançar seus objetivos.

—Como o príncipe herdeiro do trono, como o futuro rei, te peço isso – Eilon olhava firme – Não pode ter mais medo do rei do que seu deus – olharam para a estátua iluminada pela claridade do dia.

—Altezas, pensem no que estão me pedindo – o homem ficou de frente para eles – Depois de casados, não há mais o que fazer.

—Estamos cientes – Elisa respondeu suavemente – Por favor, sacerdote.

—Não posso acreditar que um sacerdote tem medo do homem e não do nosso deus – Eilon disse após um tempo de silêncio.

—Está bem, rezarei para que não tenhamos problemas com isso – o sacerdote enchendo o peito de ar – Me esperem aqui, buscarei as vestes.

—Está certo disso? -Elisa perguntou baixinho.

—Mais certo do que alguma vez estive – Eilon beijou a mão dela no mesmo instante que Ibran voltava acompanhado dos aprendizes e dos outros as sacerdotes, um dos mais novos trazia duas túnicas nos braços.

—Vistam isso, altezas – o menino falou, Eilon pegou uma e alcançou outra para Elisa, as túnicas eram verdes claras, ricamente decoradas com bordados dourados e prateados, o símbolo do reino estava bordado em dourado nas costas, outro aprendiz colocou um adereço na cabeça de cada um, não eram como as coroas do palácio, eram altos, presos por uma fita embaixo do queixo.

—Isso era para acontecer com a outra princesa – Lina, uma sacerdotisa, disse rispidamente.

—O Grande Dragão nos castigaria caso casássemos um casal infeliz – Ibran respondeu tomando a frente da mesa onde havia um livro e uma taça, a qual um dos aprendizes encheu de vinho – Pelo sangue do dragão nasceste, pelo sangue do dragão morrerá – começou o homem assim que os príncipes se deram às mãos, ficando de frente um para o outro – Hoje estamos aqui para celebrar a união dos filhos do Grande Dragão, Eilor e Elisa, da casa de Balaur. Deragona vive por vocês. – os demais repetiram a última frase – Deragona pregava o amor e a paz, jamais um filho dela foi forçado a casar. Vocês estão sendo forçados?

—Não – disseram em uníssono e sorrindo.

—Me deem suas mãos – o sacerdote pegou a mão do príncipe e da princesa, fez um pequeno corte na palma de cada um e guiou o fio de sangue para a taça – Agora vocês bebem do sangue do dragão – Eilon bebeu primeiro, entregando para Elisa na sequência, que o imitou – Venham aqui – ele os puxou pelos ombros, com a mesma faca fez um corte superficial na vertical nos lábios de cada um – Com o beijo selado em sangue vocês se unem como marido e mulher, prometendo diante do grande Dragão proteger e amar um ao outro. Vocês prometem?

—Sim – disseram juntos, o sangue brotando em seus lábios sorridentes.

—Que o Grande Dragão abençoe a união de vocês e a torne frutífera. Pode beijar a noiva – bastou a liberação do sacerdote para Eilon a tomar nos braços e a beijar como fez noites atrás – O que está feito não pode ser desfeito. Vida longa ao casal – Elisa sorriu quando se separaram, Eilon também sorria, seu pai ficaria furioso quando descobrisse, mas poderia enfrentar a ira de seu pai, o que não poderia fazer era casar com Eveline.

O almoço fora servido pontualmente, todos em seus lugares, Mandrik olhava com estranheza para os lugares vazios, Evie também estava achando esquisito, Eilon e Elisa jamais se atrasavam.

—O passeio foi perfeito hoje – Ethan disse.

—Mas perdemos Eilon – Elora o encarou.

—Sim, por isso foi perfeito – o garoto riu.

—Onde estão eles? – Mandrik apontou para as cadeiras vazias.

—Eles foram ao passeio conosco, já eram para ter voltado – Estela olhou preocupada, eles não eram de se atrasar.

—Você fez algo com eles? – Evie perguntou para Orion enquanto iam para seus quartos.

—Eu? Claro que não! – disse quase ofendido. – Vai ver estão em algum lugar se divertindo – riu malicioso, Eveline pensou que se algo tivesse acontecido com eles, a culpa com certeza cairia nela.

Naquela noite Estevão não pode anunciar o noivado entre Eilon e Eveline, já que Eilon não apareceu e Evie ficou sozinha com Orion, dançando as músicas com ele, recebendo sorrisos do tio vez ou outra. O rei não ficou furioso, como ficava quando era a ausência de Eveline, Estevão ficou preocupado, assim como Estela, que tremeu boa parte da noite e dormiu pouquíssimo.

No desjejum da manhã seguinte a ausência deles também foi notada.

—Certo, Estevão, tem algo errado – Mandrik anunciou assim que se viram sozinhos na sala do conselho.

—Já percebi - o rei falou nervoso – Eles sumiram com os dragões – bagunçou os cabelos, mania que nunca o abandonou – Será que alguém os atacou?!

—Com dragões daquele tamanho? – Mandrik arqueou a sobrancelha – Tenho medo desses inimigos... – ele olhou pela janela e respirou fundo – E se fugiram?

—Por que fugir? – bebeu um longo gole de vinho.

—O fogo da juventude. Rebeldia. Essas coisas – o conselheiro deu de ombros.

—Você acha que Eilon fugiu porque eu ia anunciar o casamento entre ele e Eveline? – Mandrik assentiu – Não, ele não faria – acenou negativamente e lembrou da conversa com o filho, Eilon parecia decidido que não casaria com Eveline, mas ele era seu exemplo de obediência, jamais iria contra sua vontade! – Mande guardas para as campinas. Faça um frota de navios e procure no mar. Precisamos achá-los! – Mandrik obedeceu, ele estava mais preocupado do que gostaria de admitir.

Os guardas se espalharam, navios zarparam e Evie se amedrontou.

—Orion, aconteceu algo com eles – disse preocupada – Vão achar que fui eu!

—Ninguém vai achar nada – ele penteou os cabelos dela – Se acalme! – ela não sabia se conseguia se acalmar.

Estela estava em pandarecos, tremia preocupada com os filhos, eles, as vezes, se desviavam da rota, mas nunca demoravam muito para retornar, Elora estava ao seu lado, assim como Ethan, eles diziam que tudo ficaria bem e que era só uma brincadeira de péssimo gosto.

Enquanto o príncipe e a princesa degustavam do desjejum no solário da fortaleza Dragoi, um navio de mantimentos chegou na ilha, o mensageiro parecia nervoso, contou aos tropeços para o aprendiz que o príncipe herdeiro e sua irmã mais nova havia sumido e boatos que foram sequestrados estavam se espalhando pela cidade. Garek engoliu em seco ao ouvir isso e Tyjar quase desmaiou de alívio ao ver o príncipe bebericando tranquilamente um chá.

—Diga para meu pai que estou bem – Eilon disse ao mensageiro – Se ele quiser conversar, estarei aqui.

 

 


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