Among Other Kingdoms - Terceira Temporada escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 6
Lendas de mentirinha


Notas iniciais do capítulo

♥~Enjoy~♥



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Depois que o desjejum acabou, mesmo com o clima péssimo, fúnebre, que Orion conhecia bem; Joice o cercou. Novamente, não adiantava pedir socorro com os olhos para o pai, ele estava tão feliz quanto a avó. Depois de mais perguntas sobre sua vida no outro lado ele sem querer deixou escapar sobre os sacrifícios que ele fazia, o intuito era assustar, mas, nesse meio tempo William veio em seu socorro, foi quando ele pediu licença para sua avó, junto com todos os outros, ele teve que passar no quarto primeiro para trocar de roupa. Estava pensativo. Tudo bem a prima ter raiva do pai, mas, não podia descontar em sua mãe. Porque primeiro, ela visivelmente parecia preocupada com ela, as palavras que ela disse, magoaria qualquer um, ele se sentiu magoado e nem foi pra ele. Claro, eram muitos sentimentos acumulados, de ambos os lados e quando uma gota é colocada em um copo cheio, tudo derrama de uma vez, transborda.

Ele detestava brigas, e sinceramente, ele queria a situação fosse a melhor possível; Orion começou procurando a tia por todos os lugares possíveis, até que sobrou apenas o covil. Que estava silencioso, e assim que ele se aproximou sentiu um misto de sentimentos ali, bons e ruins.  Mas, no momento, era um sentimento conflitante. Ele se aproximou da entrada se curvando.

—Tia Estela? – O garoto não entrou, apenas chamou. Estela estava secando as lágrimas e estava perto de Jaspe e Sinler, não conseguia ver ele. – Eu posso entrar?

—Claro, querido, entre – Disse com a voz embargada

—Licença. – Ele observou os dragões. – Sei que não está tudo bem. Minha mãe disse que as coisas nunca se saiam bem aqui; mas, o que está sentindo agora?

—Está tudo bem, querido – Ensaiou um sorriso Era o máximo que ela conseguia. – Vou ficar bem. Estou chateada com o que Evie disse, só isso

—Não está tudo tão bem assim... E sim, foi horrível. Não precisa esconder. – Ele olhou em volta novamente. – Não falando mal, eu não sou desses, mas, os primos não apreciam muito a presença dela. Porque?

—Evie sempre foi complicada – Suspirou. – Ela sempre quis ser diferente, mas não percebe o quanto isso prejudica a todos

—Todos, incluindo você? – Orion ergueu uma sobrancelha.  – Nem o papai consegue ajudar ela?

—Seu pai faz um bom trabalho com ela. – Estela olhou o menino e sorriu – E sim, todos incluindo eu. Você não tem ideia de quantas vezes a defendi de Estevão.

—Então, ela nunca ficou de castigo?

—Ah sim! Muitas vezes – Estela lembrou da infância da filha – Mas, não acredito que tenha ajudado em algo

—Não vão forçar ela a se casar com irmão dela não é? Ela não pode ser uma Rainha independente? – Ele não queria irritar naquele reino. Mas, ele podia ver, ali tinha muita coisa estranha.

—Porque aqui você só é rainha se casa com um rei

—Ah! – Ele olhou para as suas mãos. – Tia Estela, acho que seria bom vocês falarem com ela uma última vez, eu não quero que ela seja como... "Aquela Rainha” de Pardóx. – Orion tremeu.

—Aquela rainha? – Estela estreitou os olhos – Você diz da mãe de Auterpe e Perseu? – O menino assentiu, provavelmente sua mãe contou. – Não...impossível. Evie vai se alinhar, eu também não gostava das regras da realeza quando casei.

—Eu entendo... – Ele respirou fundo. – Eu queria que minha mãe tivesse tido mais filhos, eu teria mais irmãos, mais companhia. – Estela acariciou o rosto dele. – Você é maravilhosa tia Estela, não se deixe abalar pelas palavras da sua filha. – Ele olhou para cima. – Claro, não tem como, mas, não se esqueça, você é forte e fantástica.

—Obrigada Orion. – Ela secava as lágrimas antes que elas passassem pelas suas bochechas.  – Você é muito gentil. – O garoto se levantou com calma.

—O tio Perseu sempre fala muito bem de você. – Estela o olhou com cautela. Ela estava bem casada, tinha seus filhos, sua família, não precisava ter em mente que. O único problema naquela família, dela era filha que ela teve de Perseu.  Doía admitir, mas, era a verdade. – Ele também fala muito do tio Estevão, e do quanto o casamento e a união de vocês dois é invejável. – Orion deu um meio sorriso. – Sinto muito por essa dinâmica não estar indo bem na sua vida familiar tia. – ele a beijou da testa. – Seja corajosa como os seus dragões. – Ele sorriu para ela antes de sair.

Seu coração afundou no estomago. Aquela não era uma informação que ela queria saber, não precisava relembrar, até porque, eles já haviam passado um momento incrível juntos, e mesmo que depois de muito tempo o vento carregasse o seu cheiro, e seu toque; quando eles se amaram, era uma lembrança boa, mas, o que veio em seguida foi maravilhoso para ela.
Ela apenas podia desejar a felicidade para ele, pois, na posição que ela estava, era o correto ela desejar a felicidade dele.  


O almoço se seguiu tranquilo, mesmo que Joice insistisse diversas vezes para Orion contasse o que ele fazia nas celebrações no seu reino, e ela insistisse que Estevão deveria deixar o menino fazer aquilo, Estevão disse que aquilo não era adequado de se discutirem enquanto almoçavam. O Rei fuzilava o lugar vazio de Evie como se a própria garota estivesse ali. Mas, ela apareceu apenas quando todos haviam terminado de comer, mesma coisa, roupas sujas, cabelos bagunçados, e não olhou para ninguém. Depois disso, Orion pode ouvir várias discussões dos tios por causa da garota que não tinha sido vista pelo resto do dia.

Na segunda noite de comemoração, não havia nenhum sinal da sua prima, o que deixou Elisa e Eilon extremamente felizes, até porque, sem Eveline eles poderiam ficar juntos como o casal que estavam destinados a serem, seus braços estavam entrelaçados, assim como Ethan e Elora, mas, como aqueles dois eram menores os carinhos eram menos frequentes, não como Elisa e Eilon, os olhares entre os dois apaixonados apenas deixavam Orion desconfortável, tecnicamente, se forem para casarem irmãos, isso tinha que ser feito direito, e Eveline estava errando, estava errada, mais seu “noivo” era o mais errado junto com sua irmã, sua cunhada. Orion teve um tique nervoso só de pensar naquela bagunça. Mas, era isso que precisavam, de uma bagunça, ou meia bagunça. E enquanto toda comemoração ocorria, o garoto de Ruphira conseguiu ouvir as frases de amor mais fortes que qualquer deusa do amor jamais proclamaria. Era desrespeitoso.

*

Evie entrou no quarto pela sacada em completo silêncio, sentia-se mal por ter falado com a mãe daquela forma, mas apenas deixou a verdade sair. Precisava se acalmar de toda frustração que estava entalada em sua garganta, e para isso ficou em vários pontos escondidos no Reino. A princesa suspirou e virou para entrar no quarto, não percebendo o homem sentado na poltrona no canto do cômodo; ela tirou a roupa suja, ficando apenas com as roupas debaixo, que consistia de uma bermuda de tecido branco e uma camiseta surrada.

—É assim que você faz? – Ela pulou com a pergunta e virou em direção a voz, seu pai a encarava duramente. – O que pensa que está fazendo?

—Estava com Gameon – Deu de ombros - Da mesma forma que você passeia com Água Negra ou mamãe com Jaspe – Estevão pensou na insolência da garota em comparar aquele pombo com cascos com seu cavalo ou com o dragão de Estela – Desculpe pela minha atitude essa manhã.

—Estou cansado de te desculpar, Eveline – A menina observou o pai levantar e caminhar até a porta da sacada, onde trancou com a chave e a guardou no bolso – Por todo esse tempo eu venho desculpando sua insolência, sua má educação, seus atrasos, mas acho que já deu, não acha? Já está grandinha, quase uma mulher.

—Papai... – Estevão se virou para ela.

—Não me venha com “papai”. – Disse com desdém. – Você magoou sua mãe. Você desejou a morte do seu irmão publicamente. – Evie engoliu em seco quando o pai desafivelou o cinto – Eu sempre tentei ser compreensivo com você, céus, como tentei – a cada centímetro que o cinto saia, era uma palpitação que a menina tinha – Mas agora deu, Eveline, você vai aprender se comportar como uma rainha, como Estela...Como Elisa – Foi o nome da sua irmã que retumbou em seus ouvidos quando a tira de couro a atingiu, ardeu, ela nunca havia apanhado dos pais, havia ficado muito de castigo, mas nunca apanhou.

Primeiro foi o cinto, inúmeros golpes por todo seu corpo, todos acompanhados de gritos, quando ela caiu no chão, Estevão montou nela e acertou seu rosto com muitos tapas, um mais forte que o outro, conseguia ver o ódio nos olhos dele, brilhavam de raiva. A menina tentou se defender, cada vez que colocava a mão na frente para se defender, ele tirava e a batia com mais fúria. Ele respirou fundo, sua mão ardia, sabia que precisava parar, sabia o que acontecia se esvaísse toda a fúria nela; levantou, a menina estava encolhida no chão, olhou para ele esfregando o rosto.

—A partir de amanhã você não sai do castelo. Obrigatoriamente quero você nas aulas com suas irmãs e no baile a noite – Estevão anunciou passando os dedos em seus cabelos, os bagunçando; Evie foi levantar, porém outro tapa a acertou, a menina ergueu os olhos. A porta foi aberta, Estela olhou para a cena, ver Eveline com os cabelos bagunçados pelos puxões que o pai deu e o rosto vermelho pelos tapas cortou seu coração, pensou em todas as vezes que ela a defendeu, que evitou que Estevão batesse nela, todas essas vezes foram de muitas brigas conjugais.

—Mamãe... – A menina queria colo de mãe, queria proteção, alguém que a abraçasse e beijasse suas feridas.

—Estou esperando você no quarto, querido – Estela engoliu o choro ao ver a menina, mas havia passado tempo de mais cobrindo os erros da filha e a defendendo.

—Já vou, meu amor. – Ele sorriu para a esposa, que assentiu e fechou à porta, Estevão olhou para a menina – Espero que você seja pontual amanhã, não vai gostar que eu faça você levantar – O rei saiu e a princesa ficou no escuro sentindo sua pele arder.

Ela estava chorando baixinho, estava encolhida, todo o seu corpo ardia, e ela por completa estava machucada fisicamente e emocionalmente. Ela não sabia o que fazer, não podia fugir, não tinha como sair pela sacada, estava sozinha e desolada. Depois de um longo tempo, em que ela ficou no chão, não sabe por quanto tempo, Orion bateu em sua porta, ela se encolheu, e não respondeu, ele então anunciou sua entrada pedindo licença e se aproximou dela.

—Saía! – Ela tentou se afastar. Orion deu um meio sorriso e se abaixou na altura dela. Tinha uma caixa em mãos, Evie o olhou com o rosto ainda ardendo. – Você já roubou meu tio de mim, quer mais o que?

—Eu roubei? – Perguntou. – Não quero roubar. Mas, te ajudar. – Ele sentou do lado dela, que se afastou consideravelmente. – Dá para ver que você não quer casar com Eilon. Eu não gostaria de casar com ele nem se essa fosse a última chance de minha sobrevivência... – Ele riu. Ficando sério em seguida. – Mas, o que você disse pra sua mãe, foi bem dolorido de ouvir.

—Eu sei! Estou arrependida. Mas, isso não vai me ajudar em nada e.

—Ao contrário. Eu sei te disse que você é a sobrinha favorita do meu pai. – Ele abriu a caixa. Por dentro, não parecia ter fundo, ela era forrada de veludo roxo. – E pelos deuses, que tipo de Rainha você quer ser? Como Éfellya? – Sem saber porque, Evie tremeu, junto de Orion que se arrepiou, o nome soou como uma maldição. – Eu sei que você não se importa com o que eles acham de você. – Ele tirou da caixa um conjunto de nove pedras preciosas do tamanho de um anel. – Entendo que você nem se importa. Mas, eu sei que está com raiva e não quer ser uma Rainha de adornos e festas, mas, para ser a Rainha que “esperam”. – ele fez aspas. – Precisa ser a Princesa que eles não esperam. – Seu corpo ainda doía, ela não tinha muita vontade de ouvir o que ela devia ou não fazer.

—O que é isso? – Ela apontou para as pedras. Orion retirou mais três outras pedras da caixa, fazendo um círculo nada perfeito com o que ele retirou. Eram lindas, de formas perfeitas, outras de formas únicas.

—Essas pedras já tiveram vida. Eram de Guardiões que viveram muito antes dos meus antepassados. – Orion pegava uma pedra, falava e analisava ela colocando no lugar depois. – Sem os seus Guardiões vivos elas precisam retornar para seu Reino, e se não voltam, elas perdem a vida. Como um sopro. – Ele assoprou uma da cor cinza. – Dizem que: “em breve os donos vão voltar e oferecer sua alma para a pedra ter vida de novo. – Evie ergueu uma sobrancelha. – Então eu por enquanto só posso olhar pra elas e um dia ter que devolvê-las. Mas, pelo que eu ouvi, eles não voltarão e as pedras ficaram para mim.

—Você tem umas histórias esquisitas. – Ela disse sorrindo desconfortável, seu corpo doía.

—Sim, eu tenho. – Orion concordou e juntou todas as pedras, em um rápido movimento tirou seu colar do pescoço, fez um pouco de força nelas e em seguida tirou as mãos mostrando um lindo colar com pedras que mudavam de cor conforme ele mexia. – Mas, são interessantes. – Ele esticou a mão para ajudar ela a se levantar e a colocando na cama com calma.

—São sim. – Ela se acomodou como pode, tantos anos de raiva acumulada em seu pai foram disparados nela de uma forma brutal, foi quase como ela pudesse sentir a morte a tocando. Orion entregou o colar na mão dela. – Para que isso?

—Eu observo as coisas bem demais. Como eu disse, você precisa ser a princesa que eles não esperam. – Ele pegou a caixa novamente e tirou uma agulha e um acessório de cabeça. – Eu já entendi que você não se importa. – Ele concordou por ela. – Mas, eu posso dizer que, você pode cortar a cabeça da medusa e esperar do seu sangue nascer o Pégasus para você.

—O que? – Ela o olhou sem entender.

—(...) Pelos deuses, não te contaram o nascimento dos Pégasus? – Evie negou. – Depois eu te conto, essa é boa. – Ele voltou sua atenção para a caixa. – Seus irmãos estavam bem felizes por você ter sido abandonada à própria sorte.  – Ela virou o rosto de lado, queria chorar, mas, não queria que ele visse. Era verdade, sabia que os irmãos falavam mal dela, principalmente riam dela; não era segredo para ninguém. – Vi coisas bem detestáveis hoje, e sejamos sinceros, você foi pega de surpresa.

—(...) Sim. – Disse em tom fraco.

—Mais, está aí! Isso é previsível! E sei que verdadeiramente você não merece esse tratamento. O esperado é você não se atrasar. – Orion respirou fundo. – Mas, e se você surpreender?

—Não quero agradar ninguém!

—Você não irá agradar! – Evie não entendeu. Era exatamente isso que ele estava dizendo? – Porque na verdade, não importa se você está bela, se não está natural, se é bela, se é ela ou se é você. Você vai desestabilizar todos.

—Porque eu faria isso? Eu não sigo ordens e.

—Está aí. – Orion levantou com tudo e em seguida se sentou no chão do lado dela na cama. – Desestabilizar é o que os inimigos fazem de melhor. – Evie o olhou sem entender. – Você não gostaria de perturbar a estabilidade dos seus irmãos?

—Não ligo para isso...

—Olha, eu vi seu irmão quase arrancar uma árvore por fúria. – Houve uma pausa. – Acredito que todos esperem esse comportamento seu, não do herdeiro ao trono.

—Isso não me faria Rainha, faria Ethan futuro Rei. – Orion acenou com a cabeça.

—E Eilon ia gostar disso?

—(...) Não.

—Minha mãe chama isso de “distrair o adversário. ”, porque na verdade, eles não esperam de verdade que você irá uma ordem qualquer. – Evie tentou negar ou fazer algum movimento para que ele se afastasse dela, mas, seu corpo ainda tremia. – Sei que você odeia usar os vestidos. – Orion mostrou a agulha. – Com isso você não vai precisar que ninguém coloque seus vestidos apertados demais. – Então ele pegou o acessório de cabeça. – Isso daqui é pra que nenhum penteado seja apertado demais, ou incomodo demais. – A garota estreitou os olhos. – Claro, você não presenciou, mas, sua irmã tem uma tiara bem extravagante. – Ela revirou os olhos. – Não importa, não é? – Evie concordou. – Importa pra futura Rainha. – Ele parecia procurar mais a fundo na caixa, ela olhou com atenção, que tipo de bruxaria era aquela? Foi quando ele tirou uma tiara prateada com pedras verdes claras, quase azuis; lembravam muito uma coroa de louros grega, mas, fazia um triangulo acima da cabeça.

—Como você...

—Isso é um Rubi musgo. – Ele respondeu sorrindo e olhando para a tiara. – Você terá que usar isso amanhã no baile. – Evie negou. – Ah, como não? Acha que se você aparecer não vão notar você?

—Eles preferem a Elisa.

—Claro. – Ele revirou os olhos. – Mas, quem será a futura Rainha? – Antes que a prima pudesse dizer qualquer coisa, ele completou. – Disseram que minha mãe iria ser Princesa pra sempre. Então, agora ela é Rainha. – Orion pegou sua caixa e ficou perto da porta. – Então, Princesa de Calasir, se prepare para desestabilizar essa fortaleza. – ele fez uma reverencia para ela. – Boa noite.

Assim que ele abriu a porta ela esticou o braço pra ele.

—Espere. – Ele a olhou por alguns segundos. – Porque está fazendo isso? E não diga porque eu sou a sobrinha preferida do seu pai. – Ele se aproximou dela e lhe deu um braço cauteloso, ficando em silêncio, era por isso mesmo. Porque, tudo o que prendia seu pai nesse lado era Evie, se ele a levasse para lá, não haveria mais desculpas, e mesmo assim se houvessem, ele não estaria apenas com a mãe dele.

—Porque é legal desestabilizar os que se acham poderosos. – Ele deu um beijo no topo da cabeça dela e saiu de seu quarto.      

Na manhã seguinte, Orion levantou bem mais cedo, acordou a prima e ensinou a usar tanto a agulha quanto o acessório de cabelo, o que dava um movimento livre para ela caminhar com o vestido, já o acessório de cabelo foi mais difícil, tinham tantos galhos naquele cabelo que tirar um por um foi trabalhoso, e no fim, o penteado não estava nem muito apertado, nem muito solto, estava perfeito. De um jeito que a tiara simples não machucava, incomodava. Ela se olhou desgostosa no espelho.

—Não parece ser eu. – Orion inclinou a cabeça.

—Podemos deixar seus cabelos um pouco bagunçados... – Ela concordou. – Então folgarei mais o penteado.

—Meu pai nunca me bateu... – Ela disse triste. O garoto torceu os lábios. – Eu não sei se é melhor eu ir para o desjejum. – Ele segurou nos ombros de Evie.

—Vai ficar tudo bem. Escuta, se você não for, vai ser pior. – Ele tirou a tiara. – Você não precisa dela pra comer.

—Mas... – Ele arrumou o cabelo dela novamente.

—Respira fundo, eu convivo com dois Reis, eu sei o que fazer nessa hora.

—Que seria?

—Focar e desestabilizar. – Orion deu um sorriso e Evie tentou sorrir também, porém, seu corpo ainda doía. – E você vai ter que ser bem fluvial hoje.

—O que? – Ela ergueu a sobrancelha.

—É bom... – Orion tinha o mesmo sorriso reconfortante que seu tio tinha, porém, ela não o conhecia muito bem, entretanto, ele poderia dizer que conhecia ela á anos.

Naquela manhã, Eilon se assustou quando viu Eveline de pé na mesa, ele estava de mãos dadas com Elisa, Orion vinha atrás junto com Ethan e Elora. Eilon se aproximou da mesa junto com os outros onde pode ouvir o que a irmã falava com os pais, era a primeira vez que ela estava ali primeiro, não é possível, esse tempo todo ela só precisava apanhar?

—Mamãe, eu sinto muito por cada palavra dolorosa que eu falei ontem, eu me arrependi assim que saíram da minha boca e não pude olhar para você. Eu sei que você tem todo o direito de ficar chateada comigo. – Estela iria dizer algo. – Mas, eu não quero que me perdoe pelas minhas palavras, quero que me perdoe pelas minhas ações. – Em seguida ela olhou para Estevão. – Papai, saiba que o castigo físico nunca é a melhor saída para um problema, compreendo que eu causei muitos problemas, mas, especialmente percebi que falhei com minha família em primeiro lugar, com meu reino, assim com meus convidados. – Ela respirou fundo. As frases doíam mais quando ditas em voz alta, eram precisas. – Mas, eu pude pensar, eu não quero ser Princesa para sempre, quero ser digna, para ser rainha de Calasir. – Ela olhou de canto do olho para Orion que acenou com a cabeça discretamente.

—Eveline eu... – Estevão ficou apenas observando ela por uns segundos, seus irmãos estavam boquiabertos, nunca que a viram daquele jeito.

—Apenas quero ser uma boa esposa. – Ela olhou para Eilon com um sorriso malicioso, profundamente, queria vomitar, mas, a expressão no rosto dele, e no rosto de Elisa valeu completamente a pena. – Certo, Eilon? – Ela disse se sentando ao lado dele, empurrando Elisa para a outra cadeira.

—(...) – Ele tentou encontrar os olhos de Elisa que estavam lagrimejando, porém, Evie tentava manter o contato visual com ele. – Sim. Sim... – Ele olhou para seu pai que deu um longo sorriso.

—Com licença. – Evie se virou para Orion. – Você quer galopar em Gameon hoje? Acho que... – Ela olhou para a mãe. – Quero reivindicar meu dragão.

—Agradeceria. Obrigado. – O garoto respondeu.

Orion sabia que Gameon não aceitaria que ele montasse nele. Porém, Evie conseguiu deixar todos boquiabertos, sem palavras e completamente desacreditados. Aquilo seria divertido de assistir.  Até porque, para começo de conversa, o par de Elisa naquela noite, poderia ser o próprio príncipe de Ruphira. E pelos deuses, como ele estava animado para ver o herdeiro de Calasir ruir.


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Notas finais do capítulo

~♥Beijos da Autora♥~



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