Among Other Kingdoms - Terceira Temporada escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 18
O que Não Está Bem?


Notas iniciais do capítulo

~♥Enjoy and thank you♥~



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Eveline não conseguiu dormir, seu corpo não parava de doer e tremer. Porque Eilon faria aquilo? Se era difícil ficar de pau duro perto dela, porque ele fez? Se era nojento porquê? Evie ainda se sentia suja, estava sangrando e chorando, se sentia fraca, assustada, não sabia o que fazer, mas, odiava o que lhe aconteceu, odiava seu irmão, sua família, e se odiava por não ter lutado mais. E durante toda noite, se perguntando, onde estava Orion? Quando conseguiu ficar de pé, cobriu o espelho com um lençol e trancou a porta; chega de surpresas, não queria ninguém entrando em seu quarto sem ela autorizar. Ela não era sua mãe ou Elisa, e acabou ficando no mesmo patamar das duas. E não tinha ninguém para ajudá-la, ninguém acreditaria nela, ela não era a filha preferida, e estava só.

Durante o desjejum tardio, a frase de que Evie ficou mais cansada do que o normal não foi aceito por Orion, ela dançou pouco, mal se cansou, também não abriu a porta quando ele foi chama-la, e quando tentou ir pro quarto dela, não conseguiu. Ela poderia estar cansada mas, nem atrasada ela chegou, não apareceu. Era um incomodo desconfortável que ele sentia. Não havia sobrado nada do desjejum e com certeza ela estaria com fome, mesmo se estivesse de mau-humor. Ele usou sua simpatia, para ter acesso a cozinha e ele mesmo preparasse algo pra ela, algo doce, algo gostoso, e que a acalmasse.

As cozinheiras acharam engraçado um garoto, um futuro príncipe na cozinha, ver ele cozinhando e contando histórias, era uma companhia agradável. William estava o procurando por todo canto do castelo, como um menino com um tom de cabelo visivelmente diferente não poderia ser identificado?

—Orion? – William ficou aliviado ao encontra-lo.

—Oi pai!

—Você quer me matar do coração?

—Eu estava aqui. Eu não sumi. Como se tivesse lugar para sumir daqui.

—Claro que tem. Olha. – Ele passou a mão no rosto. – Você é meu filho, eu não quero ter a sensação de que perdi você de novo. Por favor, não faz isso de novo.

—Ah! – A preocupação era justificada. – Me desculpe, da próxima vez eu aviso. Não foi porque eu quis.

—O que está fazendo aqui na cozinha?

—Evie não veio comer, deve estar com fome, quis fazer algo pra ela.

As mulheres começaram a sussurrar de como o garoto era atencioso, mas, como William não entendeu, supôs que estavam irritadas com a presença dele.

—Entendo, mas, não incomode elas, é só pedir que elas fazem.

—Eu sei. Mas, eu quis fazer, acho que elas não se importam. – Ele olhou para a mulheres que deram um sorriso. – Viu?

—Filho, aqui é Calasir, não é Ruphira ou Saphiral, ás vezes você pode incomodar elas...

—Não é um incomodo senhor William, o garoto é inteligente, educado e divertido. – Uma das mulheres falou. – Ele é adorável.

—(...) Eu estou indo na rua dos tecidos, estão com um problema, estou confiante que teremos uns julgamentos bem divertidos. Quer vir? – Orion pensou, queria muito acompanhar o pai, mas, tinha algo estranho no ar, ele não podia dizer o que era, mas, ele sentia.

—Eu posso levar isso primeiro pra Eveline? Por favor. – William respirou fundo; não seria algo rápido, ás vezes quando a garota ficava no quarto, era difícil manter uma conversa tranquila, mesmo que ela fosse uma boa companhia para Orion, o filho não entendia o básico da etiqueta de Calasir, mesmo que Pardóx fosse assustadora, dava para sobreviver, já na fortaleza, ás vezes era sufocante.

—Você quer ficar aqui? – Ele não entendeu. – Eu resolvo as coisas lá, se comporte e não suma.

—Estarei bem aqui!  – Ambos sorriram um para o outro, ele se despediu e Orion esperou que seu prato ficasse pronto.

Tinha o tamanho de um pão, tinha recheio doce ele só fez uma receita simples, não tinham muitas frutas diversas, tinha pouco tempo e principalmente tinham pessoas olhando ele, qualquer coisa de fazer um truque rápido foi ignorado por olhares curiosos, talvez não estivesse bom o suficiente, parecia apetitosa, cheirava bem. Enquanto caminhava até o quarto de Evie se deparou com o trio odioso. Orion revirou os olhos.
 Elisa e Eilon estavam tão agarrados e entrelaçados que dava nojo, e o outro era a sombra dos dois. Assim que passou por eles, Elisa sentiu um aroma gostoso.

—O que é isso? – Ele parou de andar e virou-se para ela, em uma tigela estava seu pão. – Onde achou isso? Tem um cheiro bom.

—Eu que fiz. Você não vai achar em lugar nenhum.

—Parece bem gostoso, posso experimentar?

—Me desculpe prima, mas, eu fiz pra Evie. – Eilon fechou a cara, ele estava de visita naquele reino e ele era o futuro Rei, e se a futura Rainha queria alguma coisa, era obrigação dele dar.

—Além de vestidos também faz comida. Uma dona de casa perfeita.

—Eu tenho o gosto impecável. – Ele se aproximou do ouvido de Eilon. – Eu tenho certeza que Max vai adorar sua companhia muito melhor do que Elisa sequer terá. – Ele ficou vermelho quando Orion se afastou sorrindo. Ele fez uma reverencia pra Elisa. – Tenha um bom dia prima, parece que Eilon nunca ouviu um não. – Então se dirigiu para o quarto da prima.

—Eu odeio ele! Porque o tio William o trouxe pra cá?

—É filho dele. – Elisa disse. – Ele só está sendo educado.

—Ele parece agradável. – Max comentou. – Confortável.

—Até demais. – Eilon resmungou, por outro lado estava aliviado, mesmo que aquele meio a meio tentasse fazê-la dizer algo, ela amava aquele pombo com cascos, e por sorte, nunca foi a filha preferida. 

Orion bateu na porta do quarto por alguns instantes, não ouve um barulho, parecia que não havia ninguém. O quarto estava silencioso, ele sabia que ela não havia saído dali, mas, também não podia ter certeza que ela chegou ao quarto, não pode ir atrás para verificar. Tinha apenas uma intuição confusa, mas, não sabia o que era ou poderia ser. Quando finalmente ela abriu a porta, uma sensação ruim tomou invadiu seu rosto.

—Como você está? – Evie deixou apenas uma fresta aberta para ele poder vê-la. Ela ainda estava de camisola, não aparentava estar pronta para sair da cama tão cedo. Mas, também, não aparentava que esteve dormindo. – Eilon disse que você não era acostumada com bailes, mas, achei que.

—O que você quer? – Ela o interrompeu. – Estava confusa, estava sentindo dores. Foi quando colocou o corpo mais pra dentro do quarto, não queria que ele visse seu corpo, estava, estranhamente envergonhada.

—Aan... Você não desceu para comer, acredito que esteja com forme e. – Ela segurou o pão na mão e olhou por alguns segundos, Orion deu uma olhada pela fresta da porta, as janelas estavam cobertas, por cortinas deixando o quarto completamente escuro, os raios do sol não conseguiam entrar completamente no cômodo. Foi quando Evie o encarou.

—Onde você esteve ontem? Porque não apareceu? – Uma pergunta que ele não esperava.

—Meu pai me pediu para dançar.

—Hãn, você prefere dançar então... – Sua voz saiu ríspida quando ela o interrompeu, Orion ergueu uma sobrancelha. – Claro, todos gostam disso, menos Eveline, porque especialmente eu sou diferente...

—Não tem nada de errado em ser diferente. – Ele deu um sorriso. – É detestável ser como os outros e.

—E o que você sabe sobre ser diferente? Você é filho único! Neto duas malucas! Você não entende nada sobre ser diferente! – Ele deu um passo pra trás. – Sabe de uma coisa? Eu estava ótima sem você aqui, ótima! Porque eu tinha que me destacar? Porque você se importa comigo se não somos nada além de uma metade bem fraca de laços de sangue? Cheio de truques idiotas e sorrisos bestas, quando eu estava de verde eu era igual a eles, eu não preciso mudar, qual é a droga do seu problema?

—O que aconteceu? – Orion ignorou as palavras dela, estava focando na expressão facial e corporal, pareceu que ela havia chorado, quando ele tentou se aproximar dela. – Alguém te disse algo ou brigou com você? Você estava tão feliz ontem e. – De repente Evie socou seu peito com força fazendo o pão doce que ela estava segurando se espalhar pela roupa dele, sujando tudo e como o recheio continha framboesa vendo o líquido vermelho ela entrou em pânico e se afastou da porta. O garoto tentou seguir ela porém foi surpreendido mais uma vez por um chute em seu estomago.

—Não entre no meu quarto, eu não te dei autorização! – Antes dele se recuperar ela acabou jogando tanto o vestido que ele havia feito para ela usar no baile, quanto a roupa de montaria que ele refez. – Pegue todo esse roxo horroroso e leve para o lugar que você veio. Eu não quero me destacar! – Ele estava mais confuso do que triste, sabia que ela era nervosa, mas, estava além do controle dela. Orion segurou as roupas sem as sujarem, apenas olhava a expressão da prima. – (...) Porque você ainda está aqui?

—O que eu fiz? – (...) – Evie, o que te eu fiz?

—A droga do meu nome é Eveline! – Ela iria bater à porta na cara de Orion porém, ele a impediu. – Solta! Saia daqui.

—Eu vou. – Ele disse em um tom calmo. – Mas, aconteceu alguma coisa com você? Alguém te disse algo?

—Não.

—Olhe nos meus olhos e diz que você está apenas cansada. – Silêncio. – Evie, por favor. O que aconteceu? (...) Eu quero te ajudar, pode confiar em mim...

—Eu não quero ver você! – Ela disse firme e bateu a porta a trancando em seguida. – Orion respirou fundo, seus ombros estavam tensos, o que aconteceu? Ele olhou para as roupas, pensou um pouco, então deu dois passos para trás.

Com certeza alguém lhe disse algo. O que ou quem, ele ainda não sabia, mas, iria descobrir, começaria pelas bordas primeiro, e quando chegasse ao meio ia saber o que aconteceu. Era o que ele pretendia. Enquanto voltava para o quarto para trocar de roupa se deparou com Michael, que observou o outro por uns instantes.

—Tá tudo bem? – Michael perguntou. Ele podia ver que eram as roupas da sua futura cunhada, mesmo que não fosse a cor nem de Balaur ou de Melon, era um lindo vestido.

—Eu acho que não. – Ele deu de ombros. – Mas, vai ficar. – ele fez uma pausa. – E como está seu irmão?

—Argh. – A voz era constrangimento. – Não consegue ficar muito tempo em pé, foi comer porque meu pai disse que ele precisava de presença em frente ao Rei Estevão. Ele é péssimo e. – Orion fez uma conta na sua mente, ele colocou apenas três gotas do frasco na bebida de Jonan. Ele tinha que ter certeza, ou o outro acabaria falando demais. Apenas não com sua prima. Jonan estava descartado.  Foi quando percebeu que não estava prestando atenção no que Michael falava.

—Desculpe, eu não entendi a última parte. – Toda as partes ele queria dizer. – Como assim?

—Que seria bom se o Rei Estevão desse a mão da princesa mais velha para outro cara. Como você. Não para meu irmão, porque ele será um marido ruim e como a princesa é digamos... Eles vão acabar se matando antes do sim. – Orion piscou.

—Porque disse que eu poderia ser um candidato para Evie? Sou primo dela.

—Eles se casam entre irmãos, qual seria o problema de casar com primo? – O garoto pensou um pouco, verdade o que Michael disse, mas, ele nunca se casaria com Evie, ele a vê como seu tio Perseu vê sua mãe, e eles mesmos acham essa ideia de casar irmãos estranha, eles não são deuses.

—(...) – Michael parecia incomodado com o casamento do irmão. Foi quando Orion sorriu. – E por que não pode ser você? – Mike foi pego de surpresa.

—Porque não. – Seu rosto queimou. – Meu irmão já ficou furioso pela troca de esposa, se eu sequer... Pensasse.

—Mas, pensou. – O garoto deu um passo para trás. Não que ele não tivesse pensado nessa possibilidade; mas, não iria se atrever, qualquer um seria melhor que Jonan.

—E porque você não?

—Eu a vejo como minha irmã, e de onde eu venho não casamos irmãos. Então vou perguntar de novo. Porque você não? – O garoto engoliu seco e negou. – Eu vejo você educado e no mesmo nível da Princesa.

—Nunca conversei com ela, mas, ela conversa bastante com você e é noiva do meu irmão e não quero incomodar e. – Orion tocou no ombro dele.

—Me responde uma coisa, Eilon estava noivo dela e nada impediu ele de se casar com Elisa. Ao meu ver, não seria um incomodo, seria um benefício.

—(...) Não acho que vá dar certo.

—Se pensar assim, não vai dar mesmo... – Na mente de Mike, Orion era insistente, mas, não um insistente insuportável, um insistente otimista. – Eu já tenho uma ideia. Deixa eu te contar uma história...

Eilon segurava a mão de Elisa com carinho e calma, estava feliz que Eveline não estava ao alcance da vista e nem seria desagradável, afinal de contas, seu pai fez muito bem em manter o animal dela vivo, sem ele Eilon não teria muitas garantias, até tinha, mas, o frango com cascos, era a maior garantia que ele possuía.
Enquanto caminhavam em direção ao covil junto com seus irmãos, olhou em volta para ver se não teria nenhuma presença desagradável por perto.

—O que foi querido? – Ele beijou primeiro o topo de sua cabeça e depois seus lábios com um longo sorriso. Max observava o quão bonitos os futuros Rei e Rainha eram, podiam ser chamados de casal dos sonhos.

—Não foi nada querida. Apenas estou feliz que Eveline finalmente vai tomar jeito.

—Com aquele cara repugnante? – Max perguntou erguendo uma sobrancelha. – Ele não me parece muito bem da cabeça.

—Nem a minha irmã. – Ele beijou a mão de Elisa em seguida. – Ambos se combinam.

—Não acha que seria melhor se ela se cassasse com o filho do Conselheiro? – Max perguntou, Elisa olhou para ele, era uma ideia plausível.

—Meu pai não tem aliança com o Reino dele, ele tem aliança com o Reino do tio dele, apenas serviria para mandar ela para o mais longe. – Ele riu com a ideia, nunca mais precisaria vê-la.

—Mamãe ficaria chateada e triste se ela fosse pra tão longe. – Eilon revirou os olhos com o comentário da noiva.

—E o Conde de Melon ficaria irritado se isso acontecesse de novo. Meu pai iria perder um grande amigo e ainda por cima uma aliança que está mais perto dele do que onde quer que nosso primo more.

*

Evie queria ver Gameon, mesmo com dor, não poderia deixa-lo sozinho, foi quando ela parou, ela entregou sua roupa confortável de montaria para Orion, então se ela quisesse sair ela precisaria usar a menos confortável. Ela deu um suspiro, detestava que todas as roupas fossem apertadas a ponto dela não conseguir fazer movimentos básicos, detestava que precisasse ter um corpo perfeito para vestir uma roupa. Estava irritada com o que aconteceu e com a roupa apertada, estava se sentindo julgada, também não abriu as cortinas, apenas seguiu para o estábulo, mesmo que sentisse que todos estavam olhando para ela, o que a deixava com vergonha e cabisbaixa.

Quando chegou ao estábulo entrou em pânico, Gameon não estava lá, olhou pra o céu, todos os dragões, exceto Ruphi, estavam com seus cavaleiros, mas, o mais importante, seu Pégasus, ele sempre ficava no estábulo, ele não ia com ninguém, ninguém se aproximava dele senão ela, o que diabos Eilon fez?  O que ela iria fazer agora? Sentar e esperar? Contar a seu pai que não iria acreditar? Quando seus olhos começaram a ficar marejados, ela pensou que Orion poderia ter levado ele para pastar, ela iria matar aquele garoto, mas, parou quando viu que quem estava com ele era Michael, ficou surpresa.

—Princesa Eveline. – Ele disse sem jeito, não esperava encontrar ela achava que daria tempo de colocá-lo no estabulo antes dela aparecer. – Eu... Desculpe, não tinha intenção de te irritar.

—Como ele foi com você?

—Aan?

—Gameon, como ele te seguiu até aqui? Ele não vai com os outros. – Ela estava afastada deles.

—Eu. – Ele olhou para o Pégasus. – Não sei realmente, ele me cheirou, deixou eu acariciar ele e bem. Pensei que seria educado trazer ele para comer, antes de você... Passear com ele.   

—Ele te cheirou? – Mike concordou. – Ele não faz isso com os outros.

—Orion disse isso. – Evie ficou séria. – Por isso eu estava receoso. Não queria levar um coice.

—Onde está Orion? – Ela olhava ao redor.

—Ele disse que precisava resolver uma coisa. Mas, ele não se aproximou do Gameon. – Ela respirou fundo. – Desculpe por pegar ele sem sua permissão. Eu. Queria ser gentil.

—Porque? – Ela desconfiou do porque ele seria gentil?

—Bem, meu irmão não é o mais educado e respeitoso, não quero que você pense que mal dele.

—Eu já penso. – Ela respondeu, Mike juntou as mãos.

—Ele tem uns problemas com a bebida. Mas... – Não tinha o que falar, seu irmão era repugnante e desastroso, uma vergonha pra família. – (...) não tem como defender ele. Desculpe. – Ela concordou. – Talvez você não goste do que eu vá dizer agora, e tenho certeza que você vai ficar brava... – Ela prestou atenção. – Você estava linda de roxo ontem... E está bonita de verde hoje... – Seu rosto queimou, ela abaixou a cabeça fazendo com que o cabelo escondesse o rubor. – Desculpe...

—Não... – Ela mantinha o rosto abaixado. – Eu não fiquei brava. Não queria... Me destacar. – Silêncio.

—Você não precisava de uma roupa para se destacar... – Ela o olhou confusa. – Seus olhos já são diferentes dos seus irmãos... São mais escuros... (...) – Mike estava com receio de falar demais. – São bonitos, verde azulado. – Ela não sabia como responder, não estava acostumada com elogios além dos que seu tio William fazia, que pareciam mais sinceros, os de sua mãe que eram muito ensaiados. Os de Orion eram reais, e o de Mike pareciam verdadeiros. 

—Eu tenho que voltar... – Ela começou a se aproximar de Gameon quando olhou para o céu, viu que os dragões estavam voltando para o covil, ela ficou rígida.  Em seguida olhou pra o garoto, seus cabelos avermelhados faziam um brilho sobre a luz do sol. – (...) Você pode levar o Gameon de volta pro estábulo?

—Você não vai montar nele hoje? – Ela negou, seu coração estava batendo rápido. – Está tudo bem? – Foi quando ela começou a andar de volta para o castelo. – Eu vejo você no almoço?

—Não! – Ela gritou.

—Eu disse alguma coisa errada? – Evie não estava mais ouvindo ele, não queria ver seus irmãos, porque se os visse iria bater nos dois sem parar, e se o futuro conselheiro interferisse, ele iria apanhar também.

O almoço seguiu como se ausência de Evie não fosse preocupante, tratavam como costumeiro, mesmo que não fosse, antes de Jonan pudesse reclamar da ausência da garota ela apareceu, estava incomodada, usava um vestido verde, e ao se sentar do lado de Orion soltou um resmungo. O vestido estava apertado, assim como o penteado, ele baixinho a voz um pouquinho.

Desculpe. – Ela o ignorou. – O que eu fiz?— Ela ignorou todos, cada palavra que lhe diziam caiam em ouvidos surdos, ela concordava, mas, o que deixou Orion surpreso foi quando seu tio disse que agora ela estava usando a roupa certa, e ela concordou. Aconteceu alguma coisa gravíssima.  

Ela não apareceu para o jantar e nem para o desjejum na manhã seguinte, também não foi montar em Gameon, naquele dia, Orion pediu para montar em Ruphi, ele passou muito da hora de voltar. Estela ficou preocupada com a demora dele. Quando ele voltou já era depois do almoço.

—Orion, onde você estava? O que aconteceu? – Ela perguntou assim que ele desceu e colocou o dragão pra dentro. – Está tudo bem?

—(...) Estou. Eu estou. Só que.

—O que foi? – Ela se abaixou na altura dele. – Tudo bem?

—Evie está brava comigo. – Aquilo a pegou de surpresa, não reparou que ambos não estavam andando juntos desde o baile, e se sentiu horrível por não ter percebido. – Eu não sei o que fiz de errado. – ela ficou em silêncio.

—Eveline sempre foi um pouco irritada, eu acredito que ela logo vai voltar a falar com você. Vocês se dão tão bem.

—Não sei tia Estela. Ela estava bem zangada. – Ele abaixou a cabeça e olhou para as mãos disfarçando. – O vestido que eu fiz, ficou demais?

—Bem querido... – Eles começaram a conversar na volta – Ficou lindo, mas, porque não fez verde?

—(...) Tio Perseu odeia verde. Lembra as Esmeraldas, ele ficou indefeso na luta contra elas. – Estela ficou prestando atenção, nem quando William voltava de Saphiral dava alguma informação dele, falava apenas de Auterpe e Orion, o Rei nunca era mencionado. – Eu deveria ter feito verde, não é? – Estela concordou. – Será que se eu fazer um outro vestido ela vai gostar? Ela iria me perdoar?

—Mas, o que aconteceu? – Ela estava tão perdida quanto ele.

—Ela devolveu a roupa. Você reclamou com ela sobre a cor?

—Eu achei que combina com o dragão dela. – Eu nunca impediria ela de usar outra cor, desde que ela esteja a vontade e disposta. – Orion concordou, então não foi sua tia, faltava uma pessoa. Ele deu um sorriso e foi em direção a pequena sala do conselho, bateu nela e esperou que Mandrik abrisse a porta, ele olhou para o garoto erguendo uma sobrancelha. – Olá Mandrik. Meu tio está?

—Está. – Antes dele dizer que estavam em uma reunião com o Conde, ele pediu licença e entrou. – Hey!

—É só um minutinho. – Ele fez uma reverencia tanto para o tio quanto para o Conde. – Desculpem interromper, mas, eu gostaria de tirar uma dúvida tio.

—Diga garoto. – Estevão se virou pra ele, estava com uma taça de vinho na mão, como sempre. – Espero que seja importante.

—É importante para mim, Príncipe de Ruphira. Vim pedir desculpas, pela cor do vestido que eu dei para Evie. Era um presente de Ruphira, não queria que o senhor castigasse ela. – Todos na sala ficaram surpresos e Estevão vermelho.

—O que? De onde tirou isso garoto? Eu não a castiguei.

—Não?

—Apenas a lembrei que era a cor errada, todas estavam de verde, e ela quis se destacar.

—Se fosse para ser uma outra cor, acho que vermelho seria melhor. – Carlo falou. – É a cor da minha família. – Estevão concordou.

—De fato garoto, não me importo se você costura, desde que não use a cor errada.

—Então o senhor não brigou com ela?

—Ela não é acostumada com bailes. Mais alguma coisa Orion? – O garoto negou.

—Desculpa interromper. – Ele fez uma reverência e se retirou.

Seu tio disse a verdade, viu que ele trocou poucas palavras, não teria tempo de dizer nada impactante. Ele começou a andar pelo castelo, será que foi ele?  Talvez ela estivesse apenas irritada, foi quando ele ouviu um barulho. Evie havia. Encurralado Elisa contra a parede, estava assustadora, então ele olhava de longe.

—A submissa é você! A obediente é você! Era pra ser com você. – Ela engoliu a frase. – Você tinha que exigir! Não era ele que você queria? Porque diabos você não tentou mais? – Ela gritou a última frase.

—O que? – Elisa perguntou assustada. – Está me assustando Eveline.

—Assustando?  

—Eveline pare... – Eilon surgiu como uma raposa segurando no braço de Evie.

—Algum problema, querida? – Ele se virou para Elisa que foi para o lado de Max. – Você tem muita coragem em culpa Elisa quando a culpa é toda sua. – Ela tentou se afastar. –Se continuar a agir assim, além de assar seu frango com asas e servir no banquete do meu casamento, farei Ronan lançar você oceano. Mal posso esperar até você ser derrubada. – Foi quando Evie correu para o quarto.

Foi Eilon! O que ele falou? Orion a alcançou antes dela bater à porta.

—SAÍA! – Ela berrou e quando ela tentou fechar a porta pegou no antebraço de Orion, ela se afastou da porta. – Saía! – Ela transferia vários socos em seu peito que o garoto aguentava sem impedir, apenas deixava a raiva sair, e quando ela recuou ele foi calmo.

—O que ele fez? – Ele não entrou no quarto.

—Orion, saia por favor; eu não... – Ela começou a chorar, seu corpo começou a tremer. – Me deixe em paz.

—Eu posso conversar contigo? – Ela se encolheu e se sentou na cama soluçando. – Eu vou entrar e fechar a porta.

—Não. Por favor, não feche a porta. – Ele abriu as cortinas primeiro, queria que o quarto estivesse iluminado.

—O que ele te fez?

—Nada, saí daqui. – Quando ela encostou nele para empurra-lo, ele segurou seu braço e a abraçou com força, ele sentiu um peso em seu corpo, ele sentiu muita coisa, ele beijou a cabeça dela, que tremeu, ela estava exausta.

—Pelos deuses... – Ele murmurou depois de um tempo em silêncio. Orion sentiu cheiro de sangue pelo quarto, não foi um acidente, foi além da dignidade. Ele colocou a mão na boca e congelou. – Me desculpe Evie. Me perdoe. Eu devia estar aqui. Me perdoe. Eu. – Ele a sentou na cama, ela estava em lágrimas. – Foi o Eilon? Foi seu irmão? – Ela abraçou os joelhos. – Evie... – Ele segurou a mão dela e se sentou no chão. – Foi no dia do baile? – (...) – Eu devia ter percebido quando você não quis ir ver Gameon.

—Você não...

—Eu devia ter estado aqui, eu devia ter subido, eu devia ter vindo.

—Eu mereci.

—Você não mereceu isso! – Ele se levantou irritado. – Ele é um frouxo, ele é um estúpido, ele não merece a coroa de futuro Rei, ele merece o exilio. Ele não devia ter mexido com você. Não comigo aqui.  

—Não tem o que fazer.

—Eu vou me vingar. – Ela negou.

—Não faça isso.

—É óbvio que eu vou me vingar! Só perdoa quem não se garante na vingança!

—Orion... Não.

—Ele nem vai saber de que lado veio a lança da flecha. – Ele beijou sua testa e a abraçou novamente. – Me perdoe. Eu sei que você é forte, mas, não se é forte sozinho. – Ela retribuiu o abraço. Orion estava furioso. – Hoje eu atravesso seu espelho.

—Porque?

—Porque eu vou ficar de castigo.

Ele foi em direção ao pátio, estavam apenas Max e Eilon, ambos estavam duelando e o encararam.

—Perdeu alguma coisa? – Eilon perguntou.

—Quero duelar também.

—Somos um número ímpar.

—Eu contra vocês dois.  – Eles entregaram uma espada para ele.

—É desvantagem dois contra um...

—Veremos... – Eilon e Max começaram a atacar, Orion defendia. Ele estava observando o jeito como eles atacavam e se protegiam, ele precisava achar o ponto fraco no ataque bem combinado deles. – Cuidado. – E em dois movimentos rápidos, ele passou a lâmina na maçã do rosto de Eilon indo até perto da orelha e pegando no ombro esquerdo de Max; os garotos se afastaram, rapidamente e ele soltou a espada levantando as mãos.

—Como você ousa? 

—Eu já vou contar pro seu pai. – Orion entrou com tudo na sala do trono, onde estava Estevão, Mandrik e Estela.

—O que houve Orion? – Estela perguntou. Ele ficou em silêncio, em seguida os dois meninos apareceram sangrando, um do lado direito e outro do lado esquerdo. Orion apontou para si mesmo.

—Fui eu.

Max não estava com medo, foi pego de surpresa, assim como Eilon. Eram apenas ferimentos superficiais, ele não queria machucar de verdade.

Orion estava sentado no sofá do pequeno conselho. Ele estava de braços cruzados, estava sério, quando William entrou e viu o garoto ficou surpreso.

—O que aconteceu?

—Seu filho machucou os outros! – Estevão gritou. Ele olhou para o filho.

—Machucou como? – Mandrik tomou a frente irritado. – Com choque?

—Com espada. – Ele não entendeu.

—O que você fez Orion? – A expressão do garoto era de raiva. – O que aconteceu?

—Eu achei que eles lutariam melhor com a espada.  Eles foram feridos muito fácil.

—Você os pegou desprevenidos. – Mandrik reclamou.

—Ambos estávamos armados, eu não feri nenhum fatalmente e vim confessar. – William passou a mão no rosto. – Eram dois contra um.

—Você tem que controlar seu filho. – Estevão reclamou. – É a segunda vez que ele faz uma coisa dessas. Vai ter uma terceira? Vai parar quando ter uma morte?

—Orion, pro quarto! Vamos conversar logo.

—Claro. – Ele se retirou.

—Ele não vai sair do quarto por um tempo. Eu vou trancar ele lá.

—Finalmente voltou com a tortura, Rei de dois dias.  – William o ignorou.

Orion foi repreendido, aceitou o castigo, seria mais longo e rigoroso, ele concordou. Perto da hora do jantar, ele ouviu Eilon reclamando dele com Elisa, Orion deu um sorriso e olhou para seu espelho.

—Eilon! – Silêncio. – Faça o favor, quero esclarecer as coisas. – Depois de um tempo o garoto apareceu, tinha um curativo no rosto e estava bravo, ele ficou na porta.

—O que você tem a esclarecer? – Orion estava vendo o reflexo dele no espelho. – Olha pra mim...

—Vem aqui eu acho que meu espelho está com defeito. – Eilon se aproximou. – Está vendo? – Orion colocou o cotovelo no ombro do outro e o colocou no meio do espelho. Bem aqui. – Eilon não estava vendo nada.

—O que? – Ele se curvou. Nessa hora Orion passou o dedo na superfície e segurando no ombro dele o empurrou para dentro do espelho, o garoto mergulhou em seguida Orion foi junto segundo seu ombro, no mesmo instante que entrou Orion saiu, e sua aparência era de Eilon, olhos verdes claros, cabelos brancos, curativo no rosto. Orion deu um sorriso soberbo como o primo fazia. Se afastou e pode ver o verdadeiro Eilon desacordado dentro do espelho, deu um suspiro, fechou a porta e foi para o quarto dele.

—O que ele queria amor? – A voz de Elisa era enjoativa.

—O que?

—Orion, o que Orion queria? – Orion com aparência de Eilon deu uma risada.

—Não era nada. Ele só não quer ser incomodado.

Orion poderia colocá-lo no pesadelo dos espelhos, mas, já tinha tirado sangue dele, o pesadelo viria com camadas.


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Notas finais do capítulo

~♥Beijos da Autora♥~



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