Among Other Kingdoms - Terceira Temporada escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 19
Capítulo XIX




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—O que Orion queria? – Elisa perguntou assim que Orion saiu do quarto, ele estava a cópia perfeita de Eilon, não havia como ela saber a diferença. Era assim que o truque funcionava.

—Nada – respondeu saindo na frente em direção a escadaria para a cozinha, a garota ficou olhando o marido se afastar, estranhando o fato que ele não a esperou. Elisa deu uma breve corrida para o alcançar e tentou pegar sua mão, a qual Orion afastou com um tapa, a menina se encolheu, o seguindo.

Eles chegaram na sala de jantar, ele mais a frente que ela, tomando seu lugar imediatamente e não abrindo a cadeira como o verdadeiro Eilon normalmente fazia. Orion sorriu para Evie, que fez uma cara de nojo, por que seu irmão estava sorrindo para ela? Não queria pensar nele sorrindo, não queria pensar nele de nenhum maneira.

Elisa olhava o jantar sem realmente ter fome, seus pensamentos estavam em Eilon e sua mudança repentina de atitude. Ela levou a mão até a mão dele por baixo da mesa, como sempre fizeram, como começaram fazendo, ele a repeliu novamente.

—Pai – Orion virou para Estevão, que o olhou sem imaginar quem realmente falava – Eu acho que está na hora da minha irmã ter mais participação no reino – Eveline arregalou os olhos – Ela pode desenvolver alguma atividade junto ao povo da cidade ou algum condado.

—Ela vai desenvolver – Estevão encarou o garoto pensando o porquê de Eilon sugerir isso – Vai ser condessa.

—Não, me refiro a atividades de verdade – Orion sorriu – Levar alimentos aos necessitados, brincar com as crianças, organizar algum evento.

—Você está louco? – Ethan o olhou – Mamãe quem faz isso.

—E não vejo porque ela não poderia ter ajuda – o sorriso estava inabalável – E quando Evie for rainha...

—Rainha? – o garoto engoliu a vontade de revirar os olhos ao lembrar da presença ao seu lado. Ele a ignorou.

—Isso é outra coisa que eu queria falar com papai – a barriga de Elisa gelou, será que Eilon havia se arrependido de casar com ela? Será que ele voltaria atrás? Não, seu pai havia validado o casamento em Calasir, um casamento de sangue – Por que não transformamos uma das ilhas maiores em um reino? Assim Evie e eu podemos reinar lado a lado, em países diferentes, como Auterpe e Perseu – Estevão estava incrédulo com o filho tentando achar um lugar no reino para a irmã.

—Eilon...eu... – encarou o garoto, que parecia otimista – Falamos disso em outro momento.

Orion piscou para Evie, que torceu o nariz, Eilon estava tentando se redimir?! Não, nunca foi um traço dele fazer essas coisas. Seu corpo tremeu ao lembrar daquela noite, aquele era o motivo para essa mudança dele, mas ainda era estranho ele querer que ela tivesse um reino, mesmo que uma ilha sabe-se lá quantas vezes menor que Calasir.

O jantar foi encerrado com um clima de estranheza, todos questionavam o comportamento de Eilon, que além de sugerir um reino para a irmã, não abriu a cadeira para Elisa, nem a esperou para saírem juntos, ele queria refletir um pouco, precisava entrar mais no personagem.

—Eu vou dar um volta – anunciou para a garota no seu encalço, ela sorriu dando mais alguns passos para frente – Não me siga, não quero sua companhia.

—Eilon – ela segurou em seu pulso – Eu fiz algo que você não gostou? – os olhos estavam marejados.

—Ahn... – ele a olhou, precisava fazer algo com ela – Eu quero ficar sozinho, você nunca me dá espaço e bom, eu sou homem, preciso de liberdade – Orion estava certo que isso a magoaria, porém Elisa o abraçou pelas costas, onde beijou.

—Claro, meu amor, te espero no quarto – ela esperou um beijo de despedida por alguns segundos, mas esse não veio, o que s fez baixar a cabeça e subir para o quarto.

Ele abriu a porta do quarto de Eilon, Elisa sorriu para ele, achava que era seu esposo, o truque do espelho era perfeito para vinganças; o ambiente era ricamente decorado, haviam algumas pinturas, vasos, uma bela lareira, além de moveis belíssimos, porém tinha mais alguém, a princesa que usava uma camisola de seda branca com fitas verdes, seus cabelos estavam penteados, eram ondulados, ela parecia uma entidade, um espírito, afinal, estava toda na mesma cor.

—Não vai trocar de roupa para deitar? – ela perguntou com um sorriso, Orion enjoou-se com a voz, era insuportavelmente doce e meiga, faltava atitude, faltava força na voz dela, mas não poderia se apegar nesses detalhes, precisava fazer isso logo antes que sua atenção fosse direcionada para outra coisa e o feitiço perdesse efeito.

—Ahn...eu... – coçou a nuca tentando organizar seus pensamentos, como iria fazer? A prima veio em sua direção.

—O que foi, Eilon? – ela começou desabotoar a camisa dele, Orion se sentiu enojado com isso, será que Elisa sempre fazia isso? Será que todas as noites ajudava Eilon a se despir? – O que você tem, amor?

—Nada – ele prestou atenção na voz que saiu de sua garganta, precisava focar, precisava permanecer como reflexo de Eilon – Eu... – desviou dela, o que causou estranheza na garota, seu marido sempre a deixava abrir os botões das camisas.

—Você o que, querido? – ele caminhou em direção a cama ponderando se deveria ser gentil ou bruto, como Eilon havia sido com Eveline, se fosse gentil poderia marcar a garota por toda a vida e ela nunca entenderia porque a qualidade do sexo iria decair de uma relação para outra, ou poderia a traumatizar, a deixar enojada só de pensar em ter qualquer relação sexual, o que causaria problemas no relacionamento dela com o Eilon original.

—E esses brincos? – perguntou quando ela chegou perto, carregava os brincos na palma da mão, eram uma mistura de verde com rosa. Eram os brincos que Estela ganhou em Saphiral e que usara, coincidentemente, nas noites de concepções de todos os filhos.

—Ganhei de mamãe – ela sorriu e se aproximou, pousando as mãos no peito dele – O que você queria falar? – roçou os lábios nos dele, Orion se encolheu, não se sentia à vontade com ela, mesmo que precisasse se manter no personagem – Você está bem? – ele assentiu – Está estranho – levou as mãos no rosto dele, o garoto engoliu em seco, será que a menina estava desconfiada de alguma coisa? Será que ela conseguia ver que era um truque? Não, era impossível.

—Pensei no que me pediu – acariciou o rosto dela, a pele era macia, ela segurou o pulso dele e sorriu. Céus, essa criatura precisava ser tão doce?! Orion segurou para não revirar os olhos.

—Pensou? – seu sorriso se alargou, ele a beijou, sentindo de perto o cheiro de rosas e canela, era forte, doce;

Orion a deitou na cama, pensando em coisas que o excitavam, os olhos verdes claros dela brilhavam de alegria, Elisa levou as mãos ao pescoço dele, o puxando para perto, o beijando. Aquilo estava sendo uma tortura, o cheiro dela era doce demais, ela era doce demais. Desceu as calças rapidamente, precisava ser delicado no início, precisava ter calma, mesmo que quisesse fazer com ela como Eilon fez com Evie; Elisa subiu a camisola de forma nervosa, enfim estava se realizando, enfim iriam consumar o casamento depois de uma lua casados!

Ele a beijou quando começou entrar, ouviu um gemido de dor e ela mordeu o lábio inferior, mas em nenhum momento houve um pedido para parar, nem foi empurrado. Elisa fechou os olhos e esperou a dor ser dissipada, sabia que iria doer, mas era isso que ela queria, ela queria seu marido, seu amor; Orion sorriu com a feição que ela fez, realmente parecia realizada, conseguia sentir que a felicidade dela era verdadeira, mas precisava se concentrar, estava ali para se vingar não para ser o amante perfeito para a prima. Ele começou a se movimentar, o que fez a dor retornar.

—Está doendo, querido – ela avisou se encolhendo – Devagar – pediu.

—Não, é assim mesmo – respondeu aumentando a velocidade, Elisa passou os primeiros instantes refletindo sobre o que Eilon tinha, não pensou que ele se recusaria a diminuir a intensidade, mas se ele estava falando que era assim, então era assim, mesmo que estivesse ruim.

Orion estava desgostoso em fazer aquilo, mas precisava, precisava tirar de Eilon algo que ele protegesse, Elisa era o ponto fraco do príncipe, ela devia ser o alvo, porque em uma batalha é assim que se ataca, pelos pontos frágeis. Ele saiu de dentro dela e a segurou pelos cabelos, a virando com violência.

—Eilon... – ela choramingou contra os lençóis, não era aquilo que ela queria, estava ruim.

—Shiu – disse perto do ouvido dela – Quieta – Elisa não estava gostando daquilo, estava sendo doído, desconfortável, ele não estava a ouvindo, algo estava errado.

—Eu não quero mais – falou se agarrando na borda da cama, tentando se afastar.

—Quer sim – a puxou pelos tornozelos – Era o que você queria – falou num tom irônico, voltou para dentro com força, a fazendo gemer, Elisa queria chorar, não era assim que havia imaginado sua primeira noite, Eilon estava diferente, ele não a escutava. Orion a manteve de bruços, era muito mais fácil não olhar na cara dela, Elisa era uma pateta, era mansa e, como dizia Jonan, era domesticada; não houve ápice para nenhum, ele saiu de dentro dela enojado, quando ele escolhia a garota era muito mais fácil, muito mais divertido e muito mais gostoso.

—Acabou? – a voz era baixa, irritante, Elisa se encolheu na cama, o olhando assustada, como um coelho encurralado, era engraçado pensar assim, seu tio Perseu comentava da rainha de Calasir que tinha olhos verdes brilhantes e que quando ficava assustada parecia um coelho encurralado.

—O que mais você queria? – olhou com desprezo para a menina – Você não é das melhores – viu os olhos verdes da menina encherem de lágrimas. – Talvez eu devesse ter ficado com Eveline, ela é muito melhor que você - Orion vestiu a roupa rapidamente, não queria ficar mais tempo naquele quarto.

—Onde vai? – Elisa estava abraçada nos joelhos – Não vai deitar comigo? – a voz estava embargada.

—Não – saiu pela porta a batendo, Elisa encarou tudo aquilo com tristeza, ele não estava agindo normalmente.

Orion entrou em seu quarto, olhou para o espelho, o bezerro de ouro ainda estava lá, óbvio que estava. O garoto entrou, agarrando o outro pelos pés, o puxando para fora, quando saíram, Orion era Orion e Eilon ainda estava apagado. Ele arrumou o primo em uma poltrona, onde o príncipe começou acordar, se sentia tonto.

—A batida foi forte – Orion falou quando Eilon o olhou.

—Eu só lembro de você me mostrar seu espelho e daí... – forçou a memória – E aí mais nada... O que aconteceu?! Eu perdi o jantar? Onde está Elisa?

—Está tudo bem – Orion respondeu – O jantar já acabou, Elisa está no quarto. Não está com nenhum machucado. – não lembrava de bater em nada.

—Ahn...obrigado – Eilon levantou meio confuso, como havia se batido? Onde? Só lembrava de ir analisar o espelho e nada mais. Caminhou para seu quarto, Elisa o olhou encolhida na cama, estava tão linda com a roupa branca com fitas verdes, ele pensou que parecia o momento para consumar o casamento ou talvez ainda devesse esperar. Ele sorriu trancando a porta e indo em direção a cama, quando se aproximou viu lágrimas nos olhos dela – O que houve? – subiu no colchão ficando de frente para ela – Por que está chorando, meu amor? – Elisa olhou com estranheza, era outro tom de voz.

—Porque você prefere Eveline – uma lágrima caiu de cada olho, Eilon secou delicadamente e beijou as bochechas, talvez ele estivesse certo, talvez fosse o momento, talvez fosse uma prova de amor.

—Foi com você que me casei – pousou a mão no rosto dela e encostou a testa nela – Eu amo você, Elisa, sempre amei – selou os lábios delicadamente, antes de se tornar um beijo propriamente dito, ele colocou a mão atrás de sua cabeça, a deitando na cama, a princesa se encolheu – O que houve?

—Vai doer – ela sussurrou.

—Eu vou com calma – ele sorriu, Elisa pensou que era desnecessário pedir calma se há alguns minutos dele havia sido violento. Ela deixou que ele beijasse seu pescoço, seu colo e seus lábios, tremendo levemente quando ele entrou, foi difícil, mas ele foi devagar dessa vez, cuidando cada expressão dela. – Está bem? Está doendo muito? – Elisa acenou em negativa, não estava sendo tão ruim. Quando a intensidade aumentou foi estranhamente bom e antes que ela se desse por conta, estava gemendo de prazer, era algo diferente do que ela sentia quando eles se esfregavam, era perfeito.

Ela tremeu quando atingiu o ápice, sendo seguida do marido, Eilon caiu ao lado dela realizado, ainda meio confuso com o que tinha acontecido no quarto de Orion, mas não pensaria nisso, não naquele momento, não quando sua esposa sorria realizada para ele. Elisa não entendia a mudança repentina, o motivo pelo qual Eilon foi péssimo na primeira vez, a machucando, a ignorando.

—Foi ótimo dessa vez – ela beijou o peito dele, o príncipe ficou confuso com isso, mas provavelmente ela estava se referindo a como eles faziam.

—Achou melhor? – virou para abraçar ela, a encaixando nos braços, Elisa preferiu não comentar sobre a experiência anterior, apenas assentiu.

A manhã seguinte começou igualmente quente, Elisa aprendeu algo novo antes de descer para o café de sempre. As criadas riram quando foram arrumar a cama, enfim tinham consumado, enfim recolheram os lençóis sujos de sangue.

Enquanto a família real se deliciava com o desjejum, Mandrik se dirigia até a pousada onde conheceu Leodak, conversou brevemente com o dono que confirmou, Leodak chegara acompanhado de outro homem e pediram um quarto simples com refeições inclusas. Ele subiu vagarosamente até o quarto, estava pensativo, precisava ser bom com as palavras; Mandrik bateu na porta, quem abriu foi Navi.

—O que quer? – praticamente rosnou.

—Conversar – falou suavemente – Por favor – Suplicou.

—Deixe ele entrar, Navi – a voz de Leodak soou ao fundo, Mandrik entrou, o quarto era simples, os conhecia muito bem, havia frequentado muitos com Leo. – o que veio fazer?

—Pedir desculpas – os dois olharam para ele – Eu não deveria ter escondido isso de vocês, eu estava com medo, eu não sabia que ela estava grávida e realmente não queria ter bebido tanto a ponto de trair vocês – Navi o encarou.

—Nós conversamos e chegamos a conclusão que por mais desgraçado que suas escolhas tenham sido, nós estamos ligados à você – Leodak caminhou até Mandrik, sendo recepcionado por um abraço.

—Leodak tem razão, estamos ligados à você, mesmo que tenha errado, a vida que temos é graças a você e sua posição no reino – Navi se aproximou, Mandrik o puxou para o abraço – Mas não pense que tudo voltará ao normal assim de repente.

—Não penso – Mandrik os apertou – Me desculpem. Eu amo vocês.

—Você é um idiota – Leodak falou rindo.

—Eu sei – o conselheiro deu um beijo em cada um e os ajudou arrumar as roupas – Estou ansioso para vocês conhecerem Max.

—Ele sabe? – Navi olhou surpreso.

—Sabe, contei para ele, aceitou bem – O conselheiro pegou as alças de uma das bolsas – Vamos.

O percurso até a fortaleza foi de conversas, Mandrik se desculpou um milhão de vezes, Leodak e Navi até cogitaram partir, vender o que tivessem e recomeçar, mas eles não poderiam, sem Mandrik eles não eram ninguém, além de tudo, Navi também não poderia ir para Saphiral e levar o companheiro, seus sobrinhos não gostavam dele, afinal, Navi aparecia para levar suas mães para o outro lado e isso os magoava. Max esperava o pai nos degraus da entrada, estava cabisbaixo e jogava pedrinhas.

—Filho – a voz do conselheiro fez o menino levantar a cabeça, Max levantou e olhou para os homens que seguiam o pai – Esses são Leodak e Navi, meus companheiros – ele olhou do garoto para os homens um tanto receoso, eles não fizeram nada por alguns segundos e então Leodak abraçou o garoto.

—Seja bem vindo, Max – Leodak sorriu e beijou o rosto do menino.

—Por que não está com Eilon? – Mandrik olhou ao redor e para o céu, os dragões voavam, mas não estavam com cavaleiros, Max não sabia se queria falar o motivo em voz alta – Que houve? – o pai percebeu o nervosismo do garoto.

—É que é meio íntimo... – sussurrou.

—Não – Leodak deu um longo e sonoro não de surpresa – Eles enfim...? – o garoto assentiu, o que fez o homem rir. Mandrik olhou para o castelo, seus olhos cruzaram pela janela do pequeno conselho, onde Estevão acenava para ele, o chamando para dentro.

—Preciso ir – avisou – Podem ficar com nosso quarto, eu volto quando vocês se sentirem confortáveis – deu um beijo na testa de cada um dos três e entrou, indo direto para a sala do pequeno conselho, onde Estevão o esperava com uma taça cheia de vinho.

—Aconteceu! – anunciou com um sorriso no rosto – Eles consumaram o casamento! – Estevão estava alegre, era uma coisa a menos para se preocupar.

Evie ainda estava reclusa, não sabia se iria se recuperar tão logo, poderia sobreviver às provocações e xingamentos de Eilon, mas não sabia se sobreviveria aquilo. Seu corpo ainda doía, sua alma doía. Ouviu batidas na porta e ponderou se atenderia, resolveu que sim, deu passos tímidos até a porta e a abriu, Orion segurava uma bandeja e sorria.

—Bom dia – o sorriso estava inabalável – Já que não foi até a refeição, a refeição veio até você – estendeu a bandeja.

—Entre – ela deu espaço, Orion titubeou se entraria – Vamos antes que eu desista – ele entrou rapidamente, Evie fechou a porta – Desculpe pela maneira que falei com você, eu estava...

—Tudo bem, não precisa se desculpar – Orion arrumou a bandeja na mesa antes de caminhar até a sacada, puxou as cortinas, abriu as janelas, escorregando a mão para o bolso e tirando a chave que abriria a sacada, a lufada de ar foi rejuvenescedora. Evie sentou e se colocou a comer – Fiz algo... – falou ainda de costas para ela.

—O que? – disse de boca cheia.

—Eu tenho muitos truques com espelhos – sorriu virando – Um deles é prender alguém no espelho e me transformar na pessoa – deu uns passos em direção a prima – eu fiz isso com Eilon e tirei dele algo único.

—O que? Eilon tem uma pilha de cada coisa – Evie deu de ombros.

—Mas só uma oportunidade de tirar a virgindade de Elisa – Evie arregalou os olhos, não podia acreditar que ele havia feito algo assim.

—Você fez o que? Vai dizer que se transformou em Eilon para transar com minha irmã?! – ela estava nervosa, se Orion fosse descoberto seria expulso de Calasir, no mínimo. – Ela não viu diferença?

—Não, jamais saberão, mas você precisava saber – Evie não sabia se isso a tornava melhor que Eilon ou se isso curava o que Eilon tinha feito. – Foi nojento, é uma tortura aguentar ela.

—É o que eu digo – ela sorriu – Obrigada por tentar.

—Mas eu tenho outro plano – ele sentou na frente dela e começou a explicar passo a passo.

Estela estava em seu quarto, observava o mar, pensava no rei que veio por ele há quase quinze estações, o rei que chegou em um navio diferente com belas velas cor de rosa, um rei que tinha os olhos azuis e os cabelos brancos, um rei que despertou sentimentos profundos em seu coração e que em apenas uma noite fez ela se sentir mais amada que todo o seu tempo de casada. Ela suspirou, gostaria de o ver, queria conversar com ele, contar tudo que a filha deles aprontava, gostaria de pedir desculpas para os dois, desculpas por não ter escolhido Perseu a Estevão e desculpas por não ser uma mãe boa para Evie, ela queria ter sido mais presente, feito mais do que a defender, queria ter tido mais tempo para a ouvir, mas foi filho atrás de filho, Elisa veio logo depois dos gêmeos e daí teve Ethan, Elora, Evan e Elia, cujo maior espaço de tempo era entre Elora e Evan e eram só quatro anos, pensar nisso doeu, entre Elora e Evan teve duas gestações, uma durou poucos dias depois da descoberta, a outra não chegou na quinta lua. Ela respirou fundo, não queria mais filhos, não precisava de mais filhos, os seus estava de bom tamanho, só precisava tentar consertar sua ausência na criação da filha que não a acompanhava em passeios de dragões, que era um dos poucos momentos que ela podia reunir todos seus filhos, ou quase todos.

—Está quietinha, meu amor – a voz de Estevão a fez saltar de susto, ele sorriu e a abraçou pela cintura, beijando seus lábios fervorosamente – No que pensava?

—Que era para termos nove filhos – respondeu ao se separar – Dez, se eu não tivesse perdido o primeiro.

—Não pense nisso – acariciou o rosto dela – Isso é passado, meu bem – beijou os lábios dela – sabe o que aconteceu? – Estela negou – Eles consumaram o casamento. As criadas recolheram os lençóis essa manhã.

—Será que Elisa está bem? – levou a mão ao peito preocupada e se Eilon tivesse o gênio complicado do pai? E se ele tivesse se irritado e a machucado?! Não, Eilon a idolatrava. – Vou ir vê-la – Estevão a segurou pelo pulso.

—Deixe os dois – a puxou – Eles são recém casados e descobriram o que há de melhor no casamento – segurou seu rosto – Sinto saudades de como era esse período.

—Já não somos recém casados – ela riu – Temos sete filhos e um reino para nos preocupar.

Jonan queria um minuto a sós com Elisa, queria a assustar mais um pouco, ela ficava linda quando acuada, parecia uma porcelana, mas agora ele tinha outra coisa para resolver, precisava esclarecer porque seu irmão estava se aproximando da sua garota! Michael estava ajudando a mãe, Sunny era péssima com envio de cartas e ela queria se comunicar com Melon.

—Quero falar com você – Jonan carregou o garoto pelo braço para longe da mãe. – O que você acha que está fazendo se aproximando de Eveline?

—Estou sendo gentil – Mike respondeu.

—Deixe de ser gentil, Eveline será minha esposa e apenas minha – o mais velha apertou o braço do menino.

—Então seja você gentil, ela é sua noiva e vocês mal se falam – se desvencilhou com força.

—Você não tem nada a ver com meu relacionamento – saiu pisando duro, completamente irritado com a audácia do caçula.

Elisa estava no jardim, Eilon e Max estavam junto dela, estavam sentados à mesa, havia um bule de chá, biscoitos e pães, eles observavam o mar ao longe, conversavam sobre a nova vida do recém chegado. Gameon passou galopando, eles se surpreenderam, o animal estava sozinho, o que era diferente.

—Hey, calma – Mike estendeu a mão e o animal parou – O que faz aqui? – o trio observou ele acariciar o pegasus e o guiar para o estábulo, Gameon havia gostado dele.

Os dias que seguiram foram tranquilos, Evie saiu do quarto, começou voltar para suas atividades, voava em Gameon, passeava com Orion, ia na cidade com ele e se divertia. Elisa e Eilon passavam bastante tempo no quarto, estavam realizados. Max se encaixava na fortaleza aos poucos, assim como seu pai voltava aos poucos para a vida de Navi e Leodak, algumas noites dormia com eles, outras ficava em seu quarto sozinho. Estela e Estevão estavam vivendo ótimos momentos juntos, estavam mais próximos nos últimos dias, ele a acordava aos beijos, a presenteava com joias, roupas e flores.

—Você é a mais linda – disse pairando pro cima dela – Eu teria vinte filhos com você – a beijou, as gestações não haviam mexido em seu corpo, havia algumas estrias, mas nada muito relevante.

—Me amaria depois de vinte filhos? – ela sorriu.

—Com certeza – a beijou novamente – Seria ótimo ter tantos filhos.

—Para Mandrik os chamar de ninhada? – acariciou o rosto dele.

—São nossa ninhada – as mãos desceram para a cintura, o corpo pesava sobre ela – Eu amo você, minha princesa dragão, eu não sobreviveria sem você – o sorriso alargou, amava quando ele era carinhoso.

Evie levantou, pegou a bolsa e começou enfiar as roupas dentro, ela tremia e sorria, estava nervosa e alegre, aquela noite seria perfeita, tudo se encaixaria, ela tinha certeza.

Quando o jantar chegou, nem Eveline, nem Orion sentaram à mesa, Eilon não se importou, Estela pensou que ela ainda estivesse querendo ficar sozinha, Estevão estava alegre demais para querer brigar, então a refeição apenas seguiu.

—Minha noiva está sempre ausente – Jonan começou, o álcool subia para sua cabeça – Ainda mais com aquele primo dela...Sabe, rei, acho que não quero essa garota – Estevão o encarou – Duvido que ainda seja virgem.

—Jonan, isso não é discussão para o jantar – Sunny o cortou. – Desculpe por isso, majestade.

—Não precisa pedir desculpa, mamãe, estou no meu direito de noivo – ele bebeu um longo gole – Se na primeira noite eu constatar que ela não é virgem, irei a devolver.

—Isso é pauta para outro momento, Jonan – Carlo disse.

—É, tudo é pauta para outro momento – Jonan levantou – Com licença – ele saiu, o pai bufou pela audácia.

—Desculpe por isso, Estevão – o rei acenou, sabia que o álcool estava falando pelo garoto.

Jonan saiu, pegou uma garrafa de vinho na cozinha e seguiu para o jardim, queria espairecer, queria esquecer que seu pai havia aceitado a troca tão facilmente, ele queria Elisa, saberia que ela se manteria quietinha quando fosse a foder, talvez chorasse um pouco, mas seria bom. Ele iria deixar algo marcado para Eveline ter medo dele, com certeza iria; subiu os degraus do covil meio cambaleante, agarrando um ponto ou outro a fim de se equilibrar, não haviam soldados àquela hora da noite, quem seria louco para entrar no covil? Ele.

Jonan entrou, os dragões maiores dormiam como pedras, eram enormes; ele desviou de Ronar, que dormia ao lado de Tyrax, o que o lembrou que os dragões dormiam juntos porque seus cavaleiros dormiam juntos, isso aumentou sua fúria. Caminhou mais um pouco, onde dragões menores dormiam, se aproximou de Ruphi, as tochas iluminavam o suficiente para ele a distinguir, o dragão de sua noiva era insignificante perto do dragão de Elisa, era pequeno, ridículo, assim como Eveline. Ele deu um chute no animal, o fazendo acordar.

—E aí, bichinho – riu – Porcaria de dragão – deu outro chute – Querem que eu me case com sua cavaleira, ela é tão insignificante quanto você – o bêbado puxou uma adaga, sem imaginar que os dragões eram feitos de escamas de ferro – Eu vou arrancar seu couro e fazer meu colete de casamento – ergueu a lâmina, Ruphi poderia atacar, mas era pequena e apenas o queimaria, não faria um estrago tão grande, no entanto, a sombra que crescia atrás de Jonan faria. O garoto virou, encarando as escamas esverdeadas, pouco antes de virar sua cabeça para cima e ver a cachoeira de chamas descendo em sua direção. Não houve gritos, não teve tempo para isso, o fogo o consumiu, como o dragão fez na sequência.

Jonan, herdeiro do condado de Melon, morreu com dezesseis estações enquanto tentava matar o dragão de sua noiva.

Eveline vestia sua roupa de montaria, Orion estava aguardando ela sentado na poltrona, estava nervoso, bem nervoso, iriam contra as regras, mas era necessário. A princesa saiu, vestiu um casaco pesado e olhou para o primo.

—Pronta? – perguntou.

—Estou com medo – murmurou – Papai vai me matar.

—Não vai não – ele sorriu – Precisamos ir.

A dupla se esgueirou pelos corredores, descendo pela escadaria secundária até o jardim, Evie deu uma última olhada para dentro, pelas janelas viu sua família na sala de estar, sua mãe sendo abraçada por seu pai, eles sorriam, Elisa aninhada nos braços de Eilon, enquanto ele conversava com Max, que estava ao seu lado, Ethan e Elora jogando algum jogo de tabuleiro, Mandrik sentado em uma poltrona com Leodak sentado no braço do móvel e Navi de pé atrás deles, seu tio William estava deitado no chaise bebendo, estava com medo porque iria magoar seu tio.

—Vamos, precisamos ir – Orion a pegou pela mão.

—E seu pai? – ela sussurrou.

—Ele ficará bem. Agora vamos – Evie se deixou ser levada, chegaram num ponto vazio, haviam passado dos guardas, agora só precisavam conseguir algo para os tirar dali. Ela assobiou, o que fez Gameon voar ao seu encontro e ao pensar em Ruphi, o dragão também veio – Vá em Gameon, eu monto Ruphi.

—É muito longe? – ela mordeu o lábio.

—Se voarmos toda a noite, chegamos lá ao amanhecer – ele montou sem sela no dragão, Ruphi não poderia fazer nenhum pirueta. – Ah! E não olhe para baixo.

Evie não entendeu a orientação, não até eles saírem de perto da península e encarar o mar negro abaixo dela, a garota tremeu, se caíssem, nunca iriam achar seus corpos, sua mãe choraria, seu tio se mataria por perder suas duas crianças, mas ela precisava ir. Eveline precisava chegar em Saphiral.

 


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