Among Other Kingdoms - Terceira Temporada escrita por Break, Lady Lupin Valdez


Capítulo 13
Capítulo XIII




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810553/chapter/13

Estela estava escovando os cabelos enquanto pensava na briga dos filhos, Eilon e Eveline brigavam desde a concepção, tinha certeza, mas se Estevão não tivesse sido tão cabeça dura em querer que eles se casassem, nada disso teria acontecido, nada. Talvez ela deveria ter deixado Evie em Saphiral, ela seria feliz lá, com certeza seria, não teria Estevão a castigando, nem Eilon como irmão, se ao menos o nascimento de dois tivesse sido surpresa e se Estevão não estivesse ao lado dela no leito de parto, poderiam ter feito algo, a deixado em Saphiral como a rainha que nasceu para ser, mas essa não era a realidade, a realidade era cruel e amarga, estava na sua frente. Respirou fundo, isso era culpa dela, se não tivesse sucumbido para a tentação, se não tivesse se entregado para Perseu, teria ficado grávida apenas de Estevão, teria apenas um bebê, apenas Eilon, não se sentiria culpada em ter traído seu marido, não condenaria uma menina nesse reino estúpido.

—Mamãe? – a voz de Eilon soou na porta, Estevão, que estava deitado no sofá lendo, ergueu os olhos e sorriu para o filho – Papai – acenou.

—Entre, querido – Estela virou para o filho, que correu para a abraçar, ela o acariciou e beijou os cabelos brancos e curtos. -O que houve? – o afastou dela, Eilon tinha os olhos marejados.

—Vocês me perdoam pelo que fiz? Me perdoam por ter desobedecido vocês e fugido com Elisa? – olhou para o pai e para a mãe. – Eu posso conviver com a raiva de Eveline, mas não posso conviver com a desaprovação de vocês.

—Filho, já conversamos sobre isso – Estevão levantou – Está tudo bem, iremos reorganizar as coisas – afagou as costas do menino – Mas, por favor, não bata em sua irmã mais, isso não é bom para a imagem de um rei – Estela olhou para o marido com ironia, ele a espancava por nada no início do relacionamento.

—Desculpe, papai – o garoto olhou para o chão, algo estalou dentro dele, se Eveline estava sendo uma atriz, ele poderia jogar seu próprio jogo – Tem outra coisa me incomodando... – Os pais se encararam antes de olharem para ele – Orion está enchendo a cabeça de Elisa com ideias – suspirou – Está dizendo que eu gosto de homens.

—E você gosta? – Estela arqueou a sobrancelha.

—Não! – respondeu.

—Então não tem porque se incomodar com isso – a mãe pousou a mão no ombro do menino e o olhou nos olhos, Eilon tremeu, não porque sua mãe lhe causava medo, isso era a última coisa que Estela causava, sua mãe lhe passava poder, um sutil e grandioso na mesma proporção, ela passava certeza, sua mãe era sinônimo de segurança, era como uma ilha no meio do oceano, sempre parecia certa do que ia falar, não conseguia imaginar ela como Mandrik falava, sua mãe não era tão frágil – Só a verdade e apenas a verdade pode te atingir e te desestabilizar. Mentiras destroem reinados. Você não é um rei que deixará mentiras destruírem seu império, é? – Eilon negou com a cabeça um tanto nervoso – Então o que Orion diz ou deixa de dizer não pode te atingir se for mentira, se te desestabilizar com mentiras, jamais poderá ser rei.

—Mas mamãe...

—Meu filho, a coroa já é um acessório muito pesado por si só, encher sua cabeça pensando no que os outros falam só tornará tudo pior – arrumou uma mecha que caia sobre os olhos dele – Um bom líder ouve apenas as coisas relevantes, se for ouvir tudo que todo mundo falar, jamais focará no que é realmente importante – beijou a testa do menino – Então seja um bom líder, ouça quem tem algo útil para dizer e se Orion diz que você gosta de homens, isso é problema dele e de quem acreditar nisso, se não for verdade, simplesmente não é verdade.

—Além disso, o segundo homem mais poderoso do reino gosta de homens – Estevão sorriu – Se você quer saber, esse tipo de boato também me perseguiu um tempo, diziam que eu não casava porque era namorado dele, daí quando casei com sua mãe, falavam que só casei com ela porque Mandrik seria uma rainha muito feia.

—Eles tinham razão, tio Mandrik ficaria horrível de vestido – os três riram.

—Entendeu o que eu quis dizer? – Estela abraçou o filho – Você é o futuro rei de um reinado de fogo e aço, palavras não podem te atingir ou isso te fará fraco. Você é Eilon, da casa Balaur, filho de Deragona, príncipe herdeiro de Calasir, o primeiro cavaleiro de dragões desse reino, você não é fraco – beijou as bochechas dele.

—Então tenho que aceitar o que ele fala? – olhou para a mãe.

—Não é aceitar – arrumou a gola da camisa de linho – É não prestar atenção, o que Orion está fazendo é dar corda, corda demais enforca pessoas, quando ele vier falar sobre isso, apenas dê de ombros e diga que ele pode achar o que quiser.

—Entendi – ele abraçou a mãe de novo – Obrigada, mamãe, a senhora é a melhor rainha que Calasir terá. – beijou a bochecha dela antes de abraçar o pai também, Estevão beijou os cabelos dele, Eilon era seu orgulho, a joia de sua coroa – Eu amo vocês.

—Também amamos você, filho – Estevão sorriu – Vai lá, vá passear com Elisa – o garoto sorriu saindo do quarto e fechando a porta – Deveríamos ter mais filhos – falou de súbito virando para a esposa – Fizemos um ótimo trabalho com Eilon.

—E os outros? – Estela arqueou a sobrancelha.

—Bom, fora Eveline, todos são ótimos – ele a puxou para seu colo, era incrível o quanto Estela ainda era linda e delicada. – Vamos ter mais uns dois, o que acha?

—Acho loucura – entrelaçou os braços no pescoço dele – Temos sete filhos – ele deitou puxando ela junto, a fazendo rir.

—E que tal mais um? – a beijou.

—Estevão... – resmungou.

—Está bem, está bem – revirou os olhos e riu – Vou deixar você pensar na ideia – beijou a testa dela delicadamente, antes dos beijos ficarem mais quentes, mais fortes.

Quando Estevão entrou nela foi estranho, normalmente não era, não mais, mas tinha algo diferente, ela não conseguiu aproveitar como o marido aproveitou, ele deitou completamente aliviado, beijou sua testa e sorriu, Estela olhava para o nada, pensando no quanto havia aguentado até aquele momento.

Eveline tirou seu vestido e o trocou por roupa de montaria, não as bem cortadas e refinadas que seus irmãos usavam, colocou sua roupa surrada, estava cansada daquela personagem que em nada lembrava ela, era exaustivo agir tão diferente; espreguiçou-se e começou o caminho até Gameon, o pegasus a recebeu com um relincho, ela pulou no dorso dele e começaram a subir, o animal era seu melhor amigo e isso já fazia muitos anos, seria incrível viver num lugar onde pudesse aproveitar cada minuto da forma que queria, sem se preocupar se precisava chegar para jantares ou almoços em família, onde não precisasse usar vestidos pomposos para bailes. Evie sorriu ao ver o jardim lá em baixo, mas sua visão foi desestabilizada pelo vento que dois dragões causaram muito perto dela, perto suficiente para sentir o cheiro metálico das escamas, a rajada de vento bagunçou seus cabelos, Gameon balançou antes de equilibrar novamente, a princesa olhou para cima achando que encontraria os dragões azul e vermelho, mas não, eram o cinza e o lilás, os cavaleiros não olharam para trás, apenas seguiram seu trajeto, Eveline riu ao pensar que talvez os mais novos fossem seguir o exemplo dos mais velhos e partiriam para Dragoi, de onde voltariam casados.

Elisa estava de olhos fechados, deixava Eilon tocá-la como vinha fazendo, não que fosse ruim, era bom, mas não era o suficiente, ele era habilidoso com os dedos e com a língua, porém não era o que ela queria. O marido a beijou, prensando seu corpo contra o dela, a garota o prendeu com as pernas, o puxando para si, tentando encaixar o membro dele dentro dela, Eilon estava absorto demais nos beijos para perceber o que ela fazia, só se deu conta quando o membro foi forçado contra o hímen. Ela gritou e se retraiu. Ele se afastou.

—Isso dói – choramingou, Eilon deitou ao lado dela e a puxou para seu peito.

—Entende por que quero esperar? – beijou a testa dela, que assentiu – Não quero machucar você – beijou a bochecha esquerda dela – Quero que seja especial – beijou a outra bochecha.

—Mas se a gente não fizer, os boatos irão seguir – ela sussurrou – Tudo bem, Eilon, eu aguento – ele negou com a cabeça.

—Boatos não constroem reinos, amor – contornou o rosto dela com o indicador – Não podemos deixar boatos destruírem nosso reinado, nem atrapalharem nosso casamento – virou para ela – Não quero você dando atenção para as ideias de Orion. Não quero brigar – arrumou uma mecha de cabelo dela – Mamãe jamais questionaria nosso pai - Nenhum dos filhos via ela discordando do pai, nem questionando as atitudes dele, mas eles não sabiam que foram muitas brigas até chegar nesse ponto – Confie em mim – beijou a testa dela – Vamos fazer quando for ideal e prometo que será bom – selaram os lábios um no outro delicadamente.

Estevão entrou na sala do pequeno conselho, parecia irritado, William o olhou cismado.

—Seu filho está dizendo que meu filho gosta de homens – encarou o irmão, Mandrik arqueou a sobrancelha.

—Não me surpreenderia – William deu de ombros – É a primeira vez que vejo um recém casado se recusar a consumar o casamento. – bebeu um gole de vinho – Olhe você, só não transou com Estela na mesa do salão porque seria desrespeitoso.

—Você é nojento – Mandrik torceu o nariz – Qual é o problema de Eilon gostar de homens?

—Não é esse o problema, o problema é Orion ficar fazendo fofocas e colocando Elisa contra Eilon – Estevão entrou roubando a taça do irmão.

—Então é só ele meter nela, é por isso que casaram – William encheu outra taça – E não chame meu herdeiro de fofoqueiro.

—Fofoca é a única herança que você pode deixar para o garoto – Mandrik riu, William fez uma careta, o conselheiro tinha razão, ele não tinha nada para deixar de herança, já que Ethan seria o conde de Interlok.

—Mas será que meu sobrinho precisa de ajuda para achar o buraco? – Estevão deu um tapa atrás da cabeça dele, fazendo William rir.

—Você está falando da minha filha – Estevão falou.

—Que casou com seu filho – falou o óbvio – Eilon precisa largar de ser frouxo e transar com ela. – Mandrik e Estevão se olharam após o comentário de William, infelizmente ele tinha razão.

Uma comitiva se aproximava do istmo, Jonan admirava cada detalhe, a princesinha do reino seria sua puta, ele faria tudo que tivesse vontade, tudo que estivesse em sua imaginação seria usado, ele a foderia como uma vagabunda barata. Carlo sorria pensando em sua posição de sogro da princesa, seu filho seria genro do rei, a amizade com Estevão nunca havia sido tão promissora.

Carlo foi recepcionado, Sunny sorriu ao entrar no castelo, gostava de estar ali, agora seria mais frequente, sabia que sua nora não ficaria muito tempo longe da família, mesmo que soubesse que seu filho iria a proibir desses passeios. Jonan não seria um bom marido, as vezes a mãe achava que isso era resultado do incesto que eles eram, será que os futuros príncipes também teriam algum traço assim? Já que sempre foi explícita a vontade do rei de seguir a tradição da terra da esposa e casar irmão com irmã.

—Carlo – Estevão descia a escadaria com um sorriso no rosto – Chegaram rápido – eles se cumprimentaram, Estela veio logo atrás, Sunny tinha certa inveja da rainha que teve sete filhos e mantinha o corpo impecável, ela havia ganhado muito peso na gestação de Michael.

Eles foram para uma das salas de estar, Michael olhava cada detalhe da sala, era tudo tão refinado, tão luxuoso. Havia uma pintura em cima da lareira, as bordas eram douradas, a pintura era da família real, o rei e a rainha usavam suas coroas e ocupavam os altos tronos com o vitral de dragão atrás, no meio dos tronos, de pé, estava o príncipe herdeiro, era inacreditavelmente igual ao pai, eles tinham a mesma expressão de poder, no lado da mãe, também de pé, estava sua futura cunhada, a princesa Elisa, no lado do pai estava a princesa que eles quase nunca viam, a princesa Eveline, na frente dela estava a princesa Elora, na frente da princesa Elisa estava o príncipe Ethan, no colo do pai estava o príncipe Evan e no colo da mãe, ainda um nenê, estava a princesa Elia; Michael pensou que deveria ser complicado ter tantos filhos, como funcionava a logística? Será que os pais conseguiam dar atenção para todos de maneira igual? Duvidava, seus pais tinham dois e Jonan ganhava mais atenção de forma disparada.

—Conde Carlo – Eilon entrou cumprimentando, Jonan sorriu com a presença de Elisa, que vinha atrás dele de maneira obediente. Torceu o nariz ao ver as mãos dadas.

—Príncipe Eilon – Carlo sorriu – Princesa Elisa – a garota sorriu – Lembram do meu filho? – apontou para Jonan.

—Claro – Eilon estendeu a mão para cumprimentar o garoto – Como vai, Jonan?

—Bem – Jonan apertou a mão do outro com desdém – Sua irmã não aprendeu a andar sozinha ainda? – Elisa se encolheu no lado do príncipe. Estela olhou para Estevão.

—Bom – Estevão engoliu em seco – Precisamos conversar sobre isso. – Carlo virou sorrindo, Jonan mantinha um sorriso sádico no rosto – Jonan casará com Eveline – o sorriso do outro murchou.

—Eveline? O combinado era com Elisa! – o conde respondeu.

—Sim, eu sei – Estevão respirou fundo – Mas Eilon e Elisa casaram em Dragoi, na fé de Deragona.

—Eles são príncipes de Calasir, se não casaram na nossa fé, então não vale! – Carlo encarou o rei mantendo uma expressão controlada.

—A família real acredita na fé de Deragona – Estela lembrou, a voz era firme, inabalável. Elisa pensou que queria ser como a mãe. – Vocês ainda terão o benefício de estarem diretamente ligados à coroa, independentemente da princesa que casar com Jonan. Mas se vocês não quiserem, tudo bem. – Carlo ficou pálido, não poderia perder a oportunidade de ouro de ser sogro de uma das princesas.

—Claro, majestade, desculpe – Carlo falou suave – Parabéns pelo casamento, alteza – ele acenou para Eilon, que fez o mesmo. – E onde está a princesa Eveline?

—Ela estará devidamente apresentada no jantar – Estevão sorriu escondendo a indignação da garota não estar ali, onde deveria.

Evie entrou em seu quarto pela sacada, Orion o esperava sentado numa poltrona, observou em silêncio a garota pular a janela, já que a porta ainda estava trancada. A menina engoliu o grito e levou a mão ao peito, assustada.

—Está querendo me matar de susto?! – falou, Orion riu.

—Você precisa se arrumar para o jantar. Seu noivo chegou – ela gemeu frustrada.

—Eles não desistem – tirou as botas sujas – Não quero casar, nunca quis, esse era o sonho da minha irmã e ela conseguiu – seus pés estavam tão sujos quanto as botas.

—É... – ele encarou a parede – Eu tive uma ideia – Evie o olhou – Vamos nos organizar para quando o portal abrir você ir comigo.

—E vou fazer o que no outro lado?! – a menina arregalou os olhos.

—Minha convidada – Orion deu de ombros. Ela não respondeu.

O primo escolheu o vestido enquanto ela se banhava, pegou um simples, era verde porque aparentemente Calasir tinha uma fonte infinita de tinta verde, não era muito bufando, nem com muitos babados. Ele prendeu os cabelos dela numa trança delicada, pousando a tiara no topo da cabeça.

—Não tem mais sentido usar isso – bufou olhando no espelho. – Não sou mais a princesa herdeira.

—Ainda é uma princesa – Orion sorriu ao lado dela.

Ela chegou no jantar no horário correto, Orion abriu a cadeira para ela sentar e fez o mesmo na sequência. Evie revirou os olhos ao ver Eilon beijando a mão de Elisa, conseguia ver um anel reluzindo no dedo dela, um anel parecido com o anel de casamento da mãe, provavelmente ele havia mandado fazer outro, um bem parecido, ficou enojada com tantas demonstrações de afeto, Eilon era repugnante e Elisa era enjoativa, sempre sorria para tudo, tudo sempre estava bom para ela.

—Bom, Jonan, não lembro se vocês chegaram a serem apresentados em algum baile, mas essa é Eveline, sua noiva – Estevão sorriu para o garoto, ela precisou controlar a ânsia de vômito, o futuro conde era desprezível, conseguia ver no olhar dele.

—É um prazer, princesa – sorriu, conseguia ver o quanto a menina parecia ríspida.

—Claro – Evie forçou um sorriso – Imagino que esteja chateado de não poder casar com minha doce irmã – apontou para Elisa – É uma pena o que fizeram conosco.

—Isso não está aberto para discussões, Eveline – Eilon encarou a irmã. – Jonan será o marido ideal para você.

—Eu prometo que serei o melhor – Jonan sorriu engolindo a raiva, Evie seria um desafio para ele, mas gostava das difíceis.

O jantar foi tranquilo, para a felicidade de Estela, quando todos se recolheram, ela suspirou totalmente aliviada, não houveram discussões à mesa, nem irmão brigando com irmão, o que a fez lembrar do pedido de Estevão, não queria ter mais filhos, não queria passar por todas as dores de novo e Elia acabara de fazer dois anos, não precisavam de outro bebê por agora.

A rainha deitou em sua cama, cobrindo-se com lençóis, Estevão deitou ao lado dela e distribuiu beijos pelo pescoço da esposa, fazendo cócegas com a barba em certo ponto, ela riu.

—Lembra como era nosso início de casamento? – segurou as mãos dele junto ao peito.

—Que Mandrik nos pegava transando em todo lugar? – Estevão riu, ela assentiu – Agradeço que derrubaram a fortaleza, aquelas paredes tinham muito o que contar.

—As coisas ficaram meio tensas quando perdi o bebê – ela suspirou, lembrava daquele quarto de lua ser um dos piores de sua vida.

—É, eu errei muito com você – beijou a bochecha dela – Agradeço que não me odeie – Estela não o odiava, não mais.

Elisa acariciava o peito de Eilon, fazendo círculos em alguns pontos, beijava vez ou outra, ele penteada os cabelos dela com os dedos enquanto olhava para o teto, o lustre estava apagado agora, a única claridade era da lua que entrava pelos vidros da sacada e pelas janelas.

—Acha que Evie será uma boa esposa para Jonan? – Elisa perguntou.

—Bom, se ela não for, aprenderá – Eilon deu de ombros – E você, será uma boa esposa para mim? – virou o corpo e segurou o queixo dela, Elisa era tão delicada, tão sutil, tão bela, Mandrik sempre a comparava com Estela, dizia o conselheiro que a rainha era enjoativa de meiga e doce, Elisa também era.

—Claro, meu amor – sorriu – A melhor – Encostaram as testas um no outro.

—Nunca mais irá repetir as coisas malucas que Orion falou? – ela negou com um aceno – Promete que vai me obedecer?

—Prometo – disse selando os lábios nele, a futura rainha de Calasir era idêntica a mãe.

Eveline resmungava no quarto alguma coisa sobre Jonan, o garoto tinha uma cara de louco que a assustava, uma aura de maluco que nem Eilon passava; o mais novo, Michael parecia muito mais dócil, seria menos pior se fosse com ele, se bem que no fim não seria com nenhum, ela se recusaria a casar, diria não quando estivesse no altar, o alto bispo não poderia prosseguir o casamento após a negativa de uma das partes e seu pai não poderia a obrigar casar, não seria bom para a imagem dele e Estevão preservava muito a imagem dele.

Jonan jogava algumas coisas contra a parede, seu pai era um molenga, deveria ter discutido, dito que um rei precisa manter sua palavra, não trocar as noivas assim, ao seu bel prazer, Estevão estava sendo um péssimo rei, era ridículo entregar para ele, filho do conde mais fiel, a princesa arisca, rude.

A manhã seguinte começo esplêndida, Eveline vestiu sua roupa de montaria, iria voar com Gameon, ficar longe da fortaleza por um tempo, longe de Jonan, longe de seus irmãos, mas primeiro precisaria se sacrificar em sentar à mesa para o desjejum, onde ela teve uma desagradável surpresa, sua mãe também usava roupas de montaria, assim como seus queridos irmãos, isso significava que não estaria sozinha nos céus.

—Dentro de alguns dias pretendo fazer um baile para anunciar o casamento de vocês – Estevão apontou para os pombinhos – E o noivado de vocês – apontou para Eveline.

—Estou ansiosa – bufou, Estevão respirou fundo para não falar nada.

Jonan pediu para acompanhar a família até o covil, disse que seu sonho era conhecer os dragões, principalmente Jaspe, o qual ele classificava como o maior, mais forte e mais perigoso, o que não era de todo errado. Ele resmungou algo quando Eveline foi em direção ao estábulo e não ao covil.

—Ela não vem conosco até os dragões? – Jonan perguntou.

—Minha irmã gosta de outra montaria – Ethan respondeu.

Os soldados recepcionaram a família, informando que os dragões estavam devidamente selados, Jaspe rugiu ao ver o garoto ruivo, sendo prontamente acalmado por Estela, que colocou a mão no focinho dele, Jonan tremeu ao ver o tamanho do animal e correu para fora quando montaram, os dragões partiram em voo numa formação perfeita, Eveline foi para perto deles, Ethan fazia Vieno balançar quando ela se aproximava demais, apenas para o pegasus precisar se reequilibrar antes de seguir voo, era engraçada a diferença de tamanhos, Gameon era do tamanho da pata de Jaspe.

—A garota é ridícula! – Estevão resmungou olhando pela janela – Eilon foi mais esperto que eu.

—Não é difícil ser mais esperto que você – Mandrik riu.

—Por que ela cisma em voar naquele pombo com cascos se tem um dragão sobrando? – o rei sentou ruidosamente na cadeira.

—Pode ser que ela se sinta melhor com ele – William falou – Alguma vez já perguntou para sua filha o que ela prefere? – Orion olhou para o pai.

—Nem começa – Estevão ergueu a mão – Eu não a obriguei voar em dragões.

—Mas não ficou muito gostoso com isso – William ergueu a um dedo como se pontuasse esse detalhe. – Óbvio que você não obrigou, nem dá atenção para ela – deu de ombros bebendo um gole de vinho.

—Para você é fácil falar de dar atenção, só tem um filho e o vê sete dias por ano! – Estevão ficava irritado quando o irmão vinha lhe dar lições de paternidade.

—Quem começou fazer filhos como dois coelhos foram vocês! – William respondeu.

Estevão respirou tão fundo que tremeu, seu irmão era um chato quando queria, problema que queria sempre! Ele era um bom pai, nenhum de seus outros filhos reclamava dele, pelo contrário, o amavam, menos Eveline, tinha um problema com Eveline.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Among Other Kingdoms - Terceira Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.