Aurora das Sombras escrita por Ginty Mcfeatherfluffy


Capítulo 2
Capítulo 2




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A figura apresentara-se como Moth, e assegurou que sua missão era proteger a bela dama, todavia, ela não comprou nada disso e, revirando os olhos, pediu que a deixasse passar e foi o que o sujeito mal-encarado fez, à contragosto. Não obstante, aquela voz grave soou aos ouvidos dela – Não se esqueça que a noite esconde muitos perigos, senhorita...

McIntyre alterou o tom de voz ao demandar que ele saísse de sua vista imediatamente. Henry, ao dar-se conta de quem apareceu para a jovem, ocultou-se em um beco e passou a perquirí-los em meio a escuridão, sua companheira. Não podia acreditar que aquele patife estava ali, Moth sempre em seu caminho; ao sentir a aproximação de Rebecca, o jovem camuflou-se totalmente na penumbra, permitiu que seus lábios desenhassem um sorriso ao ver aquele traste seguindo a moça.

Voltando à luz e caminhando pela calçada na direção oposta, ele atendeu ao celular que tocava mais uma vez. – Já falei com ela – Preferiu nem esperar a pergunta que viria – A única informação nova que consegui foi que ela costuma traduzir manuscritos antigos. Creio que isso seja bom para nós. – Interrompeu seus passos conforme seu mentor mais dedicado dava-lhe uma nova incumbência. – Entendido. Ah, Moth revelou-se para ela, agora será muito mais difícil... – Desligou o celular, guardando-o de volta no bolso e entrou na primeira viela que avistou.

Chegando ao beco, a professora tropeçou em algo, e ao recompor-se e abaixar-se para ver de que se tratava, constatou que era uma carteira comum, de couro marrom. Um sorriso discreto elevou seus lábios, e seguiu seu rumo para casa, a fim de dar uma checada no objeto.

O local onde Henry passava aquela temporada não era muito distante da Universidade em que Rebecca ministrava, a bem da verdade, quatro quarteirões os separavam. Logo, o caminho até o apartamento não apresentou problemas; então, aproveitou para repassar em sua cabeça a nova missão a que fora submetido, bem como o súbito reaparecimento de Moth. Aquilo seria uma pedra em seu caminho.

Subiu até o apartamento alugado e, antes de adentrá-lo, procurou suas chaves. Encontrou-as, contudo, sentiu falta de uma coisa: Sua carteira. – Droga! – Vociferou, tateando todos os bolsos, e logo a possibilidade de tê-la deixado cair na rua lhe veio à mente.

Retornou ao beco onde escondera-se, mas desta vez, o fez de seu jeito, bem mais rápido. Infelizmente, mesmo com sua visão aprimorada, não obteve sucesso. O jeito foi voltar ao apartamento da mesma forma que chegou ali; e ao trancar-se dentro do pequeno cômodo, sentou-se na beirada da cama e refletiu sobre seu breve momento de glória.

Na manhã seguinte, Becca daria a primeira aula do dia à turma mais intimidadora— por assim dizer – do colégio, em função disso, acordou bem cedo e apressou-se. Embora não fosse sua vontade, lembrou-se da noite anterior, e levou a carteira com ela. Enquanto isto, Henry estava de saída, com a finalidade de reunir-se com os cabeças da sociedade a qual pertencia. Certamente, queriam nada mais que um relatório frente a frente; Mas antes, ele precisava ter com alguém a quem pediu um favor. O homem precisava recuperar aquela carteira, e somente essa pessoa poderia ajudá-lo.

Tudo transcorreu adequadamente e, ao final do dia, ajeitou seus pertences, como de costume; despediu-se do pessoal e dirigiu-se a saída. Aquela sensação não tão nova tomou conta de seu peito; indiscutivelmente, um dos mentores de Henry, ou o próprio teria de encontrar-se cedo ou tarde naquela noite.

O tal encontro não demorou muito, e a informação compartilhada acabou por espantar o rapaz; e o método utilizado para localizá-la era deveras curioso. Marina, uma amiga de longa data, sempre o surpreendia. O objeto estava em poder de senhorita McIntyre, e ele teria de volta; De qualquer forma, os dois se veriam naquela noite, ela sabendo disso ou não.

Quanto a reunião com os superiores, foi como ele esperava; Eles questionaram a respeito de Moth, e recomendaram atenção dobrada. Ao cair da noite, Henry já esperava por McIntyre diante da Universidade, e perseguiu assim que a viu saindo; Prestes a alcançá-la, disse, em tom baixo, e frio:

— A senhorita tem algo que pertence a mim.

O pressentimento confirmara-se, afinal, Henry estava á espreita. Seu sorriso de canto disfarçava bem, talvez, sua indignação.

— Oh, acertei então. Entregarei a carteira se contar-me o que quer de mim.

Henry abriu seus lábios num sorriso lateral assim que Rebecca virou-se, a mesma expressão. Hm, Marina acertou, mais uma vez. Chegando mais perto da senhorita, sentiu sua hesitação, fixou seu olhar no dela.

— Que menina curiosa... Olhe, fico te devendo essa informação. Agora, a carteira.

— Não quer ir a um lugar menos público, senhor Henry? – A mulher estalou a língua, já sem paciência para a enrolação desse indivíduo. Nem esperou uma resposta e virou à esquerda, que conduzia a uma vereda pouquíssimo movimentada. – Eu poderia lhe bater agora, mas tenho educação, e princípios.

O rapaz estava pronto para respondê-la, quando ela saiu de sua presença e, revirando os olhos, a acolitou, quase tomando o braço da moça com cabelos acobreados.

Nesse meio tempo, um agente de polícia chegou ao local onde situavam-se, inquirindo se tudo estava nos conformes; posicionou-se entre os dois, e virou-se para encarar Henry, iniciando assim uma conversa. Rebecca, então, aproveitou esse momento para fugir; o timing daquele policial a maravilhou, não podia ter aparecido em hora melhor!

— Perguntei se está tudo bem por aqui, senhor. – Repetiu o policial, com seriedade intimidadora.

Antes de olhar nos olhos do homem, Henry repara que Becca caiu fora dali, correndo o mais rápido que poda; seus lábios esboçaram um sorriso ferino, e nesse momento, focou completamente no rosto do oficial.

— Sim, tudo está perfeitamente bem.

Em seguida, pronunciou algumas palavras que somente eles poderiam ouvir, e logo o guarda entrou em uma espécie de transe, e saiu do caminho do rapaz, indo para o outro lado da rua. Sozinho novamente, enfiou as mãos nos bolsos, e seguiu o rumo que Rebecca havia tomado; uma determinação perigosa no olhar, ares de predador. “Ela acha mesmo que pode escapar de mim...”

Se Henry e seus superiores, seja lá quem raios fossem, pensam que a mulher devolveria aquela carteira tão cedo, enganavam-se redondamente, que dirá aceitar qualquer proposta que porventura fizessem; em meio a essas divagações, ouviu passos ainda abafados atrás de si, e quando olhou pra trás, arrependeu-se amargamente. Correu como se sua vida dependesse disso, no entanto, acabou caindo no chão... Ah, que maravilha.

Henry não apressou seus passos, não via motivos para isso; devagar e sempre, ele chegou ao destino. – Já deveria saber que não vai conseguir fugir de mim. – Um risinho escapou de seus lábios, mas logo se desfez. Ajudou a moça a se levantar, e lhe segurou os braços. – Devolva minha carteira, garota.

Ao levantar-se, viu-se ainda com os braços fortemente atados; fez um grande esforço para desvencilhar-se. – Ora, me solte! Quem diabos você pensa que é? – Para sua surpresa, seu tom de voz não fora alto, saíra até controlado. A ruiva não faria nada até ser liberta. – Onde está passando tua estadia na cidade, hm? Leve-me até lá, e pague uma bebida pra mim no pub que há aqui perto.

Mesmo com o esforço de Rebecca e sua óbvia exigência em ser solta, Henry não a libertou; ao contrário, apertou mais um pouco antes de afrouxar sua mão. Rolou os olhos ao ser indagado quanto ao lugar onde está hospedado, mas quando ouviu o pedido que ela lhe fez, teve que rir. – Já vi que, assim como eu, você não desistirá tão cedo... – Respirando fundo, olhou ao redor antes de prosseguir – Tá bem! Eu levo a senhorita ao pub e lhe pago um drinque – Saiu caminhando com ela ao lado, soltando seu braço cautelosamente, e em seguida a fitou – Não tente fugir, pois sempre lhe alcançarei.


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