Aurora das Sombras escrita por Ginty Mcfeatherfluffy


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810341/chapter/1

Era o primeiro dia de Rebecca McIntyre na Universidade de Durham, como professora de História; mulher destemida que era, tinha certeza que as coisas fluiriam a seu favor.

Tudo correu muitíssimo bem, a aula experimental dera resultados positivos, no entanto, quando percebeu-se sozinha, uma sensação já conhecida a dominou – de estar sendo observada.

O homem chegara no momento exato em que a apresentação iniciou; precisou ser cauteloso para que os internos não o questionassem, pois, além de ser arriscado, ele simplesmente não queria falar com ninguém. Depois de alguns momentos de caminhada pelos longos corredores da Universidade, ele finalmente encontrou um local seguro para esconder-se. Enquanto andava pelo recinto, observava os objetos, reconhecia o cheiro de... conhecimento que concentrava-se, e não pôde evitar um sorriso – tudo estava funcionando perfeitamente.

As vozes joviais tornaram-se mais nítidas indicando que saíam da sala de aula, e que logo Rebecca estaria ali; e em questão de segundos, a professora adentrou o local, fechou a porta atrás de si e só então tomou conhecimento da presença masculina.

— Boa noite, senhorita! – Cumprimentou-a, com um tom de voz bastante formal.
Após respirar fundo e piscar algumas vezes, McIntyre fez a primeira pergunta que passou por sua cabeça, e a mais lógica, devido às circunstâncias.

— C-como entrou aqui? Nos conhecemos? – E esperava respostas convincentes, por isso seu olhar, plantado no dele, não desviava.

Era evidente o nervosismo na voz feminina, mas logo dissipou-se, e seus olhos encheram-se de confiança. Um sorriso lateral fez-se presente nos lábios dele.

— Tenho meus métodos, minha cara.  – Replicou, enquanto puxava uma cadeira, sentando-se, e indicou outra para que ela se acomodasse – E não, não nos conhecemos. Não formalmente.

Sentou-se na cadeira indicada pelo misterioso homem, de modo que estaria preparada para correr ou acertá-lo com algo, se necessário fosse.

— Vai fazer o favor, então, de dizer-me quem é o senhor. Correto?

O rapaz esquadrinhava cada movimento, cada reação da jovem; Por fim, cruzou as pernas, juntando as duas mãos e as deixando sobre o joelho.

— Meu nome é Henry. Fui encarregado de vigiá-la por determinado período. Entenda, meus superiores adquiriram um certo interesse por você.

Os olhos cor de esmeralda do sujeito deixavam bem claro que ele não revelaria de que tipo de interesse tratava-se, muito menos quem eram os tais superiores. Um sorriso de escárnio pulou dos lábios do visitante, e o mesmo pediu que ela contasse mais sobre si.

Ouvindo tudo aquilo, a reação da preceptora foi gargalhar; uma gargalhada gostosa, até um pouco amarga, porém a dúvida e o nervosismo cresciam em seu peito.

— Henry, não? Quanto eles te pagam, hm? – Depois de acalmar-se, e encará-lo com atenção, ela prosseguiu – Meu nome é Rebecca McIntyre, como você deve estar ciente; sou professora de História, dei hoje minha primeira aula aqui. Poderia ter pedido um convite para entrar, senhor.

No instante em que Becca começou a rir, o estranho apenas perscrutava o rosto delicado. Por dentro, ele divertia-se com aquela cena; ela realmente não fazia ideia do que estava por vir. Assentiu quando ela repetiu o nome masculino, entretanto, calara-se ao ser questionado quanto ao pagamento que recebia. O olhar permanecia fixo no dela, e seus lábios fecharam-se em uma linha fina – um recado de que nada diria a respeito disso, apesar de descolar uma boa grana com aquela missão. Ouviu atentamente o que ela tinha a dizer, se bem que já era ciente de tudo aquilo; Terminado o breve relato, ele descruzou as pernas e inclinou-se levemente, apoiando os cotovelos nos joelhos. – Eu já sabia de tudo isso, minha querida. O que quero saber é o que a senhorita costuma fazer nas horas vagas, quando não há ninguém por perto...

Aquele homem a divertia, francamente. Menos quando sua postura mudou um pouco e curvou o corpo para frente; aquele momento serviu para deixá-la ainda mais precavida.

— Logo, vemos que nem você, nem teus líderes tem um pingo de decência... Pois bem, passo a maior parte do tempo fazendo pesquisas, estudando, traduzindo manuscritos antigos. Além de beber bons vinhos, ler e escrever. – Por mais um instante, a mulher mirou o olhar dele, e a expressão do cara não entregava nada. – Já está ficando tarde, não?

O semblante do intruso vacilou consideravelmente assim que Rebecca especulou sobre a falta de decência de sua sociedade; Um sorriso breve ornou seus lábios antes do rapaz abaixar a cabeça, e ao levantá-la outra vez, a mulher então completou. Seria difícil arrancar-lhe informações mais úteis usando de gentileza. Quando ela citou, porém, os estudos a manuscritos antigos, conseguiu de vez a atenção de Henry, embora ele se recusasse a deixar transparecer isso. Endireitou-se na cadeira e espiou o relógio de pulso; as horas corriam lentas.

— Realmente, acabei perdendo a noção do tempo e, a senhorita precisa arrumar tuas coisas para ir embora. Vou deixá-la só. – Ao passar por ela, o rapaz pensou em tocá-la, no entanto, não intencionava assustá-la ainda mais; pousou a mão na maçaneta, virando-se para a educadora – Tenha uma boa noite, senhorita McIntyre, e tome cuidado ao voltar para casa. – Dito isso, ele saiu e sumiu pelos corredores do edifício.

Becca meneou a cabeça positivamente ao ouvi-lo despedir-se, e o esperou desaparecer nas sombras. Pôs-se, desta maneira, a juntar seus materiais e por menos quisesse, sua mente iniciou uma viagem a esse encontro inesperado que tivera com o senhor Henry; mas tratou de colocar um fim nisso e deixou o aposento, trancando-o e desceu para despedir-se de seus colegas antes de ir embora.

Já na rua, a jovem não queria admitir, entretanto, a apreensão apossou-se de seu ser; a cada segundo olhava para trás a fim de ver se alguém a seguia. E dessa vez, ao olhar para frente, havia uma figura... Conseguiu apenas ver os olhos, intensos, arrebatadores.

Henry caminhava tranquilamente pelas ruas movimentadas de Durham, sentindo a brisa fria da noite resvalando em seu rosto; acendeu um cigarro apenas para entreter-se, enquanto pensava na moça e no que ela lhe contou. “Traduzindo manuscritos antigos”. De tudo que ela mencionou, aquela era a única novidade a respeito dela, e era digna de nota. Aliás...

O telefone do rapaz começou a tocar; prestes a atendê-lo, atentou ao fato de que Rebecca vinha na mesma direção em que ele encontrava-se, e acabou por rejeitar a ligação. Relanceou uma lâmpada próxima, desejando que a mesma se apagasse, e foi isso o que aconteceu, não queria ser visto. O aparelho de celular vibrava, mais uma vez ignorado. A professora deteu-se e seu rosto continuava imóvel, e Henry apenas a observava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aurora das Sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.