POV Renesmee

         Eu precisei me controlar para não sair imediatamente daquele apartamento. Encarava o homem confuso a minha frente com a cabeça pendida alguns centímetros para a esquerda, olfato de ter acabado de acordar parecia não o estar permitindo raciocinar. Então repeti a pergunta, de uma maneira mais clara.

          - O que Heidi Volturi quer com você?

          - Não faço a menor ideia!

          - Jacob Black, é bom me falar antes que ela chegue, antes que piore tudo pro seu lado. Eu já deixei claro que você tinha só uma chance...- ele me interrompe

           - Eu não fiz nada. Não sei o motivo dela esta vindo, nem sabia que ela estava novamente aqui. – ele se defendia. Alguém batia na porta. – Vou mandar ela embora. – ele disse se levantando.

            - Não. Ela veio até aqui, vamos ver o que ela tem a dizer.

            Jacob já ia saindo do quarto, e eu ia junto. Ele parou com o braço esticado na minha frente, percebendo como eu estava vestida – Nem a pau que eu vou abrir aquela porta com você vestida assim. – ele ralhou

            - Sai da minha frente, Black. – O empurrei, caminhando com passos firmes até a porta da sala e a abri. Dando de cara com Heidi, que segurava uma garrafa de vinho na mão. Pelo pouco que eu conhecia sobre vinhos, aquele parecia ser bem caro.

           Ela fez uma cara de espanto e desapontamento ao me ver ali parada a sua frente. Jacob veio por trás, passou seu braço pela minha cintura e meio que me puxou para dentro do apartamento, dando passagem para Heidi. Não deixei de notar que os olhos dela foram direto pro tórax exposto de Jacob, que vestia apenas uma calça de moletom cinza.

          - O que veio fazer aqui Heidi? – ele perguntou sem muito ânimo

           - Eu tive uma linda vitória essa tarde, chamei o Quil para comemorar, mas a garota com quem ele tá saindo ligou e ele me dispensou. – ela resolveu ignorar a minha presença e se sentou no sofá de Jacob, ao lado de onde ele tinha deixado as próprias roupas penduradas, colocou a garrafa de vinho na mesinha de centro. – Então eu pensei: talvez Jacob esteja disponível pra mim...

          - Como é que é? – quase gritei. Jacob que ainda estava com o braço na minha cintura me apertou ainda mais, tentando me conter. Beijou o topo da minha cabeça, tentando me acalmar. – Me solta, Jacob! Acho que estou sobrando aqui!

         - Solto nada! Heidi, por favor, fala direito e não me complica. A Nessie não entende o seu humor ácido – ele a advertiu. Ela riu de um modo zombeteiro.

           - Isso que dá se envolver com um alguém tão inseguro. Jacob, quando vai aprender que precisa de mulher como eu ou como a Dalila? Talvez as duas de uma vez...

      Aquilo foi a gota d’água. Dei um pisão no pé de Jacob, o que o fez me soltar e eu corri pro quarto a procura do meu vestido e minha sandálias, não ficaria ali nem mais um segundo. Ouvi os gritos de Jacob vindos da sala, expulsando a mulher desse apartamento e xingando horrores.

        - Nessie, onde você vai? Não pode sair por aí sozinha a essa hora – ele falava com a voz suave. Percebi o que parecia ser o resto da garrafa de vinho, todo o líquido e vidro espalhados na parede próxima ao aparelho de som de Jacob. Tá explicado o barulho que ouvi junto com os palavrões, vindos tanto dele quanto dela.

       - Vou embora sim! Eu aqui toda preocupada com você doente, e nem precisava ja que você já devia estar esperando a Volturi. – rosnei pra ele, tentando passar mas ele me bloqueava.

        - Não fala besteiras. Eu já disse que nem sabia que essa mulher estava aqui.

        - Só falta tentar me fazer acreditar que nunca transou com ela?! – ele não me olhou ao responder

         - Isso não vem ao caso. – foi o que ele disse.

          - Olha pra mim e fala que nunca transou com ela? Que nunca a trouxe para esse lugar só pra isso? – eu continuava sem resposta e isso fez meu sangue ferver, voltei a tentar afastar ele e dava alguns socos em seu peito, dessa vez ele me ergueu me segurando firme enquanto me levava de volta ao seu quarto.

          Jacob me jogou na cama com certa brutalidade, ficando sobre mim segurou minhas mãos com uma única mão dele acima da minha cabeça e com a outra segurou meu rosto para que eu o encarasse.

          - Me solta seu babaca! – rosnei

          - Me escuta. E eu prometo que te solto depois, mas me escuta.

            - Fala de uma vez seu imbecil! Cachorro!

             - Sim, eu já trouxe a Heidi e não só ela, trouxe outras também pra cá, isso não é novidade nenhuma pra você.

          - Tá explicado o motivo de eu não gostar de vir pra cá. Sua cama tá cheia de germes dessas vadias...

            - Para de se debater. Isso faz muito tempo, e se quer saber mesmo eu reformei meu quarto recentemente e troquei alguns móveis incluindo a cama, e a única mulher que já se deitou aqui foi você. Heidi veio até aqui buscando por um homem que já não existe mais, não estou dizendo que eu me tornei um santo, mas estou andando na linha e cumprindo o que te prometi, você é a única que importa pra mim. Eu te amo, acredita em mim, por favor.

        Parei de me debater, ele afrouxou o aperto e eu saí de debaixo dele, ficando sentada na ponta da cama. Ele se sentou por trás de mim, colocando uma perna de cada lado do meu corpo. As lágrimas teimando em sair.

             - Você é a pessoa mais importante da minha vida hoje, jamais faria algo pra te magoar. Muito menos um vacilo como esse, eu sei bem onde piso e o que eu faço.

           Palavras bonitas, mas sua última frase me deixou em alerta. Ele escondia algo?!

           - Agora, que entramos nesse assunto me diga : por qual motivo você ainda tem uma pulseira com o nome do seu ex guardada na sua caixinha de joias?

            - Recordações- respondi áspera, obviamente menti mas queria que ele sentisse um pouco do que eu estava sentindo também.

             - Recordações? Você fica recordando os bons momentos que teve com ele? – senti o corpo de Jacob tensionar e soube que havia atingido da maneira que eu queria.

              - É, Riley era um bom...

              - Pelo bem da minha saúde mental, Renesmee Cullen não termine essa frase!

               - Ué, achei que estávamos falando sobre as pessoas que pegamos e que de um jeito ou de outro fazem parte das nossas vidas.

          Jacob pareceu entender o que eu estava querendo fazer, entendeu que eu queria que ele sentisse ciúmes como eu senti agora a pouco.

               - Nessie, eu quero a verdade, por qual motivo você se afastou de mim durante esse mês? E não vale falar.da faculdade.

               - Simples, eu precisava de um tempo sozinha. Sem que ninguém interferisse, ou que ninguém fosse ficar magoado com as minhas decisões. Muita coisa vem acontecendo comigo nesse último ano. Eu fiquei confusa e precisava pensar.

               - Você ainda me ama, Nessie?

               - Mais do que a mim mesma – respondi com sinceridade. – E isso não é exatamente uma coisa boa.

               - Então, estamos no mesmo barco pois eu também te amo mais do que a mim mesmo. Renesmee, quando seus pais voltarem dessa viagem, eu vou te pedir em casamento e espero sinceramente que esteja pronta para me dizer um sim até lá. Eu te quero como a minha mulher.