Entre o Céu e a Terra escrita por Helgawood


Capítulo 13
Capítulo 13




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Naquele dia vestiu os trajes típicos de Olmak, e saiu logo de manhã com Nida para andar pelo palácio. Não havia nenhum compromisso, não por enquanto, e aproveitaria o tempo de sobra para se acostumar com o local.

— Poderíamos descansar num daqueles pavilhões perto do rio. — Sugeriu Nida. — Ou simplesmente voltar para seus aposentos e descansar.

Muna olhou-a de relance e revirou os olhos.

— Não entendo seu medo. — disse. — Somos convidados de honra.

— Se pensar bem, prisioneiros também são convidados de honra. — respondeu ela.

— Pelo menos não estamos em um calabouço ou acorrentadas em parede. — gracejou.

— É, estamos em um palácio de um reino inimigo — arqueou as sobrancelhas. — O que é bem pior!

Muna a ignorou e continuou a andar pelo corredor externo. O palácio era bonito, extremamente exuberante e desnecessariamente cheio de edifícios e corredores que levavam a diversos lugares. Era fácil se perder por aquele emaranhado de prédios, pavilhões e pontes.

Por isso, ao chegar em um pátio aberto, Muna não sabia por qual caminho ir ou como voltar.

— Perdidas? — A voz grave e alta surpreendeu as duas mulheres. Nida olhou assustada para o homem alto no patamar da escada.

Mas, diferente da dama de companhia, Muna o olhou surpresa e sorriu.

— Kin Gaku — disse alegremente, ao reconhecê-lo. — é bom revê-lo!

O homem alto de trajes brancos e nariz suíno cruzou os braços.

— Ainda lembrar meu nome? — soergueu uma das sobrancelhas, surpreso.

— Não esqueceria tão facilmente o nome daquele que salvou minha vida. — Ela colocou a mão no peito e fez uma reverencia. — Eu lhe agradeço profundamente. Esperou poder retribuir um dia.

O gigante olhou-a longamente e deu um sorriso de canto.

— Se quiser poder fazer isso agora.

Nida puxou o ar pela boca e o olhou indignada.

— Como ousa, seu pervertido?

— Nida! — censurou Muna. — Kin Gaku é um amigo. Bom, como gostaria que eu retribuísse?

O gigante deu um sorriso largo, desceu as escadas com passos pesados e inclinou a cabeça para encarar Muna.

— Quero ver como se sai usando isso aí — desviou o olhar para a bainha em sua cintura. — Que deveria ser do meu príncipe.

Muna levou a mão ao cabo da cimitarra e a apertou.

— Aqui e agora? — indagou séria.

— Há uma área de treinamento logo ali. — disse, virando nos calcanhares. — Me siga.

Muna já ia o seguindo quando foi impedida por Nida, que agarrou seu pulso.

—Este é apenas seu segundo dia em Kou e já vai duelar com um dos subordinados de um dos príncipes?

A princesa sorriu, despreocupada.

— Não é um duelo, Nida, é apenas uma retribuição.

A área de treinamento era um pátio aberto e amplo. Muna tinha em mente que sua luta com Kin Gaku só teria a dama de companhia como espectador, mas o pátio estava abarrotado de homens suados em pleno treino.

 Kin Gaku andou no meio deles despreocupado, interrompendo as atividades daqueles soldados. Rodeado por eles, apontou o dedo em direção a Muna.

— Homens! — chamou com sua voz retumbante. – Vocês estão diante de uma princesa convidada, onde está a educação de vocês?

 Simultaneamente todos se curvaram e a saudaram.

Kin Gaku riu.

— Hoje ela vai retribuir uma gentileza minha com um duelo. Devo ser gentil com a nossa convidada?

Os homens riram fazendo comentários pouco apreciativos. Preocupada com a situação Nida olhou para princesa, que a ignorou. Muna removeu seu gorro, deixando as tranças soltas e com a mão no punhal de sua cimitarra desceu as escadas para o pátio.

— Que cavalheirismo em se preocupar comigo, Kin Gaku, mas não precisa ser gentil. — Removeu sua cimitarra da bainha. — Porque eu não serei.

Os homens exclamaram surpresos e Kin Gaku sorriu. Uma espada foi entregue a ele.

 Ambos tomaram distância favoráveis um do outro.

— Quando quiser...

Muna correu em sua direção fazendo as espadas se chocarem. Kin Gaku observara que princesa tinha muita habilidade com aquele tipo de espada pesada. Sua agilidade o obrigava a saltar para traz para que se defender e contra-atacar

Kin Gaku se aproveitou de um momento de deslize da princesa e lhe deu uma rasteira que a fez cair de costas no chão. Nida gritou desesperada em meio a algazarra masculina que ria e incentiva Kin Gaku a atacar.

A princesa se ergueu do chão irritada e cuspiu. Levantou a cimitarra sobre a cabeça e gritou:

—Espírito da abundância e das sombras... Tu, que pode dar poder aos reis, use meu Magoi e me conceda um poder maior. Apareça Seire!

Muna foi engolida por uma nuvem negra, deixando todos perplexo.

A princesa surgiu com seu djinn equip. Seu cabelo estava solto, esvoaçante, com um diadema dourado com a figura de uma cobra no alto. Ombreiras feitas de ouro desciam por suas costas e braços como longas penas de uma asa. Trajava um vestido branco diáfano. Seus braços e pernas estavam enfeitados com pulseiras de ouro.

Como anteriormente, a lâmina de sua cimitarra estava escura e nuvens negras saiam dela.

— Estou vendo que é cheia de surpresinhas. — comentou Kin Gaku com deboche.

Muna deu um sorriso debochado.

— Porque não vem ver se tem mais.

O pátio ficou agitado com exclamações empolgadas, enquanto Nida inutilmente tentava repreender sua dama.

Kin Gaku atacou Muna, mas antes que sua espada a atingisse, ela sumiu. Não demorou para que ela surgisse no chão, saindo da sombra de seu adversário e o atacando por trás. O gigante cambaleou, mas logo se aprumou.  Jogou a espada no chão e pegou seu cajado com a ponta de meia-lua da mão de um soldado e pronunciou:

— Venha, família nascida de Phenex. Eu consagro meu corpo a você, torna-se um comigo!!

Dita tal frase, a aparência de Kin mudou. Ele se tornou maior e mais forte. Muna recuou alguns passos para trás, assombrada, e mergulhou nas sombras quando as mãos grande e gorda de Kin veio para cima dela.

Saltou de novo para superfície.

Alzilu Alraqs! — gritou, apontado a espada em direção a Kin. Da lâmina, sombras saíram preguiçosamente e tomaram formas humanoides.  Ao total era dez que correram em direção ao gigante e pularam sobre ele.

Muna aproveitou a distração criada e atacou Kin com sua espada, desferindo um corte que ecoou com uma sombra negra. A sombra o acertou na barriga e o lançou contra parede. As formas humanoides dissiparam com o impacto.

— Não vá cantando vitória antes da hora — disse ele, apoiando-se no cajado para pôr-se de pé.

Correu com toda velocidade em direção a garota. Muna correu até a sombra de uma parede e lá se escondeu. Enquanto pensava em um meio de contra-atacar, algo chamou sua atenção.

 Uma pequena borboleta preta passou por ela. Seguiu-a com o olhar e olhou espantada para o garoto em pé sobre o telhado do prédio. Ele estava rodeado por elas.

Distraída com a presença de tal garoto, Kin agarrou seu braço deixando para fora da sombra e a erguera no alto.

— Que feio, passarinho. — Riu. —, achei que sabia voar.

Muna o encarou, séria.

— Eu ainda não perdi. — Ele apertou o braço dela com força. — Argh. Me solta!

 — Se assim quer...

— Kin Gaku! — a voz estoica e autoritária chamou a atenção de todos. Muna teve que se dobrar para ver quem o chamava e ficou branca ao ver os príncipes Kouen e Koumei. — Solte-a.

O gigante olhou para Muna e deu um sorriso sinistro.

— Ele mandou.

A primeiro momento a garota não entendeu, mas ao se ver livre da mão de Kin soltou um grito ao cair em queda livre. Ao se chocar no chão imediatamente todos a rodearam, preocupados, mas a princesa estava bem. Nida ajoelhou-se em frente a ela.

—Pelos deuses, Muna, isso foi uma loucura!

A garota deu de ombros.

— Eu estou bem...

Apoiada dos cotovelos, Muna ergueu o olhar para o prédio e ainda encontrou o garoto ali, mas sem as borboletas.

— Quem é ele? — perguntou, indicando com a cabeça. A dama de companhia o olhou.

— Não sei, senhorita. — Ela estendeu-lhe a mão. — Venha, levante-se.

Pôs-se de pé e desfez de seu djinn equip. Kin Gaku aproximou-se dela agora em seu tamanho normal.

— Pelo jeito ninguém ganhou. Uma revanche?

Muna deu um sorriso de canto.

— Talvez.

A princesa agradecia as parabenizações e os elogios dados pelos soldados, quando Nida lhe lembrou que os príncipes de Kou ainda estavam ali.

Subiu as escadas e os reverenciou. A dama de companhia ficou ao seu lado de cabeça baixa.

— 1° príncipe — disse. — 2° príncipe. Eu peço desculpas se causei algum problema ao lutar com Kin Gaku.

— Mulheres — resmungou Kin, revirando os olhos. Ele pôs a mão sobre os ombros de Muna. — Você acha mesmo que eles se importam?

Muna os fitou. Príncipe Kouen tinha o semblante impassível e Koumei, de sono.

— Mesmo assim eu peço desculpas.

Koumei bocejou.

— Era você na dungeon, não era?

Por alguns instantes, Muna hesitou em responder com medo do que aquela pergunta poderia levar.

— Sim, alteza.  — Respondeu. —E sou grata por teu subordinado ter me ajudado.

— Kin Gaku é subordinado do meu irmão — disse e apontou com a cabeça para o irmão mais velho. — Agradeça a ele.

Muna mirou os olhos rubros do primeiro príncipe e o reverenciou como forma de agradecimento.

— Novamente peço desculpas pelo meu ato irresponsável. E agradeço profundamente.

Koumei abriu a boca para bocejar.

— Que tedio! – resmungou ele. — Ao invés de ficar se desculpando, por que não me desafia?

— Desafiar você? — Perguntou incrédula. Nida puxou a manga de sua túnica, num aviso silencio para que saíssem imediatamente daquela situação. — E... eu receio que não, príncipe Koumei.

 — Então a mim. —Kouen disse, de repente.

Muna o olhou embasbacada e negaceou veemente. Não desejava e não podia lutar com nenhum dos dois pois estava ali para tentar manter as relações neutras entre os dois reinos, para impedir um futuro avanço de Kou sobre Olmak.

Koumei deu ombros e disse:

— Então está marcado: vamos lutar amanhã antes do pôr do sol, neste mesmo local.

Dito isso, o príncipe saiu junto com irmão mais velho. Muna olhou assustada para Nida e Kin Gaku, que ria de sua expressão.

— Que maravilha! vai enfrentar o príncipe Koumei. — disse o gigante.

Nida colocou a mão sobre o braço de Muna.

— Não se preocupe, alteza, vou arrumar suas coisas para partimos hoje mesmo.

Kin riu em pleno pulmões enquanto Muna pensava no que fazer.


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