Desarmonia: Os 4 deuses da Harmonia Livro 1 escrita por Alice P Shadow


Capítulo 4
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

Queria agradecer todo o carinho e amor dos comentários que recebi! É muito importante pra mim ♥



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A sala que entraram para o início da cerimônia estava completamente vazia. As paredes e o chão de mármore branco pareciam deixar o ambiente ainda mais frio e sem vida. Opala caminhou em silêncio junto dos outros jovens, ainda com os pensamentos na despedida que teve com sua mãe. Tinha algo errado. Ela podia sentir pela forma do abraço das duas que alguma coisa não estava certo.

— Sentem-se, por favor. – A voz da sacerdotisa ecoou pelo ambiente, tirando Ecclair de seus devaneios – No chão mesmo. Andem, não temos o dia todo.

Com alguns murmúrios e reclamações, todos se acomodaram no chão. Formou-se então um círculo em volta da sacerdotisa, que se pôs no centro do salão. Era possível ouvir alguns cochichos enquanto Âmbar começava a se sentar. Ela segurava uma espécie de planta azul que nenhum deles conhecia.

— Eu tô com sono. – Um garoto ao lado de Opala sussurrou. Ela podia ver os olhos dele piscando lentamente, até que se fecharam. E ele dormiu.

Só então ela reparou que a Sacerdotisa estava cantando enquanto triturava a planta. Um a um, cada garoto e garota começava a apagar. O olhar de Opala se encontrou com o de Lynn e de mais outra garota que permanecem acordadas. A voz da mulher percorria todo o ambiente em um tom sereno, melancólico e místico. Uma fumaça azul começou a sair do pote que segurava, que se espalhou pelo cômodo, cobrindo as paredes, o chão, e a própria Âmbar. Tossindo, Opala sentiu a garganta fechar. O ar não passava por seus pulmões. Ela fechou os olhos com força, tentando respirar fundo, mas o ar lhe faltava. Se levantou cambaleante, abrindo os olhos e puxando o ar pela boca, finalmente conseguindo respirar. Sua respiração estava ofegante e suas mãos tremiam devido aos segundos sufocada. A fumaça agora havia se tornado uma névoa espessa que cobria tudo. Ela não enxergava nada.

— Gente, vocês estão aí? O que aconteceu? – Sua voz saiu vacilante, meio baixa, e ninguém a respondeu.

A voz da sacerdotisa, arrepiante, finalmente se calou. E o silêncio sepulcral era a única coisa que Opala podia ouvir. Os olhos de Ecclair tentaram se ajustar à névoa, mas não conseguiu ver nada mesmo com seus esforços. “O que está acontecendo?”. Seu coração batia feito louco e suas mãos estavam tão frias que pareciam formigar. Ela começou a dar passos para trás. O plano era buscar a parede, tatear até a porta e sair dali. “Onde está a maldita parede?”.

— Onde eu estou? – Sussurrou sozinha, só então entendendo que estava em qualquer outro lugar que não fosse o Templo. – Magia. Isso é magia. – Concluiu para seu próprio desespero.

Ela engoliu em seco, apertando nervosamente as próprias mãos, ansiosa, e começou a andar de forma desesperada pela névoa. Os passos eram rápidos. A temperatura parecia cair a cada segundo. Era como se uma brisa gélida e suave deslizasse por sua pele, arrepiando os pelos do seu braço.

— Ecclair… – Ouviu uma voz em meio a neblina sussurrar o seu nome. Como se a chamasse. – Por aqui, Ecclair.

A voz se tornava mais baixa a cada repetição. Reunindo toda a coragem que não tinha, a jovem se pôs a andar na direção de quem a chamava. Conforme seus pés se moviam, mais difícil era se mexer. Pequenos flocos de gelo começavam a se formar ao redor de sua pele, como a geada na grama após uma noite fria. Seus dentes tremiam sem parar e sua tentativa de se abraçar, esfregando os braços com as mãos, não estava surtindo muito efeito.

— Argh, água. – Um resmungo escapou de seus lábios assim que seus pés atingiram a água. Ela possuía um tom escuro e forte. A névoa não chegava a tocar nela. – Se eu não estivesse com tanto medo, eu já tinha mandado essa merda de Troca ir tomar no- – A frase ficou inacabada assim que os olhos de Opala encontraram aquilo à sua frente.

Havia o corpo de um animal no meio da água. Ao seu redor, uma mancha vermelha começava a se espalhar até chegar aos pés dela. Seu estômago embrulhou na hora. O cheiro de ferro ficava mais forte e Opala começou a dar passos para trás. Do sangue, algumas rosas vermelhas começavam a crescer próximas do corpo do animal. A pelagem branca, do que parecia ter sido um lince ou outro felino, estava manchada com o mesmo vermelho da água. Ele parecia ter sido atacado e morto não fazia muito tempo.

Ou seja, quem o matou ainda estava por ali.

— Ecclair. – A voz ecoou de novo, ainda mais forte, e Opala teve que engolir em seco. 

— Eu preciso sair daqui. – Falou baixo, desesperada.

Forçou os pés a caminhar novamente, a barra do seu vestido ficando encharcada com o líquido vermelho. Ela tentou não vomitar ao passar pelo animal e seguiu em frente. Seus olhos ainda não haviam se acostumado com a névoa, então, sua estratégia era olhar para água e seguir o som da voz.

— O que foi isso? – Sufocou o grito quando um vulto passou rasgando a névoa, passando na sua frente e indo em direção à esquerda. Ela arregalou os olhos, engoliu em seco e continuou a caminhar para frente. 

A respiração da garota ficou mais pesada e constante, revelando o medo que a cercava da cabeça aos pés. Mas a voz parou de a levar adiante. Ela a chamava da esquerda, por onde o vulto havia ido. Engolindo o choro, Opala começou a caminhar naquela direção. O ser que passou por ela, havia literalmente cortado a névoa, fazendo com que um corredor se formasse, e Ecclair seguiu o caminho todo em silêncio Conforme andava, rosas vermelhas cresciam nas bordas, saindo de dentro da água. As rosas a acompanhavam. Era sombrio e aterrorizante.  Até que, depois de um tempo caminhando, ouvindo apenas o barulho de seus pés na água, saiu em uma espécie de cúpula. E no centro dela, havia armas.

— Definitivamente a espada. – Lynn comentou. Estava sozinha ali, falando sozinha enquanto escolhia uma. – Ah, a ruiva. Olá. 

— Olá. – Murmurou, sentindo uma parte de si relaxar quando encontrou alguém familiar – Você viu… algo passando por você?

— Passando por mim? – A expressão da garota era confusa. Apenas pegou a espada e a segurou com firmeza. – Nada, acordei nesse lugar. Fiquei um tempo decidindo entre a espada, a lança ou as adagas. Com certeza isso aqui é um daqueles testes de personalidade. Vem, escolhe a sua. 

Opala se aproximou lentamente. Lynn estava dando uma olhada na espada. A tirou da bainha e a manuseou com facilidade, como se já estivesse acostumada a lutar. Talvez fizesse aula de esgrima. Mas a garota desviou o olhar da arma assim que ouviu um barulho. 

— Ouviu isso?

— Na verdade não. – Opala sussurrou, o corpo gelando novamente de medo. Sem pensar muito, pegou uma adaga e se aproximou de Lynn, uma ficando de costas para a outra. – O que ouviu?

— Um grunhido. Parecia um monstro. 

— Até agora só escutei gente chamando meu nome. 

— Você viu a Laria quando estava vindo pra cá?

— Quem?

— A garota que estava acordada naquela hora. Nós duas surgimos aqui. Mas ela pegou um arco e flecha e entrou na névoa. 

— Só achei você. 

— Acho que esse teste de escolha de arma não era só de personalidade então. 

Um grito feminino ecoou e as duas dispararam a correr pra dentro da névoa, desesperadas. Deveria ser a tal Laria, Opala pensou. 

— P-por favor, não me machuque. P-por favor… – A garota de cabelo castanho estava jogada no chão, o vestido vermelho aos trapos. – P-por favor…

Os olhos estavam arregalados de pavor, e então, toda a névoa se dissipou, revelando todo o ambiente. Era tudo muito claro, como se todas estivessem em uma grande tela branca. Não era possível decifrar o que era chão, horizonte ou o possível teto. E assim, algo captou a atenção delas. Um monstro grotesco, feito de sombras, caminhava lentamente até a garota. Seus olhos eram vermelhos. As garras que antes eram apenas um emaranhado de sobras, ficaram sólidas. Opala pôde ver que eram afiadas o suficiente para destroçar a garota em questão de segundos.

— Ei monstrengo, por que não luta com alguém do seu tamanho? – A nobre Fiori correu até Laria e ficou entre ela e o monstro. Os olhos o fulminavam. Ela nem tremia. A coragem da garota era de outro mundo. – Tá com medinho? Porque eu vou acabar com você.

E antes que o monstro atacasse, Lynn avançou para cima dele com a espada em punho. Ele pareceu confuso com o ato súbito de coragem, porque não desviou a tempo do ataque e recebeu um corte na mão materializada. Um sangue tão escuro como lodo escorria do ferimento. Ele uivou de dor e raiva. Partiu para cima da garota. Num ato rápido, Fiori pegou o arco e flecha de Laria no chão e disparou contra o monstro, o acertando em cheio em outra parte que se materializava para a atacar. Ela parecia estar no seu ambiente de conforto. Desviava, atacava e o dominava com facilidade. Levava alguns ataques no percurso, o que a rendeu um arranhão gigantesco no braço, que teve que estancar, rasgando um pedaço do seu vestido.

Aliás, era surpreendente que ela fizesse isso usando uma roupa longa como aquela. 

— Faz alguma coisa, ruivinha. Tira ela daqui! – E só com essa ordem que Opala acordou para a vida e correu até a garota no chão. – Anda logo, eu só estou atrasando essa besta.

— Você tá legal? Onde se machucou? – Opala questionou, se aproximando com agilidade de Laria. Viu alguns cortes, mas nada muito grave.

— Eu torci o pé. – Gemeu ao ser levantada pela outra garota, apoiando o braço ao redor do seu ombro – Aquele bicho… surgiu do nada junto de outro. 

— Onde está o outro?

— Eu matei. – Sussurrou, o corpo ficando frio conforme a temperatura baixava – O segundo era mais forte. Não deu para… Pelos deuses.

— Laria? — Ecclair arregalou os olhos quando a menina começou a tremer, e então, uma névoa azul se aproximou das duas e envolveu a moça do vestido vermelho. Quando a névoa se dissipou, Laria não estava mais lá. 

— …ela foi escolhida. – Opala sussurrou, a conclusão elucidando sua mente no mesmo segundo. Opala disputava agora a última vaga com Lynn. Era isso. Quem derrotasse o monstro, seria escolhida.

E um sorriso discreto percorreu os lábios da jovem. Tudo que precisava fazer era deixar Lynn resolver o inconveniente sozinha. Um suspiro de alívio a percorreu, e, num ato que poderia ser considerado traição, a garota deixou que Fiori lidasse com o monstro sozinha e caminhou na direção oposta do combate. 

Ela ainda segurava sua adaga perto do corpo, e chegou novamente na cúpula de armas. Agora rosas vermelhas cresciam entre as lanças, dardos, machados e outras armas, tomando todo o lugar como se o devorasse. Opala desviou o olhar e seguiu em frente, tomando um caminho que não havia ido antes. Tudo que precisava fazer era se afastar. E logo, estava dentro da barreira de névoa novamente. 

Seu coração batia forte, mas não tanto agora. A adrenalina que percorria seu corpo a ajudava a se manter em frente e ela se agarrou a aquela sensação para não desistir. 

Conforme andava, a névoa parecia ficar mais pesada, como se comprimisse seu corpo. Era difícil de respirar. Ela tossiu e seguiu em frente, até que escutou um barulho de asas, sua cabeça se virando na direção do som. Ela seguiu então o barulho, até que surgiu em um canteiro de rosas vermelhas. E seu estômago revirou novamente. "Eu definitivamente não deveria ter lido na carruagem. Já quase vomitei umas três vezes nos últimos minutos."

Bem no centro do canteiro, havia uma gaiola lacrada com uma águia. Mas Opala havia escutado asas voando. Poderia ser outro bicho, mas não era. Opala sabia que veio daquela águia. Ela não entendia como, mas podia sentir.

— Você não está presa, não é? – Comentou, dando um passo para dentro do canteiro. As rosas se mexeram, dando espaço para que seu pé pisasse no chão branco, sem água. – Estou indo aí, e se me bicar, saiba que eu tenho uma adaga. 

Apesar da ameaça, a garota segurava a arma ainda coberta pela bainha. O máximo que faria era sair correndo. Mas a águia não fez nada, ao contrário, apenas encarou Opala enquanto ela abria a gaiola. O bicho e a humana se encararam por longos segundos, até que a garota se levantou repentinamente e saiu correndo.

— Merda, merda, merda! – Gritou consigo mesma, o barulho das asas começando novamente. Opala havia visto. Os olhos eram os mesmos. Aquela porcaria de ave se transformaria num monstro. O mesmo que lutava contra Lynn. – Corre, Opala, CORRE! 

O grito ecoou e Opala correu como nunca, sentindo que algo a observava entre a névoa. Ela estreitou os olhos enquanto corria, uma luz verde começando a se formar em meio ao nevoeiro. Quando o barulho das asas pararam, Ecclair parou de correr, ofegante, e se encontrou em um círculo vazio. Sem névoa. Sem nada.

— Ecclair. Finalmente. – A voz agora era mais vívida, palpável. A mesma que a chamou assim que acordou naquele ambiente. E Opala se virou num movimento rápido, se deparando com um monstro ainda maior do que o que Lynn lutava. Mas esse não parecia querer atacar. Ele tinha uma forma grotesca feita de sombras, mas, os olhos eram verdes como a mais pura esmeralda. – Bem a tempo do seu teste.

— Eu não sei lutar. 

— Não, não sabe. – O monstro caminhou a sua volta, a forma assumindo algo que parecia um felino gigantesco, como aquele que viu morto na água minutos atrás – Mas não é só esse tipo de teste que existe por aqui. Te escolhi como uma das finalistas por um motivo. 

— Eu não quero. Eu desisto. Jogo a toalha.

— Ecclair, não seja covarde. – A voz dele ecoava no cérebro dela. Ele não falava de verdade. Era como se fosse uma espécie de telepatia. – Você anseia por mais. O vilarejo é pequeno para você. Seu coração implora por algo diferente há anos.

— Você não me conhece.

— Não. Não conheço. Mas te acompanho bem de perto. Todas as candidatas, na verdade. Mas há algo em você. E em Laria. E Lynn. 

— Todos os nossos nomes possuem a letra L? – Arriscou, fazendo uma piada de nervosismo – Desculpe, estou com medo.

— Não seja tão sincera com um monstro que poderia te devorar. 

— Você não vai.

— Não? – A coisa se aproximou, parando bem a frente dela e curvando a espécie de cabeça felina até ficar próxima dela. Os dentes a mostra, pronto para a devorar em uma única mordida. 

— Já teria feito isso se quisesse. – O coração dela batia mais forte do que nunca. Se fosse ter um ataque cardíaco, o momento era agora. – Você é ele, não é? O Seletor.

— Você é inteligente. – Concordou, a voz suave. – Você viu as flores vermelhas quando ninguém viu. Elas estavam espalhadas por todo lugar, sabia? Assim como enxergou e sentiu a água. As outras duas nem se lembram de estarem em outro lugar fora a sala de armas. Também viu que a águia estava solta. E mesmo assim a soltou. Percebeu também que era um monstro transmorfo. E é por isso que eu te escolho, Opala Ecclair. Porque você enxerga além do que vê.

Um calafrio percorreu a espinha dela. Mas toda a sua atenção mudou quando um vento forte começou. Uma fenda começava a ser aberta naquele cenário branco. O contorno em formato de losango brilhava, e uma chama azul radiou dali. Opala sentiu sua garganta fechar e o ar parar por um segundo. Seu cabelo balançava com a força do vento e ela tentou tampar um pouco a luz para ver o que passava pela fenda. O monstro rosnou e colocou uma pata da frente da garota, permitindo que ela voltasse a respirar e que o vento não a sufocasse.

— Você não levará minha filha. – A névoa e a luz tremeu de repente, um espectro branco surgindo no formato da Sra. Evelyn no centro da fenda. A voz ecoou como se estivesse distante, distorcida, frágil. Mas presente. Inconfundível. – Eu invoco o benefício da Rosa Sagrada. 

— Mãe? Mãe! – Opala correu até o espectro, o coração disparado, ignorando a ventania, conseguindo respirar com dificuldade. Sua mãe havia roubado uma das Rosas Sagradas? Aquilo era a mais alta traição em Bonavida. – N-não! Mãe, eu posso me virar, não deveria…

Uma rosa branca se materializou e pousou na mão de Ecclair assim que ela encostou no espectro. O cabo verde cresceu e se enroscou no seu pulso e braço, os espinhos fincando em sua pele. A garota gritou de dor enquanto a rosa entrava em sua pele, até que nada mais restou na superfície. Uma marca num tom mais escuro, queimado, ficou como cicatriz no formato da flor na palma de sua mão, enquanto o braço ficava enroscado pela parte caule e espinhos. O monstro olhava a cena atônito. 

— Isso é uma punição grave, senhora. – Ele comentou, a voz saindo mais demoníaca que o normal – E você será levada presa no Mundo Acima pelo seu crime de roubar uma Rosa Sagrada. Quando a sua filha, creio que conseguiu. Ela não virá conosco. 

No mesmo segundo, um grito monstruoso ecoou ao longe. Lynn havia finalizado seu próprio desafio. E agora já deveria estar no Infinito. Ou "Mundo Acima", como o Seletor havia falado.

— N-não! – Opala suplicou, as lágrimas em seus olhos, segurando seu braço machucado com a mão livre – N-não, por favor. Deixe minha mãe fora disso! E-eu vou. Ela não. Ela tem tudo aqui. 

— A escolha foi minha. Eu irei no seu lugar, você tem… um futuro. Um mundo pra conhecer.

— Não! – A garota gritava, correndo até o monstro, um bolo se formando na sua garganta. O vento ficou mais forte e poderoso. O especto da mãe dela começava a sumir. – Me leve com você. Eu faço o que você quiser. Eu vivo lá o tempo que desejar. Só não leve minha mãe. Não a prenda e não a machuque. P-por favor. 

Opala caiu sentada no chão, chorando desesperada, o cabelo ruivo cobrindo seu rosto. O Seletor olhou a situação. Não havia o que fazer. Deveria levar a mãe da garota. A não ser que Opala renunciasse a vida humana. Ela nunca mais poderia voltar. Nem mesmo quando ele restaurasse a Cerimônia ao normal. 

Parecia que horas haviam se passado em segundos. E em um movimento de mão, ele fez o espectro de Evelyn sumir e direcionou a atenção a Opala.

— Levante-se. – Pediu e direcionou a mão animalesca até ela, levantando seu queixo com a ponta de uma de suas garras, olhando em seus olhos que insistiam em derramar lágrimas – Eu te dou a escolha. Você decide. Se decidir vir comigo, não poderá voltar. Nunca mais.

— M-mas… minha m-mãe…

— Ela será presa se vier. Cometeu um crime ao roubar uma dessas rosas. Você não imagina o que ela te fez, Opala. Nem você imagina o que aconteceu. Elas ficam escondidas por um motivo. Mesmo que fique na terra, sua vida não será a mesma agora que possui algo tão antigo dentro de sua carne. 

— Não existe escolha, Seletor. – Ele sussurrou, ainda chorosa, se levantando devagar, apoiando a mão na sua e se levantando atordoada – Eu vou com você. Não há outra opção pra mim. Nunca.

— Muito bem. – Ele soltou sua mão assim que ela conseguiu ficar em pé e deu passos para trás. A ventania se acalmou, e a fenda começou a se fechar. – Laria não irá ao infinito. – A voz dele ficou ainda mais séria, e a garota do vestido vermelho surgiu desacordada no chão. – Não posso levar mais de duas. E ela foi a única que quase não cumpriu o desafio. Te vejo no Mundo Acima, Opala Ecclair.

E então, a névoa azul envolveu a garota, que fechou os olhos e perdeu o ar novamente. Só que dessa vez, ela apagou.


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Notas finais do capítulo

Conto com os comentários de vocês pra me dizer o que estão achando ♥



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