Quelíceras escrita por Shalashaska


Capítulo 3
Medos




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Ser pai nunca havia sido um desejo de longa data seu, nem mesmo pela estranha obrigação social ao ultrapassar os trinta anos. Simplesmente não era o que ele imaginava que queria, precisava ou deveria ser, pois sua família era péssima e ele não se imaginava constituindo a sua. Só por acidente, quem sabe — e ele tomou cuidado com casos antigos. Então era difícil explicar o que ele sentiu ao assistir uma versão de si mesmo ser tão continuamente alegre enquanto pai. Era uma experiência fora de seu corpo, ao mesmo tempo uma experiência tão sua. Miguel conseguia se ver como o outro Miguel. Até sorria vendo coisas tão tolas, como Gabriella pedindo ajuda para vencer uma fase no videogame portátil e Miguel levando um bom tempo para conseguir. Quando as imagens se encerravam nas telas alaranjadas em seu universo e ele era obrigado a se envolver em outras tarefas, seu coração voltava a ser oco.

Uma situação complicada de se traduzir em palavras. Não tratava-se de inveja pelo outro Miguel, talvez só um pouco. Era a mistura de “Por que eu?” e “Por que não eu?”, duas questões retóricas lançadas ao ar, cujas respostas ninguém daria e que ele temia ouvir, de todo modo. Era dor e só. Não queria definir mais, mesmo que tenha se justificado para Lyla. Em muitos sentidos, Miguel era mais um homem de ação do que de palavras. 

Naquele instante, sua mente vagava por essas lembranças de outrora, mas seu coração batia morno por saber que em breve estaria em casa. E quem sabe logo se sentisse totalmente em casa, sem vislumbrar a incômoda consciência de que não, não estava.

O ambiente de trabalho na Apotena era tranquilo e ele poderia parabenizar quem fosse responsável pelo projeto arquitetônico: a cor era majoritariamente branca, mas não tão branca para não cansar os olhos de quem passasse horas no laboratório. Os revestimentos das paredes e os pisos eram de fácil limpeza, assim como os móveis. E por fim, além da organização clara, os detalhes em verde musgo tornavam o ambiente agradável mesmo com a luz de lâmpadas frias. 

Era um bom lugar para trabalhar e havia uma dose de satisfação em perceber que seu expediente era gasto na solidão na maior parte do tempo. Pelo vidro, ele podia ver as outras pessoas passando e conversando, podia ver o trabalho de colegas e até ouvir um pouco abafada a playlist que escutavam. Porém, como responsável pelos registros de projetos em andamento e fiscalização de amostras, insumos e análises, Miguel precisava de concentração e quietude: Aquela parte do laboratório era praticamente sua. Perfeito. Sua função baseava-se em processos metódicos e até repetitivos, tanto que sua experiência como geneticista da Alchemax extrapolava os requisitos de seu novo emprego.

Era uma experiência nova ter que se ocupar com algo majoritariamente fácil. Permitia que seus pensamentos vagassem — felizmente, para direções serenas, como o final de semana com Gabi. Ah, se alguém pudesse flagrá-lo! Mal seria reconhecível com aquela expressão amena. Ele jogou com Gabi um game de dança na sala, ajudou-a pintar as unhas e estava, naquele momento, ainda com as unhas dos mindinhos coloridas de roxo. Ele cozinhou, lembrou-a de preparar a mochila para a escola, e foi chamado de papá ao menos trinta vezes em dois dias.

Uma doce exaustão.

Miguel tinha se encantado com a ideia de uma realidade assim quando viu as cenas daquele mundo, como Gabi era ótima e o outro Miguel era feliz, apesar do trabalho monótono e a vida nada empolgante. Ele imaginava que jamais se enjoaria daquilo.

Mas o problema de deixar os pensamentos vagarem é a inevitabilidade de esbarrar em quinas pontiagudas. Ele pensava em sua menininha. E em como ela ficaria sozinha se não fosse…

Um lampejo laranja surgiu no seu ombro, interrompendo os devaneios.

 — Cuidado com a próxima gota.

— Lyla! — Ele quase estragou a contagem da solução no phmetro. Quis exclamar, brigar e acabar mostrando os caninos no processo, mas fez um esforço para respirar fundo ao conversar com sua tão atenciosa e enxerida assistente. — Lyla. O que eu disse sobre se comunicar em notificações no relógio?

Ela só se espreguiçou e pulou do ombro para a bancada.

Nah, somos só você e eu. Sem riscos. Como foi com seus colegas hoje?

— Satisfatório. —  Miguel não tinha intenção de engajar muito na conversa, mas manter o foco no seu serviço enfraqueceu seu ímpeto de resistir ao carisma dela. — São pessoas decentes, demonstraram preocupação e perguntaram como a Gabi está, se ela estava comigo na quinta-feira. Contei para a doutora Curie, minha chefe. Disse que ela reagiu bem à notícia do assalto para alguém com onze anos e… Ei, você não acompanhou tudo isso?

Lyla soltou uma risadinha.

— Cada parte, inclusive quando ela disse que Gabriella deve ter um gênio sereno, parece ter puxado o pai.

Miguel levantou uma sobrancelha, desconfiado do tom usado por Lyla e tenso pela afirmação da doutora Curie. Primeiro, ele se lembrou do momento em que explicou para Gabriella sobre a tentativa de assalto antes do final de semana e que aquilo tinha sido perigoso, o que justificava ter ficado em casa na sexta-feira. O assalto também explicava possíveis lapsos de memória que poderia apresentar no decorrer dos dias. Era uma desculpa fácil, plausível. Parecia uma estratégia boa, quase como uma nota de rodapé a ser dita para sua chefe e para sua filha de um jeito simples e inócuo. 

Com a doutora, pareceu funcionar bem. Com sua menininha, havia um porém: os olhos dela. Na mais incauta distração, Miguel se recordava da expressão atenta de Gabriella, o seu próprio reflexo na superfície cristalina e castanha daqueles olhos tão redondos, tão simples.

Se Gabi tivesse puxado o pai — e se o pai, o outro Miguel, fosse parecido com ele próprio — o humor imperturbável dela poderia ser frágil, na realidade. Aquilo que parecia um misto de atenção e inteligência na cor das íris dela, na realidade escondia medo. Mas verdade seja dita, o outro Miguel era bem diferente e a comparação tornava-se imprópria. Certo?

Ele não quis pensar nisso. Era mais fácil questionar a razão que motivava Lyla a sondar tudo isso se havia presenciado seu dia.

— E por que tem que me perguntar tudo isso?

— Você não falou muito hoje.

— É a natureza desse trabalho, aparentemente. E o outro Miguel não era muito dado a conversas, por mais que fosse feliz enquanto vivo.

— Você não precisa ser igual a ele. — Ela encostou em um béquer vazio. — Afinal, você não é ele.

¡Lo sé, lo sé! — Miguel inspirou fundo. Lyla, assim fica difícil entender o que você quer. Você me mostrou esse universo. Disse coisas boas daqui, embasou minha decisão de vir para cá com fatos, mas não aprovou a ideia. Depois, apareceu para fazer os mesmos alertas sobre o cânone. E agora quer que eu seja diferente do Miguel original. O que há no algoritmo que compõe seu cérebro?

— Você sabe como fui programada. Possuo a falha de ter um pouco de compaixão.

— Eu diria que seu humor poderia ser reprogramado.

— Jamais você excluiria isso. Não posso ser tão chata quanto você. — Um riso curto, grave e irônico escapou da garganta dele. Lyla podia ser irritante, mas dificilmente estava errada e, naquele momento, não era diferente. De fato, ele não alteraria o código dela. Por vezes, Miguel refletia que talvez Lyla fosse o reflexo de uma parte divertida dele, a única. O que era definitivamente curioso pelo quanto ela conseguia ser pateta de tempos em tempos. — O meu alerta permanece, Miguel. E como uma AI eficiente, também faço alertas sobre oportunidades que você está perdendo. Talvez sua filha não seja a única variável que torne a sua felicidade possível aqui.

Ele parou por um segundo, fingindo estar concentrado demais nas últimas medições que tinha que fazer sobre a solução no phmetro. Imaginou se aquilo podia ser verdade, se era plausível viver mais coisas do que se restringia agora e, ainda assim, encontrar alegria. Seus colegas, por exemplo. Pareciam preocupados com ele ao saberem do assalto. Discretamente tentavam se aproximar, lhe ofereceram café e comentaram sobre alguma festa da empresa no final do ano. Miguel soltou um suspiro curto e anotou as medições na prancheta.

Aquela solução no phmetro estava errada.

— Só… Só me dá um tempo, Lyla.

— Na verdade, o tempo passou. Seu expediente foi encerrado há cinco minutos, chefinho.

Miguel xingou alto e correu para organizar o material antes de sair. Precisava ser rápido, afinal, tinha uma filha esperando em casa para jogar bola.

***

Viver em Nueva York obrigou Miguel O'Hara — e qualquer cidadão ali — a se acostumar com a verticalidade. Os arranha-céus eram altos demais, os subterrâneos eram ainda mais abissais. Parecia que a cidade se esforçava em mimetizar os estratos do oceano, com camadas mais ou menos profundas, mais cristalinas ou escuras. Ele estava habituado a apartamentos de poucos metros quadrados, elevadores e o panorama recortado por prédios. Mas aquilo tudo era o centro da sua Nueva York.

A Terra 928B.2 era um tanto diferente.

Ainda reservava locais mais extensos, um horizonte mais esticado e cujos limiares eram distantes. Enquanto dirigia, era possível ver os parques, o rio Hudson... Era uma visão agradável, embora não tão agradável quanto estacionar em casa. O Miguel O'Hara daquele universo tivera bom gosto ao escolher sua residência — ou então, a escolha tinha sido de Tempest. O fato é que o bairro era tranquilo, de casas médias e um espaço que ele jamais cogitara ter na sua Nueva York. Afinal, ali ele tinha um quintal grande o suficiente para poder jogar futebol com Gabi. Um quintal com algumas plantas, uma varanda com churrasqueira e holofotes instalados para jogar até de noite.

Miguel não tinha parado para pensar o quanto sua habilidade duvidosa com futebol poderia estremecer sua relação com Gabriella, mas aparentemente o outro Miguel não era nenhum jogador profissional. Ufa. Isso deixou-o mais tranquilo, embora ele não fosse um completo incompetente com a bola no pé. Correr com a bola, fazer passes e até ensaiar uma embaixadinha torta e faziam parte do seu repertório. E para agregar à sua sorte, Gabi havia colocado-o de goleiro para treinar as próprias finalizações.

O que era bem interessante devido a diferença de tamanho dos dois. Os reflexos de Miguel tornavam a tarefa fácil, mas ele decidiu facilitar um pouco. E tinha que admitir que a filha tinha jeito para o esporte, sabendo mirar bem e equilibrar a potência no chute. 

Mas quando Miguel decidiu sair do gol e brincar com ela, roubando a bola dos pés de Gabi e fazendo firulas questionáveis, ele notou os ombros baixos da filha.

— Ê, ê. ¿Qué pasa, mi hija?

— Acho que cansei.

Ele pegou a bola da grama e com a outra mão, abraçou Gabi de lado. Apertou-a de leve, chacoalhou com delicadeza o ombro dela. Deu um beijo curto no topo de sua cabeça. Aquilo era afeto demais? Afeto de menos? Parecia natural e estranho ao seu próprio corpo. Seu pai não tinha feito aquilo com ele, nem com seu irmão. Não era um instinto de seu corpo lançar-se a um abraço. Mas ele queria abraçar Gabi.

— Hora de tomar banho, então. Depois a gente janta.

Ela concordou e se foi correndo. Algo lhe dizia que ela não estava só cansada, mas quem sabe um pouco de comida melhoraria seu humor. Teria acontecido algo na escola? Ou será que era outra coisa? Gabi tinha onze anos, é comum meninas menstruarem com doze. Ela estava com dor? Era cólica?

— Lyla. — O holograma apareceu na sua frente ao chamá-la. — Faça uma lista de itens para menstruação e cólica. Vê se a farmácia mais próxima entrega ainda esse horário, por favor. Se possível, coisas na cor roxa.

— O quê, você tá se sentindo meio inchado? Vai precisar de uma bolsa térmica?

A figura diminuta de Lyla riu e cutucou o peitoral macio dele.

— Não é para mim.

— Oh. OH! É para já!

Ela desapareceu, mas a tela do relógio multidimensional começou a exibir uma listagem de produtos, comparando preços e benefícios de cada um deles. Miguel sorriu de um jeito fraco, desligou a tela e guardou a bola de futebol na varanda. Não importava o quanto tivesse estudado e se questionado antes de vir para aquele universo, as coisas ainda pegavam-no de surpresa. É claro que não era novidade Gabi sofrer mudanças biológicas do sexo feminino, mas Miguel se viu simultaneamente aflito e calmo. Ele só queria cuidar dela, sendo esse humor murcho da filha relacionado à questões hormonais ou não. 

Depois de um banho, ele poderia lidar com compras na farmácia e a adolescência iminente da filha.

***

— Papá!

Miguel terminou de se enxugar rápido, colocando as roupas depressa. Era agora. Ele tivera os minutos no banho para se preparar. Lyla já tinha selecionado tudo e faltava só confirmar a compra para a farmácia. A média do tempo de entrega era quinze minutos. Ele inspirou fundo e abriu a porta do banheiro.

— Papi... — Ela choramingou. — Eu esqueci que tinha um trabalho da escola para amanhã.

Por um instante, ele nada disse. Tinha que admitir que estava ligeiramente aliviado, apesar de tentar se manter sereno e confiante para lidar com o tópico "menstruação". Temia não ser sensível o suficiente. E no fim, ela era só uma criança. Mas logo viu que seu silêncio estava à beira de ser interpretado como irritação, então se apressou em responder:

— Tudo bem. Eu esqueço as coisas também. A gente resolve juntos, certo? No, no. No llores. É sobre o quê?

De repente, estavam os dois no chão do quarto de Gabi, sentados sobre o tapete e rodeados de alguns livros. Em um canto, um tablet aceso com a página de buscador de imagens na internet. Se antes ele conseguia afirmar que era uma pessoa habituada com estresse e adversidades múltiplas ao longo de um único dia, agora precisava acalmar o próprio cérebro — pois no começo do dia, tinha pensado em sua menininha; depois, em como seria a quinceañera de Gabriella dali a quatro anos; e por último, teve que voltar a assuntos escolares.

Mais especificamente, animais.

A tarefa consistia em escolher um animal e explicar os comportamentos de defesa dele, relacionando como o ser humano reagia ao bicho em questão. Não era complicado, apenas específico. E Gabriella ainda não tinha escolhido sobre qual animal queria escrever. Polvos? Não, ela achava-os fofos e não queria falar de como as pessoas comiam polvos. Lagartos? Muito chatos. Escorpiões? Muito óbvios.

— Gabi, você tem que escolher alguma coisa. — Ele cobrou-a, mas sua voz era suave. — O que acha de camaleões?

A menina comprimiu os lábios e pensou um pouco, batendo a ponta do lápis no caderno. 

— Camaleões são legais… Mas ninguém reage a um camaleão. No máximo, alguém adota ou tira uma foto. Eles são bonitinhos. Ninguém tem medo deles.

— Então você quer escrever sobre algum bicho que dá medo? Coiotes e lobos dão medo nas pessoas. Você pode escrever sobre eles e sobre o medo como uma reação química. E eu entendo de reações químicas.

— Não tenho medo de coiotes ou lobos.

— Eu sei. Você é corajosa. — Houve uma pausa. Miguel tinha se aproximado para passar os dedos nos cabelos dela, mas notou que Gabi havia baixado o olhar e ficado mais quieta. Decidiu recolher a mão e esperar mais um momento, ainda que tenso. Ela levantou o queixo por um segundo, depois voltou-se ao caderno no colo; desenhando repetidamente um círculo na folha. Aquele breve olhar serviu para Miguel ver a dúvida nos olhos dela. — Você tem medo de alguma coisa, mi hija?

De súbito, ele soube. Não era difícil imaginar, para ser sincero — por mais que ela fosse muito competente em mascarar as emoções para alguém daquela idade. Gabriella tinha medo da perda. Lembrava-se da morte da mãe, da notícia de quase perda do pai, fato que Miguel quase se arrependeu de ter contado. Ele entendia perfeitamente sem que ela explicasse. 

— De aranhas. Eu tenho medo de aranhas.

Ele sorriu, não porque era tolice, mas porque soube que ela tentou ser valente. A ironia era grande, do tamanho da mentira dela.

— Por causa da quantidade de olhos? Das pernas ou porque algumas são grandes?

Tudo. E dos dentes delas.

Miguel puxou-a para mais perto e ela sentou no seu joelho, mesmo que ele tivesse sentado de pernas cruzadas no chão. Ainda assim, era um incômodo pequeno para quem fizera tantas outras coisas fisicamente extenuantes antes, em outro universo. Sentia-se patético por tentar consolá-la enquanto ele próprio carregava seus temores, mas aquilo era ser pai, não? Ou aquilo que ele imaginava ser pai. Abraçou-a. Ela era pequena. Ela era tudo.

— O medo é uma reação natural do corpo. Mas não significa que você não pode fazer nada sobre ele. Quanto mais você sabe de algo, menos você teme porque vai saber lidar com a questão. Os dentes das aranhas, certo? — Ele pegou o tablet do chão e digitou algumas palavras para encontrar uma ilustração da anatomia de uma aranha, em um corte lateral. Ao encontrar um exemplo satisfatório, mostrou-o para a filha. — Se chamam quelíceras.

— Que…Que o quê?

Ela pegou o aparelho eletrônico para observar mais de perto.

Quelíceras. E nem todas conseguem intoxicar humanos. Nem todas querem picar alguém ou são amedrontadoras. Sabe, as maiores aranhas podem ter tanto medo de você quanto você tem delas.

— Mas eu não tenho quelíceras.

Ele riu, tomando cuidado para não mostrar demais os dentes.

— Não, não tem. Mas vassouras, jornais e um belo pisão acabam com elas. E você tem também o seu papá, certo?

Gabi lançou um olhar específico para ele, entre a desconfiança e a expectativa infantil. A pergunta que veio em seguida apunhalou seu coração.

— Siempre?

Siempre.

Foi a vez dela iniciar o abraço. Gabi enlaçou os braços magros dela ao redor de seu pescoço, apoiando o queixo pouco acima da clavícula dele. Miguel quase deixou de respirar, paralisado e querendo implodir. Ele era pai. Por Díos, ele era pai. E ele queria ser pai. Retribuiu o abraço mais forte, disposto a tecer um casulo para que nada lhe acontecesse jamais. Ao fim, ela riu, reclamou que estava sendo esmagada e eles enfim fizeram o trabalho escolar juntos. E até que foi divertido colorir uma aranha com lápis e canetinha.

A janta foi simples, um lanche porque já era tarde e ela precisava de algo leve para cair no sono logo. Miguel certificou-se de que ela não tinha esquecido nenhum material para levar no dia seguinte e separou a roupa do uniforme limpo. Luzes apagadas. Era hora de dormir.

Quando ele voltou para a própria suíte, o holograma de Lyla lhe perseguiu fazendo comentários sobre como o coração dele era mole e como ele só tinha tamanho, mas ao menos ela tivera a decência de não falar alto o bastante para atrair a atenção ou acordar Gabi. Miguel, por sua vez, sentiu sono como há muito tempo não sentia. Seus músculos estavam mais pesados pela exaustão, assim como as pálpebras pareciam feitas de chumbo. E ele ainda tinha que lavar a louça na manhã seguinte. Com um bocejo, ele caminhou para frente do espelho no banheiro e escovou os dentes. Porém, antes de ir para a cama e desligar as luzes, Miguel passou um tempo encarando os próprios caninos.


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Notas finais do capítulo

* Quero saber quem sacou a referência de citações de animais que fazem paralelo com os vilões do Homem-Aranha hihih (Octopus, Lagarto, Escorpião)

* Além do Miguel ficar entre um mundo e outro (ou vários, né), imagino que ele também fique entre o agora e o futuro. Ele quer cuidar da menininha dele, mas já a imagina mais velha.

* Quem estiver lendo e ainda não deu um alô, saiba que vou te receber com muito carinho ♥ Se puder dar um pitacozinho ou só um "oi", vou ficar muito feliz!



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