O Túmulo de Safira escrita por Hana


Capítulo 7
A Chave da Compaixão




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Os aventureiros se entreolharam, preocupados com as palavras de Ethan. Eles sabiam que estavam lidando com algo muito perigoso e que não podiam subestimar nenhum desafio. Rachel se aproximou do grupo e sugeriu que todos fizessem uma rápida revisão de suas habilidades e de artefatos que possuíam na mochila e que poderiam ser utilizados como arma, para estarem preparados para qualquer eventualidade.

Enquanto eles se preparavam, Ethan explicou um pouco mais sobre o que poderiam esperar no caminho até a chave. Ele disse que a pessoa que eles supostamente deverão encontrar, provavelmente estará sofrendo e precisando de ajuda, mas que a aparência dela poderia ser enganosa.

— Precisamos ter muito cuidado e ficar atentos, ninguém jamais chegou tão longe antes. Não podemos falhar agora. — disse Malik. 

O grupo trocou olhares preocupados, mas sabiam que precisavam seguir em frente. Com suas mochilas revisadas, eles partiram em busca da chave da compaixão, determinados a enfrentar qualquer desafio que surgisse em seu caminho.

Seguiram caminhando, com passos lentos e precisos, atentos ao menor sinal de alguém precisando de ajuda. Essa, até agora, era a tarefa mais inusitada que teriam que executar, pois alguém precisaria estar sofrendo para que eles pudessem avançar. Então, a pessoa responsável por montar todas essas armadilhas, e toda essa questão das chaves, sabia o que estava fazendo e tinha tudo planejado nos mínimos detalhes. Será que eles descobririam tudo mais à frente? Era uma pergunta que martelava nas mentes de todos do grupo.

Malik, Alexandre, Rachel e Ethan caminhavam pelos corredores sinistros da tumba desértica, até que avistaram uma pessoa que parecia estar em apuros. Conforme se aproximavam, notaram que se tratava de uma mulher idosa, que estava caída e gemendo de dor. Perceberam que ela estava em um estado deplorável, com roupas rasgadas e feridas em seu rosto e braços, mas sua aparência era estranha e desconfiada. O grupo optou por ignorar a aparência da mulher e ofereceu ajuda, bem como alimentos e água. Cuidaram também de seus ferimentos, fazendo a mulher idosa se sentir melhor. No entanto, à medida que conversavam com ela, eles começaram a notar algumas inconsistências em sua história e comportamento. 

A mulher dizia que estava perdida no deserto, que precisava de ajuda para voltar para casa, mas quando perguntavam à ela mais detalhes, ela se esquivava e mudava de assunto, como se estivesse escondendo algo. 

De repente, a aparência da mulher começou a se transformar diante dos olhos dos aventureiros. Sua forma se tornou mais etérea, uma aura mágica a envolveu. Suas roupas antes rasgadas, agora eram majestosas e de seda. Os aventureiros ficaram surpresos e um tanto assustados e recuaram alguns centímetros, até que a entidade diante deles se apresentou:

— Não queria assustá-los, mas precisei. Meu nome é Nixie, sou a responsável pela ilusão que acabaram de experimentar. 

Eles se olharam, surpresos por não terem percebido antes que era uma ilusão. A entidade continuou, com uma voz suave e reconfortante:

— Minha tarefa é testar os corações e as intenções dos que procuram as chaves. A ilusão foi criada para revelar as verdadeiras naturezas dos aventureiros que passam por aqui. — em seguida, ela sorriu. — Vocês passaram no teste, pois escolheram mostrar compaixão e bondade, mesmo quando estavam diante de uma aparente adversidade.

Então, com um aceno de sua mão, a ilusão desapareceu, e os aventureiros viram a chave da compaixão brilhando no chão diante deles. Eles se curvaram em agradecimento ao vazio onde há pouco estava a entidade mágica, e apanharam a chave, determinados a continuar em sua busca pelas outras chaves que iriam levá-los ao grande tesouro.

Seguindo o caminho, encontraram uma pequena porta, que ao abrir, perceberam que teriam que passar por um corredor estreito e apertado. Enquanto atravessavam, os aventureiros sentiram um cheiro forte e desagradável, reconhecido por Rachel como uma substância venenosa. Eles olharam ao redor e notaram que o teto e as paredes estavam cheios de tubos, que pareciam estar gotejando o veneno.

— Lá! A fechadura está lá! — gritou Ethan, apontando para o final do corredor.

 Os aventureiros começaram a sentir a respiração ficar pesada e as pernas ficarem trêmulas devido ao efeito do veneno no ar, mesmo tentando diminuir o efeito do mesmo usando as mãos para cobrir a boca e o nariz. Eles tossiam e sentiam uma ardência na garganta, tornando difícil enxergar com clareza. Apesar de seus esforços, o ar parecia estar ficando cada vez mais escasso.

— Vamos logo! Não estou aguentando mais! — falou Malik, desesperado.

Com dificuldade, eles finalmente chegaram ao final do corredor e viram a fechadura para a chave da compaixão. Entretanto, quando tentaram encaixar a chave, perceberam que ela não cabia na fechadura de metal. Eles tentaram novamente, mas sem sucesso.

Alexandre, Malik e Ethan, começaram a ficar sem forças, enquanto Rachel tentava encontrar uma solução. Ela lembrou que havia em sua mochila um pequeno frasco contendo ácido clorídrico.

— Este frasco contém ácido clorídrico. — ela fala, tossindo — ele é altamente corrosivo, porém é tóxico, cuidado para não inalarem. Esse ácido pode ajudar, pois corrói superfícies metálicas.

— Não pode ser pior do que o veneno. Anda logo, podemos segurar um pouco mais a respiração, mas não por muito mais tempo. — disse Alexandre, nervoso.

Cuidadosamente, Rachel colocou suas luvas, e despejou o pequeno frasco na entrada da fechadura. Depois de alguns minutos, a cientista tentou encaixar a chave novamente, e desta vez, ela se encaixou perfeitamente. 

Eles giraram a chave, que com um clique, desativou a armadilha de veneno, fazendo os tubos se fecharem rapidamente, e a porta seguinte se abrir. Os aventureiros finalmente respiraram aliviados e comemoraram. Exaustos, adentraram pela porta.

Após alguns instantes, Malik começou a se sentir tonto e fraco. Percebeu que seus músculos começaram a falhar e ele mal conseguia se manter em pé. Seu estômago se contorcia em dor e ele começou a suar frio. Seus olhos ficaram vidrados e ele tinha dificuldade em focar em qualquer coisa. O arqueólogo gemeu de dor e se agarrou ao braço de Alexandre, tentando se manter de pé. Sem sucesso, Malik caiu de joelhos. Lutando para manter a consciência, olhou para seus companheiros e começou a falar: 

— Meu pai sempre foi um grande aventureiro. Passou anos enfrentando perigos e descobrindo tesouros incríveis. Ele estava tentando desvendar um dos maiores mistérios da humanidade, algo que talvez pudesse mudar tudo o que sabemos sobre nosso mundo.

Alexandre e Rachel caíram de joelhos ao lado de Malik, seus olhos cheios de lágrimas enquanto escutavam, com medo do que viria a seguir.

Rachel tentava encontrar alguma solução, procurando por um antídoto, mas percebeu que não tinha nenhum. Alexandre vasculhava as bolsas e mochilas em busca de algo que pudesse ajudar, mas se deu conta de que havia utilizado tudo o que tinha no início da missão ao ser pego pelas flechas venenosas, então tudo o que encontrou no momento foram suprimentos e equipamentos para a jornada. Ele se desesperou e gritou, sem saber o que fazer.

Malik fez um esforço para conseguir abraçar Alexandre, pois o tinha como  se fosse seu filho naquela missão. Respirando com dificuldade, ele continuou:

— Eu quis continuar seu legado, seguir seus passos e descobrir o que ele tanto procurava. Mas agora... Agora eu percebo que talvez seja uma busca impossível. Talvez nunca encontraremos todas as chaves, nunca vamos descobrir que tesouro é esse… Talvez nem mesmo haja um tesouro. Eu sei que vocês continuarão tentando, e nem pretendo fazer com que desistam, pois estão mais perto do que jamais alguém imaginou chegar, mas preciso ser realista nesse momento. Por um tempo, acreditei que realmente chegaria ao final dessa missão com vocês. Sinto muito por não ter conseguido.

Os soluços de Rachel e o silêncio solene de Alexandre ecoaram pela sala. Então, Malik disse, por fim, suas últimas palavras:

— Eu estarei com vocês em espírito.

Malik soltou um último suspiro e fechou os olhos para sempre, deixando Alexandre e Rachel aos prantos ao seu lado.

— Ele realmente está… morto… — diz Alexandre, entre lágrimas, abraçando-se ao corpo desfalecido do amigo, com quem havia aprendido tanto naquele pouco tempo que se conheciam. — em seguida, soltou um grito desesperado.

Ethan sentia um aperto no coração ao ver seus agora companheiros, desolados e perceber a gravidade da situação. Ele sabia que Malik não gostava dele, mas tinha que reconhecer que o arqueólogo havia sido um guerreiro leal e corajoso. Agora, estava morto por causa de uma armadilha cruel.

Com lágrimas nos olhos, Rachel e Alexandre se aproximaram do corpo de Malik, enquanto Ethan se questionava sobre o que fazer com o corpo. Deixá-lo ali não parecia certo, mas carregá-lo com eles seria um fardo pesado e perigoso.

Depois de um momento de silêncio, Ethan se aproximou de seus companheiros e colocou uma mão no ombro de cada um. Ele murmurou algumas palavras de consolo, e juntos, tomaram a difícil decisão de deixar o corpo de Malik ali e continuar em sua busca pelo tesouro.

Ethan sabia que essa não havia sido uma tarefa fácil, mas eles não podiam desistir. Ainda tinham um longo caminho pela frente e muitos desafios a superar. Rachel ajudou Alexandre a se levantar e eles voltaram a caminhar. Alexandre olhou uma última vez para trás, vendo o amigo desaparecer. Agora, mais do que nunca, eles precisavam continuar, em honra a Malik e a luta de seu pai.


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