O Túmulo de Safira escrita por Hana


Capítulo 2
As Chaves da Coragem e Sabedoria




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Malik e Alexandre, enfim, entraram na sala. Parecia ter sido esculpida em pedra maciça, com paredes decoradas com estranhas inscrições e símbolos antigos. No centro da sala, havia um pedestal com uma esfera de cristal brilhante, que parecia pulsar com uma energia misteriosa. A doutora Kim explicou que aquele era o dispositivo de teste psicológico que utilizariam para enfrentar seus maiores medos. Ela instruiu os aventureiros a se aproximar da esfera e a tocá-la com as mãos. Sabia o que aconteceria pois já tinha passado por aquilo, apesar de ter falhado.

Assim que os dois tocaram o objeto, a sala desapareceu diante de seus olhos, e eles foram transportados para outro lugar. Malik se viu em uma sala escura, com paredes cobertas de teias de aranha e uma sensação de claustrofobia sufocante no ar. As teias de aranha pareciam se mover, e ele podia ouvir as patas delas arranhando as paredes. Uma sensação de pânico tomou conta dele, e ele não parecia ver uma saída.

Já Alexandre, se encontrava em uma arena lotada, cercado por pessoas que o julgavam e o criticavam. Ele tentou se concentrar em sua respiração, enquanto a multidão na arena ficava cada vez mais violenta. Sentia como se estivesse cercado de inimigos por todos os lados, sem ter para onde correr. A pressão em seu peito era quase insuportável, e ele se perguntou se conseguiria sobreviver àquele pesadelo.

Cada um, absorto em seu próprio desafio, percebeu que estava enfrentando seu maior medo, e a sala pareceu se transformar ao seu redor. As paredes tremiam e as vozes ao redor deles se tornavam mais intensas, como se estivessem presos em uma dimensão paralela. Malik sentiu uma pressão em seu peito, como se algo estivesse tentando sufocá-lo, enquanto a escuridão engolia tudo à sua volta. Ele tentou gritar, mas sua voz parecia não sair. 

Já para Alexandre, o desafio parecia ainda mais desesperador. A multidão na arena parecia enlouquecida, gritando acusações e ameaças. Ele tentou se mover, mas suas pernas estavam pesadas como chumbo, parecendo impossíveis de serem movidas. Com cada passo, ele sentiu a pressão aumentar, quase esmagando seu peito.

Apesar de todas as dificuldades, os aventureiros se recusavam a desistir. Malik respirou fundo e tentou controlar sua ansiedade, lembrando-se de técnicas de meditação que havia aprendido anos antes. Aos poucos, a sala começou a clarear e a pressão em seu peito diminuiu.

Alexandre, por sua vez, decidiu enfrentar a multidão de frente. Ele começou a falar com voz firme, lembrando-os de sua inocência e apelando para a razão deles. Aos poucos, a multidão começou a se acalmar, suas vozes diminuindo até que o silêncio se instalou na arena.

Então, finalmente voltaram para a realidade da sala, indicando que o desafio parecia ter terminado. Ambos estavam exaustos e abalados. Mas sabiam que haviam cumprido o desafio com êxito e estavam prontos para o que quer que o túmulo antigo ainda guardasse.

Depois de superarem seus medos, um pequeno orifício na parede se abriu, revelando a Chave da Coragem. Com a chave em mãos, seguiram em direção à entrada do corredor principal, onde a armadilha de fogo os aguardava.

Para desativar a armadilha, foi preciso trabalho em conjunto, cada um usando suas habilidades. Alexandre usou sua habilidade de escalar para subir em uma parede próxima e arremessar a chave em direção ao muro de fogo. O muro formava uma barreira ardente diante deles, impedindo que avançassem. As chamas eram altas e violentas e lançavam ondas de calor que pareciam penetrar até os ossos. O cheiro de fumaça e enxofre era forte e nauseante, e o som do fogo crepitando enchia seus ouvidos. Era uma visão intimidante e ameaçadora. Mas sabiam que precisavam enfrentar qualquer obstáculo que aparecesse em seus caminhos.

 Malik, por sua vez, usou sua habilidade de comunicação, sua voz se tornando firme e clara enquanto ele guiava Alexandre através da sala, de forma a garantir que a chave fosse arremessada no local certo. Malik respirou fundo, sentindo a tensão aumentar em seu corpo. Ele sabia que tudo dependia daquele arremesso. Se a chave caísse em qualquer outro lugar, estariam condenados. Olhou, então, para Alexandre, seus olhos se encontrando por um momento. Malik assentiu, encorajando-o a seguir em frente. 

Alexandre jogou a chave com precisão, e Malik soltou o ar que estava prendendo. Eles observaram com expectativa enquanto a chave atravessava o ar, atingindo o muro de fogo com um som metálico. Por um momento, nada aconteceu. Então, como se o próprio fogo estivesse reagindo à chave, uma brecha se abriu, revelando um caminho além do muro. Malik sorriu, sentindo um alívio que parecia quase palpável.

Ao ver que os aventureiros haviam conseguido desativar a primeira armadilha, a Doutora Kim ficou visivelmente emocionada e orgulhosa. Ela percebeu que, apesar de ter falhado em superar seu próprio medo, os dois aventureiros foram corajosos e determinados o suficiente para enfrentar os deles e alcançar o objetivo. Assim, ela se ofereceu para continuar a acompanhar a expedição, já que tinha conhecimentos valiosos sobre os desafios que ainda viriam pela frente. Também se mostrou interessada em aprender com os aventureiros e usar suas experiências para melhorar seus próprios métodos de pesquisa e estudos. Com isso, o trio seguiu adiante, confiantes de que tinham começado uma aliança valiosa.

Enquanto seguiam pelo corredor, Malik, Alexandre, e a Doutora Kim — que pediu para chamarem-na de Rachel —, começaram a conversar sobre suas vidas e experiências. Malik falou sobre seu fascínio por arqueología desde criança devido o grande incentivo de seu pai, Alexandre contou sobre a pressão que vinha dos pais para que ele fizesse uma faculdade, mas ele não tinha o menor interesse, e em como ele sentia que faltava algo significativo e emocionante em sua vida, e por isso resolveu partir para aquela aventura. Por fim, Rachel Kim falou sobre sua trajetória na área da pesquisa científica e que havia obtido a informação de que poderiam encontrar no túmulo de Safira um mineral raro chamado Azurita, já que viu em suas pesquisas que o mesmo é utilizado como pigmento na pintura de artefatos antigos. 

Enquanto conversavam, eles chegaram a um amplo salão, cujas paredes eram decoradas com inscrições em uma língua antiga e estranha, tais como a entrada do túmulo. No centro da sala, havia um altar de pedra com uma caixa de metal brilhante. A doutora Kim, que havia pesquisado mais a fundo cada desafio, explicou que lá era onde estava a próxima chave que precisavam obter, mas que seria muito mais difícil de alcançar do que a primeira. A próxima chave era a Chave da Sabedoria.

Alexandre olhou para o altar e indagou:

— Como vamos chegar até lá? Parece que não há caminho!

— E as inscrições nas paredes? Será que elas contém alguma pista? - indagou Malik.

— Vocês são perspicazes — disse a doutora Kim, sorrindo — De fato, as inscrições contém um enigma que pode nos levar até a chave. Mas precisamos decifrá-lo primeiro.

Enquanto eles se aproximavam das paredes para examinar as inscrições, a doutora continuou:

— O enigma diz o seguinte: “Aquele que deseja a Chave da Sabedoria, deve encontrar a luz no escuro e a verdade no engano. Somente assim poderá abrir a caixa do conhecimento.”

Alexandre coçou a cabeça, tentando entender o significado das palavras. 

— Encontrar a luz no escuro… isso pode ser uma pista sobre a iluminação da sala? E a verdade no engano… o que poderia ser isso?

Malik olhou para a doutora e perguntou:

— Você tem alguma ideia de como decifrar esse enigma?

A doutora Kim fechou os olhos por um momento, concentrando-se. Depois, abriu os olhos e disse:

— Bom, na química, a luz pode ser vista como uma metáfora para a compreensão científica, já que a luz nos permite enxergar o mundo ao nosso redor e entender melhor seus fenômenos. A verdade pode ser vista como a busca pela compreensão precisa dos fenômenos químicos, evitando erros e equívocos.

Alexandre e Malik escutavam, com profunda admiração pela interpretação e os conhecimentos químicos de Rachel Kim. A doutora continuou:

— O engano, na minha concepção, pode ser visto como a confusão entre o que é real e o que é aparente, ou entre o que é cientificamente válido e o que não é. Ou seja, “encontrar a luz no escuro e a verdade no engano” pode ser como um chamado para a busca da compreensão científica na química, mesmo em meio a incertezas e equívocos.

— Realmente, a ciência muitas vezes envolve lidar com incertezas e equívocos. E é justamente isso que torna a busca pelo conhecimento tão fascinante e desafiadora. Ao encontrar a luz no escuro e a verdade no engano, podemos avançar em nossa compreensão da química e até mesmo de outras áreas do conhecimento. Acho, então, que estamos prontos para abrir a caixa do conhecimento. — complementou Malik.

— Com certeza! A busca pelo conhecimento é um caminho que exige coragem e dedicação para enfrentar os desafios e incertezas que surgem no caminho, mas é exatamente isso que nos permite avançar e fazer novas descobertas. Muito obrigada por compartilhar seus conhecimentos conosco, Dra Kim, ou melhor, Rachel. - disse Alexandre, por fim.

 Rachel Kim olhou novamente para a parede com as inscrições na língua antiga e repetiu: “encontrar a luz no escuro e a verdade no engano é como um chamado para a busca da compreensão científica, mesmo em meio a incertezas e equívocos.”

Os olhos de Malik e Alexandre se abriram em surpresa quando as inscrições desapareceram da parede, revelando uma escada esculpida na pedra. Eles se entreolharam e, sem dizer uma palavra, começaram a subir os degraus, suas botas já desgastadas de tanto caminhar, fazendo um som suave contra a pedra áspera.

A escada era longa e sinuosa, mas finalmente o trio chegou ao topo, onde mais um altar de pedra os aguardava. Sob o altar, estava a caixa de metal brilhante, adornada com gravuras intrincadas. 

Sem hesitar, eles abriram a caixa e encontraram um pergaminho enrolado dentro. Malik pegou o pergaminho e o desenrolou, revelando um enigma cuidadosamente escrito em tinta preta:

“Eu sou um elemento que possui número atômico 13,

Na tabela periódica eu sou o que se vê.

Meu nome vem do latim e significa "amargo",

Para mim, a natureza é um constante afago.

Compostos comigo são usados em construções,

Em aviões e em latas para conservação.

Minha densidade é baixa, mas resistência alta

Em objetos leves, meu uso é uma façanha,

Quem sou eu?”

 Rachel Kim imediatamente sentiu os olhos de Malik e Alexandre sob si, ao que a mesma rapidamente exclamou:

 — Ah, por favor né, meninos! Se eu não soubesse a resposta, acho que iria desistir da minha carreira. É o Alumínio, óbvio!

 Após decifrarem o enigma, um clarão brilhante surgiu, fazendo o pergaminho se transformar em cinzas. Quando a poeira se dissipou, uma chave brilhante estava em seu lugar. Rachel colocou a chave no bolso do jaleco, e junto com Malik e Alexandre, desceu do altar. Os três estavam finalmente prontos para desativar a próxima armadilha.

 Malik seguiu à frente, até a suposta porta em que a armadilha os aguardava, e ele e os companheiros notaram, ao abri-la, que o chão estava coberto por sombras. Assim que aproximaram-se mais, perceberam que essas sombras eram, na verdade, lâminas afiadas que se escondiam no chão. As lâminas afiadas, dispostas em diferentes alturas, brilhavam com um reflexo prateado na penumbra do corredor. Cada uma delas tinha o comprimento de uma espada curta, e todas se moviam com uma rapidez impressionante e uma precisão letal. O som do metal contra metal ecoava pelo ambiente, aumentando a sensação de perigo iminente.

 Cada passo dado era um desafio para os aventureiros, que precisavam aguçar seus sentidos e manter a atenção máxima. Uma distração ou um movimento em falso poderia significar um corte profundo ou até mesmo a morte.

 — Para desativar essa armadilha — começou Malik — precisamos inserir a Chave da Sabedoria em uma fechadura que está escondida em algum lugar dessa sala. Me lembro de ter lido sobre ela.

 Rachel retirou a chave do bolso e logo percebeu que ela começara a brilhar intensamente, guiando-a até o local exato da fechadura. Com movimentos precisos, a cientista encaixou a chave no pequeno orifício, habilmente escondido em uma fresta da parede. Com um giro determinado, a chave liberou um som suave e as lâminas afiadas recuaram, permitindo que o trio prosseguisse pelo corredor com segurança.

Após os três desativarem a armadilha das lâminas, eles finalmente respiraram aliviados e continuaram avançando pelos corredores. Se perguntavam quais outras surpresas perigosas ainda os aguardavam naquele lugar misterioso. Enquanto seguiam em frente, Malik olhou para seus companheiros e disse: 

— Isso está ficando cada vez mais perigoso. Vamos precisar de todo o conhecimento que temos e de trabalho em equipe, se quisermos sobreviver aqui.

O grupo seguiu adiante, cientes de que ainda havia muito a ser descoberto naquele túmulo antigo. A incerteza pairava no ar, mas a determinação de continuar a jornada era mais forte. Eles estavam dispostos a enfrentar qualquer obstáculo, munidos da coragem e sabedoria que haviam conquistado até então. A cada passo dado, novas surpresas poderiam surgir, mas nada seria capaz de detê-los. Pelo menos, era nisso que eles queriam acreditar.

 


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Notas finais do capítulo

Mereço comentários? Sugestões, críticas construtivas são bem vindas!! Obrigada por lerem ♥



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