As Crônicas de Aethel (Vol.III): O Enigma de Atlas escrita por Aldemir94


Capítulo 4
A Fuga de Aethel




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Apesar do luto pelo funeral recente, Aethel deu ordens para que o baile imperial prosseguisse, como previamente determinado. Por essa razão, o grande salão havia sido preparado, com o esmero tradicional dos ghalaryanos.

O piso branco e polido refletia os vestidos coloridos, as colunas de mármore branco (decoradas com folhas e raminhos de ouro e prata) erguiam-se como gigantes, os nobres mostravam seus requintados trajes e sapatos, e as lindas pinturas renascentistas embelezavam o teto: anjos com espadas e escudos, santos pregando as verdades de Deus, nuvens brancas dançando por um céu azul, heróis em batalhas grandiosas, dentre inúmeras outras cenas e figuras sublimes.

Mabel Pines se rejubilava em seu vestido branco, cheio de babados, seus sapatinhos de cristal, uma tiara que alternava pequenos diamantes brancos e safiras reluzentes e, como símbolo de sua dignidade imperial e realeza concedidas por Aethel, o imperador: um magnífico colar de diamantes, sustentados por um cordão de prata e ouro branco, que possuía no centro uma extraordinária safira em forma de coração, com a figura de uma fada açucarada incrustada.

— É como um sonho! – exclamava a garota, gerando sorrisos alegres em todos.

Toda a aristocracia ghalaryana havia se reunido ali, assim como uma parte dos plebeus, para apreciar as iguarias palacianas, ouvir as boas novas do império, discutir assuntos importantes e desfrutar de todo o talento da nobre orquestra imperial, composta por gênios das mais diferentes camadas sociais e províncias do império.

Jack Long ajeitava seu traje formal e, com cuidado, tentava valsar com Rosa, que movia os cabelos loiros a cada passo. O sino-americano não podia deixar de admirar os olhos azuis da garota, cuja beleza ficava ainda maior naquele vestido de gala (já usado no desfile da manhã).

Danny Fenton lutava corajosamente com a gravata borboleta do smoking, enquanto beijava o rosto de Sam, que ajeitava os cabelos negros e médios. Muitos diziam que os olhos de Danny, azuis como o mar mediterrâeno, combinavam com os de Samantha, que possuíam a íris violeta.

Assim como a garota, Fenton também tinha cabelos negros (pelo menos, quando não estava transformado em fantasma), porém, a sintonia do casal vinha de seus espíritos; unidos após tantas lutas na vida.

Tucker Foley divertia-se degustando um pudim de passas, enquanto Spud comia bolinhos de queijo macios.

Os senadores, vestidos com suas melhores togas, conversavam com comerciantes (os padeiros em especial), mas nunca se deixando levar em demasia pelos assuntos tediosos de Estado; todos gostam de festa, até os políticos.

Gael valsava com Agnes, como se voltasse aos tempos de adolescência, e Atreu (2° cônsul do império) bebia água gelada em uma taça feita de ônix, com duas asas e relevos que contavam a história de Noé.

Quando Dipper cruzou a grande porta e entrou no salão, ofegante, poucos notaram sua presença, por mais que esse fosse um dos chamados “irmãos do imperador”.

Felizmente, o gêmeo pouco se importava em ser ou não invisível em ambientes festivos e, além de tudo, desejava apenas chegar até Aethel e lhe entregar o diário perdido de James Salazar.

Não foi difícil para o garoto encontrar o jovem imperador, perdido em pensamentos, enquanto via Mabel comer alguns bombons.

Aethel segurava o cabo da Excalibur, a lendária espada de Arthur, virava constantemente o olhar para o teto e amassava um pedaço de papel com a mão esquerda, cada vez com mais força.

Volta e meia os olhos de Atreu fitavam os de seu soberano, apenas para receber um olhar fulminante do imperador.

Dipper ignorou a cena e caminhou até Aethel, perguntando se esse tinha um minuto para conversar.

Após alguns instantes, o monarca deu-se conta da presença do amigo e, depois de limpar o rosto com um lenço, perguntou como poderia ajudar.

— Aethel, você não vai acreditar no que eu encontrei – disse Dipper.

— Encontrou… sim, claro, o que aconteceu?

— Você não parece bem – disse o gêmeo – Aconteceu alguma coisa?

— Não é nada – respondeu o rei – Então, disse que achou uma coisa, certo?

Dipper mostrou o velho diário e falou o que havia descoberto no antigo escritório de Salazar, o que despertou o interesse de Aethel e lhe reavivou o semblante.

Porém, Atreu caminhou até seu imperador e lhe pediu para conversar, ao que o rapaz recusou, alegando que o diário lhe era de maior interesse.

Apesar disso, o cônsul insistiu que o assunto que tinha a tratar com o soberano era de importância maior, o que fez Aethel fitá-lo, enquanto Dipper olhava para ambos, perdido naquele clima tenso:

— Galera, está acontecendo alguma coisa aqui? – perguntou o gêmeo.

— Sua alteza imperial não deve negligenciar o problema – respondeu o cônsul – A questão é de suma importância. Veja como um dever para com o Estado.

— O cônsul se esquece das suas obrigações – respondeu Aethel – Esse assunto não é da sua competência; fique com suas obrigações e eu fico com as minhas!

— Majestade… – insistiu Atreu – Sabe que estamos em dificuldades. Eu entendo como deve se sentir, mas é inevitável!

Aethel colocou a mão esquerda na Excalibur e disse, com paciência:

— Eu era feliz nos bosques, Atreu, mas abri mão disso pelo império. Eu adorava cultivar a horta, colher maçãs e pescar peixes no rio… então veio Gael, A Excalibur e tudo aquilo acabou, como um sonho antigo e distante. Sim, eu era feliz… apesar de não ter amigos além dos animais do bosque e de Merlin. Bom, também tinha Arquimedes (o corujão aborrecido) e Luna, minha fada… Eles ainda estão comigo, mas não é como antes, entende? É diferente… E agora, senhor Atreu, você vem me atormentar com algo que deveria ser apenas assunto meu? Abri mão de tantas coisas e agora, o senado exige que eu abra mão ainda disso?!

Aethel pegou o papel em suas mãos e, com rapidez, jogou-o no chão, enquanto dizia ao amigo Dipper:

— Sabe de uma coisa, irmão Dipper? Acho que a festa está um pouco tediosa. – neste momento, Aethel chamou o mordomo do palácio e comunicou que partiria dali – Monsenhor, traga minha capa e chame meus irmãos, Danny e Jack, pois desejo caçar maçãs na floresta, junto com eles. Por favor, diga que Rosa e Sam estão convidadas.

— Insisto para que releve isso, vossa majestade – insistiu o cônsul – Está se comportando como uma criança!

— Dipper! – disse Aethel, elevando a vós – Chame Mabel e diga a ela que a clareira das fadas fica linda com a luz da Lua e os pirilampos. E diga que depois darei a ela uma festa como ela quiser; algo que nem a rainha de Sabá teve! – dirigindo-se ao 2° cônsul, Aethel disse – Atreu, não quero falar nesse assunto de novo, fui claro?

Sem esperar resposta, Aethel pegou do mordomo real sua capa e se retirou, com semblante soturno.

Para não gerar escândalos ou fuxicos, Atreu convidou a quem quisesse para participar de uma caçada por castanhas, nos arredores do palácio, enquanto fazia sinais para que um pajem se aproximasse:

— Junte alguns funcionários, vá até a despensa, pegue algumas cestinhas e encha-as de nozes. Em seguida, coloquem-nas em locais escondidos, para que os convidados possam encontrá-las.

Atendendo aos comandos, o pajem se afastou, enquanto Atreu corria até Aethel, na esperança de encontrá-lo, em uma vã tentativa de resolver a importante e misteriosa questão que tanto encolerizou o imperador.

  Enquanto isso, Dipper seguiu as ordens de Aethel, de modo que não demorou para que os amigos se reunissem com Aethel e partissem em direção a grande floresta sombria; ou quase.

Na verdade, Mabel ficou bastante intrigada com as palavras de Dipper, especialmente quando esse lhe informou do papel jogado, das palavras duras para com o cônsul e da decisão veloz em se retirar.

Curiosa, a garota olhou seus arredores, com diligência, até encontrar o pequeno papel, atiçando a curiosidade do irmão gêmeo.

Antes, porém, que ambos pudessem averiguar seu conteúdo, Trixie se aproximou e perguntou porque Aethel havia saído, fazendo Dipper se lembrar do pedido do imperador:

— Nossa! Eu já estava me esquecendo! Trixie, reúna o pessoal e vamos até o Aethel; ele quer passear na floresta e chamou a gente.

Naturalmente, deixar uma festa daquelas não estava nos planos de Trixie, mas seus protestos não poderiam mudar as ordens de um imperador, de forma que, em questão de instantes, todos já estavam reunidos nos portões do palácio, juntos de Aethel.

Trixie, Tucker, Rosa, Sam, Jazz, Danny, Jack, Spud, Dipper e Mabel; todos estavam ali, prontos para apoiarem Aethel no que desse e viesse, independente de qual fosse o assunto.

Jazz ajeitou os cabelos ruivos (um bonito tom de laranja avermelhado, ou algo próximo disso) e questionou Aethel sobre o que estava acontecendo, recebendo a resposta de um Atreu que, de forma inoportuna, caminhava com o grande grupo:

— Sua alteza imperial deparou-se com uma questão que não pode resolver com sua espada mágica. Mas isso é assunto grande demais para você, criança; além disso, não posso tratar desse tipo de assunto com uma senadora honorária, Jazz. me desculpe.

Jasmine não gostou nem um pouco das palavras de Atreu, mas se acalmou quando Spud lhe deu um burrito carregado.

Enquanto todos discutiam, Mabel desdobrou o papel amassado e o leu em voz alta:

— “Como não há mais Ryus além de vós, nobre soberano, o senado achou por bem lhe buscar uma esposa, dentre as princesas disponíveis nas terras além (ou não além) do véu: Aethel, você vai se casar, pelo bem do império.

O grupo foi tomado por um silêncio sepulcral, logo quebrado por sons de galhos quebrando, denunciando a presença de intrusos na grande e antiga floresta sombria.

Seguindo o barulho, os amigos logo notaram o som de duas pessoas (pelo menos, Spud e Tucker torciam para que fossem, de fato, “pessoas”) conversando:

— Hiro, estresse é prejudicial à saúde. – dizia uma das vozes – Procure se sentar um pouco.

— Ok, tá legal, eu já sei! – disse a outra voz – Eu sei disso, Baymax. Mas é que… isso não tem nenhuma lógica! Quer dizer, uma hora a gente tava jantando com a tia Cass e, na outra, viemos parar no meio dessa floresta sinistra, sem mais nem menos! Ai meus Deus, será que o Kray tá aprontando mais alguma? Sei lá mas, de repente, deve ter testado alguma tecnologia que deu errado e…

De repente, a conversa parou.

Aethel correu até o local onde os sons foram ouvidos pela última vez e, para espanto de todos, encontraram dois indivíduos: um rapaz oriental de 14 anos, com pele clara e clabelos negros (e um tanto bagunçados) e um robô fofo, que muito lembrava um marshmallow.

Inicialmente o imperador supôs que o garoto estivesse sendo mantido prisioneiro daquela misteriosa criatura que, para ele, assemelhavam-se aos golens das antigas lendas que Merlin contava, nos doces tempos em que Aethel não conhecia nada muito além da floresta e seus lindos rios, com água borbulhante.

Apesar das conjecturas, Baymax não tinha nada de assustador ou “vazio”, como um escravo animado por encantos misteriosos; não, aquele ser fofinho e simpático não tinha como ser um golem assustador.

Seja como for, ninguém ficou mais surpreso com aquele encontro no meio da floresta do que Hiro, que já se levantava da pedra e cerrava os punhos.

Para Atreu, tal gesto não poderia indicar mais do que duas coisas: aquele rapaz devia ter a coragem de um homem e a insensatez de uma criança.

— Quem tá aí?! – gritou Hiro – Quem são vocês? Se prepare, Baymax.

Caminhando até o centro da clareira, onde a luz do luar iluminava os requintados trajes imperiais, Aethel saudou o rapaz:

— Não desejava assustar. – disse o rei – Espero que meus amigos e eu não sejamos muito “ameaçadores”, agora que nos vê melhor.

Com o luar já era possível averiguar melhor a fisionomia de Hiro, que remexia sua blusa de frio azul sem parar, tirando e colocando as mãos nos bolsos, enquanto movia os pés de um lado para o outro, gerando um som próximo ao trotar de um cavalo, graças a sola do par de tênis que o garoto usava.

Seu calção jeans bege parecia adquirir uma coloração próxima ao tronco de um salgueiro, graças a noite densa que, pouco a pouco, tornava-se ainda mais crepuscular, devido a um grupo de nuvens que, atrevidamente, insistiam em cobrir a Lua.

Apesar da escuridão, ninguém poderia deixar de distinguir a aflição nos olhos castanhos de Hiro, que olhava para todos os lados e, quando fitava o imperador, baixava-os rapido, como se por o instinto natural lhe fizesse reconhecer a grandeza daquele que estava diante dele.

— Atreu – começou Aethel – Volte ao palácio e me traga alguns cavalos. Traga também uma garrafa de chocolate quente, que o menino está com frio – disse Aethel, apontando para Hiro – E também chame Arquimedes; todos sempre ficam de boca aberta quando ele começa a falar.

— Não sou seu servo, majestade – respondeu o cônsul – Se quer essas coisas, traga você mesmo!

— Não é meu servo? Porém, eu sou servo de toda a nação! – rebateu Aethel – Se sirvo a todos, bem lhe fará servir a mim… ao menos desta vez.

— Está em terreno perigoso, sua alteza – respondeu Atreu – Não deixe que o sangue ferva.

Aethel cerrou o olhar e, após olhar rápido para os amigos, respondeu:

— E é a mim que você fala isso? A mim, que deixei os dias tranquilos de lado e travei guerras que não eram minhas, abri mão da própria juventude em nome do Estado e, por fim, me entreguei nas mãos do grande cavaleiro, para regar a grama com o escarlate do meu sangue?! A verdade, senhor Atreu, é que você e o senado não tem direito de exigir mais nada de mim… Pois preço da paz atual, da qual vocês e todo o mundo desfrutam, foi pago por mim e… – Aethel parou, enquanto Mabel lhe tocava no ombro – Bem, todos sabem o quanto esse preço foi alto.

Após terminar, Aethel pegou uma madeira caída, enrolou alguns cipós secos na ponta e dirigiu-se a Jack:

— Irmão Jack, por favor, pode acender essa tocha?

— Claro – respondeu o sino-americano – Mas não estamos longe do palácio. A gente bem que podia voltar. – sugeriu Jack, enquanto soprava fogo de dragão na ponta da madeira improvisada.

Aethel recusou, afirmando que ainda desejava caminhar um pouquinho pela floresta, no intuito de relembrar os bons tempos em que vivia com Merlin e seus ensopados de peixe e legumes.

Tucker limpou seus óculos e chegou mais perto de Baymax, fascinado com a tecnologia da qual o robô era feito, enquanto Spud oferecia a Hiro alguns chocolates embrulhados em papel dourado.

— Gente, alguém sabe que lugar é esse? – perguntou Hiro, mais tranquilo.

Antes que a pergunta fosse respondida, um grande estrondo tomou a atenção de todos, de Aethel em especial, restaurando o recente espírito de alerta que havia estado naquele grupo, antes que encontrarem-se com Hiro.

Seguindo o barulho, o grande grupo de deparou com um grande ogro de pedra, coberto de limo e folhagens verdes, que tinha uma rocha arredondada por cabeça, marcada por dois sulcos para rubis; no entanto, uma das joias vermelhas havia sido retirada.

Com raiva, a criatura atirava pesadas pedras em um trio de rapazes que, a despeito de toda a insistência, não conseguiam causar dano ao monstro.

Batendo as mãos, como se desejasse fazer um viçoso banquete, o ogro de pedra fazia com que pedregulhos que madeiras mortas se erguessem, apenas para atirá-los com força contra os três garotos.

Com um poderoso soco na terra, a criatura fez grandes raízes agarrarem os adversários que, em desespero, gritavam “larga a gente! Coisa feia!”, gerando maior intensidade no ogro.

A boa literatura de nosso mundo já discursou muito sobre ogros feios que gostam de pântanos, lugares solitário e imundície, porém, considero lamentável que nunca alguém tenha dedicado maior esforço no estudo dos ogros de pedra; caso contrário, os três que estavam prestes a ser esmagados pelos grandes pedregulhos, saberiam que ogros de pedra são sentimentais, portanto, ofendê-los é como assinar nossa sentença de morte!

Com uma grande espada, um dos rapazes acertou a fronte do ogro, enquanto o outro, de pele laranja e cabelos loiros, saltava sobre a cabeça do ogro lhe desferia uma série de socos e, como não obtinha resultados, soprou uma grande bola de fogo, capaz de derreter chumbo.

— Vou te partir como se fosse um burrito! – gritou o rapaz da espada, preparando-se para acertar um golpe certeiro no ogro.

— Basta! – gritou Aethel, que não admitia que qualquer de seus súditos fosse ferido.

Os dois garotos pararam de atacar, porém, a desatenção do terceiro era demais para que qualquer ordem (mesmo as imperiais), surtisse algum efeito:

— Quatro braços! – gritou o terceiro rapaz, que desapareceu em uma clarão verde e deu lugar a um guerreiro vermelho e calvo, de quatro braços musculosos, igual números de olhos, alguns espinhos e um emblema na cintura, que Aethel achou ser uma ampulheta verde.

Avançando com um forte golpe de ombro contra o ogro de pedra, o monstro avermelhado derrubou a criatura, mas foi jogado para longe por um raio verde, disparado por Danny, cuja transformação em fantasma fora feita em bom tempo.

Caminhando até o ogro, Aethel tocou-lhe a cabeça com a sua, como se ambos fossem irmãos:

— Tenha calma, amigo. Vai ficar tudo bem – sussurrava o rei.

O ogro grunhiu alguma coisa, fazendo o imperador olhar para aqueles três que, por imprudência, haviam invadido o lar da pobre criatura.

 – Não sei quem foi, mas peço que devolvam logo o que pegaram.

Os dois primeiros (o loiro e o garoto da espada) se entreolharam, com ares de surpresa:

— Quer dizer que alguém pegou algo desse monstro e ele acha que foi a gente? – perguntou o loiro.

— Se eu for pelos olhares – disse Aethel –, posso ver que são inocentes. Portanto, resta… – começou o rei, fitando o guerreiro vermelho.

— Benjamin – disse o guerreiro, cuja espada já havia desaparecido – você pegou alguma coisa dessa… “coisa”?

Benjamin tocou a ampulheta na cintura e, em meio a um clarão verde, reassumiu a forma humana; era um rapaz de cabelos castanhos (que pareciam precisar de um barbeiro), olhos verdes e pele clara.

Sua camisa era negra de mangas curtas, decorada com uma faixa verde (que se estendia pelos ombros, gola, mangas e cruzava a barriga verticalmente), marcada com um “10” na região do peito.

Suas calças eram feitas de um jeans marrom, como a madeira de uma macieira, seus tênis eram tão verdes quanto seus olhos, ficando muito bem com aquela sola que, momentos antes, ainda era branca e emborrachada.

Aethel caminhou até Benjamin e estendeu a mão esquerda, pedindo que ele devolvesse o que pegou, ao que ele tirou do bolso um bonito rubi, que o imperador agarrou e logo restitui ao ogro de pedra.

Foi preciso que a criatura se abaixasse, é claro, mas logo que seu olho direito foi posto novamente no lugar, o grandalhão deu um pulo e saiu caminhando, floresta adentro. 

— Já sei que nosso ladrão se chama Benjamin – respondeu Aethel – Mas gostaria de saber os nomes de vocês, amigos.

Aproximando-se, o loiro, cuja camisa branca e calça azul estavam empoeiradas, se apresentou:

— Fala galera – disse o garoto – Meu nome é Duncan Rosenblatt e… – disse, olhando ao redor – Que lugar é esse, heim?

— Sou Hex Salazar – respondeu aquele que empunhar a espada laranja. – Olha só, será que alguém pode dizer como eu vim parar aqui?

Dirigindo-se a benjamin, Aethel perguntou seu sobrenome, ao que ele respondeu:

— Eu sou Ben Tennyson, portador do omnitrix e – falou, com uma ponta de orgulho – salvador do universo…

— E ladrão! – disse Rex, provocando o riso alegre de Mabel e dos outros.

Aethel pegou uma blusa da cor vinho no chão e entregou a Duncan, que agradeceu, enquanto Salazar tirava os vestígios de terra e grama da sua própria.

Spud sugeriu que todos voltassem ao palácio, mas Aethel disse que ainda queria um cesto de maçãs doces, plantadas na área onde as fadas faziam piqueniques:

— Não vou voltar até ter uma maçã! – disse Aethel, teimosamente.

Aproveitando o clima mais tranquilo, Atreu resolveu retomar o assunto do casamento, mas foi impedido por Dipper, que comentou sobre o diário de Salazar (o antigo cônsul) e das preocupações que esse lhe trouxera.

O imperador ainda desejava ficar longe do palácio, porém, mudou de ideia quando viu Hiro fechar o zíper da blusa e colocar as mãos no bolso.

Baymax começou a emitir de dentro uma luz vermelha e quentinha, logo atraindo Mabel, que adorou abraçar o robô fofinho.

— É como um pãozinho saído do forno – disse a gêmea, para o sorriso de Aethel.

Olhando para a Lua, o imperador suspirou:

— Ok, irmão Spud, você tem razão. Vamos voltar ao palácio.

Conforme caminhavam de volta ao palácio, o grupo via as lindas luzes da festa brilharem, porém, a tranquilidade foi quebrada por Ben:

— Sabe nossos nomes, mas não sabemos o seu. – disse Benjamin, sem olhar o rei nos olhos.

Aethel se desculpou e, mais alegre, respondeu:

— É verdade, Benjamin, me desculpe. Cavalheiros, sou Aethel O. Sakhar Absalom Ryu; sejam bem-vindos à cidade de Ghalary.


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Notas finais do capítulo

Rainha de Sabá:
Às vezes chamada de "rainha do Sul", a rainha de Sabá foi a soberana do reino de Sabá que, possivelmente, compreendeu os territórios da Etiópia e do Iêmen. É provável que tenha vivido por volta do século X, a.C. .
De acordo com uma lenda etíope, teria tido um filho com o rei Salomão, Menelik I, que se tornou o primeiro imperador da Etiópia e, por conseguinte, ancestral da monarquia etíope.
De qualquer modo, foi por seu encontro com Salomão (onde esse pôde demonstrar sua sabedoria), que a rainha ficou famosa. Esse evento é descrito em 1 Reis 10:11-13.



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