As Crônicas de Aethel (Vol.III): O Enigma de Atlas escrita por Aldemir94


Capítulo 5
Novos Amigos




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Após alguns minutos, Aethel e seu grupo retornaram ao palácio, onde o baile prosseguia e, em respeito ao protocolo imperial, logo tratou de providenciar trajes formais para seus novos convidados: Duncan, Hiro, Baymax, Rex e Ben.

Enquanto os garotos se arrumavam (Baymax não precisou de mais que uma gravata borboleta preta), Aethel chamou Gael e Merlin, desejando saber a razão da grande floresta ter trazido mais jovens para Ghalary.

— A floresta trás quem for necessário – respondeu Merlin – É a vontade de Deus.

Após tossir um pouco, Aethel guiou a todos (Trixie, Tucker, Rosa, Sam, Jazz, Danny, Jack, Spud, Dipper, Mabel, Duncan, Hiro, Baymax e Ben) para o grande salão da Távola Redonda, enquanto ajeitava melhor a Excalibur no cinto. Atreu, porém, optou por voltar ao baile, onde seus amigos senadores já deviam ter dado por sua falta.

Não houve muita conversa enquanto o extenso grupo cruzava corredores e escadas, no entanto, sentiam-se cada vez mais revigorados de sua caminhada na floresta, conforme se aproximavam do salão.

Assim que chegaram, todos os presentes reconheceram a nobreza do recinto, de sua grande mesa redonda e todos os outros elementos distintos, que tornavam-se ainda mais excelentes com os bonitos painéis nas paredes, retratando inúmeros episódios do passado recente.

Como se chamado pelos pensamentos de Merlin, Arquimedes entrou voando pela grande porta, para pousar no ombro de Aethel.

— Onde está Luna? – perguntou o rapaz – Também não tenho visto Tristã ultimamente, aconteceu alguma coisa?

— Eles estão com o doutor Gemma e Carlos – respondeu o corujão – Há algo com a grande placa de pedra que aguçou a curiosidade do arqueólogo. Além do mais – prosseguiu Arquimedes – Acho que Luna e Tristã precisam de um tempo só para eles.

— Entendo – respondeu o rei – Neste caso, precisarei que me faça o seguinte favor – disse Aethel, pegando um pedaço de papel na mesa e escrevendo algo com uma pena de águia – Vá até Gemma e Carlos, meu amigo Arquimedes, e peça que eles venham até aqui, juntamente com Luna e Tristã (me desculpe, mas quero que estejam comigo também), pois precisam ver o diário de Salazar. A seguir, peço que entregue esta mensagem ao chefe dos anões – pediu Aethel, entregando o pergaminho a coruja – Preciso que ele me traga o que está escrito neste pedaço de pergaminho o quanto antes… Por fim, chame meu secretário aqui, ele começou a trabalhar comigo a dois dias, mas acho que não se adaptou ainda.

— Hahaha – riu a coruja – Se adaptar? Você pediu a ele que redigisse uma lista de compras e a entregasse para a cozinheira…

— E ele entregou a rainha Blair – completou Gael, segurando o riso – O diplomata de Gardênia ficou furioso, hahaha, e começou a vociferar “minha rainha não é sua quitandeira!”

— Blair estava na cozinha, usando um avental! – rebateu Aethel – Como o pobre coitado poderia saber quem ela era?

A discussão poderia ter se estendido por horas, mas a coruja pegou a mensagem e saiu voando, diante dos olhares chocados de Ben, Hiro, Duncan e Rex:

— A coruja fala?! – perguntou Hiro.

— Bem vindo a Ghalary – respondeu o imperador.

Enquanto aguardavam a chegada de Arquimedes e dos outros, Mabel resolveu puxar conversa com alguém, pois não gostava muito de ambientes que fossem sérios demais:

— Então galera… Porque você tem pele laranja? – perguntou Mabel para Duncan – Sem ofensas, ok? Eu gosto de laranjas.

— Olha… – respondeu Rex, enquanto seu estômago roncava – Eu estava aqui me perguntando a mesma coisa.

Duncan ajeitou o smoking (dos trajes disponíveis, foi o que lhe pareceu menos caro) e respondeu que não se sentia ofendido com a pergunta, já que, após estudar em inúmeros colégios, podia dizer que ouvira perguntas muito menos agradáveis:

— Depois de algum tempo – respondeu o rapaz – a gente meio que se acostuma com essas coisas. É o seguinte: minha mãe é uma militar heróica e super protetora, e o meu pai é… – disse Duncan, enquanto ajeitava a gravata borboleta – o rei dos kaijus… um tipo de raça de dragões antigos que entraram em guerra contra os humanos, antes de eu nascer… Bem, minha pele é laranja por causa disso: sou metade humano e metade kaiju.

Em risos, Danny respondeu que Jack também era um dragão e, portanto, Duncan se sentiria em casa, o que fez todos sorrirem com alegria.

Aproveitando a conversa iniciada por Mabel, Aethel e os cavaleiros da távola se apresentaram aos recém-chegados, partilharam um pouco de suas histórias e depois partiram para assuntos mais triviais, como família, amigos, namoro e táticas militares da alta idade média (assunto de grande interesse para Aethel).

— Quando passei as férias com o vô Max e minha prima Gwen, viajamos pelo país todo. Mas um relógio E.T. caiu na Terra e grudou no meu pulso – disse Ben, mostrando o omnitrix – Agora eu posso me transformar numa infinidade de alienígenas superpoderosos.

Gael olhou fundo nos olhos de Ben Tennyson, mas preferiu permanecer em silêncio, enquanto os outros partilharem suas histórias.

Hiro liderava uma equipe de heróis na cidade de San Fransokyo e Rex tinha o poder de criar máquinas em seu próprio corpo, devido a micro-robôs chamados nanites, que existiam dentro de seu organismo:

— Quando eu era pequeno – disse Rex Salazar – Houve uma explosão, que espalhou nanites pelo planeta todo. Eles transformaram seres vivos em E.V.O.s (quase sempre são monstros sinistros), mas eu conseguia trazer eles de volta ao normal… quase sempre, pelo menos. Hoje em dia, só eu tenho nanites no meu corpo.

Quando questionado sobre a família, Hex disse que só tinha o irmão, César, pois seus pais haviam morrido quando ele ainda era jovem. Além disso, devido a fatores que estavam além dele, passara a infância sofrendo com constantes perdas de memória, provavelmente devido ao experimento de nanites que contaminara seu organismo:

— Uma das minhas memórias mais antigas foi quando conheci o agente 6. Ele se tornou quase como um pai pra mim.

— Também tive problemas com memória – respondeu Aethel – Mas assim foi melhor. 

A conversa seguiu por mais alguns minutos, até que Arquimedes retornou com Gemma e os outros, incluindo o secretário (um homem franzino e barbudo, na casa dos quarenta); apesar disso, Luna e Tristan ainda não haviam chegado.

Com um aceno da mão direita, Aethel pediu que o secretário ajeitasse sua mesinha portátil e preparasse os pergaminhos, pois logo lhe seriam ditadas uma série de informações e mensagens para posterior arquivamento.

Aethel esperou que o arqueólogo e o curador do museu se sentassem para, após breves apresentações, dar início aos assuntos pertinentes.

Ajeitando seu uniforme negro, o imperador comentou sobre o diário de Salazar e pediu a Gemma informaçõea adicionais sobre a antiga placa de pedra que, pouco tempo antes, fora disputada pelo Cavaleiro Verde (ausente no presente momento).

Ajeitando os óculos quadrados e os cabelos castanhos, Gemma tirou de seu jaleco um caderno de notas e, com um brilho em seus olhos castanhos, sorriu para o rei:

— A inscrição na pedra dizia “Que meu legado esteja preservado, para quando os deuses retornarem as terras férteis de Ílion; que o sangue de meus filhos perdure, pois deles provém a esperança de dias melhores. A cidade nascente, dos quatro círculos, onde meus pais descansam, foi preservada; salva para sempre do furor divino. Aos que vierem depois de mim, que ouçam minha voz: sigam o vento Oeste, até as terras verdes, próximas ao fim do mundo, além dos pilares de Héracles.”Isso não ajuda muito, naturalmente; para os antigos gregos, qualquer coisa depois dos pilares de Héracles já estaria além do mundo conhecido… No entanto – disse Gemma, enquanto o grande grupo o observava com ares de curiosidade – Carlos e eu retornamos ao salão de Atlas, no subsolo deste palácio…

— Mas não tinha nada lá – disse Rosa, ajeitando os cabelos loiros –. Pelo menos foi o que o Spud disse.

— É verdade – concordou Carlos, com sua expressão habitual de tranquilidade – No entanto, após retornar para a sala do trono de Atlas (ao lado do salão de Atlas), encontramos uma pequena inscrição na parte de trás do trono, próxima ao piso, que nos esclareceram um pouco sobre o “vento Oeste” e “terras verdes”; para resumir, a inscrição apresentava um desenho tosco de uma praia, somado a alguns números sumérios…

— Que apontavam para onde? – Questionou Gael, impaciente.

— Para o marco inicial daquela que será a maior descoberta desde os pergaminhos do Mar Morto, a tumba de Tutancâmon e a cidade de Pompéia: Atlântida e o túmulo de Atlas.

Hex e Duncan pareciam entretidos pelo assunto, mas Ben não demonstrou grande animação, especialmente por estar com a “cabeça cheia”, como dizia.

— Atlântida não existe – disse Ben – É só folclore. 

— Não falava o mesmo dos alienígenas? – rebateu Gael, para espanto de Benjamin – Acho que aquela sua amiga tenista teria algo a dizer sobre isso.

— Como é que sabe disso?! – perguntou Tennyson – Você estava me espionando?!

Gael negou, enquanto Jack Long tomava a palavra:

— Olha só, o Aethel é descendente do príncipe Atlas, que fundou Ghalary…

— E esse Atlas era descendente direto dos atlantes… – complementou Danny –, ele descendia…

— Da própria Clito – disse Trixie – Ela e o Poseidon tinham uma ginga muito maneira…

— É… – concordou Spud – Eram, tipo assim, pasta de amendoim com geléia, sacaram?

— Isso que dá me cercar de crianças – suspirou Gael, enquanto Gemma e Carlos riam baixo.

Levantando-se de sua cadeira, Aethel deu ordens para que o escrivão registrasse a mensagem a seguir, enquanto o jovem imperador segurava no cabo da Excalibur:

— “Por razões de força maior, tomou-se por missão solene a busca pelo legado ancestral que, pela misericórdia de Deus, tornou possível construir toda sorte de tradição, instituições e valores da maior importância, tornando-nos a todos o que hoje se define como ‘ghalaryano’. Considerando isso, comunico ao senado que, pela minha mão esquerda, formar-se-á esquadra formidável, para a conquista daquilo que tomarmos por ‘Novo Mundo’ e, no percurso pela qual a trilha dos atlantes nos guiar, recuperar nosso passado glorioso. Entendo que, devido aos vastos conhecimentos dos quais dispõem ambos, os senhores Gemma e Carlos (ambos nomeados cavaleiros do impérios por mim, Aethel Ryu) serão de vital importância na jornada que se seguirá, de modo que defino, a partir de agora, seu afastamento temporário do instituto de arqueologia imperial, assim como do museu imperial e de nossa gloriosa biblioteca; salvo quando (e se) a necessidade de restituição das posições de ambos nessas instituições se fizer necessária.Após tossir um pouco, Aethel fitou os olhos brilhantes de Mabel e, após limpar o rosto com um lenço, prosseguiu – “Devido ao já exposto, desejo que o nobre Atreu – 2° Cônsul do império e amigo leal – mantenha a ordem, até meu retorno breve. Por minha vontade, a partida da grande expedição deverá ser logo após o encontro diplomático com o presidente marionete de URSI, juntamente com os emissários franco-aramânianos de Juba III. Mais determinações serão enviadas ao Senado a posteriori”  – secando o rosto mais uma vez, o monarca concluiu – “Aethel O. Sakhar Absalom Ryu; primeiro de sua linhagem. Pela graça de Deus, imperador de Ghalary, guardião das antigas tradições, etc.”  E ponto final, senhor secretário.

Aethel pediu o documento e, após certificar-se de que o texto estava de acordo com seu discurso, o rapaz secou a tinta com um pouco de pólvora, enrolou o pergaminho e marcou a cera com seu sinete.

Após limpar a garganta mais uma vez, Aethel entregou o manuscrito para o escrivão e ordenou que esse fosse levado aos senadores o quanto antes, fazendo-os cientes das novas determinações imperiais.

A seguir, Aethel entregou o diário de Salazar para Gemma que, olhando admirado para as informações, mesclou-as com tudo aquilo que já havia descoberto, logo traçando uma rota mais precisa para o primeiro marco dos atlantes: um ponto na região sudeste do Brasil.

Após isso tudo, Aethel dispensou os amigos, para que desfrutassem do baile imperial (que ainda estava seguindo alegremente).

O imperador caminhou até a porta de entrada, sendo seguido por Baymax, que o questionou:

— Numa escala de 1 a 10, qual o seu nível de dor?

— Fala em enigmas, meu amigo fofo – respondeu o rei – Tem certeza de que não é um golem?

— Não sou um golem – respondeu Baymax – Sou um robô e seu agente especial de saúde.

— Já tinha ouvido isso… estão liberados. – Disse Aethel para todos, enquanto saia pela porta de forma solene.

Merlin pediu que Arquimedes seguisse o imperador, sendo prontamente atendido, enquanto Gael chamava Dipper em particular.

— Vá até o quarto de Agnes – disse o mago – Deixei algo lá que vai achar interessante.

Em poucos segundos, todos já haviam saído da sala de reuniões, com exceção de Hiro e Baymax (pois o garoto oriental estava fascinado com os painéis nas paredes). Dipper seguiu seu caminho sozinho até o quarto de Agnes e os outros partiram para os festejos no grande salão de bailes, sendo guiados por Merlin.

Hiro ficou admirando as belas pinturas de cavaleiros, dragões, santos e reis, além de cenas retratando bosques, jardins e grandes batalhas. Em certo momento, seus olhos se fixaram em uma cena retratando um rapaz de joelhos perante um altar,  com um cavaleiro de armadura verde de espada em punhos, prestes a golpear o garoto.

— Que coisa mais sinistra – disse Hiro, enquanto mudava o olhar para a cena seguinte, onde o garoto do painel jazia no chão, com o pescoço ferido, enquanto o cavaleiro de verde erguia a espada tingida de vermelho.

— Ele parece familiar. Não acha, Baymax?

O robô tirou uma foto da cena, mas logo a atenção de ambos, máquina e menino, foram atraídas por uma luz dourada, que se revelou como sendo Luna e Tristan (muito atrasados, por sinal).

Hiro não podia acreditar nos seus olhos: fadas de verdade!

— Isso é… é… inacreditável! – disse o adolescente.

Tristan e Luna ficaram muito satisfeitos com a reação do menino, mas perguntaram quem ele era e o que fazia naquele salão sagrado, logo sendo informados de que o garoto fora trazido ali por Aethel que, depois da reunião, liberou a todos para a festa.

— Eu fiquei aqui, olhando essas pinturas. – disse Hiro – Pensando bem, não sei onde fica  salão do baile, então…

— Eu levo você até lá – respondeu Luna – Se pôde vir aqui, então já é de casa.

— Gostou dessa pintura – observou Tristan – algum motivo em particular?.

Hiro respondeu que era muito bem feita, mas que era um tanto pesada para aquela sala.

— Quem era ele? – perguntou Hamada – Ele deve ter feito algo terrível. Será que a gente consegue descobrir algo no túmulo?

— Porque procurar um vivo entre os mortos? – questionou Tristan, ajeitando seu habitual traje azul de príncipe.

— Mas como assim? Ele não morreu nesse lugar da pintura?

— Eu não disse que ele não tinha morrido – respondeu Tristan – Não há dúvidas de sua morte; apenas disse que ele está vivo. Mas fiquei surpreso com a sua pergunta sobre quem esse garoto é; não conseguiu identificá-lo?

Olhando com maior atenção, Hiro Hamada não pôde negar mais o que seus olhos viam:

— Mas não pode ser…

— Sim, garoto – disse Tristan – O rapaz da pintura não é ninguém menos que Aethel, a quem já conheceu nesta noite.



***



Talvez Dipper tivesse achado o encontro entre Hiro e os dois pequenos amiguinhos engraçado, mas estava ocupado demais caminhando pelos corredores do palácio, em direção ao quarto de Agnes.

Após alguns minutos, conseguiu chegar ao seu destino, apenas para ver que ninguém o estava aguardando no lugar.

— Não acredito que Gael me fez vir até aqui por nada – suspirou Dipper.

Olhando ao redor, o garoto percebeu um estranho brilho na estante, que logo materializou um pequeno embrulho de cetim, com uma fita vermelha e um bilhete com os dizeres “Agradeça a Shmebulock. Começo a pensar que fui mesmo o responsável pelo feitiço dele – provavelmente foi merecido. Seja como for, espero que se divirta com este presente. – Gael.

Dipper desembrulhou o objeto e, para seu assombro, viu na capa o desenho de uma mão direita dourada com seis dedos, que mostrava na palma um grande número 4, escrito com marcador preto.

— Eu não acredito! – exclamou o gêmeo – Esse é o diário 4?! Pensei que só existiam três!

Enquanto Dipper exultava com seu presente, alguém o observava da porta, tomando cuidado para não ser percebida…

Era Mabel, cujo semblante era bem menos animado que o de seu irmão.


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