Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 59
O jogo da discórdia - Parte I




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809400/chapter/59

 

É de manhã e você acorda bruscamente ao ouvir repetidos toques de mensagens através das notificações onde na mais pura curiosidade decide logo checar do que se trata. Ao pegar seu celular e ver as mensagens — que já chegam a quase quinhentas — nota que elas vêm do grupo de sua turma.



Rebekah: Tá bom, gente. Mudando de assunto agora. Hoje à tarde será o jogo com classificação para as semifinais da competição estudantil. Vocês vêm, né? Quero ter a minha torcida favorita me assistindo e torcendo por mim.

Cris: É claro que a gente vai

Micaella: Ai, eu tô super ansiosa. Fiquei treinando bastante essas últimas semanas

Tommy: Eu vou com toda a certeza. Não perco minha gata do vôlei por nada

Rebekah: Obg amor

Allison: Todos nós viremos. Vamos torcer pro time da escola ir pra final

Rebekah: Obrigada. Isso vai dar uma força muito grande pra mim e pro time também

Cris: Onde que S/N está que não falou nada até agora?

Rebekah: É um milagre se responder agora. S/N demora séculos pra responder uma mensagem

Micaella: S/N cadê você? Sei que vc tá online. Sua bolinha está verde aqui pra mim

Cris: Pra mim também

Você: Eu tô aqui. Acabei de acordar

Micaella: Acabou de acordar???

Você: Sim pq vcs estão acordados tão cedo? Ainda é oito horas

Rebekah: S/N, se você não sabe hj é o dia do jogo!
Rebekah: Ele começa nove horas!!!!

Você: Nossa é vdd! Tinha me esquecido que é tão cedo
Você: Tá, então eu vou me arrumar
Você: em vinte minutos estou na escola

Rebekah: Então agilize
Rebekah: Não quero que ninguém falte pro nosso jogo!

Allison: Sim senhora

Micaella: Vejo vocês na escola então
Micaella: Mandem mensagem quando chegarem




⌚ Algum tempo depois...


O ginásio já começa a encher cada vez mais de pessoas bem animadas para a competição. Alunos de várias turmas, inclusive até da outra escola que irá jogar andam por todos os lados, desde o jardim do lado de fora até no interior do local comendo, conversando, sorridentes, brincando.

Porém, por outro lado, há também aquela pequena parcela aparentemente nervosa e preocupada para o que irá acontecer dentre pouco tempo...

— Gente, muito obrigada pelo apoio que vocês estão nos dando por estarem aqui pra assistir a gente — Rebekah fala.

— Que isso? É claro que viríamos, né? A gente disse — diz Allison.

— E como vocês estão agora? — Cris pergunta.

— Mais nervosa que antes pra falar a verdade — Rebekah responde.

— Eu tô bem confiante, mas depois que eu vi esse tanto de pessoas aqui, sinto que tô começando a ficar preocupada — Micaella responde.

— Calma, vai dar tudo certo. Vocês vão conseguir. Olha onde vocês já chegaram. Já conseguiram passar pela seleção pra fazer parte do time, agora é só ter foco que vocês vão seguir até a final — Allison encoraja.

— Me surpreende ver a Rebekah desse jeito, você é sempre tão cheia de si nesses jogos — Cris comenta.

— É, mas a cada jogo, quando vejo que estamos chegando mais próximas da final, em vez de eu ganhar mais confiança, é quando eu sinto mais medo — Rebekah declara.

— Vai dar tudo certo, amiga. Nós vamos ter que sugar toda a confiança do mundo hoje e pegar emprestado um pouquinho. Não podemos dar mole agora — Micaella fala.

— É isso aí. Nada pode atrapalhar vocês hoje. Mantenham o foco e dêem o melhor de si — diz Allison, confiante.

— E aí, gatinhas? Preparadas pra daqui alguns minutos? — diz Cynthia unindo-se a vocês.

— Ai, não — Max reclama.

— Estamos fazendo o possível pra nos acalmarmos, mas tá difícil — diz Rebekah.

— Tá uma pressão muito grande hoje porque as alunas da outra escola trouxeram uma galera com eles. Parece que até às famílias vieram. Que cafona. Vieram pra vê-las perderem o jogo, porque se depender da gente eles não vão fazer nem metade dos nossos pontos — Cynthia dispara.

— Isso que é confiança! — você exclama.

— Olha, eu não gosto muito de você, mas tenho que concordar com o que disse. Nós vamos escorraçar elas daqui — Micaella diz.

— Esco o quê?! — Cris pergunta com uma leve gargalhada.

— Escorraçadas, aniquiladas, arruinadas e tudo mais o que pudermos fazer pra sair com a vitória hoje — Cynthia profere, confiante.

— Garota, você é perigosa! — Allison comenta logo em sequência levando uma cotovelada de Max.

— Já fui chamada de coisas piores, então, obrigada pelo elogio — ela diz — Bom, eu vou aproveitar esse tempo que me resta pra fazer outras coisas agora. Meninas, não amarelem e não banquem as medrosas a essa altura. Ninguém merece passar por um vexame desses.

— Não, que isso? Estamos amareladas e não vamos desistir — Rebekah diz.

— O quê?!

— Estamos desist... Ai, nem sei mais o que tô falando — Rebekah fala pondo as mãos no rosto.

— Ela quer dizer que vai estar pronta, é isso — Micaella diz.

— Só espero que não arruinem com tudo. Deixa eu sair antes que seja contagioso — Cynthia fala se retirando olhando para você.

— Pelo menos ela não atacou a gente dessa vez. Hoje o foco dela tá nesse jogo — você declara.

— É verdade. Ela parece com sangue nos olhos — Cris comenta.

— Fica mais antipática do que o normal. Mas hoje vai descarregar tudo nas outras garotas. Eu fico até pensando no que isso vai dar — Max diz.

— Gente, me dêem licença agora. Acho que vou seguir a dica da Cynthia e me preparar também — fala Rebekah — Mica, você vem?

— É claro que vou — Micaella responde.

— Cadê o Tommy?

— Calma, ele ainda vai aparecer. Agora vão se preparar porque vocês têm que estarem perfeitas — Allison ordena.

— Tá bom, gente. Até daqui a pouco — Rebekah diz levando Micaella.




Passado algum tempo, enquanto as garotas ainda estão no centro do ginásio se aquecendo, você, Cris, Max e Allison ocupam os assentos que tinham conseguido pegar a tempo para assistir o jogo. O local não é tão próximo do centro do ginásio como queriam, mas sim no alto da arquibancada, beirando os últimos degraus. A sorte é que tem um painel próximo e assim daria pra assistir bem a performance.

— Que bom que conseguimos pegar esses lugares. Faltam pouquíssimos sobrando agora — comenta Allison.

— E pouquíssimos minutos também. Já, já dá nove e meia. Esse jogo já era pra ter começado — diz Cris, irritadx.

— Cris, você já devia saber que jogos assim não começam exatamente no horário marcado — Max fala.

— Como eu vou saber disso? Não acompanho nada dessas competições de esportes. A única competição que entendo e que começa na hora exata que eu quero são as de video game que eu jogo lá em casa.

— É por isso — você comenta, sorrindo.

— Na verdade, parando pra pensar agora, o que você tá fazendo aqui, Cris? Que eu saiba você não gosta de esportes e nunca assiste os jogos da escola, sempre foge quando tem. O que aconteceu que hoje você veio? — Max pergunta.

— Bom, eu só vim acompanhar vocês. Não posso? — Cris pergunta.

— Claro que pode. Você vai gostar de assistir. Eu mesmo já assisti e participei de alguns. Vai gostar desse de hoje — você diz.

— Ja tô gostando — elx fala.

— Espero que essas garotas consigam ter harmonia e se deem bem nesse jogo. Fazer parte do mesmo time da amarga da Cynthia não deve ser nada fácil — Max comenta.

— Não, não deve ser mesmo — Allison concorda — Mas não vamos falar dela agora. Viemos aqui pra se divertir e torcer pela Micaella e Rebekah. Até pra Cynthia também.

— É isso aí — Cris concorda.

— Agora que eu tô vendo melhor: a galera da outra escola veio em peso mesmo e eu só consigo pensar no resultado caso eles perderem. Parece que tem mais pessoas de lá do que da nossa própria escola — você diz olhando ao redor.

— Caso eles perderem, não. Eles vão. As meninas se empenharam bastante. Eu acompanhei alguns treinos e elas deram tudo de si em todos eles. Hoje não vai ser diferente — diz Felipe surgindo de repente.

— Felipe! Finalmente apareceu. E aí, 'tava lá embaixo dando boa sorte pra sua namorada? — Allison pergunta em tom de brincadeira, sorrindo.

— Ah, quem me dera ela fosse. Mas Cynthia não quer nada comigo — ele responde — Mas eu fui, sim, dar apoio. Pra todas elas, inclusive.

— Calma, um dia ela te olha diferente. Você vai ver.

— Só se for com olhar de raiva, porque eu tô tentando tanto que ela já deve estar de saco cheio de mim. Tenho que aceitar que perdi pra aquele tal de Stefan.

— E por falar em Stefan, já faz um tempo que eu não tenho falado com ele. Ainda tá afastado um pouco por conta da Lavínia. Com certeza ele não vai estar aqui hoje. Ele não gosta de tumulto — você diz.

— Nossa amiga Lavínia. Ela ia amar estar aqui — Allison diz.

— Ia mesmo. Acho que Heitor também ia gostar dela aqui — Felipe diz.

— Inclusive, cadê ele? Não veio? — Cris pergunta.

— Tá por aí em algum lugar. Mas enfim, eu vou me sentar aqui com vocês. Posso?

— Claro — Allison concorda.

— Beleza — ele diz.

Enquanto seus colegas conversam, Cris, que está bem ao seu lado, aproveita o momento antes do início da partida pra iniciar uma conversa. Sendo assim, sem perder tempo algum, já dá sua primeira investida quando pergunta:

— E aí, S/N? Como tá sentindo sobre o jogo?

— Eu tô bem animadx. Acho que vai ser bem legal — você responde.

— Tem certeza? Você tá falando menos do que o normal hoje e sua cara é de quem não queria estar aqui hoje.

— Tá, eu não vou mentir. Eu não queria vir hoje mesmo. Tem coisas me preocupando que a minha vontade era só de ficar em casa descansando, não vou mentir. Eu vim só pra ver as meninas. Hoje é o primeiro jogo, não é?

— Poxa! Mas vem cá, você veio só ver as meninas jogarem? Não ficou nem um pouco de saudade de ver o pessoal, nem de me ver também?

— Não fiquei com saudades. A gente se vê todos os dias.

— Assim você magoa. Falando desse jeito vou começar a achar que não se importa comigo — elx fala.

— Aí, tá bom, vai. Não precisa chorar por causa disso. Até que sua presença não é tão ruim — você diz.

— Hum, agora não sei se melhorou ou piorou com o que você disse.

— Você vai precisar fazer mais se quiser que eu sinta saudades da sua companhia. Me desculpe, mas eu tô sendo sincerx.

— Eu vou fazer. Saiba que eu sempre me dedico bastante pra aquilo que eu quero.

— E o que você quer? — você pergunta.

Cris nada responde.

No meio disso, vocês são interrompidxs por Allison que aparece segurando dois cachorros-quentes e dois refrigerantes entregando para você e Cris.

— Obrigadx — você agradece.

— Quando foi que você saiu? — Cris pergunta.

— Nós fomos nesse instante. Chamamos vocês pra perguntar se queriam ir, mas vocês nem ouviram. Então fomos de uma vez e trouxemos pra todo mundo — Allison fala.

Ao olhar para o lado, você vê Max e Felipe sentando-se nos assentos com seus lanches. Em seguida, um som de estática vindo do centro do ginásio ecoa chamando a atenção da multidão que faz a maior algazarra.

— Bom, deixa eu voltar pro meu lugar porque o jogo já vai começar e Max odeia que eu deixo elx sozinhx — Allison diz, afastando-se.

— Tá bom — você fala.

— Obrigadx pelos lanches — Cris agradece.

No mesmo instante um homem sobe ao palco e, aproximando-se do microfone, ele começa a falar:

— "Boa tarde alunos e alunas. Começa agora o aguardadìssimo Jogo Interescolar de Vôlei desse ano. Foi um longo período de preparação que ocorreu no início desse ano para as coisas acontecerem, somado ao interesse e esforço de todos os participantes que vão se enfrentar essa manhã. Em breve saberemos, entre as escolas de Montreal e Dolaville quem sairá vitoriosa no dia de hoje. Eu quero saber se vocês estão animados para hoje.

A multidão grita fervorosa com gritos e ovações.

— "Me digam. Eu quero saber: estão animados pra hoje?"

E, com mais força, a galera vibra e a todo vapor ela responde com um intenso e entusiástico “SIIIIIM!”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os órfãos de Nevinny" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.