Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 56
Eu simpatizo com você




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A aula de química acaba de terminar e os alunos já saem do laboratório apressados para levarem seus pertences de volta para a sala e em seguida irem para o intervalo. Você e seus colegas também os acompanham um pouco devagar para conversarem sobre o que havia sido discutido durante a aula.

— O professor chamou minha atenção porque eu errei o nome do elemento químico. Agora eu tenho a obrigação de saber todos os elementos da tabela? — profere Cris um pouco irritadx.

— Se você quiser ir bem nas provas e atividades como essa vai ter que saber pelo menos uma parte delas — diz Rebekah.

— Por que essa matéria tem que ser tão difícil, hein? Por que tudo em relação aos estudos ficou mais difícil desde que entrei no ensino médio?

— É por isso que se chama ensino médio, Cris — Rebekah diz, sorrindo.

— Eu sei, mas por que tem quer assim? Essa matéria é muito difícil!

— Todas as matérias são difíceis pra você — ela dispara.

— Ah, também não é assim. Eu gosto daquela que é bem legal e não é difícil. Aquela que nos reunimos na quadra, no ginásio, que usamos a bola pra acertar a cesta ou pra fazer saque.

— Você fala de educação física? — Allison pergunta, rindo.

— É. Essa é a melhor disciplina da grade que nós temos — Cris fala.

— Quem dera nós estudarmos só isso. Nós já estamos a caminho pra faculdade. Ainda estamos no primeiro ano, mas tudo conta. Temos que sair bem em todas as matérias — Rebekah fala.

— Eu tenho que ir muito bem na prova de química. Depois do mico que eu paguei hoje acho que ficou bem visível que eu não tô por dentro da matéria.

— Eu acho bom mesmo você se dedicar. Se quiser eu te ajudo na parte dos estudos.

— Eu também posso ajudar se quiser — Allison diz.

— Por favor, gente. Não quero correr o risco do professor pedir pra fazer uma mistura no laboratório e eu explodir a sala — Cris fala, apreensivx.

— Também não é pra tanto.

— Pois é. Não vai acontecer uma coisa tão absurda. Mas eu adoraria ver você errando um ingrediente e seu rosto ficando colorido depois de uma explosão de fumaça do tubo de ensaio — zomba Rebekah.

— Ia ser daora — Allison diz, rindo.

— Que tipo de amigxs vocês são? Tá vendo aí, S/N? Esse é o tipo de pessoas com quem andamos — Cris fala lhe dando um breve toque no braço.

Você nada diz apenas dando um modesto sorriso de canto de boca como resposta.

— Você também podia me ajudar, S/N, já que você falou que é adiantadx nas matérias.

— A gente pode ver isso depois.

— Tá, pode ser — Cris concorda.

— Ok. Depois podemos combinar isso.




⌚️ Minutos depois...



Chegando na sala, vocês deixam seus cadernos e canetas em cima de suas carteiras para irem ao refeitório procurar uma mesa disponível para o grupo.

— Vamo` logo gente porque eu tô morrendo de fome — diz Cris.

— Eu também — fala Allison.

— Hum, vocês podem ir na frente. Eu quero ir ao banheiro rapidinho. Mas assim que eu sair de lá eu encontro com vocês no refeitório — você avisa.

— Tem certeza? Não quer que eu vá junto? — pergunta Cris.

— É, nós vamos com você — diz Rebekah.

— Não, não precisa. Vocês teriam que correr pra isso. Além do mais não quero atrapalhar a fome de vocês. Então podem ir e logo depois eu vou — você fala, decididx.

— Tá, se prefere assim...

— Então, vamo` gente. Não quero chegar lá e encontrar só as sobras — diz Cris.

— Ótimo — aprova Allison.

— Te esperamos lá, hein? — Rebekah fala.

— Ok — você diz.

Nisso, você espera que seus colegas saiam da sala e, ao avistá-los dobrando o corredor, segue na direção oposta. De repente, ouve alguém lhe chamar ao longe, mas decide ignorar a solicitação continuando a caminhar, nem sequer olhando para trás para ver de quem se trata.

Num instante você já se encontra onde queria ir: em algum lugar daquele vasto jardim sentadx em um dos bancos um pouco afastadx dos poucos alunos, apenas observando a movimentação ao redor e o tempo passar.

Passados alguns minutos seu telefone começa a tocar. Você olha para a tela e vê o nome de Cris na chamada deixando tocar até o fim. Assim que para, vê que há mensagens também, tanto delx como de Rebekah perguntando “onde raios você se meteu?”. Mas também não responde nenhuma delas, apenas deixa ali como se não tivesse visto nada.

Durante o tempo que olha as notificações, sente uma movimentação no assento que está bem à sua frente. A princípio acha que seria impressão, mas mesmo assim decide tirar a prova. Então, levantando o olhar, vê que de fato tem alguém na sua frente lhe encarando com um sorriso malicioso no rosto.

— Hum, mais uma vez aqui sozinhx afastadx dos seus amigos. Isso tá virando um hábito, hein? O que tá acontecendo entre vocês, hein S/N?

— O que você quer, Cynthia? — você pergunta.

— Que você me responda — ela diz — É bem estranho você estar sempre com eles e hoje de novo estranhamente você está aqui sozinhx e tão distante de todo mundo. Vocês brigaram, não foi? `Tava na cara que você não ia se adaptar.

— Não, ninguém brigou. Dá licença, eu vou pra outro lugar — você diz levantando-se prontx pra sair dali, até sentir a mão de Cynthia lhe impedindo.

— Ei! Calma aí! Não precisa ficar nervosx com a minha presença e sair assim. Eu sei que meu charme é irresistível, mas não precisa ficar assim sem jeito — Cynthia diz, convencida.

— Eu não...

— Eu sei. Não precisa dizer nada. Agora senta aí. Eu só quero conversar com você.

— O que você quer? — você pergunta novamente.

— Primeiro senta aí — ela ordena.

Você não obedece apenas encarando-a.

— Anda, S/N! Senta aí! Deixa de tolice. Vai ser rapidinho.

Não querendo muito você acaba aceitando e senta no banco.

— Agora fala. Não temos muito tempo — você diz.

— Bom, primeiro eu quero saber como você tem passado, como você está.

— É sério isso?! Desde quando você se preocupa comigo?

— É. Por que não? — ela diz.

— Não sei. Não é você que tá de olho em mim desde o primeiro dia? “Estou de olho em você, novatx”. Não foi isso que você disse pra mim?

— Foi. E de fato eu continuo de olho. Então deixa eu fazer outra pergunta. Cadê sua amiguinha Lavínia? Por que ela não tá vindo mais pra escola? Ela não era pra estar aqui com você?

— Eu não sei da Lavínia, tá bom?

— Não sabe? Achei que fossem amigxs — ela diz dando um sorriso sarcástico.

— Nós não... Por que você ainda tá aqui? — você pergunta.

— Tá bom, eu paro. Só queria puxar algum assunto com você, mas já que não vai me responder...

— Você tá insistindo muito na mesma coisa. Esse é o problema. Essas suas insinuações me irritam.

— Achei que já tinha se acostumado, pois eu sou exatamente assim.

— E eu sempre me pergunto o por quê. Isso é doentio.

— Chame do que quiser, é assim que eu me divirto. As pessoas me deixam entediadas, eu só faço alguma coisa pra mudar isso — ela diz.

— Bem que você poderia ser um pouco mais gentil. Não precisa perturbar a gente assim.

— Mas essa é a graça. Eu já tentei fazer o personagem “amiga gentil” uma vez e não deu muito certo. Sabe o que aconteceu?Acabei levando uma facada nas costas.

— Facada? — você pergunta.

— Fui traída. A vaca era minha amiga de infância e descobri que ela dava em cima do meu namorado. Ele não me traiu, pelo menos não que eu saiba. Mas aí terminamos, depois tentamos mais uma vez mas não consegui me entregar totalmente. A confiança se foi, então comecei sempre a desconfiar. Não deu certo.

— Entendi.

— Desde então eu passei a desconfiar de tudo e de todos. Não consigo mais confiar em ninguém cem por cento.

— Então prefere ficar só do que na companhia de pessoas que não agradam.

— É o que fazemos — ela fala.

— Mas o seu ex não te traiu. Por que você não tentou de novo? — você pergunta.

— É verdade, ele não me traiu. Mas ficou algo em mim tipo um bloqueio que não sei se devo tentar novamente. Às vezes me arrependo. Tanto que não consigo esquecer ele e tô sempre por perto dando umas investidas. Mas acho que não adianta mais — Cynthia diz, descontente.

— Stefan. É dele de quem você fala, não é?

— De quem mais seria?

— Eu não sabia dessa história. Stefan parece ser muito sério — você declara.

— E é. Isso que me chama a atenção nele. Eu sinto que ele é de verdade, mas fico confusa às vezes.

— Com o quê?

— Me diz uma coisa, o que rola entre o Stefan e a Lavínia?

— O quê?! — você pergunta.

— O que rola entre os dois? Eles se pegam, ficam, namoram ou já namoraram?

— Eu...

— Não mente pra mim.

— Eu não sei. Que eu saiba não acontece nada entre os dois. Eles são apenas amigos, é isso que eu sei.

— Isso é verdade? Olha, eu odeio mentiras. É bom não estar escondendo nada — ela fala com um tom ameaçador.

— É, é verdade sim. Eles são uma boa dupla.

Você diz dando uma pausa, mas ao ver que a expressão de Cynthia muda, complementa:

— Mas em sentido de amigos mesmo. Não precisa fazer essa cara.

— Agora estou mais aliviada — Cynthia diz parecendo satisfeita.

— Você tem que parar de ser paranóica com Stefan. Ele é um bom cara. Talvez se você não ficasse assim ele poderia te dar mais uma chance — você declara.

— Foi o que ele te disse?

— Não, mas...

— Eu só acreditaria se fosse ele falando. Você não adianta.

— Tá, então faça isso. Mas eu tenho certeza que a resposta dele não seria diferente.

Cynthia nada responde apenas torcendo os lábios enquanto lhe olha com uma cara azeda até algo chamar sua atenção.

— Ah, então esse é o colar que Cris te deu?

— É. Como sabe que foi Cris que me deu? — você pergunta após olhar para o acessório.

— Eu sei. E não foi elx quem me disse. Estou sempre de olho nas minhas caças.

— Ah, quer dizer que eu sou uma caça pra você?

— Exato. Não que eu esteja apaixonada, é claro. Mas em outros sentidos — ela diz.

— Que sentidos são esses?

— Com um tempo você vai saber. Mas voltando ao assunto do colar, até que é bonito, mas não passa de uma bijuteria barata.

— É, ele é bonito sim. Mas não importa se é bijuteria ou não, ou o valor que foi comprado, e sim o fato da pessoa ter me dado um presente sem querer nada em troca. Eu achei bonito da parte de Cris, mesmo eu não entendendo o porquê disso — você diz com o colar na palma da mão.

— Você não entende ou finge, porque o óbvio não dá pra negar — ela diz dando um sorrisinho.

— Eu vou fingir que não ouvi isso — você fala olhando para o lado.

— Ok. Mas, e aí? Você gosta de Cris também?

— O quê?!

— Se você tem interesse pra ficar, pra namoro. Vamos, você sabe do que eu tô falando. Não seja inocente agora.

— Vou fingir que não ouvi isso também.

— Bom, eu tentei arrancar alguma coisa de você, mas vejo que também é bem difícil. Mas também não me importa, não `tava querendo saber sobre isso mesmo.

— Você queria arrancar alguma coisa de mim pra contar pra elx, não é?

— Não, eu não faço esse tipo fofoqueira. Minhas metas são outras. Acho que se fizesse isso com você talvez seja porque mereça muito, mas não é o caso aqui. Pelo menos não agora — Cynthia diz.

— E quando seria esse “agora”?

— Isso vai depender de você. Então espero que ande na linha quando se tratar de minha pessoa.

— Isso é uma ameaça? — você pergunta.

— É. Direta e clara.

— Então posso dizer que isso serve pra você também. Eu posso ser simpáticx, mas por trás desse sorriso tem uma pessoa que também sabe jogar.

— Ah, então também sabe jogar? Que bom que tem essa audácia. Eu admiro pessoas que têm isso no sangue — Cynthia diz.

— Hum — você desdenha — É estranho dizer isso, mas parece que temos algo em comum.

— E o pior que tenho que concordar com você. Não sei como consegue aguentar esse pessoal da escola. Estão sempre sorrindo e simpáticos. Você consegue atuar bem.

— Como assim? De onde você tirou isso?

— Não se faça de sonsx, eu sei que você não suporta essa escola, além de todo o resto.

Você nada diz, apenas olhando para o lado.

— Viu só? Não somos tão diferentes assim. Também não suporto a maioria — ela fala — Eu posso estar errada, mas algo me diz que de algum modo nós não daremos errado.


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