Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 26
Uma noite de domingo




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Ao saírem de casa, você e Allison pegam o elevador para assim poderem ir ao térreo, andar onde fica o salão de festas. Em meio aos segundos que levaram para que chegassem, aproveitaram esse breve tempo para continuarem conversando e se conhecendo um pouco mais. Então, foi quando logo chegaram até onde Lívia e seus amigos estavam, curtindo a festa com muita animação, mas sem exageros, é claro.

Ali, você pôde ver que alguns dos amigos de sua irmã ingeriam bebidas alcoólicas e até ofereciam para Lívia, na qual ela recusava de imediato, pois não podia se dar ao luxo de ingerir bebidas do tipo, ainda mais num domingo à noite e que no dia seguinte ainda teria que acordar cedo para ir trabalhar. Por mais que ela quisesse, a responsabilidade teria que ficar acima de tudo.

Você ficou esperando o momento certo para abordar sua irmã e fazer o pedido da autorização para que pudessem sair. Foi num momento propício em que ela se afastou dos amigos que lhe surgiu a oportunidade perfeita para que chegasse nela e fizesse o que tinha que ser feito.

Logo na sua primeira tentativa, ela ficou um pouco incerta sobre o que fazer e até não achou uma boa ideia de vocês saírem naquele horário, o que não lhe supreendeu, pois já esperava que a resposta dela seria essa. Mas foi com a tentativa de Allison que tudo se precedeu.

Allison usou um tom de voz tão gentil e amigável (não que não fosse assim, mas nesse caso foi mas intenso) para que Lívia permitisse a saída de vocês, até usou o fato do que aconteceu naquela segunda-feira na parada de ônibus próxima a escola e que precisaria agradecer uma das pessoas que mais se preocupou com o estado de sua saúde, especialmente você que tinha tido seu primeiro contato com Allison justamente nesse dia e nem se conheciam e que isso era uma coisa tão difícil de se ver hoje em dia.

Desse modo, Lívia, ouvindo tais palavras e o modo como tudo foi dito, acabou não resistindo e assim permitiu a saída de ambxs dando apenas duas condições que deveriam ser cumpridas:


— Vocês só poderão ir até a praça e voltar antes das onze, pois vai ser a hora dos parabéns, entendido?

— Tá bom, Lívia. Ok — você diz revirando levemente os olhos.

— Nós prometemos que não vamos demorar — Allison fala.

— Eu acho bom mesmo. Não é porque essa cidade não tem histórico de violenta que podemos baixar a guarda — Lívia diz — Agora podem ir.

— Vamo', S/N. Antes que ela desista — Allison diz em um tom baixo enquanto dá um leve sorriso.

Na saída do prédio...

— O que foi aquilo que você acabou de fazer? — você pergunta.

— O que eu acabei de fazer? — Allison pergunta sem entender.

— Não sei. Você não parecia você. Quer dizer, o jeito como falou. Parecia diferente em comparação a alguns minutos antes.

— Ah, isso? Que fique entre nós, S/N: esse é o meu truque quando quero conseguir alguma coisa.

— Seu truque? Me desculpa como eu vou falar isso, mas você literalmente apelou com a persuasão e chantagem emocional — você diz, sorrindo.

— Eu tive que fazer. Quando percebi que as chances de não podermos sair eram moderadas, não pensei duas vezes.

— E tem mais truques pra conseguir outras coisas também?

— Depende. Talvez sim, talvez não. Mas esse é o que mais uso. Específico pra situações como essa — Allison diz.

— Bom, e agora que já conseguimos o que queríamos, vamo' logo pra praça?

— Agora mesmo.

Saindo da frente do prédio, andam cerca de três ruas até chegar em uma grande e iluminada praça. Lembrando das palavras de Allison você pôde verificar o que havia dito antes: a praça realmente não parece ser perigosa naquele horário e isso fica bem mais convicto pela presença de algumas pessoas fazendo atividades, caminhando com seus cachorros, outras fazendo exercícios nos aparelhos e até algumas sentadas nos bancos olhando a vista ou apenas conversando, e também uns jovens reunidos debaixo do coreto tirando algumas selfies.

— Tem razão. Não 'tá nada perigosa — você diz olhando ao redor.

— Viu? Essa cidade é ótima em relação a segurança. Não precisa temer — Allison fala.

— É. Vendo essa cena me deu até vontade de vir mais vezes aqui à noite.

— É o que eu sugiro. Se eu morasse próximo assim de uma praça tranquila como essa viria todos os dias.

— Onde você mora? — você pergunta.

— No bairro Miríade. Não sei se você já conhece.

— Não. Ainda tem muitas partes da cidade que eu não conheço.

— Lá é bem tranquilo e diferente. Parece até um bairro antigo, com construções mais antigas ou algo assim. E lá é mais parecido com uma vila e também é diferente porque não tem a mesma coloração roxa da maior parte da cidade.

— E por que não? A cidade chama atenção justamente pelo fato dela ser majoritariamente dessa cor.

— Herança do fundador.

— Herança do fundador? Como assim? — você pergunta sem entender.

— Pelo visto você ainda não sabe sobre a história dos fundadores das alas, quer dizer, dos bairros de Nevinny.

— Não. Ninguém me falou sobre essa história.

— Bom, basicamente é o seguinte: a cidade atualmente é dividida em dez bairros, mas antigamente, desses dez existiam apenas sete, na qual nem eram chamados de bairros e sim, alas. Cada uma dessas alas eram representadas pelos fundadores e cada um deles tinha a sua maneira de representar a sua ala, seja nas regras e também na sua aparência com a aprovação dos residentes.

— Entendi. Então quer dizer que todas as alas eram iguais e o fundador de Miríade era o único diferentão? — você pergunta.

— Não exatamente. Existiam três fundadores que eram mais unidos de um lado e outros três mais unidos do outro. A primeira parte decidiu se juntar e adotar uma mesma cor: a azul. Já as outras alas se juntaram e acabaram por adotarem a mesma cor: o vermelho. E em cima do muro ficou o fundador da ala Miríade — Allison explica.

— Mas por que em cima do muro? Ele não compactuava com os outros?

— Como você deve saber, sempre existe alguém em um determinado grupo que fica contra tudo e todos e que acredita que o caminho dele ou o jeito dele é o mais certo e melhor. Esse foi o caso de Joel Miríade.

— Caramba, que história diferente. Nem imaginava que essa era a história de Nevinny — você comenta.

— Pois é. Mas isso é antigo. Já tem algum tempo.

— Mas ainda tem coisas que eu não entendi.

— Se eu puder responder eu te explico.

— Você disse que o seu bairro ainda permanece com a aparência de como o fundador deixou na época dele. Mas se essa história já é antiga, por que os moradores do bairro não adaptaram o lugar ao restante da cidade? Assim ficava tudo na mesma vibe, né?

— Não, S/N. Como eu disse agora: isso é a herança do fundador. Isso significa que a aparência da cidade não pode ser mudada, pra poder manter essa herança. Ainda existem pessoas da família do fundador na cidade.

— Sério?! Bom, acho que isso é a única explicação pra isso.

— É. Mas eles ainda permitem que continue assim pra manter a história e a cultura. Quem quiser morar lá vai por vontade própria e porque se identificou com alguma coisa da história — Allison diz.

— Sensato — você fala — Mas, e você? Gosta de morar lá?

— Como eu moro lá desde minha infância acabei acostumando, então nem ligo muito. Mas claro que quando eu vou pro lado iluminado eu prefiro mais.

— E eu te entendo completamente. Sabe, agora eu fiquei com uma certa curiosidade pra saber como é o bairro de Miríade — você diz, animadx.

— Qualquer dia você pode conhecer minha casa, se quiser.

— Pode ser. Quem sabe um dia — você concorda.

— Acredito que você vai gostar.

— Eu não sei se tô sendo inconveniente ou algo do tipo, mas essa história me despertou curiosidades, então tem mais coisas que eu quero perguntar — você diz.

— É claro que não tá sendo inconveniente. É um prazer falar sobre essa história com alguém. E também tô adorando conversar contigo. Foi pra isso que eu vim, não foi? — Allison diz, sorridente.

— Ainda bem. Porque eu fico com medo de ser insistente demais.

— Não, você só está com curiosidade — Allison fala — Mas e aí, o que você quer me perguntar mais?

— Eu fiquei pensando aqui: se você disse que eram sete fundadores e a cidade tem dez bairros atualmente, quando que os três bairros restantes apareceram?

— Você se interessou mesmo pela história, hein? — Allison diz, gargalhando — Mas enfim, pelo o que eu sei pela história da cidade, um dos bairros é patrimônio do grupo das alas azuis por possuírem mais recursos, e o outro bairro é propriedade do fundador de Miríade. Na verdade foi um presente, pois ficou-se sabendo que a família de uma das alas azuis e a de Miríade se juntaram após um casamento.

— E o terceiro bairro? — você pergunta.

— O terceiro bairro não existia na época. Ele é bem recente e foi criado apenas pra parte mais pra alta sociedade, realização de eventos, essas coisas.

— O bairro dos famosos? Onde fica o Dakota Palace?

— É, onde fica o Dakota Palace. Muita gente ainda duvida que aquele lado não foi inventado na época por causa do Palácio. Mas não é verdade.

— Nossa! Quanta coisa! — você exclama — Mas e a última pergunta: como esses fundadores vieram parar aqui?

— Isso eu já não posso te dizer com certeza, pois ninguém tem a fonte correta. Mas eu acho que deve ser igual aconteceu em outros países antigamente: velejaram por aí e acabaram encontrando um monte de terras.

— É, faz sentido — você diz pensando na teoria.

— E aí, já acabaram as perguntas? — Allison pergunta.

— Eu não tenho certeza, mas acho que ainda tem mais coisas pra perguntar.

— Tudo bem, eu te explico tudo o que eu puder e souber. Mas será que a gente pode sentar um pouco, ainda não posso fazer muito esforço por causa da bala.

— Nossa, é verdade. Eu nem me toquei disso. Me desculpa. Nem te perguntei como você passou esses dias, como você está.

— Vamos se sentar ali, S/N. Eu te conto.

— Tá, vamos.


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