Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 25
Deixe-me apresentar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809400/chapter/25

— Alisson?! — você pergunta, supresx.

— Boa noite, S/N — Alisson responde, sorridente.

— Como você tá e o que `tá fazendo aqui?

— Ah, eu tô muito bem. Foi meio chato ficar em casa sem ter nada pra fazer na maioria das vezes. Não vejo a hora de voltar pra escola amanhã.

— Te entendo. Eu também odeio ficar sem fazer nada por muito tempo, mas... eu tô surpresx pela sua visita. Muito surpresx, aliás — você diz.

— Imagino. Espero que não seja um incômodo pra você, mas... você não vai me convidar pra entrar? Quer dizer, se você tiver algo mais importante pra fazer...

— Sim.

— Vai sair. Eu sabia. Bom, eu não quero te incomodar, me desculpa por não ter avisado, S/N — Allison diz começando a se afastar da porta.

— Não, não. É claro que não. Eu não vou.

— Espera, você vai ou não sair?

— Não, definitivamente eu não vou sair. Na verdade eu nem sei mais.

— Que cabeça confusa! — Allison diz, gargalhando.

— Foi mal. Eu só fico assim em algumas situações — você diz olhando para os lados.

— Normal. Não se preocupe. Mas te perguntando outra vez, não vai me convidar pra entrar?

— Ah, claro que cabeça a minha — você fala com um pouco de vergonha.

— Sem problemas. Eu posso? — Alisson pergunta.

— É claro que pode. Entra. Você quer alguma coisa? Uma água, suco, refrigerante?

— Ah, não. Eu tô bem.

— Okay — você diz fechando a porta — Desculpa perguntar, mas como você sabe meu endereço? — você pergunta.

— Bom, meu pai é policial, você deve saber disso. Então não foi difícil encontrar o lugar onde você mora. Daí eu quis fazer uma surpresa. Não gostou? — Allison responde.

— Ah, claro. Seu pai. Eu não me incomodo, só foi uma coisa inesperada.

— Ufa! Menos mal. Por um momento eu achei que você quisesse que eu não estivesse aqui ou sei lá.

— Não é isso. É porque eu realmente não esperava mesmo você estar aqui.

— Entendi.

— E como você conseguiu subir sem que o porteiro interfonasse?

— Tive uma pequena ajuda. Sua irmã estava lá em baixo, então pedi que não te avisasse. Então, assim subi.

— Entendi. Sabe, foi até bom você ter vindo hoje, sabia? — você diz.

— Ah, é? E por quê?

— O aniversário da minha irmã `tá acontecendo lá em baixo no salão de festas, mas eu `tava me sentindo, sei lá, sobrando naquele lugar. Então eu decidi chamar alguém que tivesse mais a ver comigo, mas lembrei que meu celular `tava aqui em cima.

— Eu conheci sua irmã. Até que ela é legal.

— Sério? E você conseguiu passar pelo porteiro? Ele é bem durão. Mesmo se você estivesse com o seu pai ainda ia fazer muitas perguntas.

— O porteiro até disse que ia ligar para o seu apartamento, mas eu pedi que fosse surpresa. E também meu pai me deu uma ajuda.

— Ele não quis subir? — você pergunta.

— Não. Ele me deixou aqui e foi para a casa da namorada — Allison responde.

— Pais divorciados? Me desculpa perguntar isso. Se não quiser responder, não tem problema.

— Não, sem problemas. Mas não, meus pais não são divorciados. Minha mãe sofreu um acidente de carro. Não sobreviveu.

— Sinto muito — você fala.

Allison dá um leve sorriso.

— Caramba! Olha essa varanda! Posso ir até lá? — diz Allison, caminhando.

— Claro. Você vai ver como é bonito a vista da cidade.

 

 

Na varanda do prédio...

 


— Caramba, que lindo aqui! Vocês têm sorte de terem uma vista dessas. Sempre soube que a Avenida Rose é fascinante à noite.

— É. Sempre gosto de ficar aqui olhando a avenida. Principalmente à noite. Me dá uma inspiração gigantesca. Quando a lua `tá cheia, nem me fale — você diz olhando para o céu que por sinal está radiante.

— Perfeito. Agora posso te perguntar uma coisa? — Allison pergunta.

— O quê?

— Você me perguntou sobre meus pais. Agora eu pergunto sobre os seus.

— Eu acho melhor não. Existem coisas que eu acho melhor não falar.

— Verdade? É sério assim?

— É. São coisas de que eu não me orgulho nem um pouco. Tenho vergonha de contar. É melhor não saber.

— Te entendo. É difícil lidar com coisas assim. Ainda mais com pessoas que amamos e de repente elas vão embora de nossas vidas de repente. Eu te entendo.

— Mesmo? — você pergunta.

— É claro. A diferença é que seus pais estão vivos — Allison diz olhando para baixo.

Você dá um breve suspiro e em seguida diz:

— Foi tudo de repente, sim. Mas eu tô aprendendo a seguir em frente. Essa cidade é um novo começo pra mim.

— Sabe, às vezes fico pensando na minha mãe e tudo o que aconteceu depois, inclusive comigo até. Eu demorei muito pra aprender que não dá pra voltar atrás quando tudo já aconteceu. Não dá pra ficar se lamentando. É sempre difícil passar por situações difíceis, mas apesar de tudo, temos que tornar as coisas mais fáceis pra superarmos mais fácil, senão a gente apodrece aos poucos. Você me entende?

— É, é isso. Isso é total verdade. Da onde você tirou essa frase? — você pergunta.

— Meu pai. Foi o que ele me disse quando me encontrou quando eu fui procurar pela minha mãe pelas ruas quando tinha cinco anos. Andei muito por aí correndo perigo. Eu ainda não sabia o que tinha acontecido.

— Quando sua mãe...

— Há dez anos — Allison responde antes que você completasse sua pergunta.

— Caramba. É muito tempo.

— Muito tempo. Mas eu não podia ficar preso nele. Como você disse: um novo começo.

De volta à sala...

— Você tem um apartamento maneiro. Gostei bastante das decorações. Foi tudo ideia da sua irmã? — Allison pergunta.

— Algumas coisas sim. Outras eu também ajudei a "bolar" — você responde.

— Vocês têm bom gosto. De verdade. Eu queria que tivesse algumas coisas assim espalhadas na minha casa, mas meu pai não gosta muito. Tanto que coisas diferentes mesmo só tem no meu quarto. E já que a casa é dele...

— Ele é mais reservado, é isso?

— Sim, é isso. Mas é o jeito dele. Fazer o quê? — Allison fala dando de ombros.

— Mas quando você fala de coisas diferentes, do que você `tá falando?

— Ah, coisas como estatuetas, rochas, coisas assim.

— Parece diferente mesmo. Não é muito comum muitas pessoas gostarem disso ou até colecionar.

— É. Aliás, eu quero te perguntar uma coisa — Allison diz.

— Diga.

— O que você acha de andar comigo por aí? Quer dizer, pelo menos em volta do seu prédio ou na praça. O que acha?

— Talvez. Não parece má ideia.

— Ótimo — Allison fala com entusiasmo — Tem uma praça bem legal que eu vi numa rua aqui próximo. Ela parece boa.

— Eu sei. É a Praça Valerie — você diz.

— Então.

— Mas será que a Lívia vai dar autorização? Já são quase dez horas — você diz olhando para o relógio digital em cima de um móvel na sala.

— Ah, vamo`. Eu tenho certeza que ela vai deixar. Pelo o que eu conheci, ela parece ser gente boa. E além do mais meu pai tá` na casa da namorada. Ele não vai vir me pegar agora, talvez lá pelas onze.

— Mas não tá` deserto por lá? Não esquece que estamos num domingo à noite.

— Não `tá, não. Passei por lá antes de vir pra cá. Ela não parece ser perigosa. É claro que eu não esqueci o que aconteceu com a gente naquele dia, mas aquilo foi meio que "novo". Isso não é comum aqui.

— Mas nunca é bom arriscar — você fala, apreensivx.

— Vamos. A praça tá movimentada, até. Tem pessoas caminhando por lá, algumas crianças brincando. Nada pode dar errado — Allison insiste.

— Não sei não.

— Ah, vamo`. Eu tenho certeza que ela vai deixar. Vamos ter quase uma hora. E não vamos ter uma oportunidade como essa de novo tão cedo.

— Como assim? — você pergunta sem entender.

— Ah, hoje eu vi para uma ocasião importante e também porque tive tempo. Durante a semana estamos a maior parte ocupados, então só teremos os finais de semana.

— Bom, sendo assim, pensando melhor você tem razão. Além do mais, acho que vai ser melhor do que ficar na festa, né? — você diz, pensativx.

— Tá vendo? Mais um motivo. Assim fica melhor da gente conversar.

— Okay, então. Você venceu. Vamos caminhar. Isso se a Lívia deixar. Ainda tem essa — você avisa.

— É, mas acredito que isso não vá ser difícil. Sua irmã deve estar bem ocupada. Mesmo se a gente sair sem ela ver, acho que nem irá perceber.

— Você nem pense nisso. Se eu fizer isso ela pode me estrangular depois. E se deixar, você também — você fala, gargalhando.

— Caramba. Será que eu me iludi com aquela pessoa simpática que eu conheci lá embaixo? — Allison diz, sorridente.

— Vai por mim. Você só conheceu uma das camadas dela. A verdadeira camada é um pouco diferente.

— Nossa. Então não vai ser uma boa ideia sair sem avisar mesmo.

— Não — você diz, sorrindo.

— Então vamos lá? O pior que pode acontecer é ela dizer não. Daí não tera outro jeito. Vamos ter que ficar por aqui.

— Vamos, né? Como você disse: o pior que pode acontecer é ela dizer não.

Allison dá um leve sorriso. Em seguida vocês vão em direção à porta. Você a tranca, e então saem.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os órfãos de Nevinny" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.