Os órfãos de Nevinny escrita por brennogregorio


Capítulo 27
O que eu descobri outra noite




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Depois de andarem por um tempo, avistaram um banco desocupado próximo a uma das grandes árvores que haviam no local, sentando-se.

— Vamos, agora pode me contar — você diz.

— Então, desde aquele dia do incidente meu mundo parou. Eu fui pro hospital, tive todos os cuidados médicos, meu pai acompanhava todos os dias meus dias de internação. Por um momento eu até achei um pouquinho se conseguiria sobreviver àquela situação, mas meu pai me deu forças constantemente, então agora eu estou aqui — Allison diz.

— Nossa, você passou por uma coisa bem séria. Nem consigo imaginar como é ser atingidx por uma bala podendo correr risco de vida e...

— É, eu nunca tinha passado por isso. Também nunca achei que pudesse vir a acontecer isso comigo mas, enfim, talvez até tenha pensado quando lembro de que eu tenho um policial como pai, mas...

— Que bom que tudo passou — você completa.

— É. Que bom que tudo passou. Agora eu só tenho um curativo no peito, mas tirando isso está tudo tranquilo — Allison fala dando um sorriso.

— Isso é o que importa. E eu sinto muito por você. Inclusive, eu até tentei te visitar mas não deixaram.

— Eu fiquei sabendo. Obrigado por me fazer companhia, S/N. Sua visita já diz muita coisa a meu respeito.

— Não foi nada.

— Diz sim. Você nem me conhece direito. Estudamos na mesma sala mas não tivemos contato. Só nesse dia. Inclusive no seu primeiro dia.

— Nem me fale — você fala.

— Agora mudando de assunto, o que você está achando de Montreal até agora? — Allison pergunta.

— Ah, por enquanto normal. Parece uma boa escola e que tem pessoas legais também.

— É, lá tem, sim. Claro que existem umas ou outras que nos tiram do sério às vezes.

— Sei bem como é — você fala ao lembrar-se de Cynthia.

— Você já deu a sorte de cruzar com alguma delas? — Allison pergunta.

— Já. E ela estuda justamente na nossa sala.

— Ah, você deve estar falando da Cynthia, não é?

— É, ela mesma — você fala — Mas eu só a conheci no dia da preparação pro festival. E de um modo meio rude, aliás.

— Sério? Bom, talvez você não tenha prestado atenção direito, pois naquela segunda-feira ela foi à escola.

— Eu não lembro de a ter visto — você diz.

— Estranho isso, pois a Cynthia adora chamar atenção. Mas também deve ser porque ela fica pela escola perseguindo o ex-namorado — Allison fala balançando a cabeça em negação — Mas me diz: por que você disse que se conheceram de um "modo rude"?

— Sei lá, no dia da reunião ela ficou me encarando e falando umas coisas. Não me importei muito.

— Ela é assim mesmo. Adora alfinetar as pessoas. Eu já falei pra ela que qualquer dia irá aparecer uma garota na escola que vai enfrentá-la e fazê-la mudar o jeito dela. Mas eu tenho medo mesmo delas se juntarem e colocarem terror naquela escola. Vai ser um caos aquilo — Allison diz, gargalhando.

— Não quero nem imaginar — você comenta.

— Então, você já começou as reuniões pro festival, né? Qual foi a atividade que você escolheu?

—Ah, eu não consegui escolher nada. Eu acabei sendo sorteadx pra uma atividade: a de projetos.

— Sério? Eu também estou em projetos. Acho que é mais a minha cara.

— Essa ideia de criar um solta-bolhas econômico é bem diferente — você fala.

— A princípio eu achei que seria algo muito infantil, mas quando o professor nos mostrou as técnicas e todo o processo que tinha que ser feito, eu esqueci disso.

— É. O que importa é o trabalho realizado, né?

— Totalmente — Allison diz ficando em silêncio por alguns segundos — S/N, eu preciso te contar uma coisa que descobri nesses dias que fiquei em casa.

— O que é?

— Então, eu fiquei sabendo que alguns detetives foram na escola procurar por você pra perguntar sobre os caras que abordaram a gente naquele dia.

— Seu pai te contou?

— É. E ele me fez perguntas também. Perguntou se eu lembrava do rosto deles. A mesma coisa pra você, eu acredito.

— Sim, eles me perguntaram isso. Até hoje não entendo por que eles não me chamaram pra delegacia ao invés de fazer tudo na escola. Nao gosto de chamar atenção, ainda mais com a polícia envolvida.

— Então, uma noite dessas eu estava no meu quarto e acabei escutando uma conversa do meu pai falando com alguém no telefone sobre a investigação desses caras. E sabe o que eu ouvi?

— Diz.

— De acordo com a investigação, eles estão suspeitando que aquilo não foi um simples assalto e sim, encomendado por alguém.

— Espera, o quê? Isso não tem sentido. Por que alguém mandaria assaltar a gente? — você pergunta sem entender.

— Eu não sei. Isso também não faz nenhum sentido pra mim, mas foi o que eu ouvi o meu pai falando. Isso de acordo com as investigações da polícia.

— Então, eles estão se aprofundando na investigação?

— É claro. Como eu te disse, Nevinny não é violenta. Então, coisas como essas precisam ser rapidamente resolvidas — Allison fala.

— Mas não tem sentido algum. Nós somos apenas jovens estudantes. Não fizemos nada a ninguém e nem prejudicamos ninguém. Não temos inimigos. Quer dizer, você não tem, né?

— Que eu saiba, não. Mas não precisa se preocupar, S/N. Isso é de acordo com o que eles estão pesquisando. Eu nem queria falar desse assunto pra você, pois eu fiquei com medo da sua reação.

— Mas é claro que tem que me falar. Eu tô nessa história, então era sua obrigação — você fala — Agora eu tô mais preocupadx. E se alguém tiver mandado assaltar a gente mesmo? E o principal: pra quê? Isso não tem nenhum sentido.

— Não tem mesmo. Mas são só hipóteses. Eu prefiro acreditar que foi um acaso — Allison diz.

— Eu também acho. Mas não sei se vou conseguir dormir direito depois dessa — você diz, pensativx.

— 'Tá vendo? Essa era a reação que eu não queria causar em você. Agora a culpa está sobre mim.

— Não se preocupe. Eu vou ficar normal. Em alguma hora, mas vou.

— Vamos trocar de assunto. Se não eu começo a ficar pior por causa disso.

Com isso, Allison foi procurando outros assuntos para falar a respeito com você, pois realmente começou a se sentir culpadx e até arrependidx pelas informações que te deu. Seria difícil ficar em tranquilidade com uma notícia dessas. Só de pensar na hipótese que o infortúnio daquela segunda-feira não foi um assalto qualquer e sim algo encomendado por alguém seria um fato de deixar qualquer pessoa paranoica.

Mesmo você achando que isso não poderia de forma alguma fazer um pingo de sentido, uma parte de seu cérebro não desliga a opção da probabilidade de que isso pudesse ser real, por mais louco que seja. Mas como Allison mesmo disse: seria melhor acreditar de que foi um acaso, senão o sossego não existiria mais em seu vocabulário.

⌚ Algum tempo depois...

Passaram algum tempo conversando sobre várias coisas, mas você continuava a persistir nesse assunto do "acaso" e Allison sempre tentava desviar o foco dessa conversa.

Repentinamente, enquanto papeam, um som de bipe é emitido através do relógio de pulso que Allison usa.

— São quase onze horas. Nós temos que voltar para o prédio logo — Allison diz levantando-se rapidamente do banco.

— Caramba! Eu sabia que isso ia acontecer. A gente vai se atrasar! — você diz com espanto.

— Então, vamos? Antes que sua irmã chegue aqui ou mande um batalhão vindo nos buscar — Allison fala.

— Vamos ter que correr. E bem rápido!

Em alguns minutos logo chegam de volta ao prédio e imediatamente vão para o salão de festas a tempo dos parabéns de Lívia. Felizmente a comemoração ainda não havia passado e sua irmã aparentemente está apenas esperando por sua chegada e de Allison para que enfim possam dar início ao canto. Mas é claro que também ela não deixa de puxar a sua orelha e chamar sua atenção por ter ultrapassado um pouquinho a hora do combinado.

Ainda estando no meio da música de parabéns, subitamente Allison se afasta e vai para o lado de fora do salão. Seu telefone está tocando.

Quando volta para o salão de festas, vai em sua direção e lhe avisa que seu pai já saíra da casa da namorada e que está indo para o endereço de seu prédio. Ainda há um certo tempo para que o senhor Padalecki chegasse ao local, então você aproveita o máximo de tempo que ainda resta com Allison na festa, servindo-se com as guloseimas e se divertindo até que chegasse a hora de se despedirem.

 ⌚ 11:37 p.m.

— Chegou a hora, S/N. Meu pai já está do lado de fora do prédio — Allison fala.

— Pergunta se ele não quer entrar um pouco, assim você fica mais um tempinho aqui — você sugere.

— Ele não vai querer. Eu o conheço muito bem. Essa hora ele só quer saber de chegar em casa, beber a cerveja dele e cair no sono.

— Então se é assim fazer o quê, né?

— É. Mas fica pra uma próxima.

Nesse momento, Lívia chega toda sorridente com uma garrafa de vidro verde na mão esquerda dando alguns goles e uma sacola grande reciclável na mão direita cambaleando levemente quase tropeçando nos próprios pés.

— Aqui, Allison — ela diz.

— O que é isso? — Allison pergunta.

— Separei pra você alguns salgados, doces e bolo pra que leve pra casa. De nada — sua irmã diz, soluçando.

— Que isso? Não precisava de nada disso — Allison fala enquanto olha dentro da sacola.

— Lívia, você bebeu? Você disse que não ia beber nada com álcool essa noite — você diz sem acreditar quando a vê dando uns goles na garrafa.

— Ai, só um pouquinho, S/N. É meu aniversário — ela fala.

— Olha, não vou nem falar nada. Você que lute pra acordar bem pra trabalhar amanhã.

— Eita, ainda tem essa? — Allison comenta.

— É exagero de S/N, Allison. Eu vou conseguir acordar amanhã, sim. Toda bela.

— Só quero ver — você fala.

— Você já está indo, Allison? Ainda 'tá cedo — Lívia diz.

— É, eu preciso ir. Meu pai já está lá fora. Mas eu agradeço por permitir que eu entrasse e ficasse para a festa — Allison fala, sorridente.

— Não há de quê. Você gosta de S/N, então eu gosto de você também. Quando quiser pode vir de novo — ela diz soltando mais um soluço.

— Eu agradeço. E feliz aniversário.

— Vamos, Lívia. Deixa S/N e Allison se despedirem — Jeremy se aproxima, em seguida segurando um dos braços de Lívia e a levando de volta para onde os amigos estão.

— Bom, agora sim — você fala.

— Não precisava de todas essas coisas que Lívia trouxe — Allison diz.

— Aceita. Se não levar, ela vai acabar ficando chateada. Coisa dela.

— É lógico que eu vou levar. Isso tudo 'tava muito bom.

— Bom, então é isso. Acabamos por aqui? Então, até amanhã na escola?

— Sim. Não vejo a hora de voltar a rotina acadêmica.

— Eu também — você fala — Então, se você souber de mais alguma coisa sobre essa tal investigação que os policiais estão fazendo, você me avisa?

— Claro. Já tenho o seu número agora. Então qualquer coisa te ligo ou mando uma mensagem.

— Tá bom — você diz — Vamos, vou te levar até o portão.

E assim você fez. Chegando lá, vê o senhor Padalecki dentro do carro esperando. Você o cumprimenta e ele retribui com um simples "Boa noite, S/N. Como você está?".

Em segundos, Allison entra no carro, vocês se despedem e então o carro do senhor Padalecki segue sua direção. Você fica observando o carro até chegar em determinado ponto e dobrar para a direita. Quando já não o podia mais vê-lo, volta para a entrada do prédio, fecha a porta, cumprimenta o porteiro e segue de volta ao salão.

 


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