Os Irmãos Park escrita por André Tornado


Capítulo 6
Reunião para acertar pontos




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Brad puxou Rob de lado. Enfiaram-se num recanto formado por uma fileira de cacifos que coincidia com uma esquina. Estavam protegidos pelas sombras daquele esconderijo improvisado, mas tinham de ser rápidos. Tocara para o próximo bloco de aulas e os alunos entravam nas respetivas salas, vazando os corredores.

— O que foi, Brad? Não podemos estar aqui. Já deu o toque…

— Vamos à procura do Mike.

— Agora? Não podemos… temos de ir para as aulas e já estamos atrasados.

— Se faltarmos à próxima aula…

— Não podemos faltar! – tornou o feiticeiro a interromper. – O Mike não vai querer isso e muito menos vai gostar que estejamos a planear faltar às aulas por causa dele.

— Ele vai ficar furioso. Eu sei, eu sei. Mas é que… – Brad baixou os olhos, torceu as mãos.

— Achas que ele está a precisar de ajuda por causa do que aconteceu no refeitório? – perguntou Rob, num raro momento de preocupação. Ele costumava ser bastante distraído e nunca levava nada a sério. – Logo falamos em casa. Acho até que vamos falar desta questão. Para quê antecipá-la?

— Sim, acho que o Mike está a precisar de ajuda e que está à nossa espera para conversarmos. Ele também vai faltar à próxima aula. Queres uma aposta? Não vai querer esperar que cheguemos em casa no fim do dia.

— O Mike não precisa de ajuda. Ele enfrentou o tipo com muita coragem. E não estou a ver o Mike a faltar às aulas no primeiro dia.

— Rob… Estás com medo do Mike?

— Sim! – admitiu o feiticeiro, ruborizado. – Sim, estou com medo da reação do Mike se formos falar com ele por causa daquela humilhação descabida no refeitório, em frente a toda a escola. Eu ainda quis fazer um feitiço, ele percebeu e mandou-me ficar quieto. Portanto, o Mike não quis a minha ajuda no meio da confusão, muito menos agora que já está tudo esquecido. Ou que devia estar tudo esquecido.

Brad considerou aquela resposta. Fingiu um suspiro.

— Eu conheço o Mike, Rob. Ele não vai esquecer nada. E tenho informações importantes. Um tipo chamado Charles Elliot falou comigo sobre o rapaz que atacou o Mike. As coisas não vão ficar só por aquilo que aconteceu hoje, no refeitório. Se não se fizer nada, o Mike vai estar metido num grande problema, nós vamos ser arrastados para dentro da tempestade e os três seremos atingidos. Percebe isto, Rob… O Mike quer ficar nesta cidade, quer ficar nesta escola. Ele vai fazer qualquer coisa para ficar, e se o tipo de hoje se meter no nosso caminho, pois… Imagina o que vem aí!

— O Mike vai querer enfrentar o tipo? – estranhou o feiticeiro. – Mas para não darmos nas vistas devemos deixar os valentões em paz, ignorá-los, tentar que eles nos ignorem também. Já resultou no passado. O Mike vai querer aplicar a mesma fórmula.

— Não vai resultar com este valentão, acredita em mim. O melhor que temos de fazer é tentar resolver esta situação já. E que seja a bem, antes de tentarmos resolver a mal. Precisamos de conversar com o Mike. Imediatamente!

Rob viu lógica no ponto de vista do vampiro. No entanto, como não queria faltar às aulas, impôs a condição de se encontrarem com o Mike no próximo intervalo, no lugar que achassem melhor. Seria o mais ajuizado. Brad acabou por concordar. Mostrou-lhe um polegar para cima. Deu meia-volta e correu corredor afora até à sua sala, a última porta. Passou pelo senhor Eastman que patrulhava aquela ala e que o olhou carrancudo. Brad fez por desviar-se dele, mantendo a cabeça baixa. Se fingisse que o homem não estava ali, não seria interpelado. E não foi mesmo.

Passou a aula de Biologia distraído e inquieto, a pensar em como abordar o Mike sobre aquela questão delicada. Estava em causa a sua permanência na cidade e esse era o argumento que iria utilizar. O Mike iria ficar furioso por ele, ou o Rob, se estarem a meter no que tinha acontecido, mas Brad acreditava que unidos seriam mais fortes. Só todos juntos poderiam derrotar essa presença tão poderosa na escola, era esse tal de Johnny, que tinha aparentemente a cobertura do diretor e um pai influente.

A sua intuição estava correta. Mike detestou ter sido convocado para uma reunião com os seus dois irmãos, no lado exterior da escola, junto às árvores da vereda ajardinada que ladeava o edifício. Os estudantes preferiam o pátio e, por isso, aquele lugar não tinha quase ninguém. Brad vira um casal de namorados a se esconderem atrás dos arbustos. Se o casal estava a escapulir-se para não ser visto, não iria decerto incomodá-los.

— O que é que vocês querem? – disparou Mike zangado. – Falta um bloco de aulas, o dia termina e podemos encontrar-nos em casa… O que é assim tão importante que não podia esperar?

— Eu disse-te que o Mike iria preferir que falássemos em casa – observou Rob.

— Rob, tu concordaste com este encontro. Por isso, não me atraiçoes agora! – insurgiu-se Brad.

— Eu não te estou a trair…

— Então, fica do meu lado e não do lado do Mike.

— Mas se daqui a nada voltamos para casa…

— Eu vou para casa, vocês vão comprar material indispensável para as aulas de amanhã. Por isso, mais vale falarmos já e agora, enquanto a coisa está mais ou menos quente – propôs Brad.

— Querem parar de discutir e dizerem-me de uma vez por todas o que é que se passa?! – exclamou Mike impaciente. – Só temos um minuto. Não vou ficar aqui mais do que um minuto, estou a avisar-vos. – De repente, estalou os dedos e disse, em tom de mofa – Ah! Esta pequena reunião desnecessária é por causa daquilo que aconteceu no refeitório? Esqueçam! Ouviram-me? Esqueçam! Não é assunto vosso, é assunto meu.

— Não, Mike, é assunto nosso – interveio Brad colocando-se em bicos de pés.

— Se continuarmos a agir desta forma imprudente, se continuarmos a nos encontramos nos intervalos, como já aconteceu hoje por duas vezes, e só neste primeiro dia de aulas, passa a ser assunto de todos, sem dúvida. Porque vão perceber que estamos juntos. Não quero isso! Não quero que saibam que estamos juntos! Pelo menos até à pausa de inverno, no fim do primeiro semestre. Compreendido?

— Baixa a voz, Mike – pediu Rob.

— Vocês estão a tirar-me do sério, merda.

— Não digas asneiras, Mike – voltou a pedir Rob. Fazia-o com uma expressão tão enjoada que não chegava a ser convincente.

— Mike, a minha opinião é que devemos deixar essa treta de lado de ir cada um à sua vidinha dentro da escola. Vamos assumir que somos irmãos, que partilhamos o mesmo apelido, que estamos efetivamente juntos e que não devem mexer connosco. Os três seremos mais fortes – sugeriu Brad. Esse era o seu plano. Tinha falhas, admitia, mas era qualquer coisa de concreto que eles podiam colocar em prática sem delongas.

— Nós não somos irmãos – rebateu Mike. Cruzou os braços e bateu com o pé no chão.

— Percebo que queiras afastar os curiosos, mas estamos numa situação diferente aqui… Se admites que depois da pausa de inverno podemos fazer a revelação, porque não agora? Vamos só perder tempo se insistirmos em nos separarmos.

— O que dizes, Brad? Achas que eu tenho medo daquele idiota que me pregou uma rasteira no refeitório e que me humilhou em frente à escola inteira? Estás a brincar comigo ou quê? Eu sou um vampiro! Se eu quiser, prego-lhe um susto de morte e até nem preciso de esperar pelo Halloween! – desdenhou Mike.

— Eu sei que não tens medo do Johnny.

— O valentão chama-se Johnny? – perguntou Rob. – Como é que sabes isso, Brad?

— Já disse. Foi o Charles Elliot que me contou umas coisas.

— Quem é o Charles Elliot? – perguntou Mike.

— É o rapaz que estava sentado ao meu lado no refeitório. Deves tê-lo visto, de certeza.

— Não vi nada, Brad – explicou Mike. – Depois da minha queda, ficou tudo desfocado e tive de me controlar para não destruir o que estava à minha volta. Só me apercebi que o Rob queria fazer um feitiço e eu impedi-o, senão estávamos a esta hora a fazer as malas para sairmos de mais uma cidade. A segunda no início deste ano letivo! Não vou tolerar outra mudança com semanas de diferença. Ouviram-me? Ficamos aqui, mesmo que tenhamos de enfrentar as piores dificuldades deste mundo.

— Eu também quero ficar, Mike – anuiu Brad. – Eu também não gostei desta última mudança que fizemos. Fugimos como uns malditos culpados e nós não temos culpa alguma de sermos como somos. Esta é a nossa segunda escola do ano letivo… e quero… sei lá, afeiçoar-me. Entrar na rotina e aborrecer-me. Estar aqui os quatro anos, mesmo que sejam os mais chatos que alguma vez passámos.

— Então, parece que nada mudou e que continuamos a concordar nesse ponto fundamental. Queremos ficar na cidade, não queremos fugir pela calada da noite por causa de um incidente menor provocado por um idiota. Esta reunião é, portanto, desnecessária. Vemo-nos em casa.

Mike preparava-se para reentrar no edifício, mas Brad agarrou-o num braço.

— Não, Mike. Tudo mudou. Escuta, pelo menos, o que tenho para contar.

— Eu quero ouvir, Mike – disse Rob. – E acho que não vou aguentar até chegarmos a casa. Sou muito curioso. Os feiticeiros costumam ter uma curiosidade acima da média.

— Isso não me convence – protestou Mike. – Ora pareces curioso, ora pareces desinteressado. Os feiticeiros são volúveis por natureza e tu não escapas à regra.

Rob encolheu os ombros. Brad apertou ligeiramente o braço de Mike para lhe chamar a atenção. A seguir, soltou-o.

— Escuta-me, por favor…

Brad contou tudo o que sabia sobre o Johnny. O seu estatuto de intocável, a sua evidente maldade, a sua falta de escrúpulos. E mais, Brad julgava que o Johnny tinha destacado o Mike como o seu alvo para aquele ano, porque o Mike lhe fizera frente no refeitório, e também porque sim, pois rapazes como o Johnny não precisavam de justificar muito as suas ações. Era aquilo que eram e pronto. Logo, Brad achava que eles deviam unir-se, mostrar que eram irmãos. Primeiro, para que o Johnny e os seus seguidores não julgassem que o Mike estava completamente indefeso. Segundo, para que o Johnny pensasse duas vezes, se é que aquele crânio vazio tinha a habilidade de pensar, antes de atacar o Mike outra vez. Terceiro, o Johnny fazia parte da equipa de futebol americano, era um dos seus jogadores mais destacados, e como o Rob fazia parte das turmas de desporto podia conseguir informações vitais sobre o tipo que os iria ajudar a enfrentá-lo. Por fim, os irmãos Park iriam libertar a escola do jugo opressor do Johnny, não para lhe ocupar o lugar, mas para efetivamente contribuir com outro ambiente no Instituto.

— Isso é quase uma declaração de intenções – zombou Mike, imitando uma fungadela. – Não queres colocar isso num contrato escrito?

— O que se passa, Mike? Achas que não estou certo?

— Gostei das ideias do Brad – disse Rob, olhando de um para outro.

— O que o Brad está a propor, Rob, acaso não tenhas percebido, é declarar uma guerra. Esse Johnny está no último ano do secundário, nós estamos a começar. Só temos de o aturar durante um ano, ou se calhar nem isso, pois posso aplicar-lhe um corretivo que ele nunca mais vai esquecer e deixar-me em paz. Ao colocarmo-nos como um grupo, passamos a ser o alvo do Johnny. Os três!

— Queres ser o único alvo do Johnny – compreendeu Rob.

— Sim. Sozinho consigo dar conta dele. Não se preocupem.

— E se não conseguires, Mike? – perguntou Brad preocupado. – E se mesmo com todas as tuas habilidades secretas de vampiro o Johnny tiver truques que nunca viste?

Mike estalou a língua e arrebitou o nariz.

— Não é a primeira vez que lido com rapazes que têm a mania da grandeza.

— Valentões – emendou Rob.

— Sim, valentões.

— Tenho um pressentimento, Mike – explicou Brad contraído. – Tenho um pressentimento de que esse Johnny não vai ser como os outros.

— Também tenho um pressentimento, Brad – replicou Mike, com a voz mais branda. – Tenho um pressentimento de que vamos gostar bastante de estudar no Instituto para o Ensino e Ciências Castle of Glass. Vamos ficar aqui os quatro anos do secundário, vamos graduar-nos e vamos sair com boas memórias daqui.

— Espero que tenhas razão… – suspirou Brad.

Mike assentiu, mostrou as mãos, a recuar.

— E eu acho que tu não tens razão! – Completou, espetando um dedo. – Não precisamos de uma guerra. Põe isso na tua ideia. Sem guerras!

Rob pousou uma mão no ombro de Brad.

— Deixa o Mike. Vamos regressar a casa e falamos melhor aí.

— Falamos melhor o quê, Rob? – disse o vampiro desapontado. – O Mike fechou a discussão.

— Podes insistir.

— E ele manda-me calar outra vez.

— Tu és conhecido por ser teimoso.

— E o Mike é ainda mais teimoso do que eu!

— Vou gostar de ver o vosso jogo.

— Sim, vamos precisar de um árbitro. De um árbitro viciado. Ouviste-me, Rob? Não podes nunca tomar o partido do Mike! Ele só vai sair desta com a nossa ajuda, mesmo que julgue que não.

O feiticeiro estremeceu. Os vampiros sempre foram bastante dramáticos e Brad não fugia à regra. Oscilava entre um otimismo brilhante e um pessimismo derrotista, numa paleta de emoções que o fazia duvidar se o irmão adotivo não tinha efetivamente um coração a bater naquele peito magro. O Mike disfarçava mais essa escada que tanto subia como descia, mas também era capaz do bom e do mau num mesmo acesso de génio. Ali tinha-se contido, pensava Rob a vê-lo afastar-se, porque julgava que dominava a situação com o Johnny. E muito provavelmente não estava, como Brad intuía.

Sim, Mike pensava que tinha sido um exagero aquele encontro quando entrava no edifício e corria pelo corredor para subir até ao terceiro piso, onde iria ter a primeira aula de artes gráficas. Fora humilhado perante a escola toda, mas conseguira lidar bem com isso. Fizera frente ao rapaz. Acabara a limpar o chão, era certo, mas acontecera por influência do senhor Eastman e ele devia respeitar sempre o senhor Eastman, o zelador da escola. O valentão – Johnny era o nome dele – não o iria mais importunar. Aquela abordagem era típica daqueles rapazes, que se julgavam reis da escola, para mostrar no primeiro dia de aulas, que se mantinham no trono. Escolhiam um dos caloiros, importunavam-no, depois arrecadavam os trunfos perante a comunidade. Ele servira, na realidade, como um exemplo. Se alguém se quisesse esticar e fazer o que não lhe competia, lembravam-se da cena no refeitório e desistiam da ousadia. Por isso, estava tudo bem. Mike confiava na sua avaliação. Em casa falaria com o Brad e com o Rob para os tranquilizar. Estava realmente tudo bem.

Ouviu a campainha a assinalar o segundo toque. Acelerou o passo, para depois travar e chegar a derrapar, as solas das sapatilhas a chiar no soalho polido do corredor. Encostado perto da porta da sala onde iria ter a sua primeira aula de artes gráficas estava… o Johnny.

Mike fez tanto barulho na derrapagem que o outro levantou a cabeça e olhou na sua direção. O sorriso que lhe mostrou era perigoso e ruim. Mike ativou o seu modo de segurança. Teria de estar preparado para reagir ao que aí vinha e evitar sair magoado. Evitar, sobretudo, magoar e denunciar-se.

De músculos rígidos, a sentir um frio diferente daquele que era a temperatura normal do seu corpo, Mike avançou pelo corredor para entrar na sala de aula, ignorando a presença do Johnny.

— Ei, inseto!

Contudo, o Johnny não pretendia ser ignorado.

Problemas. Talvez ele estivesse a ser demasiado orgulhoso e devesse prestar atenção ao Brad. Agora, era ele sozinho com o valentão. Dependia apenas do seu engenho para se esquivar e se safar.

Contornou o rapaz, mas este colocou-se à frente da porta da sala, barrando-lhe a entrada. Mike fechou a boca numa linha inflexível e sentiu a cabeça a estalar de dor devido à tensão de tudo aquilo.

Observaram-se sem desviar os olhares, numa competição muda de egos. Foi ele que cedeu e disse:

— Tenho de entrar na sala. Vou ter aula. – E acrescentou, numa provocação: – Não devias estar na tua aula?

— Inseto, continuas demasiado atrevido para o meu gosto.

O Johnny lançou um punho para agarrá-lo pela gola da blusa e levantá-lo no ar, numa demonstração tosca de força e de poder, mas Mike estava avisado. Desta vez, foi capaz de desviar o golpe. Se quisesse podia ser mais rápido do que o Johnny, saltar-lhe para cima e cravar-lhe os dentes no pescoço. Mas tinha-se desabituado de sangue humano e essa desabituação pressupunha que não suportasse sequer bebê-lo. Então, só de pensar nessa ideia, de beber o sangue de Johnny, deixou-o muito tonto e enjoado.

Viu um dedo grosso espetado junto ao seu nariz. Os seus olhos entortaram-se para que conseguisse focar a unha. Ficou com uma expressão estrábica que o deixava com um ar meio aparvalhado. Johnny deve ter reforçado a sua noção de que ele não passava de um idiota com quem podia brincar e que podia facilmente esmagar.

— Estou de olho em ti, inseto. Não te vou largar. Estás marcado para sempre.

— Não mereço a tua atenção – afiançou Mike. – Podes esquecer que eu existo. Sou alguém bastante pacífico. Tu estás na área do desporto, não estás? Eu estou na área de artes. Nem sequer temos os mesmos gostos. Para mais, és um aluno do último ano, um veterano, e eu estou a começar. Outro motivo para que não tenhas de te preocupar comigo. Vai à tua vida e eu irei à minha.

— Vi-te com os teus amigos. Pensava que não tinhas amigos e é mentira.

Mike estremeceu. A pequena reunião com os irmãos tivera testemunhas.

— Não somos amigos… Estávamos só a verificar horários. Foi só isso.

— Não tentes fazer nada contra mim.

— E por que razão iria eu fazer alguma coisa contra ti? – Mike esboçou um sorriso. – Sou um aluno novo no Instituto, não tenho amigos, não conheço ninguém aqui dentro. Foste tu que te meteste comigo no refeitório, não aconteceu ao contrário.

— Tem cuidado. A partir de agora, deves ter muito cuidado. Pisas em falso e eu vou estar atento. E mesmo quando fizeres tudo bem… vou castigar-te. Ouviste-me?

Johnny foi-se embora, de mãos enfiadas nos bolos, a assobiar pelo corredor afora. Mike paralisara, a cabeça a latejar, o frio a acentuar-se na sua pele gelada. E talvez o Brad tivesse razão. Ele estava a precisar de apoio… dos seus irmãos.

Abriu e fechou a porta, escolheu o único computador que estava livre.

— Senhor Park! – chamou o professor num berro grave.

O arrepio que lhe sacudiu o esqueleto deixou-o ainda mais nervoso. Mike disse:

— Sim, senhor professor?

— A sua caderneta individual de aluno, se faz favor. Chegou à aula com cinco minutos de atraso. Vou anotar a falta e classificá-la com cinco pontos negativos.

— Sim, senhor professor.

Mike sentia-se à beira de um ataque. Dominou-se, porém, e por um enorme lance de sorte ninguém reparou nos seus olhos vermelhos. Estavam todos concentrados nos respetivos monitores, a tirar apontamentos sobre o programa informático que iriam utilizar dali para a frente, a tentar navegar no menu básico que era bastante complicado.

E, de repente, Mike quis muito que aquele primeiro dia de aulas terminasse.


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