Os Irmãos Park escrita por André Tornado


Capítulo 3
A escola




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O autocarro, cheio de estudantes que foi apanhando nos diferentes pontos de paragem, estacionou junto ao passeio da escola. Mike levantou-se primeiro e apeou-se no meio de um grupo barulhento. Naquela fase tinha a certeza de que nem Rob, nem Brad iriam desertar e não se importou de os perder de vista.

O edifício tinha uma fachada imponente. Janelas altas e uma porta de entrada de duplo batente que se encontrava aberta de par em par para permitir a entrada desimpedida de alunos e de professores. Essa porta era enquadrada, por sua vez, por um alpendre de pedra ao qual se acedia por meio de uma escadaria de mármore de cinco degraus compridos e uma rampa lateral. Duas grossas colunas em estilo coríntio suportavam um frontão onde se pregava uma placa retangular de bronze com o nome da escola em relevo – Instituto para o Ensino e Ciências Castle of Glass.

Um relvado muito verde e bem aparado rodeava a construção. Do lado direito existia um caminho bordejado de árvores que levava aos complexos desportivos, onde se praticavam as diversas modalidades lecionadas ali. Era composto por campos de jogos, um ginásio e respetivos balneários. Do lado esquerdo, o edifício prolongava-se harmoniosamente em paredes cobertas de janelas.

 O telhado era vermelho e a argila vidrada brilhava ao sol. Mike ergueu os olhos e notou o desenho perfeito e ondulado dos beirais. Ainda bem que ele tinha aprendido a divergir os efeitos nefastos da luz solar, senão era um sarilho manter aquela aparência de normalidade… Sentiu uma palmada amigável entre as omoplatas.

— Muito bonita. Esta escola, pelo menos por fora, tem um aspeto bastante agradável. Estou impressionado.

Olhou para Brad que aproveitava o movimento que fizera e colocava o braço sobre os seus ombros. Mike franziu a testa.

— É uma escola… como todas as outras.

— Concordo com o Brad – disse Rob postando-se ao lado deles. – Esta escola parece-me… especial. Gosto do aspeto. É bonita e respeitável. Tem, pelo menos, todo o aspeto de ser bonita por fora e será respeitável por dentro.

— Bem, vamos tentar ficar aqui mais tempo. Esse é o meu objetivo – confessou Mike mastigando as palavras, porque nunca gostara de revelar os seus sentimentos. Acrescentou: – Queria assentar.

— Nós nunca vamos poder assentar, Mike – corrigiu Brad e soou um pouco triste.

— Podemos, sim! Existe essa possibilidade.

— Mas teremos de fazer um sacrifício – lembrou-se Rob com um arrepio.

Brad afastou-se de Mike, andou alguns passos, voltou-se para os amigos e continuou a andar às arrecuas.

— Hoje é só o primeiro dia— disse o vampiro realçando aquele par de palavras no mesmo tom do irmão. – Não é preciso estarmos a definir um plano a longo prazo com objetivos rígidos. Esse não é o nosso estilo. Há sempre alguma coisa que não controlamos e acabamos por destruir os nossos projetos aparentemente impecáveis. Das duas últimas vezes a culpa… nem foi nossa. Fomos desmascarados e, pronto… tivemos de nos pisgar. Vamos aproveitar o que temos, hum? Enquanto temos.

Subiu alegremente os degraus e misturou-se com a pequena multidão de alunos que se encaminhavam para a porta de entrada.

— O Brad tem razão, sabes?

— Pois tem – concordou Mike, encolhendo os ombros. – Vamos aproveitar o que temos.

— Sempre foi o que fizemos, não foi? E temo-nos saído muito bem…

— Sim. Vamos aproveitar o que temos – repetiu, mais para si do que para o irmão. – Porque é o primeiro dia.

— Se o Joe estivesse aqui, ia começar a fazer piadas com o nome do instituto…

— Porquê, Rob?

Castle of Glass? Já tinha mudado para Castle of… Ass! O castelo do cu! Em vez do castelo de vidro.

Mike riu-se numa gargalhada alta e aquele momento que lhe sacudiu a alma inerte serviu para se sentir menos tenso. Foi como se tivesse espanado uma camada de pó de cima de si. Fez um sinal. Ele e Rob também subiram as escadas, pisaram o chão polido do alpendre e olharam, ao mesmo tempo, para cima, para observarem o lema do instituto, entalhado numa magnífica moldura de madeira.

Uma escola para a vida.

Junto à porta estavam três professores, duas mulheres e um homem mais recuado. Este parecia estar a vigiar o movimento e a assegurar-se de que não havia exageros ou atropelos, parecia também estar a guardar as duas mulheres com um ar carrancudo e exigente. Elas desejavam as boas-vindas aos alunos naquele primeiro dia de aulas. Indicavam ainda que os alunos novos deviam ir à secretaria para saberem os seus horários e deixar os dados para preenchimento das fichas individuais de cadastro. Repetiam a indicação berrando para se fazerem ouvir por cima da algazarra da juventude que entrava no edifício aos magotes.

— Onde está o Brad?

— Talvez já tenha entrado, não o vejo…

— Bem, se tu não o consegues ver com quase dois metros de altura… é porque ele já entrou. Achas que foi para a secretaria?

— É o que estão a indicar. Nós também vamos e encontramo-nos todos lá.

— Espero bem que sim. O Brad é tão despassarado…

— Acalma-te, Mike. Está tudo bem.

— Eu estou calmo. Estou bastante calmo.

Mike notou alguns olhares em cima de si, que carregavam espanto, censura e desdém. Devia ser por causa da capa e ele puxou-a, de maneira a atravessar uma das pontas sobre o peito, cingi-la mais ao corpo e impedir algum engraçadinho que tivesse a ideia tola de a puxar.

Pediu ao irmão para o ir guiando, já que conseguia ver mais longe por causa da sua estatura, e Rob admirou-se. Ele, como vampiro, tinha uma visão mais apurada do que a dele, que era um simples feiticeiro. Mike resmungou que ele podia desligar as suas capacidades, para se integrar melhor entre os humanos, e que o tinha feito desde que começara a manhã. Fora uma das lições que aprendera na mansão. Nem terminou os resmungos. Recebeu um sacão e guinou para a direita. Rob tinha-se apoderado de uma ponta da sua capa e arrastava-o. Mike protestou, tropeçando nas suas pernas.

— Ei! O que pensas que estás a fazer?

— Estou a seguir as placas indicativas, Mike. Temos de ir para a secretaria e é por aqui.

— E é preciso puxares-me pela capa, como se fosse a trela de um cão?

— É mais simples porque está muita gente.

— Vou aceitar que me trates com este desrespeito.

— Não te estou a desrespeitar.

— Bom, bom… Leva-nos lá ao sítio certo – disse Mike e acalmou-se.

Aquela capa era-lhe bastante preciosa. Para além de lhe dar sorte, convocava memórias e Mike era muito cioso das suas memórias, uma parte de si próprio que resguardava a sete chaves, que o acalentava e o esfriava, que lhe permitia funcionar normalmente. Sem o que ele foi, não conseguia desimpedir o caminho para o que podia ser.

Encontraram Brad à porta da secretaria. O irmão entregou-lhes uma senha a cada um. Como era o primeiro dia, e voltou a referir-se a esse facto de uma maneira trocista, havia muitos alunos novos, como eles, e a funcionária por detrás do balcão atendia à vez, chamando pelos números das senhas. Rob achou aquele sistema bastante arcaico, quando a escola tinha um aspeto moderno e progressista por fora. O conforto da burocracia seria difícil de largar, considerou Mike a pensar alto.

Eles estavam todos matriculados no mesmo ano, o primeiro dos estudos secundários de um ciclo de quatro anos. Inscreviam-se sempre nesse primeiro ano que correspondia mais ou menos aos dezasseis anos da sua idade aparente, a idade em que tinham parado de contar o tempo que passava por eles, aquele momento em que se tinham transformado. Embora o Rob tivesse quinze ninguém o questionava, pois era alto e apresentava-se como irmão gémeo de Mike e de Brad, todos com a mesma data de aniversário nos documentos falsificados.

Eles já tinham feito aquilo diversas vezes – começar o primeiro ano dos estudos secundários. Não podiam envelhecer, teriam sempre o mesmo aspeto de dezasseis anos e levavam bem o secundário sem que ninguém lhes perguntasse nada. Entravam numa suposta universidade, mudavam de cidade e recomeçavam o ciclo. Por vezes tinham de interromper os “estudos” quando eram desmascarados e era preciso fugir para não serem apanhados e julgados por gente louca que os queria utilizar como exemplo, em rituais perigosos.

Como não queriam dar nas vistas, para evitar serem identificados, inscreviam-se por sistema em turmas diferentes, de cursos diferentes, com disciplinas específicas que cada um selecionava de um lote que lhes apetecia frequentar naquela fase.

No caso de o Instituto para o Ensino e Ciências Castle of Glass, Mike escolhera arte, Brad escolhera ciências e Rob escolhera desporto. Chamaram pelo feiticeiro primeiro. Ele piscou-lhes o olho e entrou na secretaria. O corredor era um corrupio de estudantes a chegar e a se dirigirem aos pisos onde iriam ter as aulas. Juntavam-se em grupos ruidosos que comentavam brevemente as férias do verão. Os risinhos das raparigas ouviam-se distintivamente sobre as vozes sobrepostas.

— Eu disse-te que essa capa dava nas vistas – disse Brad analisando a movimentação do corredor, encostado à parede contígua à porta que dava acesso à secretaria.

Mike fungou.

— E depois? Gosto da minha capa. Podem olhar à vontade, não me incomoda.

— Se calhar, se deres uma pirueta…

— Não exageres, Brad!

— Estava só a brincar. Já vi algumas meninas a olharem para mim.

— Deve ser por causa do teu cabelo. Porque a tua roupa deixa muito a desejar…

— É o meu magnetismo animal.

— Não exageres, Brad! – repetiu Mike.

Rob saiu e Brad entrou. Mike conferiu a sua senha, aborrecido. Mas por que motivo o Brad não tinha distribuído as senhas pela ordem dos números? Continuava a ser distraído e aleatório… Eram os dois vampiros, mas eram os dois diferentes, bastante diferentes, mais que não fosse pela sua forma de conversão que acontecera, efetivamente, por processos distintos.

— Que cara é essa, Rob?

O outro suspirou.

— Tenho de comprar equipamento para as minhas aulas de educação física. E tenho um horário bastante apertado, com treinos a horas tardias. Não vou ter furos no horário… não vou ter descanso. Depois há os jogos ao fim de semana.

— Isso era esperado… Ao te matriculares na área do desporto. Vais ter de dar o litro. Literalmente.

— Pois… – Rob coçou a cabeça. – Posso usar um feitiço…

— Não! Nada de feitiç… Nada desses artifícios! – empertigou-se Mike. – Já tentaste fazer isso e sempre nos demos mal. É fundamental sermos honestos e genuínos, Rob.

— Nunca seremos totalmente honestos e genuínos, Mike, se nunca dizemos quem somos de verdade e que não temos dezasseis anos.

— Temos dezasseis anos, sim! – emendou Mike perturbado, a corar visivelmente, embora fosse só um fingimento que o misturava com as pessoas tímidas. – Foi com essa idade que deixámos de ser… quem éramos e mantivemo-nos com essa aparência porque nos foi dada essa escolha pelos nossos mentores. Os nossos dezasseis anos são mais longos do que os normais dezasseis anos… mas isso não podemos mudar.

— Não te zangues, Mike. Eu sei que queres que a nossa estadia aqui funcione. Sabes que mais? Eu acho que vai funcionar. Continuas demasiado agitado.

— Já te disse que estou calmo – disse Mike entre dentes, apertando a capa no seu punho esquerdo.

— Os teus olhos estão a ficar vermelhos, Mike…

— Merda! – Mike inventou uma respiração profunda e recompôs-se. Disse, num tom casual, a demonstrar todo o seu autocontrolo: – Eu vou contigo comprar o que precisas para as tuas aulas. Também vou precisar de material para as minhas aulas de arte e nem sei se o Brad também não trará um pedido semelhante para fazer experiências científicas básicas.

— Obrigado, Mike.

— De nada, Rob.

— Mas os feitiços não estão postos de parte.

— Ah, não me irrites!

O Brad saiu e chamaram pelo seu número. Mike entrou na secretaria. Ficou a conhecer o seu horário, a lista interminável de coisas que precisava de comprar e que precisava de trazer já no dia seguinte para uma primeira aula de ilustração, assinou documentos que confirmavam os dados inseridos quando da inscrição online, recebeu um cartão com o seu número que lhe daria acesso ao refeitório, à biblioteca e à sala de informática, e um sorriso fabricado da funcionária a desejar-lhe boa sorte.

Se para as aulas específicas iriam separar-se, Rob para os campos de jogos, Brad para os laboratórios e Mike para o estúdio, o seu horário tinha um tronco comum em que se podiam encontrar, nomeadamente nas matérias globais como Inglês, História e Matemática. A primeira aula daquele dia era, precisamente, Inglês, e os três conferiram que tinham de se apresentar na mesma sala, sem esconderem uma pequena apreensão.

Os corredores iam vazando. Os zeladores apareceram e começaram a vigiar quem estava a ficar para trás de propósito, para evitar distúrbios no começo de mais um ano letivo. Já conheciam os casos problemáticos, os miúdos que gostavam de instigar os outros a fazerem coisas más, e quanto a esses havia rédea curta. Mas também podia acontecer alguém que tivesse mudado durante o verão e viesse com ideias rebeldes. Os adolescentes eram muito imprevisíveis e era necessário antecipar os seus esquemas.

— Bem, no caso de estarmos na mesma sala… já sabem o que têm de fazer.

— Sim, Mike – disse Brad. – Entramos separados e sentamo-nos o mais longe possível uns dos outros.

— Nunca percebi porquê – queixou-se Rob. – Se somos irmãos…

— Somos irmãos, mas ninguém tem de ficar a saber logo no primeiro dia – explicou Mike. – Há pessoas mal-intencionadas que se podem aproveitar da nossa ligação e tentam prejudicar-nos. Eu sei que não é uma relação familiar verdadeira, mas nós estamos ligados e o que acontece a um, vai prejudicar e atingir os outros. Quanto menos conhecerem sobre nós… melhor.

— Entrámos juntos na escola…

— Podemos ter-nos encontrado no autocarro e descoberto que somos todos alunos novos. Bem, não compliquem! – pediu Mike e apressou o passo para se distanciar dos outros dois.

— Ele continua nervoso, não continua?

— Continua, Rob… A última escola foi um pouco traumática.

— Não foi culpa dele, Brad.

— Mas ele acha que foi… Já sabes como o Mike se julga responsável por todos nós, até pelos outros que já não estão connosco.

— Hum, sim – concordou Rob. – Os irmãos Park… como achas que estão o Dave, o Joe e o Chester?

— Estão bem. Acredito que estão a fazer de tudo para se integrarem nalguma comunidade, numa cidadezinha pacata, assim como nós.

Andavam os dois atrás do Mike, a tentar passarem despercebidos aos olhares escrutinadores dos zeladores que se fixavam nos alunos que eles sabiam serem os arruaceiros. Eles eram novos ali, tinham a ficha limpa. Em abono da verdade, não contavam sujar a ficha e sobressaírem por maus motivos. Pretendiam manter-se discretos e obedientes. Era melhor para eles e para todos.

Subiram um lanço de escadas.

— E enquanto o Mike se sentir responsável, temos de o aturar com essa mania de chefe – resmungou o vampiro.

— Eu gosto de ser chefiado pelo Mike, Brad. Sinto-me… seguro – opinou o feiticeiro.

— Eu também podia chefiar.

— Acho que não eras qualificado. Ou o Mike não te deixava.

— Ora… porquê? Estás a ofender-me, Rob. Também mordo pescoços e bebo sangue como o Mike… Por que motivo não sou qualificado?

— Porque prefiro ser chefiado pelo Mike do que por ti. Serve-te a explicação?

— Rob… não me vou esquecer dessa! – exclamou Brad com um dedo esticado. – Acabaste de me ofender.

O feiticeiro estalou a língua, num trejeito desdenhoso.

Mike atravessou uma porta à esquerda. Brad parou, fez uma vénia e deixou Rob adiantar-se, que o espreitou por cima do ombro. Contou mentalmente até cinco e depois entrou na sala, com a sua melhor atitude descontraída.

Era o último e teve de se contentar com uma mesa no fim da fila que ficava mais perto das janelas. O Mike sentava-se à frente, na mesma fila, o Rob ficara mais ou menos a meio, na penúltima fila, junto à porta. Brad retirou a mochila do ombro direito, pousou-a junto aos seus pés, sentou-se. Inclinou-se para retirar um caderno e uma esferográfica. Já tinha feito aquilo mais de uma dezena de vezes – começar as aulas – e iria voltar a fazê-lo quantas vezes fossem necessárias. Ele gostava bastante de ter encontrado aquela vida suficientemente vulgar e gostava mais ainda de ter o Mike e o Rob ao seu lado, na experiência.

O professor entrou e os alunos puseram-se de pé, em sinal de respeito. Ele olhou para todos os lados e percebeu que Rob também tinha ficado confuso e que se levantava hesitante. O Mike também se levantava, mais dois outros com uma atitude indolente. Então, eram cinco alunos novos ao todo. O professor pousou os livros que trazia na secretária, deu os bons-dias e mandou que se sentassem, agradecendo brevemente. Endireitou as costas.

Brad sentou-se, concentrando a sua atenção no professor. O Instituto para o Ensino e Ciências Castle of Glass tinha uma certa classe, pensou divertido e impressionado. Iria gostar de estudar ali. Talvez o Mike tivesse razão em querer fazer aquilo resultar por aquela temporada de quatro anos.

Olhou para o irmão. Antes, porém, tinha de convencê-lo a desistir de usar aquela capa ridícula. Era uma prioridade. As moças atrás de Mike comentavam aos segredinhos jocosos apontando-lhe para as costas. Uma delas revirava os olhos e outra fazia uma cara de falso espanto. Sim, ficarem ali significava também não exagerar nas reações que pudessem provocar nos demais.

Recostou-se na cadeira e a aula começou.


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