Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 4
Quarta regra: Evitar ficar perto um do outro




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Ochako fixa o olhar no chão, levantar a cabeça é impensável. Como desculpa, ela pode dizer que tá emburrada com o resultado da última aula prática do professor All Might, até porque não é mentira.

A aula de hoje era uma mistura de treinamento de resgate com corrida de obstáculos: eles deveriam atravessar um andar de um prédio em chamas para salvar um dummy, quer dizer, um civil preso por uma viga. Estivesse ela no próprio corpo, talvez ela tivesse alcançado pelo menos o top 3 nesse exercício, sua individualidade é feita pra esse tipo de situação. Mas não, Ochako não conseguiu pensar em muitas maneiras que não envolvessem explodir os obstáculos… e fazer com que o andar inteiro desmoronasse em cima dela e do civil, isso sem falar no uniforme de herói do Bakugou, que não é dos mais práticos pra se esgueirar por entre os espaços… resultado: ela terminou em 16º no exercício. Péssimo, e só um pouco pior que ele no corpo dela, Bakugou até começou bem, mas como ele não consegue fazer nada sem pesar a mão, usou a individualidade dela nele mesmo para dar saltos mortais por entre os obstáculos. Ochako tem um pouco mais de costume com o combo falta de gravidade mais movimentos bruscos, Bakugou não. O que se viu foi uma suposta Uraraka vomitando as tripas antes de conseguir terminar o exercício em uma sólida, porém vergonhosa 14ª colocação.

Então não, ela não tá nem um pouco feliz com o que aconteceu, mas como nada é ruim o bastante que não possa piorar, Ochako percebeu que não daria tempo de voltar para o dormitório e tomar banho pra próxima aula… o que significa que ela teve que tomar banho no vestiário masculino… acontece que diferente do feminino, aqui não tem cortinas ou divisórias entre um chuveiro e outro. Foram instalados boxes no das meninas por conta de um certo colega de classe dela, mas ela não sabia que a medida foi aplicada apenas no vestiário das mulheres.

Ela manteve os olhos fechados, claro, Ochako pode ter, sem querer, visto algo que não era pra ver algumas vezes quando foi ao banheiro (é inevitável uma vez que ela precisa ter certeza que não tá… mirando pra fora do vaso…) mas ela não ia quebrar a própria regra, ainda mais quando não pode se preocupar só com esse corpo de menino no momento… mas com os outros corpos dos outros meninos ao seu redor.

O banho até que foi tranquilo, na medida do possível, o problema é o pós-banho. Por isso que Ochako tenta, a todo custo, olhar apenas pro armário na frente dela e ignorar toda a agitação de garotos se trocando bem ao seu lado.

—  Você foi incrível, Iida-kun! O seu timing pra acelerar quando a porta caiu foi sensacional!!! —  essa voz… esse jeitinho empolgado de fanboy, Ochako não precisa, e nem pode, olhar pra saber quem é.

—  Minha individualidade é bastante apropriada para esse exercício, assim como a do Todoroki-san e da Uraraka-kun, se bem que… ela não foi tão bem hoje...

—  Ela não costuma se lançar com tanta impulsividade, foi bem curioso… —  Todoroki contempla.

—  Espero que ela esteja bem… —  Deku fala bem baixinho, mas ela ainda consegue ouvir. Ochako sente um aperto no coração, ele soa tão preocupado, tão… triste…

—  Algum problema, Bakugou? —  Todoroki pergunta em seu tom costumeiramente inexpressivo, mas frio o suficiente pra deixar qualquer um arrepiado.

Ochako arregala os olhos quando ela percebe que está encarando os três garotos. Os três garotos sem camisa… e sem calça… Deku não deve nem estar usando cueca pelo jeito que ele segura a toalha na frente da cintura… e encara de volta com um olhar curioso. 

Eles são tão… musculosos… e nem se secaram direito, ela consegue ver algumas gotinhas de água escorrendo pelo peitoral do Deku, descendo rumo ao abdômen trincado dele… o Bakugou é objetivamente maior e mais musculoso, mas talvez o fato de ela estar nesse corpo a impeça de ficar muito encucada… ou talvez porque é o Deku mesmo… ela já o viu sem camisa antes, mas… nunca… molhado… e só com uma toalha pra cobrir o...

Ochako olha violentamente pra frente e resmunga um “Humpf” antes que a cabeça dela fique poluída demais.

—  Qual é, cara!  — ela pula de susto com o tapa que leva nas costas de repente. Ao olhar pro lado, sente ainda mais calor do que naquele prédio em chamas, Kirishima tá do lado dela… sem camisa, sem calça, sem cueca… nem toalha.

—  Arrgh, você ainda tá pelado?! —  ela esbraveja, forçando o olhar pro armário novamente.

—  Hã? Ah… ah é, peraí… pronto! — ela o ouve se mexer, provavelmente pra vestir uma cueca, pelo menos —   Melhor agora? — Ochako consegue sentir o deboche no tom dele e franze as sobrancelhas.

—  Tsk. Por que… diabos você me bateu?

—  Pra te acordar, você parece que tá no mundo da lua hoje, cara! —  ele ri, mas de repente fica sério — O exercício… foi puxado, né? Eu achei que não ia dar conta…

—  Você foi bem, até ficou no top 5!

—  Você… você acha que eu fui bem? Valeu, cara!  — Ah é, ela não pode fazer elogios diretos assim…

—  Tsk, você… vê se não fica convencido, você só não foi um lixo completo! Ao contrário de mim… —  ela murmura ao abaixar a cabeça pra abotoar os dois primeiros botões do blazer, sentindo-se bem mais aliviada por não estar com tanta pele à vista como eles.

—  Ah… normal, cara, tua individualidade não é feita pra esse tipo de missão de resgate. Você até que foi bem…  — Ochako só consegue imaginar o Bakugou surtando por ser consolado, mas ela não consegue ser assim, então só finge que não disse nada e que o Kirishima não respondeu —  É difícil pegar no tranco depois de detenção e faxina também, né? A Uraraka também não tava 100%... falando nisso… — ah pronto!

Bakugou já tinha lhe alertado sobre isso, e ela mesma já havia percebido: o Kirishima tem um jeitinho especial pra lidar com ele. Pra alguém com uma individualidade de endurecer, ele é ridiculamente… suave com as palavras, sabendo como conduzir uma conversa com o Bakugou o suficiente pra chegar aonde ele quer. “Cuidado com o que você fala perto do Cabelo de Merda.” foi a dica, e Ochako percebe que ela não tomou cuidado, e Kirishima levou o assunto pra onde ele queria.

—  Você e a Uraraka… saíram no braço mesmo?

—  Não. —  não é mentira, eles não “saíram no braço”, eles tiveram uma discussão que terminou numa leve troca de farpas e com os dois flutuando até quase caírem prédio abaixo.

—  Ah é, eu imaginei mesmo… mas… é verdade que ela fez almoço pra você?

—  Não.  — bom, ele fez bentôs pros dois aquele dia, mas só porque ele não a quer almoçando no refeitório perto de todo mundo e dando bandeira.

—  Ah, então… vocês não tavam no terraço agarrados? —  é o quê?

—  N-NÃO! —  não é mentira, eles não tavam agarrados! O que… o que o Kirishima tá querendo saber, exatamente? —  A gente… tava treinando só.

—  Ah tá. Bom… eu achei que fosse isso mesmo. É só que… as pessoas vêm me perguntar e eu não sei o que responder porque né…

—  As pessoas vêm te perguntar o quê?

—  Ah, se vocês… sei lá, porque o professor Aizawa mandou vocês dois guardarem o celular, então vocês só podiam tá falando um com o outro… aí ela falou pra Tsuyu que você chamou ela pra almoçar, não sei quem viu você arrumando a gravata dela… aí as pessoas falam, né? Mas não tem como ser verdade, porque a Uraraka se declarou pro Midoriya esses dias…

Ochako sente o rosto pegar fogo, como o Kirishima sabe disso? E… o que as pessoas tão falando sobre ela e o Bakugou? E sobre ela e o Deku?

—  Que porra é essa? Do que você tá falando?

—  Calma, bro. Eu não tô falando nada, eu só quero saber já que você não fala sobre essas coisas-

—  Se eu não falo, é porque não é da conta de ninguém! Me deixa… me deixa quieto, Kirishima-kun! —  ela pega a mochila e sai marchando com raiva e vergonha.

Mas claro, nada é tão ruim que não possa piorar. Então a primeira pessoa que Ochako vê quando sai do vestiário é… ela mesma, ou melhor, o Bakugou, de braços cruzados e apoiado na parede.



***

—  Que pressa é essa, Cara de Lua?

—  Você… por que você não me disse que não tem box no vestiário masculino?  — ela pergunta, mas não com a curiosidade típica dela, soa mais como… acusação?

—  Essa merda não é importante. —   ele dá de ombros, porque não é mesmo. Eles tão de castigo, precisam aprender a usar a individualidade um do outro, por que caralhos box de banheiro ia ser relevante nessa situação?

—  É importante pra mim! Eu nunca vi tanto homem pelado desde… desde… eu nunca vi um homem pelado antes!

—  Ué, como você viu? Você não tá tomando banho de olho fechado? Você tá quebrando sua regrinha estúpida, Cara de Lua?

—  N-não! Claro que não! Você… você tá?  — ela o olha com espanto. Opa! Ele não devia ter falado isso, até porque ele não quebrou a regra, só queria mexer com ela.

—  Humpf, e por que caralhos eu faria isso? —  ele cruza os braços — Eu já falei que não sou tarado, Uraraka, não tô nem aí pra essas coisas, só cumpro a regra porque você me irrita com seus chiliques do caralho.

—  NÃO É CHILIQUE! —  ela berra, mas logo se retrai — Não, eu não vou brigar com você de novo… a gente tem outro problema…

— Que que foi agora?

—  Bakugou-kun, você… você tá sabendo que as pessoas tão comentando sobre a gente?

Claro que ele tá sabendo. As malucas enxeridas o cercaram no vestiário pra perguntar sobre o que rolou no terraço. Ele desconversou e disse que não é o que estão pensando naquele jeitinho sonso dela. Katsuki tem a sensação de que elas não engoliram, mas foda-se, isso não é importante. O que realmente interessa é que ele ficou em DÉCIMO QUARTO em um exercício do ALL MIGHT, ele nunca ficou fora do top 10, nem mesmo do top 5 na aula do Símbolo da Paz, e é tudo por causa dessa troca de corpos imbecil, por causa disso, ele passou vergonha não uma, mas duas vezes, já que o corpo dele ficou em DÉCIMO SEXTO.

Katsuki já pensou muito em fugir uma dessas noites e ir até o local onde eles lutaram, mas assim… nesse corpo… sem controle dessa individualidade… ele só foderia ainda mais com tudo. Não importa o quanto ele pense e procure um jeito, não tem: é necessário aprender a usar a individualidade dela, ela a dele, e os dois precisam dar um jeito nisso sozinhos logo.

—  Tsk, você chama isso de problema? Problema a gente vai ter se não destrocar logo.

—  Sim, eu sei, mas-

—  Se você sabe, então para de encher o saco com coisa inútil e foca no que interessa: não dá pra esperar até acabar o castigo, a partir de amanhã a gente vai pegar firme no treino. Eu te quero no Ground Beta ao meio-dia, depois do almoço, e sem atraso.

— O Aizawa-sensei vai pôr a gente de castigo de novo, Bakugou-kun.

—  Não vai, porque eu, ou você, no caso, já tem autorização pra treinar lá depois do almoço.

—  Mas… e a nossa 4ª regra? A de evitar ficar perto um do outro?

Tsk, foi uma das regras que ele exigiu, mas isso foi antes de perceber que eles podem acabar com a vida um do outro se não estiverem sempre por perto.

—  Vamo mudar essa daí. Risca o “evitar”.

—  É sério isso?

—  Eu tô com cara de quem tá brincando? —  ela o olha feio — Eu odeio essa merda tanto quanto você, Bochecha, e quero acabar com isso logo, a gente não vai conseguir se não tiver uma noção boa das habilidades um do outro pra ir atrás do moleque.

—  Ok… —  ela concorda relutantemente, mas concorda —  Vamos pra aula, então?

—  Vai, ué. —  ele volta a se apoiar na parede, evitando cruzar os braços porque da última vez que fez isso, ele encostou nos peitos dela… Malditos peitos, aliás, é difícil pra porra correr e pular com essas coisas balançando.

—  Como assim? Você não tava me esperando?

—  Não, eu tô esperando aquele nerd de merda. —  ele murmura, envergonhado por dizer um absurdo desses.

—  O Deku-kun? P-por que você tá esperando ele? —  tsk, é ridículo como ela muda de atitude no minuto que escuta o nome desse otário!

—  Desde quando Bakugou Katsuki tem interesse no que a Cara de Lua tem pra falar com o perdedor do Deku?  — ele pergunta, tentando fazê-la lembrar de não sair do personagem.

—  Desde que a Cara de Lua e o Bakugou Katsuki trocaram de corpo, e ela sabe que ele não consegue se comportar como um ser-humano civilizado perto do Deku, então seria legal ele não usar o corpo dela pra tratá-lo mal? —  ela imita o tom dele.

—  E quem disse que eu vou tratar ele mal?

—  Então o que você quer com ele?

—  Relaxa, Bochecha, tem a ver com nosso treinamento. Pode ter certeza que eu não tenho assunto e nem quero ter com aquele merdinha.

—  Mas, Bakugou-kun, você não pode falar com ele, tem uma coisa que eu…

Antes que ela possa terminar, os idiotas saem do vestiário rindo e conversando, ele a olha firmemente, indicando pra ela andar logo, e ela o faz relutantemente. Katsuki dá um tchauzinho sem vontade pro Rabo de Macaco, pro Frango das Trevas, pro esquisitão que tem cheiro de queijo e pra uns dois grandões que ele nem lembrava que existiam. Depois vem o Kirishima, o Fita Crepe e o Pikachu rindo e conversando.

—  Você tava esperando por mim, princesa? —  um nanico com um cabelo esquisito para na frente dele. De onde esse daí saiu?

—  Tá falando comigo? Quem é você, porteiro de gaiola? —  ele olha pra baixo, dando um sorriso sádico quando os outros três começam a rir da resposta, deixando o baixinho sem graça.

—  Como assim… quem sou eu, Uraraka-chan? Você… você tá esquecendo?

—  O Aizawa-sensei falou que ela podia voltar meio desmemoriada depois daquela missão lá, você e o Bakugou bateram cabeça com cabeça, não foi? —  Kirishima pergunta e sorri, Katsuki só acena com a cabeça.

—  Ah, entendi… então você tá sem memória… —  o nanico sorri de um jeito perturbador — Deixa eu te lembrar então, eu sou o menino pra quem você manda foto só de lingerie uma vez por semana… —  Hã? Que que esse otário tá falando? Não parece algo que a Uraraka faria, mas… vai saber. Só que nem fodendo que ele vai fazer isso, que merda é essa?

—  Mineta, na boa… —  Kirishima lança um olhar repreensivo pro baixinho, depois vira pra ele —  Ele tá só brincando, Uraraka, deixa quieto.

Ah, então esse babaca acha que pode fazer graça assim? Quem ele pensa que é pra falar com ela… não, com ele desse jeito? Antes que ele possa falar qualquer coisa, Katsuki mete uma bicuda nas bolas desse imbecil —  as de baixo mesmo, não as que ele têm na cabeça. Os outros três vão pra trás, fazendo “Uhhh” e sentindo a dor como se fossem neles mesmos. O baixinho se contorce de dor e se ajoelha.

—  Me vem com uma dessas de novo e eu te quebro na porrada, tá entendendo… —  qual foi o nome que o Kirishima falou mesmo? — Mineta?

—  U-Uraraka-chan… pra quê isso? —  a voz do babaca sai uma oitava mais fina. Haha.

—  Pra você ficar esperto. Agora vaza enquanto eu ainda tô boazinha. —  ele dá espaço pro taradinho de merda passar correndo.

—  Eita, Uraraka! Você pegou pesado, hein? —  o Pikachu tá com os olhos arregalados.

— Se você tivesse noção de como um chute desses dói, você não faria isso, de verdade. — o Fita Crepe espreme as pernas uma contra a outra. Haha.

—  Ele fala sempre comigo assim?

—  Hã, com todas as meninas, sim, quase sempre.

—  Então avisa pra ele que se eu pegar ele falando com qualquer uma assim, eu vou quebrar a cara dele tão forte que os dentes vão sair pela bunda.

—  Hã… eu só vou falar que você vai bater nele… —  o Fita Crepe responde, coçando a cabeça — Vamo atrás do Bakugou? Ele saiu todo nervosinho...

É, bem que ele percebeu que ela parecia incomodada com outra coisa… que raios aconteceu e por que ela não falou pra ele?

—  Novidade, né? —  o Kirishima suspira —  Vamo então.

—  Você quer ir com a gente, Uraraka? —  o Pikachu pergunta, e até mesmo Katsuki se surpreende quando o Kirishima dá um pescotapa nele.

—  Deixa de ser burro, cara! Não vê que ela tá esperando o Midoriya? Vamo logo! Tchau, Uraraka! A gente se vê! —  o Kirishima empurra os outros dois, e Katsuki percebe quando ele olha pra trás rapidamente.

—  Você tava mesmo me esperando, Uraraka-san? —  o nerd aparece de repente, junto com o Quatro-Olhos e o Meio a Meio.

—  É, eu tava. —   ele tenta forçar um sorriso, mas não sai, não tem jeito —  Oi… hã… Iida-kun e… Todoroki-kun! — Katsuki tenta não revirar os olhos, por que raios essa menina precisa ser amiga de todos os maiores idiotas da sala?

—  Você já se sente melhor, Uraraka? —  o Meio a Meio pergunta.

—  Ah, sim. Não esquenta com isso. —  que merda! Só falta esse idiota começar a rir porque ele sem querer fez uma piada com a individualidade do cara.

—  Haha. Boa. —  Todoroki dá um sorrisinho, cacete!

—  Sério, Uraraka-kun, se você não estiver se sentindo bem, é so me informar e eu a acompanharei até a enfermaria. —  o Quatro-Olhos parece bem menos sério e… realmente preocupado? Que bizarro!

—  Tá de boa. Eu só tava esperando o Deku… -kun mesmo. —  Katsuki dá um sorrisinho sonso, esperando que os imbecis peguem a dica e sumam daqui logo.

—  Hã, tá bom… vamos pra aula juntos, pode ser? Todoroki-kun, Iida-kun, vão na frente, a gente alcança vocês depois. —  o merdinha acena com a cabeça e sorri.

—  Não se atrasem, está bem? —  Caralho, Quatro-Olhos, que chatice dos infernos! Katsuki observa quando o Quatro-Olhos pega no ombro do Meio a Meio, indicando com a cabeça pra eles irem na frente.

—  Pode falar, Uraraka-san. —  o merdinha sorri.

Que merda, ele não acredita que tá mesmo fazendo isso. Maldita Cara de Lua forcando-o a se humilhar desse jeito! Mas fazer o quê? Ele não pode ficar gorfando por aí e fazendo papel de otário!

 

Katsuki nunca pediria um favor pro Deku, já ela...

***

Izuku observa como ela parece desconfortável. Tem sido assim entre eles há mais de uma semana, mas hoje ela parece ainda mais nervosa… que droga! Por que ele não sabe o que dizer pra ela?

—  Eu preciso de um… de um favor, Deku. Mas você não pode nem sonhar em falar pra alguém, entendeu?

—  Um… um favor? Claro, Uraraka-san, o que você quiser!

—  Mas é sério, não pode falar pra ninguém! Se você falar pra alguém, eu te… —  ela respira fundo, fechando os olhos por um segundo — …eu vou ficar muito brava!

—  Hã, claro, não se preocupe. P-pode… pode falar...

—  É que… eu… é que eu… merda, como eu falo isso?

Izuku espera pacientemente, o que quer que seja, deve ser algo muito importante pra ela nem mencionar a última conversa deles. Será que tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa com a família dela? Ou será… que tem a ver com o Kacchan e o castigo depois que eles foram pegos supostamente brigando? Eles… tavam brigando, certo?

—  Uraraka-san, tá tudo bem, eu juro. Pode falar… —  ela olha pra ele de um jeito estranho. — É sobre… dinheiro ou alguma coisa assim?

—  Dinheiro? —  ela franze as sobrancelhas. Opa! —  Por que diabos seria sobre dinheiro?

—  Aargh, me desculpa! Desculpa, eu não quis… eu não quero te deixar desconfortável, Uraraka-san, mas é que é tão raro ver você tão séria assim, então eu achei que fosse sobre seus pais ou a firma deles, mas eu não deveria ir supondo assim, mil perdões, eu não sei o que-

—  Eu preciso dos seus cadernos. —  Hã?

—  M-meus cadernos? De qual matéria?

—  Não, seu id- não esses, aqueles cadernos com as coisas de heróis. —  ela murmura.

—  Ah… ah, esses cadernos… c-claro! Eu te empresto todos!

—  Não precisa, eu quero só o que é sobre mim e o que é sobre o Bakugou… kun.

—  Hã, claro! —  ele sorri meio sem graça —  Mas… eu posso perguntar por quê?

—  Não! —  até ela parece surpresa com a própria resposta —  Q-quer dizer, não… não tem nenhum motivo específico, eu só preciso… e é urgente.

—  Certo… eu te empresto, sim. O do Kacchan tá meio queimado, você sabe, né?

—  Que seja. —  ela dá de ombros e olha pra frente —  Você me entrega na hora da janta?

—  C-claro! Pode deixar! —  ele sorri e acena com a cabeça, ela nem o olha direito —  Ah, e Uraraka-san?

—  Que é?

—  Eu… eu não esqueci do que você me falou semana passada, tá bom? É só que… eu preciso de um tempo pra pensar, que nem eu te falei… e logo eu vou te dar uma resposta, eu juro que não tô enrolando, mas é que-

—  Tá.

—  T-tá? —  Como assim, “tá?”

—  Faz o que você quiser, Deku, só não esquece dos cadernos. Tchau!

—  O-ok… —  ele a observa apertar o passo pra se afastar dele. —  Tchau… até mais tarde!

Izuku a observa, completamente confuso e sem-graça. Tem alguma coisa estranha acontecendo… e por algum motivo, não parece ter a ver com a confissão dela… desde que ela voltou daquela missão e passou a noite na enfermaria com o Kacchan, alguma coisa ficou esquisita… ele não quer se preocupar, mas agora já é um caminho sem volta… o que será que ele pode fazer?


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Notas finais do capítulo

Aqui estou com o cap 4, e não tem nada que eu ame mais em uma fic kacchako que uma boa dose de... isso mesmo, DEKU. Se você já leu a fic, então sabe que a participação dele só aumenta, e se você não leu, bom... agora tá sabendo huahushus, tenha isso em mente, meu amor por kacchako só se iguala a meu amor por izuocha.

É isso, até semana que vem!



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