Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 3
Terceira regra: Não ferrar com a individualide um do outro




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—  Então? —  Aizawa quebra o silêncio mordaz que começou quando os três desceram do terraço e permaneceu por mais alguns minutos depois de eles serem gentilmente pressionados a entrarem na sala dos professores. —  Eu estou esperando a explicação de porque os dois estavam pendurados um no outro e prestes a se jogarem do prédio.

—  N-não é bem isso que aconteceu… —  Katsuki se vira pra olhá-la quando ela toma a iniciativa em falar. —  Não é o que parece, professor…

—  Bom, eu nem sei o que era pra parecer, pra começo de conversa, então você vai ter que ser mais claro que isso, Bakugou.

—  Nós só estávamos…

Katsuki se segura pra não bater no joelho dela de leve. Que diabos ela tá fazendo? Ainda mais nesse tom de cachorro arrependido? Ele NUNCA falaria assim, nem mesmo com um professor, nem mesmo diante de uma situação tão bizarra quanto a que acabou de rolar… ele… não saberia bem o que dizer, mas… com certeza não seria desse jeito!

—  TREINANDO! Não foi nada demais. —  ele completa, sabendo que isso é uma puta de uma mentira.

—  Treinando… na hora do almoço? —  e o Aizawa com certeza sabe disso também.

—  É porque… era pra ser só almoço, mas acabou virando treino. —  ela responde.

Aizawa cruza os braços e suspira, e Katsuki se prepara pra ouvir uma gritaria, é quase um déjà-vu daquela vez que ele e o Deku brigaram. Mas é um choque quando o professor abre os olhos e lança um olhar… preocupado?

—  Eu notei uma mudança de comportamento em ambos desde que vocês voltaram da enfermaria há alguns dias. Se tem algo acontecendo, vocês precisam nos comunicar pra que nós tomemos as providências necessárias…

—  Que tipo de providências? —  Katsuki pergunta num tom muito mais desconfiado do que ela usaria, provavelmente.

—  Todas as que forem necessárias para o bem-estar físico e emocional de vocês, ser atingido por uma individualidade desconhecida e ficar desacordado pode ser algo traumático… se tem algo acontecendo, eu devo ser informado, assim como os seus pais.

Katsuki nota a garota presa no corpo dele engolindo em seco, ao olhar para ela, ela desvia o olhar. Tsk, ela tá puta porque ele começou essa briguinha, claro, mas ele não teria começado nada se ela não tivesse dado chilique e ameaçado ir embora. Naquele momento, Katsuki realmente achou que ela iria até o Aizawa ou ao diretor pra contar o que realmente tá acontecendo, por isso que tentou impedí-la. Bom, ela teve a chance de desembuchar tudo  literalmente na frente dela agora, e não o fez, então… caralho, talvez ela tenha falado uma coisa certa e ele realmente não sabe nada sobre ela.

—  P-por favor, nossos pais não, professor… eles vão ficar preocupados lá em… —  porra, de onde ela disse que a família dela era? — Mie? — era isso mesmo — t-tá tudo bem com a gente.

Caralho, uma Uraraka melhor que a própria. Ela o olha em choque, parece que até ela concorda.

—  É… tá tudo… tudo bem pra… pra caralho? —  ela franze o cenho e acena com a cabeça pro professor —  A gente só tava treinando pra não vacilar igual a gente vacilou na missão.

—  Têm certeza que é só isso? —  Aizawa ergue uma sobrancelha,e ele consegue ouví-la engolindo em seco do lado dele mais uma vez.

—  Sim. É só isso. —  mas ela parece se recompor rápido —  A gente pode ir agora?

—  Obviamente, não. Bakugou, três dias de detenção e limpeza da área de convivência dos dormitórios. Uraraka, dois dias de detenção e limpeza da sala de aula.

—  QUÊ? —  Katsuki se ergue em irritação —  POR QUE ELE TEM UM DIA A MAIS?

Não, pera… que diabos ele tá fazendo?

—  Porque não é a primeira vez que o Bakugou é pego em situação semelhante, enquanto que você nunca fez algo do tipo.

Por sorte, o Aizawa explica pacientemente e não parece achar estranho que ele tenha achado injusto ter ficado com menos castigo.

—  Tá, tá. A gente entende, certo, Uraraka? —  ela responde, olhando-no firmemente.

—  É, certo. Não vai acontecer de novo… —  ele resmunga.

— É melhor mesmo. Eu comunicarei o professor responsável sobre os dois terem que ficar depois da última aula pra cumprirem detenção. Pode ir, Bakugou.

—  Hã? Eu? Por que… por que só eu?

—  Anda logo! —  Katsuki rebate com irritação, ela precisa tomar tino e parar de usar a cara dele pra fazer essa expressão tonta.

Ela sai olhando feio pra ele. Grande merda. Será que ela não percebe como isso tudo é ridículo?

—  Uraraka, tem algo mais que você queira me contar? —  o tom dele continua sério, mas se não fosse loucura, Katsuki diria que o Aizawa soa quase… terno.

—  Por que… por que você… o senhor tá perguntando só pra mim?

—  Porque você não precisa proteger o Bakugou, qualquer que seja a razão. Se tem algo que eu deva saber, você pode me contar.

Mas que… palhaçada! É inacreditável que isso venha do Aizawa!

—  Eu não tô protegendo ninguém, professor, muito menos alguém que não precisa da minha proteção. Aliás, se o senhor quer mesmo saber… —  não, cala a boca, ele não pode falar isso — fui eu que o provoquei primeiro, ele foi tonto de cair na onda, mas… é culpa minha mesmo.

—  Então vocês não estavam treinando. —  Porra! É por isso que ele tinha que ter ficado quieto! Aizawa parece dar um sorrisinho —  Por que você começou a briga, Uraraka?

—  Porque ele tava me irritando, ele… não liga pro que é importante de verdade, tipo naquela missão no laboratório… —  ele admite secamente. É irritante que ela fique enchendo o saco dele por causa do jeito que ele senta ou trata o Deku quando eles deviam estar focando em aprender a usar a individualidade um do outro pra ir atrás do pivete que fez isso.

—  Certo. Três dias de detenção igual ao Bakugou. —  Bom, pelo menos… agora parece justo? Mais ou menos justo? —  E… lembre-se de que o que aconteceu na missão não é culpa nem sua nem dele, vocês fizeram tudo que estava ao seu alcance. Não se sinta mal por ter feito o necessário.

Katsuki olha para o lado, evitando contato visual. É, ELA fez o necessário, ELA se pôs na frente dele porque ele abaixou a guarda e não percebeu o raio vindo na direção dele, ela o salvou sem nem saber o que podia acontecer ao ser atingida pelo maldito raio.

—  Por favor, diga pra ele o que eu te disse, certo? Vocês dois foram muito bem.

Katsuki se sente incomodado, mas não exatamente pelo castigo. Ele ficou muito puto que o Aizawa não tenha confiado o suficiente na palavra dele e tenha tentado convencer a suposta Uraraka a falar o que realmente aconteceu. A impressão que ficou é que a Carinha de Lua, tão certinha, tão meiguinha, mentiria pra livrar a cara do delinquente. Só que ele não é delinquente, e a Cara de Lua também não é tão certinha assim… a ponto de que não é tão absurdo acreditar que ela puxaria uma briga com ele na hora do almoço. Esse é o tipo de coisa que só alguém tão esquisito quanto o professor Aizawa entenderia, mesmo se ele e ela nunca tivessem trocado.

—  Tá, eu falo pra ele. —  ele se curva educadamente, sabendo que é exatamente o que ela faria —  Obrigada, sensei.



***

Essa é novidade… Ochako nunca ficou de castigo antes, ainda mais por brigar com um colega, bom… mas ela também nunca trocou de corpo com um colega, então…essa semana tá sendo cheia de experiências bizarras. Claro, ela não tá feliz de ter que ficar depois da aula e ter que limpar a área de convivência, mas… pelo menos é uma desculpa pra ficar longe dos outros, então são menos chances de dar bandeira.

—  Então, o que ele queria? —  ela corre em sua direção no momento que ele deixa a sala dos professores.

—  Nada demais. Agora eu tô com três dias de castigo que nem você.

—  Bakugou-kun… o que foi que você falou pra ele?

—  A verdade, ué. Que… que eu comecei a briga. —  ele resmunga sem olhá-la.

—  Você… admitiu que foi culpa sua? De verdade?

—  Por que raios eu ia mentir sobre isso?

—  Sei lá… pra se livrar e ficar com menos castigo…

— Não ia ser eu ficando com menos castigo, ia ser você. —  Ah, sim… considerando que o Aizawa não sabe que ele é ela e vice-versa… mas ainda assim, é bem legal que ele não tenha se aproveitado da situação pra se safar com um dia a menos —  Que que você tá olhando?

—  Nada não… a gente… vai ser bombardeado de perguntas à noite, não vai?

—  Tsk, bando de enxeridos do caralho! Mas ó, você não vai-

—  Eu vou mandar todo mundo à merda e ir cuidar da própria vida, pode ficar tranquilo.

—  Hum… e eu vou dar um sorrisinho besta e desconversar… ou eu posso falar pra irem perguntar pro “Bakugou-kun”, problema resolvido.

—  Essa… até que não é uma má ideia… —  ela admite, sorrindo um pouco.

—  Lógico que não, é uma ideia minha. —  e claro que essa é a resposta dele. — Uraraka.

—  Hum?

—  A gravata.

—  Hã?

—  Dá essa gravata aí pra mim.

Ochako o encara, surpresa. O que deu nele? Será que bateu a cabeça de novo no terraço? Porque ele pode não estar agindo exatamente como ela, mas… também não tá agindo como si mesmo.

—  Anda logo, Cara Redonda! —  Tá, esquece, esse é o Bakugou mesmo.

—  Ah, c-claro!  — ela desata o nó da gravata rapidamente e se aproxima, ele se afasta, dando um passo pra trás e a olhando feio.

—  Eu posso me virar, você acha o quê? Que eu sou algum imbecil que não sabe dar um nó em uma porra de uma gravata?

—  Sem fazer a gravata levitar? —  ela dá um sorriso zombeteiro, tentando não rir quando ele faz um daqueles “tsk” dele e olha pro lado enquanto ela dá o nó na gravata. No corpo dela, parece muito que ele tá fazendo biquinho, e é hilário.

—  Qual é a graça, porra?

—  Hã, nenhuma, eu só… é só estranho olhar as pessoas de cima, assim… você é bem mais alto que eu, né?

—  Você que é uma nanica. —  ele resmunga, tendo que erguer um pouco a cabeça pra olhá-la. Ochako aproveita pra abotoar a camisa, fechando os dois botões que ele propositalmente deixou pra trás.

De repente ela se pergunta o que algum desavisado passando pelo corredor pensaria ao ver essa cena. Ela sente as bochechas esquentarem, e olha que o corpo dele tá sempre quente…

—  Qual o seu problema agora?

—  N-nada. —  ela olha pro lado —  Você… como você lembrou de onde minha família é?

—  Você me falou. —  ele responde secamente.

—  S-sim, eu só… não achei que você fosse lembrar.

—  Eu não sou idiota.

—  Claro que não, eu só… hã, esquece… termina… termina de fechar o blazer. —  ela recolhe as mãos, evitando encará-lo pra não ficar ainda mais corada.

—  Tsk, esquisitona do caralho.

O Bakugou tem vários defeitos, mas ninguém pode dizer que ele não aprende rápido com os próprios erros. Tudo que ela queria é que ele entendesse que essa situação deles é bem delicada, e que não tem nada de errado em assumir que isso é tão difícil pra ele quanto é pra ela… bom, ele ainda não fez isso, mas… por algum motivo, Ochako sente que eles fizeram algum progresso, mesmo que seja bem pequenininho e que os dois tenham terminado de castigo por conta disso.

Mas assim que chega na sala, toda a leveza que ela tava começando a sentir desaparece.

Ochako caminha até o lugar dele com passos pesados, morrendo de vergonha ao perceber que todos os olhos na classe a observam curiosamente. Por sorte, ninguém teria coragem de perguntar ou insinuar nada pro Bakugou durante a aula, e como ela tecnicamente é ele nesse momento, Ochako é poupada.

—  Tá… tá tudo bem, Kacchan? —  tirando a voz gentil vindo da carteira de trás, sussurrando de maneira cautelosa e preocupada. Deku… —  E-eu ouvi dizer que você e a Uraraka-san tiveram uns probleminhas…

—  Cuida da sua vida, Deku. —  ela responde com um aperto no coração, sem nem olhar pra trás. Um porque a professora Midnight chamaria a atenção dela, dois porque ela não quer ter que olhar pra carinha preocupada dele, ainda mais depois de ter dado essa resposta. Não tem jeito, ela precisa tomar cuidado como fala com o Deku mais do que qualquer um.

—  Claro, desculpa por perguntar… espero que esteja tudo bem entre vocês dois… e com vocês dois, lógico.

Ochako o ignora, sentindo-se um lixo, mas sabendo que é a coisa mais certa a se fazer nessa situação.



***

Já é de noite quando Ochako termina de limpar a área de convivência dos dormitórios, talvez teria sido mais rápido se ela não tivesse que fazer tudo sozinha, especialmente na cozinha, que ficou uma bagunça após o jantar. Parte dela quer pegar o Bakugou e fazê-lo flutuar até a lua —  isso, claro, se ela tivesse a própria individualidade e o próprio corpo — por ter causado a tal briga que resultou nesse castigo, outra parte dela fica aliviada por estar ocupada com a limpeza, assim ela não tem que aguentar as mil perguntas e até as provocações dos outros.

O que ela tem que aguentar, porém, é o Bakugou sentado no sofá, esperando por ela assim que Ochako termina de aspirar o chão. Verdade seja dita, ela tá meio cansada dele depois do dia que eles tiveram, e provavelmente a recíproca é verdadeira, então ela não tem ideia de porque ele estaria esperando.

Bom, na verdade, ela tem uma ideia, sim, embora Ochako preferisse adiar essa conversa, ainda mais do que já foi adiada.

—  Amanhã tem treino prático na aula do All Might, a gente precisa entender a individualidade um do outro pra não foder com elas.

Ela se senta ao lado dele, um pouco envergonhada ao perceber que ele tá com o cabelo molhado, o que significa que tomou banho… no corpo dela… e isso a lembra de que ela precisa tomar banho antes de ir dormir… no corpo dele.

—  O que você quer saber?

—  Tudo, Cara Redonda. —  ele responde secamente.

—  Ok… bom, acho que você já percebeu, mas eu tiro a gravidade das coisas quando encosto nelas, eu posso tirar o peso de qualquer coisa ou pessoa, inclusive eu mesma, só que… não por muito tempo, ou eu fico enjoada. Eu também passo mal se tentar levantar algo que passa do meu limite...

—  Qual o limite de peso que você consegue tirar?

—  Ah… umas três toneladas, talvez? Não sei, eu nunca tentei erguer algo tão pesado…

—  Tá —  ele torce a boca em desagrado —  Pra cancelar o efeito da individualidade, é só juntar os dedos e falar “Liberar”, certo?

—  Certo.

—  Você consegue cancelar só parte da gravidade? Tipo, se você encostar em alguma coisa usando só três dedos ou-

—  Hã, não… eu preciso encostar com todos os dedos, mas… cancelar só parte da gravidade é algo que eu pretendo tentar… quando eu melhorar minha habilidade de usar minha individualidade em mim mesma.

—  Tsk…

—  O que que foi agora?  — ela não consegue disfarçar o incômodo com o jeito dele.

—  Se você cancelar só parte da gravidade, você pode controlar a trajetória mais fácil, isso é bem mais importante do que não gorfar.

—  Hã… não? É bem útil se eu conseguir usar minha individualidade em mim mesma, eu poderia controlar a trajetória com saltos mortais e tal… se eu dominar isso primeiro, controlar a trajetória de outras coisas seria natural. —  ele olha feio pra ela — Não é possível que você realmente acha que entende da minha individualidade melhor que eu mesma, Bakugou-kun.

—  Porra, nem vem com chilique, Cara Redonda, nem foi isso que eu falei! Seu poder de ataque seria bem maior, e você não precisa tá voando pra isso, mas tá, esquece… o que mais eu tenho que saber? Que tipo de treino você faz? Por quanto tempo?

—  Hã… eu treino resistência aos enjoos e também pratico combate mano a mano, normalmente com a Tsuyu-chan ou com a Yaomomo-chan.

—  Yaomomo é a das orelhas estranhas?

—  Não, essa é a Kyouka. —  ela lança um olhar repreensivo, eles tão no segundo ano, como que ele não sabe quem é quem ainda? —  Yaomomo é a que você chama de “Caga-regra de rabo de cavalo”.

—  Ah tá.

— É…  A gente luta, às vezes com individualidade, às vezes sem.

—  Quantas vezes por dia?

—  Por… por dia? Hã… eu treino três vezes por semana…

—  Só isso? E o que você faz quando não tá treinando?

—  Hã… eu vivo? Tipo, faço lição, estudo, cuido da roupa e do meu quarto, sento com as meninas pra conversar, às vezes eu saio com o Iida-kun e o Deku…

—  Ainda sobra bastante tempo, por que raios você não tá treinando?

—  Porque aí eu preciso dormir, né, Bakugou-kun? Ah, eu… tô correndo atrás de um trabalho de meio expediente pra ganhar um dinheirinho...

—  Tsk, esquece isso, você tem que treinar mais.

—  Treinar é importante, sim, mas não dá dinheiro… —   ela responde, envergonhada. Taí um assunto que ela não quer entrar com ele.

—  E por que caralhos você precisa tanto de dinheiro?

—  Eu, hã… esquece isso por enquanto, o que eu tenho que saber sobre sua individualidade?  — é impressão dele ou ela desconversou? Sorte dela que tá tarde e eles precisam agilizar isso aqui pra ele poder ir dormir, se não ia fazê-la desembuchar.

—  Você também já sabe, eu suo nitroglicerina pelas mãos e crio explosões, minha individualidade é do caralho e não tem nenhum ponto fraco. —  ele explica arrogantemente — Eu posso usar as explosões pra me mover no ar, posso atacar e me defender, eu tenho uma técnica de aumentar a precisão da explosão, que é o AP Shot e eu-

—  Tem algum limite ou algum dano?

—  Eu falei que não tem nenhum ponto fraco, presta atenção, Cara de Lua.

—  Não, mas… eu quero dizer se tem algum impacto em você mesmo, tipo… o barulho das explosões não atrapalha seus ouvidos? E o impacto delas não faz seus ombros doerem? E esse cheiro na sua mão? É enjoativo, não é? Eu não sabia que nitroglicerina tinha esse cheiro doce… deve dar dor de cabeça.

Katsuki a encara em um sentimento próximo à confusão. Quando foi que ela arranjou tempo pra pensar nessas perguntas? Ninguém nunca perguntou isso pra ele antes, muito menos nesse jeito tão direto.

—  Eu tô acostumado, não é grande coisa. —  é a única resposta que ele tem — E porra, qual cheiro você achou que nitroglicerina tinha?

—  Sei lá… pólvora? Fumaça? Como é que eu vou saber? —  ela dá de ombros — Eu tô com medo de perguntar isso, mas… qual a sua rotina de treino?

—  Eu corro de manhã todo dia, treino a individualidade depois do almoço no Ground Beta, depois treino combate com o Cabelo de Merda no fim da tarde, às vezes o Pikachu vem junto, mas ele só aparece pra tomar porrada, e à noite eu malho na academia.

—  Nossa… é puxado.

—  Tsk, só pra quem é fraco. Pode ir se preparando, assim que a gente terminar o castigo, vai ser o seu treinamento, Cara de Lua. E o meu também.

—  O seu também?

—  Assim que terminar o castigo, a gente vai pegar firme, e eu vou ficar em cima de você pra ter certeza que você não tá fugindo do meu treinamento! Até parece que eu vou deixar você foder com a minha rotina e meu plano pra me tornar o Herói Número 1!

Essa foi uma das poucas regras que ele propôs quando eles ainda estavam discutindo como iam fazer isso. Katsuki não dá a mínima pra tomar banho de olho fechado ou parecer esquisito perto dos idiotas que insistem em colar nele (claro, desde que ela não abuse e o faça parecer um imbecil), a única coisa que importa é que ela não faça besteira com a individualidade dele e com todo o caminho que traçou até aqui pra ser o herói número 1. Claro que ele não espera que ela domine as explosões perfeitamente, afinal, ninguém é melhor que ele mesmo em ser Bakugou Katsuki, mas se ela souber o suficiente pra se passar por ele sem fazer nenhuma cagada, já é o bastante, essa coisa de troca de corpos não vai durar tempo suficiente mesmo, não se depender dele.

Ochako o observa, e se ela não tivesse, na verdade,  observando a si mesma, acharia a determinação dele incrível, ele realmente age como se estar no corpo de outra pessoa fosse só uma coisa meio chata que atrapalha um pouquinho a vida dele… será que ela deveria começar a agir assim também? Ou isso seria assinar o próprio atestado de insanidade?

—  Tem muito mais coisa pra aprender sobre minha individualidade, mas é melhor eu te mostrar na prática. —  ele explica.

—  Aposto que o caderninho do Deku tem tudo que eu preciso saber… —  ela dá uma risadinha, mas claro que ele não acha engraçado. — Enfim… mais alguma coisa?

—  Por enquanto é só. Vai dormir logo, Cara Redonda, já era pra eu tá dormindo há um tempão… aliás, que horas você vai dormir? Seu corpo não tá cansado!

—  Não tão tarde… você pode fazer um chá pra tomar enquanto lê um pouco… é o que eu faço antes de dormir.

—  Tsk, você complica um negócio simples como dormir, que encheção de saco! —  ele resmunga ao se levantar do sofá e ir pra cozinha — Chá de camomila?

—  Uhum, o Iida-kun guarda uns sachês na terceira prateleira do armário à esquerda, acho que ele sabe que eu pego e sempre deixa uns sachês extras pra eu roubar. —  ela dá uma risadinha, tentando não pensar na saudade que ela tá de falar com ele, com a Tsuyu, com o Todoroki, e o Deku.., ela se pergunta se o Bakugou não sente falta do Kirishima e dos outros também…

Mas isso é íntimo e pessoal, e eles deveriam preservar o pouco de intimidade que lhes resta nessa situação.

—  Boa noite, Bakugou-kun. —  isso surpreendentemente vem dele. Ochako o olha, mas ele tá de costas, preparando o chá.

—  Tá… boa noite pra você também, Cara de Lua. —  ela responde antes de se dirigir ao elevador.


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Notas finais do capítulo

E por hoje é isso, três capítulos de uma vez hauhsuhd
A partir daqui, vou postar uma vez por semana. É uma repostagem e a história já tá toda escrita, mas não vou postar tudo de uma vez só, preciso de uns dias pra revisar os capítulos. E também é bom porque, como falei na att de uma outra fic, maio será um mês terrível pra mim, então não sei se vou conseguir escrever capítulos novos de nada, então fica a gordurinha dessa fic aqui pra queimar por um tempo hauhsuhsud

Nos vemos semana que vem! Espero que estejam curtindo (ou recurtindo hauhsushs)!



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