Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 20
Muito cuidado com as regras




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Perfeito. Uma velha. Katsuki sorri triunfante enquanto olha por cima do ombro pra se certificar que a secretária do Instituto Kisaragi Hoshide não os viu se aproximar do prédio.

—  Ok, Uraraka. Me espera aqui que eu vou conseguir o endereço do velho.

—  Bakugou-kun, qual é exatamente o seu plano e por que eu tenho que ficar aqui esperando? —  ela pergunta, encarando-o firmemente

—  Porque eu preciso de você vigiando pra ver se não vem ninguém. Até onde a gente sabe, o moleque também tá procurando esse velho, ele pode muito bem aparecer aqui.

—  Você acha mesmo que uma criança de 4, 5 anos de idade ia conseguir sair lá daquele prédio pra chegar aqui, Bakugou-kun? É quase do outro lado da cidade!

—  E esse moleque é mais esperto do que parece, você não acha? Ele despistou o povo que sequestrou aquelas crianças e a gente sabe que ele não tá mais no prédio, fora que ele me atacou no meu ponto cego e é por isso que a gente tá nessa, é ou não é?

—  É… é, acho que sim. —  ela concorda relutantemente.

—  É. Então só por uma vez, Cara de Lua, faz o que eu tô te falando e deixa eu resolver tudo. —  ele nota o quanto ela o olha feio, mas honestamente? Foda-se. Katsuki dá meia volta e entra na recepção, dando um sorriso tão grande que faz essas bochechas gigantes doerem —  Boa tarde!

A recepcionista é uma mulher que deve ter uns 30 e poucos anos. Ela também tem um sorrisão enorme e falso.

—  Boa tarde! Posso te ajudar?

—  Ah, sim! —  ele se inclina no balcão —  Meu nome é Uraraka Ochako, eu sou estudante da U.A. e tenho uma entrevista marcada com o Kisaragi-sensei às 15:00. —  ele diz firmemente.

—  Uma… entrevista?

 

— Sim, é pra um trabalho da escola. Eu estudo na U.A. e a gente tem que fazer um relatório sobre pesquisadores na área de individualidades.

 

—  Entendo. —  a mulher inclina a cabeça levemente —  Você tem hora marcada?—  Sim, eu marquei no escritório da Universidade.

—  No escritório da Universidade? —  ela parece ainda mais confusa — Eles… não têm autorização para marcar horários aqui no Instituto.

—  Nossa, jura? —  ele finge surpresa —  O senhor que me atendeu me garantiu que eu estava falando no lugar certo.

—  Senhor? —  ela torce os lábios um pouco —  E ele disse que ia marcar pra você?

—  Sim, ele disse que eu podia vir no sábado às 15:00.

—  Entendi… —  a mulher digita no computador apressadamente e pega o telefone —  Você lembra de com quem você falou no escritório da Universidade?

—  Hum… acho que era… —  rápido, Katsuki, pensa rápido em um nome! —  Aki… Akiko…

—  Akiara? —  ela pergunta em um tom sério.

—  Isso!  — ele sorri.

—  Tsk, só um minuto, Uraraka-san. —  ela tenta forçar um sorriso, mas dá pra ver que essa mulher tá tensa —  Boa tarde, é a Ayano do Instituto Kisaragi. Sim, eu gostaria de saber porque o Akiara-san continua pegando ligações em nome do Instituto? Não, ele fez de novo essa semana. Não… sim, a pessoa está aqui na minha frente. Eu sei, mas… sim, mas… bom, e o que você sugere que eu faça? Certo. Certo… obrigada. —  ela desliga o telefone, putaça — Uraraka-san, queira me desculpar, mas… nós estamos com um problema de comunicação interna, e a pessoa que te atendeu não tinha aval para ter marcado essa entrevista, eu sinto muito, mas o Kisaragi-san não virá.

—  Oh… —  Katsuki abre a boca em um pequeno “oh”, olhando para baixo com uma expressão desolada —  Entendo… o Kisaragi-sensei é extremamente ocupado, não é? — a mulher acena com a cabeça em empatia —  Ah, tudo bem, eu entendo… mil desculpas por incomodar, Ayano-san. — ele se curva levemente.

—  Ah, tudo bem, não é culpa sua! —  a mulher se apressa em acalmá-lo —  É um erro nosso, sabe, nós éramos vinculados diretamente à Universidade de Tóquio até pouco tempo atrás, então… —  ela começa a se justificar mecanicamente, como se já tivesse feito isso antes… com certeza fez, e ele só acena com a cabeça fingindo compreensão, mas não tá nem ouvindo, porque o que quer que ela esteja explicando, ele já sabe.

Porque Katsuki não é idiota, ele fez o dever de casa e pesquisou tudo que pôde sobre o Instituto e a Universidade, nem deu trabalho achar nas notícias que o tal do Instituto Kisaragi tava ganhando mais autonomia em relação à Universidade desde que o pai do pivete se afastou do trabalho e deixou as pesquisas nas mãos dos outros especialistas que trabalham aqui, ficando só como orientador de alguns alunos e vindo à universidade periodicamente. Ele sabia que se viesse aqui e se fizesse de sonso, ia dar nisso. Agora vem a cartada final: cara de cachorro abandonado da Uraraka.

—  Eu entendo, eu entendo… —  ele se curva solenemente — Mil desculpas por causar ainda mais transtorno. —  dando meia volta, ele nota a Cara de Lua olhando na direção dele e levantando os braços em confusão, ele dá um leve sorrisinho.

—  Uraraka-san? —  a mulher pergunta, e ele se vira, voltando a ficar com uma expressão triste —  Esse seu trabalho… pra quando é?

—  Ah, para o fim da semana que vem. Eu estou com quase tudo pronto, só faltava a entrevista do Kisaragi-sensei para deixar tudo com mais credibilidade. —  ele sorri, e a mulher dá um sorrisinho tristonho — Enfim, obrigada por me atender, Ayano-san, eu v-

—  Uraraka-san? —  ela olha para os lados, fazendo sinal para ele se aproximar —  O Kisaragi-san não virá à Universidade hoje, ele está em casa. —  sussurrando, ela entrega um papelzinho com um endereço rabiscado, bingo! —  Você não conseguiu esse endereço comigo.

—  Ayano-san, tem certeza? Eu não quero te criar nenhum tipo de problema… —  ele diz cautelosamente.

—  O Kisaragi-san é sempre receptivo com estudantes do Ensino Médio, especialmente os que são dedicados como você. Boa sorte no seu trabalho! —  ela sorri e dá uma piscadinha, Katsuki sorri de volta.

—  Muito obrigada! —  ele pega o papelzinho, apertando a mão dela levemente. —  Eu nem sei como agradecer, eu…

—  É melhor você ir logo, se o Kisaragi-san sair, eu não sei onde você vai poder encontrá-lo. —  Katsuki acena com a cabeça e dá um tchauzinho, saindo do prédio e andando até a Cara de Lua, ele a puxa pelo braço.

—  É pra gente correr? O que foi que você fez, Bakugou-kun?

—  Anda logo, a gente conversa lá fora! —  ele murmura, olhando pra todos os lados pra ter certeza que ninguém tá olhando.

E assim que eles passam pelo portão, Katsuki se apoia na Cara de Lua e se permite expirar fundo.



***

—  B-Bakugou-kun? O que aconteceu? —  ela tenta abaixar a cabeça para olhá-lo nos olhos, ele só se esconde mais no peitoral dela… quer dizer, dele mesmo, mas… ainda assim, não deixa de ser estranho. Se eles não estivessem trocados, seria ele se apoiando… nos… hã… nos peitos dela. Ochako sente-se corar com a ideia, torcendo pra ele não perceber a súbita aceleração dos batimentos cardíacos dela. Antes que ela possa falar mais alguma coisa, ele estende um papelzinho e ergue a cabeça, sorrindo vitoriosamente —  O… endereço? Como você… como você conseguiu?

—  Foi fácil pra caralho. —  ele ri — Joguei verde ali, usei seu charme de cá. Eu sou foda Uraraka, pode falar!

—  E-eu vou, se você me explicar o que você fez… —  ela diz, tentando ignorar o fato de que ele disse que usou o “charme” dela, já que isso significa que a acha charmosa.

—  Tá, tá, vaâmo logo pra casa desse velho, sem perder tempo! —  ele a puxa pelo braço de novo e ela só pode imaginar que, se alguém da rua olhasse pra eles, pensaria que eles são um casal andando de braços dados. Essa ideia só é reforçada quando ele aperta os bíceps dela com mais força. Ochako entende, isso deve ser ansiedade e saudade do próprio corpo, só por isso ele ia tocá-la assim tão naturalmente, mas… ela não deixa de sentir as borboletas praticando ginástica artística em seu estômago.

As borboletas morrem todas quando eles entram no metrô e ele conta exatamente o que fez pra conseguir esse endereço. Esse moleque… não tem um pingo de vergonha na cara! Usando o corpo dela pra aprontar uma malandragem dessas, onde já se viu?

—  Mas… como você sabia o nome do moço do escritório?

—  Não sabia, chutei um nome qualquer e a mulher fez todo o resto. —  ele sorri histericamente.

—  Bakugou-kun… você é maluco? E se ela tivesse percebido que foi tudo um blefe seu? Você deu meu nome real e onde eu estudo, e se ela resolvesse ligar pra U.A.? O Aizawa-sensei ia vir na hora já que ele sabe e-

—  E nada disso aconteceu, então por que você tá perdendo tempo me dando sermão, Uraraka? Eu dei um pouco de sorte, é verdade, mas já disse, nada ia dar errado se eu chegasse agindo que nem você, ninguém resiste a essa carinha. —  ele aponta pra própria cara, que é a dela, no caso, obviamente fazendo-a ruborizar.

—  Você… você só não me deixou entrar porque eu ia te impedir, não é? —  ela resmunga.

—  Também, mas se eu tivesse junto, ela não ia ser tão amigável. Eu não passo uma boa primeira impressão que nem você. —  ele coça a cabeça, falando isso como se não tivesse muito interesse nesse assunto.

E não deve ter mesmo, porque isso diz respeito à imagem dele, a maior, e talvez a única falha em todo o projeto dele como herói. Bakugou Katsuki é impressionante, tem total controle da própria individualidade, é competente e dono de um raciocínio apuradíssimo, tem notas excelentes e um futuro promissor, mas apenas se ele melhorar sua imagem. Porque numa sociedade que se preocupa tanto com aparência, o currículo quase impecável dele acaba ficando pra escanteio quando tudo que as pessoas lembram quando se fala em Bakugou Katsuki é “monstro de lama”, “amarrado no pódio do Festival Esportivo por dois anos consecutivos” e “sequestrado pela Liga dos Vilões”, isso sem falar na cara amarrada e na postura desleixada, que engana à primeira vista e faz todo mundo pensar que esse garoto é só mais um delinquente que não vai virar nada na vida se não tomar jeito. Ah, se eles soubessem que tem muito mais além do que o olho vê… se todo mundo pudesse vê-lo com os olhos dela…

Porque tem um novo fato que brotou do nada, logo depois que ela contou a verdade para o Kirishima.

O ruivo ficou em silêncio por quase um minuto e caiu na gargalhada, encerrando o assunto com um pescotapa. Não, o Kirishima não acreditou nela, achou que o “bro” dele tava fazendo alguma piada esquisita que ele não conseguiu entender, e deixou por isso mesmo. Desde então, Ochako foi atingida pela estranha revelação de que talvez… ela seja a pessoa que mais conhece o Bakugou no momento, e claro, isso só aconteceu por causa desse acidente que eles se envolveram, mas não deixa de ser um fato, ela o conhece a fundo a esse ponto, e mesmo quando eles voltarem pra seus verdadeiros corpos, isso não vai mudar. Ou será que vai?

—  Bakugou-kun… você… —  “você é incrível e pode ser tudo o que quiser e se esforçar pra ser, inclusive… gostável.” é o que ela quer dizer, é o que ela vai dizer quando o trem para e ele se levanta.

— A gente desce aqui, tá moscando por quê, Uraraka? Bora! —  ele dá um leve tapinha na mão dela, e ela se levanta, seguindo-o pela estação.

A casa desse senhor é a duas quadras subindo a estação. Dependendo do que eles descobrirem, pode ser que acabem com isso hoje mesmo. Eles vão voltar para seus corpos, é o que ela quer desde o começo, mas à medida que o tempo passa, esse corpo se torna cada vez menos estrangeiro, e pensar nisso lhe causa uma certa… angústia. Quando eles voltarem, isso significa que o relacionamento deles volta a ser o que era também?

Porque Ochako não quer se afastar dele.



***

Tsk, por que ela tá tão quieta agora? Não é possível que ela achou mesmo tão ruim ele ter dado um “jeitinho” pra conseguir a informação que eles precisavam. Ok, não era o melhor plano do mundo e podia ter dado muito errado, mas porra, se ele tivesse contado pra ela, ela ia tentar pará-lo, e Katsuki pararia. Porque se a Uraraka o faz parar pra pensar nas coisas com calma, ele obedece. É fraqueza sua, lógico, e por isso ele precisa evitar esses momentos e fazer o que o seu instinto manda, ser o Bakugou Katsuki que sempre se orgulhou em ser. Logo essa merda vai acabar, ele vai voltar pro próprio corpo e tudo vai ser como era antes.

A casa do velho lembra vagamente a dele no estilo de construção, a diferença é o jardim enorme e o portão preto que mais parece a porra de uma muralha.

—  Então… a gente… toca a campainha?

—  Ou isso ou eu faço a gente levitar pra cima do muro. —  acaba soando mais grosso do que ele pensou, ela concorda pelo jeito que o olha feio. Sem perder tempo, ele toca a campainha.

Nada.

Ele toca de novo.

—  Bakugou-kun… —  ela o cutuca e aponta pra câmera acima deles —  Hã, olá? Kisaragi-sensei? Meu nome é B… hã, Uraraka Ochako e ele é Bakugou Katsuki, nós somos estudantes do curso de heróis da U.A., nós estávamos em uma missão para apreender um laboratório clandestino e hã… seu filho, Kisaragi Hideki estava entre as crianças sendo usadas pelos criminosos, nós… fizemos umas pesquisas e achamos seu endereço, podemos conversar um pouco? —  ela diz, olhando firmemente pra câmera.

Alguns segundos se passam, nada.

Até que se ouve um estalo, e o portão se abre. Essa é a hora que ela sorriria triunfante, mas… Uraraka tá tão séria quanto ele agora. Eles param de frente para a porta de entrada, ele leva a mão na maçaneta, ela o impede. Tsk, e isso lá é hora pra querer ter boas maneiras?

Os dois pulam em surpresa quando a porta se abre, o moleque das fotos que eles viram no jornal está parado bem na frente deles.

—  Essa é uma boa pergunta, eu também adoraria que ele respondesse, mas o Hideki não tá muito afim de conversar ultimamente. —  um velho aparece e para atrás do moleque, apoiando as mãos nos ombros dele — Uraraka Ochako e Bakugou Katsuki, é bom finalmente conhecê-los, eu estava esperando vocês.

Alguns minutos depois, ele e a Cara de Lua estão sentados em um sofá, de frente para uma mesinha de centro e uma grande TV. É uma sala normal em uma casa normal, não fosse pelo fato de que a conversa que eles passam a ter com o dono da casa assim que ele se junta a eles na sala, servindo chá e sentando-se na poltrona adjacente, não é nem um pouco normal.

—  Kisaragi-san, eu não sei até onde o senhor está sabendo… —  a Uraraka começa.

—  O suficiente. —  ele sorri serenamente —  Mas antes de começar, eu quero agradecê-los imensamente. O que quer que vocês tenham feito fez o meu filho voltar para casa. Por isso, eu sou eternamente grato.

—  Tsk. —  é só o que ele consegue responder. Katsuki quer agilizar essa conversa, mas ele não pode mandar esse velho ir se catar agora.

—  Oh, imagina! Nós… ficamos felizes em saber que pelo menos algo de bom ficou disso tudo e o senhor pôde reencontrar seu filho. —  ela responde — É… impressionante que ele tenha conseguido achar o senhor, uma criança pequena vindo para tão longe.

—  Sendo que esse deve ser um dos primeiros lugares que aqueles filhos da puta vão procurar, se já não vieram.

—  Ah, eles vieram… —  o velho se serve de um chá —  Não foi fácil me livrar deles, acredite em mim.

—  Você tá dizendo que foi atacado? E nenhum herói veio em seu socorro? —  Katsuki ergue uma sobrancelha.

—  Bakugou-san, você já deve ser maduro o suficiente para entender que não é assim tão simples. Heróis, por melhores que sejam suas intenções, nem sempre tomam a melhor decisão. Se um herói viesse, sabe o que aconteceria? Ele levaria o meu filho e o deixaria sob custódia da polícia para interrogá-lo sobre os responsáveis pelo laboratório.

—  É o procedimento padrão, mas ele não ficaria sob custódia da polícia, Kisaragi-san, a não ser que-

—  Que me considerassem cúmplice, as pesquisas que eu vinha desenvolvendo no meu Instituto antes do Hideki sumir apontavam maneiras de induzir uma individualidade em crianças, quanto tempo vocês acham que levaria para ligar o meu nome ao desses criminosos? Eu seria separado do meu filho, o filho que foi levado de mim há quase um ano. E onde estavam os heróis quando eu precisei? Sinto muito, meus jovens, mas um homem tem que agir por si só e não esperar por uma ajuda que não vem.

—  Você não respondeu minha pergunta: você foi atacado? —  ele pergunta entre os dentes, sentindo-se cada vez mais desconfortável e com raiva.

—  Sim, há alguns dias. Entreguei parte das minhas pesquisas sobre a individualidade dele com a condição de que nos deixassem em paz.

—  O senhor… por quê? —  a Uraraka arregala os olhos.

—  Tsk, não é óbvio, Uraraka? Porque eles não precisam desse moleque, mas precisam da individualidade dele.

—  Você é realmente perspicaz, Bakugou-san. —  o velho sorri — A princípio, uma individualidade como a dele não parece útil, mas pode vir a ser em missões de infiltração.

Sim, imagina se um vilão usa um poder desses pra trocar de corpo com, por exemplo, alguém que trabalhe numa agência cheia de heróis? O vilão teria acesso a todo tipo de informação sobre os heróis sem causar nenhum barulho, porra, pensando assim, é uma puta de uma individualidade, e em mãos erradas, pode fazer um puta de um estrago.

—  Mas Kisaragi-san, o senhor realmente não se importa de ver o seu trabalho sendo usado dessa forma?

—  Francamente, Uraraka-san, desde que eu esteja com meu filho, não me importo. —  filho da…

—  Então o senhor não se importa com as crianças sequestradas e todos os efeitos colaterais que elas podem sofrer por serem forçadas a desenvolver uma individualidade que o corpo delas não suporta? —  a Uraraka pergunta, erguendo-se levemente de seu assento — Crianças da idade do seu filho ou até mais novas?

—  Tsk, esse cretino aí não liga pra porra nenhuma. —  Katsuki constata, Uraraka olha pro cara com desprezo e depois pra ele com firmeza —  Que se foda essa merda! Vambora, Uraraka! — ela assente com a cabeça e ambos se levantam.

—  Vocês não vieram aqui para que eu os ajudasse a destrocá-los? Eu devo dizer que o Hideki ainda não sabe como reverter os efeitos de sua individualidade.

—  Então além de um cuzão, você é um inútil! —  Katsuki fecha as mãos em punhos.

—  Foi perda de tempo vir aqui. —  Uraraka complementa — Não me surpreende que seu filho não queira falar com o senhor. Mesmo sendo meu pai, eu também me recusaria a falar com alguém tão egoísta e irresponsável.

Os dois dão as costas, Katsuki entrega os sapatos dele para ela calçar, e ambos saem, ele ainda faz questão de se virar uma última vez pra trás pra mostrar todo o asco que ele tem por esse cretino do caralho.

—  Maldito! Eu quero quebrar a cara desse filho da puta! —  ele esbraveja quando os dois já estão quase no portão.

—  Ele não vale a pena. Vamos embora, Bakugou- —  ela pula de susto, e ele instintivamente põe a mão no ombro dela, ambos tensos ao ver que o pivete acabou de pular fora de um dos arbustos do jardim, olhando-os intensamente —  Hideki-san! Que susto! Hã… desculpa se a gente te assustou vindo aqui na sua casa, querendo ver seu papai… — ela se ajoelha e sorri tão gentilmente, mesmo estando tão puta… e isso o lembra do All Might.

—  Me… me desculpa… onee-san. —  o moleque fala tão baixo que ele mal consegue escutar, mas… porra? Ele acabou de falar?

—  Oh, ohhhh não precisa pedir desculpa, você não fez nada de errado! —  ela se apressa em tranquilizá-lo, erguendo os braços, claramente em dúvida se pode ou não tocá-lo —  O que importa é que você tá seguro, né? Você deve ser um menino muito esperto pra conseguir voltar pra casa sozinho! —  ela se levanta e faz um carinho na cabeça dele, fazendo o moleque corar — Tchau tchau, Hideki-kun!

—  Falou, garoto! —  ele quer mandar um “obrigado por nada, manda seu pai ir se catar!”, mas… porra, realmente, o moleque não precisa ouvir nada disso.

Antes de eles saírem, o pivete segura a barra dos shorts dele, fazendo Katsuki olhá-lo. O pirralho timidamente estende um papel pra ele —  O que que é isso aqui? — Ele pega o papel e lê rapidamente… — Aí, Uraraka?

—  Que foi? —  ela volta, olhando para o papel —  Isso é…

—  Uma lista de endereços onde eles podem ter instalado o novo laboratório!—  ele segura o papel com tanta força que acaba o amassando um pouco — Onde você conseguiu isso, garoto?

—  Eu… peguei… —  Porra, esse moleque! —  Eu quero… salvar meus amigos…

—  Seus amigos? Ah, as outras crianças? — ele assente com a cabeça, Uraraka olha pra ele com um olhar triste —  Nós…

—  Nós vamos salvar seus amigos. —  Katsuki diz firmemente — Se em troca, você destrocar a gente.

—  Bakugou-kun, o pai dele disse que ele não-

—  Isso é o que o pai dele acha, mas você é forte, não é, moleque? Você vai treinar a sua individualidade pra ajudar a gente se a gente ajudar seus amigos, não vai? —  o garoto finalmente o olha nos olhos e faz que “sim” com a cabeça — Fechou, então! É uma promessa que você fez com o seu onii-san, não pode arregar, hein!

Katsuki dá um soquinho no ombro dele e se levanta. Ele evita olhar na cara da Uraraka porque sabe que ela deve estar achando graça que ele foi legal com uma criança. Tsk, essa é pra ela ver que ele é bom em tudo!

Porque ele realmente é bom em tudo, principalmente em ser um herói. E Katsuki vai fazer de tudo pra salvar esses pirralhos, porque não é uma promessa só com esse moleque aqui. É uma promessa com a Uraraka, e é uma promessa consigo mesmo.


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Notas finais do capítulo

Oooi! Chegando com o capítulo que eu menos gosto dessa fic, slá, só não gosto, mesmo sendo um dos mais importantes hauahsuhas

Mas ó, o próximo é provavelmente o meu favorito hsushsuhs

Obrigada por ler! Espero que esteja curtindo!



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