Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 19
E mais uma regra nova: cuidado com o Kirishima




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97… 98… 99… 100!

Ochako coloca a barra de volta no aparelho de musculação e ergue as costas, ofegante. Ela enxuga o suor do rosto com uma toalha, seus olhos sendo praticamente puxados para o espelho na sua frente. O cabelo do Bakugou parece ainda mais bagunçado, então ela o puxa um pouco pra trás, de repente se admirando em como a feição dele mudaria se ele passasse um gel ou penteasse os fios pra trás, ia ficar tão diferente, tão… elegante. Ela sacode a cabeça para desarrumar as madeixas de novo, e o olhar que antes procurava o cabelo desliza para os braços no reflexo do espelho.

Gente, os bíceps do Bakugou não são desse mundo, é um absurdo! Ochako não tem certeza se conseguiria tocar os dedos de ambas as mãos ao redor da parte mais grossa dos braços dele, ela teria que chamar o Shoji pra dar uma forcinha e… argh, o que que ela vai ganhar pensando coisas desse tipo?

Virando-se para evitar encarar o espelho, seus olhos acabam pairando no Kirishima terminando sua própria série de supino reto. Assim que ele levanta, ela já se aproxima para entregar uma garrafa de água pra ele.

—  Valeu, cara! —  ele pega sem nem olhar, o que faz Ochako pensar que, se ele não achou estranho, é porque o Bakugou deve fazer isso normalmente quando eles treinam juntos. Bom saber, não? —  Não sei se eu faço outra série ou já puxo o carro, eu precisava estudar inglês, mas pô, passar a sexta de noite estudando é deprimente. — ele resmunga.

—  Se você e o Pikachu não ficassem fugindo da sessão de estudos, você não precisava estudar sexta à noite. —  sai em tom de bronca porque é a voz do Bakugou, mas ela não tá realmente o repreendendo.

—  Ah, você vai me desculpar, Bakugou, mas não tem sessão de estudos que supere a sessão de amassos da noite! —  ele ri, mas Ochako vê as bochechas dele levemente rosadas, as dela provavelmente estão da mesma cor — Diferente de mim, o Denki ainda pode pedir ajuda pra Jirou pra estudar, né?

—  Ué, por que você não pede também?

—  Tá louco? Ela me dá mó medo! Eu prefiro você me batendo com o livro do que ela me olhando como se não soubesse como eu consegui entrar nessa escola com tanta burrice! —  ele sacode a cabeça firmemente, mas de repente fica sério — Acho que a Jirou não gosta muito de mim.

Ai, que dó da carinha dele! Ela se sente péssima por não poder consolá-lo direito já que o Bakugou nunca faria isso. A Kyouka não é assim, a pessoa mais abertamente calorosa do mundo, então ela entende de onde vem essa sensação, mas… Ochako duvida que tenha alguém na sala, até na escola, que não goste do Kirishima, só… não tem como.

—  Tsk, de onde você tirou essa besteira, Cabelo de Ouriço?

—  Ah, cê sabe como todo mundo fala que ela nem gosta de homem, mas… sei lá, eu acho que ela gostava assim do Denki… um pouco. Então ela deve ter pegado ranço de mim, né? Eu roubei o único cara de quem ela gosta, um negócio assim.

—  Não tem nada a ver isso daí. —  ela murmura — Mas se te incomoda, você devia falar com o Pikachu, ué.

—  Eu não tenho cara de chegar e falar dessas coisas não, cara, por que sabe o que fica parecendo? O cara gay desconfiando do namorado bi porque ele é muito amigo de uma menina. Não é muito másculo, saca?

Ela… nunca pensou nisso, honestamente. é uma perspectiva completamente nova ver que os meninos, até os mais durões como o Kirishima, têm esses dilemas e angústias… tadinho dele.

Mas, de novo, se ele não tá estranhando essa conversa super pessoal, é porque talvez esses papos entre ele e o Bakugou sejam normais. Ochako se lembra daquele dia no metrô quando o garoto explosão disse não precisar falar sobre essas coisas pois o Kirishima já sabe, mas sabe mesmo? Pelo que ela tá entendendo, o normal é o ruivo falar e o loiro escutar, provavelmente fingindo desinteresse e irritação, mas dando a opinião dele aqui e ali com aquela grosseria de sempre. Não deixa de ser legal, mas… o Bakugou não se abre mesmo? Isso é bem triste, ela se sente… muito mal por ele.

—  Mas se te faz mal, você precisa falar, Kirishima. Vai por mim, se você não falar, uma hora volta pra você e… explode na sua cara. —  ela revira os olhos, ciente do trocadilho infame que acabou de fazer com explosões.

—  Eu sei, Bakugou, mas é foda porque parece que eu não confio nele, e poxa, o moleque confia em mim 100% pra ficar pra baixo e pra cima com você, então… eu não quero parecer ciumento com alguém que tem todo motivo pra ter ciúmes de mim.

—  Hum… —  ela torce a boca —  Então, você planeja fazer o quê?

—  Não sei, tentar me aproximar da Jirou pra mostrar que eu sou de boa, talvez? Ela me dá medo, mas é amiga do Denki, então eu sei que ela é gente boa. —  ele sorri — Enfim… valeu por me escutar, bro. — Ochako abafa um grito quando ele dá um soco no braço dela. Por que ele precisa bater pra demonstrar afeto?

—  Tá, tá. —  é o que ela responde, esperando o Kirishima falar algo do tipo “Se precisar desabafar, mano, cê sabe que tamo aí pra isso”.

Mas ele não fala nada, só joga a toalha por cima do ombro e coça o cabelo, andando em direção ao espelho pra se alongar, e Ochako o segue, sabendo que ele não falou nada porque não há necessidade, o Bakugou pode falar o que ele quiser que o Kirishima vai ouvir, mesmo que não saiba como ajudar.

—  E aí, a menina lá aceitou seu convite? —  ai, essa história que ela já tava até esquecendo! Por que ele foi lembrar disso? Agora ela só consegue pensar na conversa que teve com o Bakugou na escadaria e… tudo que rolou depois.

—  Acho que sim. Ela respondeu “Já é. ” Quer dizer que sim, eu acho.

—  Hehehe, imagino os papos que você tem com ela, tô louco pra ver isso no domingo! —  ele ri.

—  Tsk, eu não chamei ela pra vocês ficarem rindo da minha cara! —  ela resmunga em uma imitação de Bakugou, mas é mais ou menos o que ela realmente diria também.

—  Pra ser honesto, eu não entendi nem porque você chamou ela, cara, tá na cara que você não tá a fim dela. Mas sei lá, talvez seja uma boa você fazer a fila andar, assim você e a Uraraka se largam um pouco.

—  A Uraraka? Não, nada a ver isso daí. —  Ochako desvia o olhar.

— Mano, ela tava te pondo contra a parede não tem nem uma hora atrás, teve aquele dia que você pôs curativo nos machucados dela, e eu não falei pra ninguém, mas e aquele dia que eu peguei ela saindo do seu quarto? Se tem alguma coisa ou não, eu não sei, mas vocês precisam maneirar se não querem que as pessoas saiam falando. —  “Fala isso pro Bakugou!” ela grita em pensamento.

Porque é sempre ele que desafia esses limites que eles impuseram, é sempre ele que a provoca pra deixá-la irritada, é sempre ele que diz coisas como “já tenho você na minha vida”, “rosa é sua cor favorita” e… e… “Cara de Anjinho” com a cara mais lavada do mundo. Ok, tirando aquele dia na lavanderia que ela o abraçou, mas de resto, é sempre ele se aproximando mais do que o necessário, e o pior, sem motivo nenhum.

—  Eu sei disso. —  ela murmura.

—  Então cuidado, vai ficar feio pra ela e pra você, talvez até pro Midoriya se ele não criar coragem e decidir a vida dele com ela logo. Bom, o aniversário dele tá aí, vamos ver se eles se acertam, dependendo do que rolar, o caminho fica livre pra você.

“Dependendo do que rolar” entende-se como “caso o Midoriya dê um fora na Uraraka”, a ideia faz o coração dela se apertar. Quando Ochako se confessou, ela jurou pra si mesma que não importava a resposta dele, ela só queria se livrar desse peso no coração, mas a verdade verdadeira é que… ela nunca pensou o que aconteceria de fato caso fosse rejeitada. Ela já falou o que sente, se ele não a corresponde… o que acontece? Eles vão continuar sendo amigos, óbvio, mas… ela vai poder contar a ele se começar a gostar de outro garoto? Pedir conselhos? Chorar no ombro dele quando tiver uma discussão? E esse outro garoto? Vai entender o quanto a amizade dela com o Deku é profunda e especial?

E se esse garoto fosse o Bakugou?

Não, o que ela… ela e o Bakugou? Pfffft, Ochako o imagina revirando os olhos e mandando ela parar de ser besta só por pensar que ele perderia tempo com essa coisa de romance, ainda mais com ela. Fora que… talvez o Deku possa aceitá-la, não?

Bom, nada disso importa agora, não enquanto ela estiver nesse corpo alto e incrivelmente musculoso.

—  Que porra de caminho livre o quê, eu tô pouco me fodendo pra Uraraka!  — ela resmunga, cruzando os braços — Aí, Kirishima?

—  Que é?

—  Com que roupa você vai na festa?  — ela muda de assunto antes que o Kirishima diga mais alguma coisa sobre a “Uraraka”.

—  Hã… sei lá, shorts e camiseta? Acho que vou levar sunga também, ouvi a Mina falando que roupa de banho tava liberado. —  eita! É uma festa na praia, né? Será que… ela deveria levar calção de banho também? Ou será que o Bakugou também usa… sunga? Ai, será que ela vai ter que usar sunga? —  Tá tudo certo, cara?

—  Hã? Lógico, porra! Só tô pensando que… eu não vou usar porra nenhuma de sunga. —  sunga é praticamente… uma cueca! Imagina andar pela praia, com todo mundo olhando, só de cueca?

—  Hã, ok… você quer que eu te empreste um calção, então? —  apesar de o Bakugou provavelmente ter o próprio, Ochako sente que não vai conseguir procurar nas roupas dele sem querer se explodir de vergonha. É, melhor pegar o do Kirishima mesmo… ou… talvez não? Argh, o que diabos ela tá fazendo? —  Eu tenho uns três, vamo lá no meu quarto ver qual você prefere.

Muito bom, Ochako, parabéns! Agora ela vai ficar sozinha com mais um garoto no quarto dele. Ah, se o Iida e a Yaomomo soubessem…



***

Katsuki sente as pálpebras pesarem e a cabeça pender um pouco. Porra, ele não sabia que ter alguém mexendo em seu cabelo fosse deixá-lo com sono, que coisa bizarra. As palavras no caderno ficam meio borradas, mas ele teima em abrir os olhos. Não, porra, tá na hora de estudar! Não dá pra dormir só porque a Menina Sapo tá mexendo no cabelo da Cara de Anjinho.

—  Você já pensou em fazer algumas ondinhas no cabelo, Ochako-chan? Ia ficar tão fofo! —  a Celofane pergunta enquanto a Menina Sapo penteia os fios para prendê-los. Katsuki não pediu pra ela fazer isso, ela que se ofereceu depois que o viu resmungando sobre o cabelo ficar caindo na cara… essa menina deve estar mexendo nesse cabelo já tem uns 20 minutos, uma merda ele estar achando tão bom que não consegue mandar ela parar —  A gente podia ondular as pontinhas pro aniversário do Midoriya, mas vai ser na praia, né? Assim que você entrar no mar, vai voltar ao normal…

—  Eu não vou entrar no mar. —  ele responde secamente, um pra matar esse assunto idiota, dois porque é verdade. Ele não vai entrar no mar, ou melhor, não vai fazer porra nenhuma nessa merda de festa.

—  Por que não? Ahhh… desceu pra você? —  ela pergunta. Desceu? Desceu o quê?

—  Ain, pra mim também, mas até domingo já vai ter acabado, que sorte! —  a Rosinha, que tá surpreendentemente quieta, manifesta-se — Hahaha, então a sua adiantou também, Ochako-chan? Que doidêra, nossos ciclos são sempre iguais! —  ela ri, e então ele entende: ela tá falando de menstruação, ughh.

—  Como você consegue ficar tão animada, berrando e rindo por aí com esse negócio? —  ele pergunta com genuína curiosidade, porque não é possível! Tudo que ele quer é terminar logo essa sessão de estudos no quarto da Rabo de Cavalo e ir deitar pra ver se esse desconforto passa, é como se… tivesse uma âncora amarrando as pernas enquanto o All Might dá uma sequência de socos na barriga dele. Katsuki tá mais irritado do que o normal por causa dessa merda, enquanto isso, a Rosinha é só risada e gritaria, que porra é essa?

—  Ah, porque já tá acabando, né? Os primeiros dias que são uó! —  ela dá de ombros. Porra, a da Cara de Lua não era pra estar terminando também? Então porque tá tão horrível ainda? Será que é porque ele não tá acostumado com essa merda?

—  Nem me fale, cês acreditam que desceu pra mim no meio da aula do All Might semana passada? Eu queria morrer! —  a Orelhuda comenta sem tirar os olhos do caderno de exercícios. Porra, essas meninas… elas fazem aula normal com essa coisa? Não é possível que elas achem de boa ficar sangrando por 3, 4 dias e agirem como se nada tivesse acontecendo a ponto de sair em batalha e fazer coisas normais de herói.

Se bem que… não tem outra opção, tem? Um vilão não vai esperar o chico delas acabar pra cometer um crime e lutar, porra, o jeito é ignorar essa nojeira e ir pra cima, fazer o quê? Meninas são bizarras, daria até medo, se ele não tivesse medo de nada.

—  Puxado… mas vê pelo lado positivo, agora que já veio, você pode ir de biquíni que nem eu! —  a Rosinha dá um gritinho de empolgação — Vocês também vão, né?

—  Eu não uso biquíni, ribbit, vocês sabem que eu não gosto muito… —  a Menina Sapo responde — Mas acho que vou levar maiô, sim.

—  Senhoritas, voltemos a estudar, sim? Nós podemos discutir detalhes sobre a festa amanhã à noite. —  a Rabo de Cavalo repreende, e Katsuki quase quer agradecê-la. É, porra, essas meninas tão aqui pra estudar ou pra falar besteira? Porra, ele nem planejava vir estudar com essas garotas, a ideia era estudar com a Uraraka depois do treino, mas depois daquela conversa na escadaria, talvez seja melhor ficar longe dela um pouco, ele não consegue raciocinar direito quando ela tá perto, faz e fala merdas desnecessárias, tá na hora de criar vergonha na cara e estudar! Mas caralho, se essas meninas vão ficar falando dessas coisas inúteis, melhor ele vazar daqui e ir estudar com a Uraraka mesmo, pelo menos ele pode se divertir um pouco deixando-a bravinha.

—  Você vai chamar a Kendo-san, Yaomomo? —  A Menina Sapo pergunta, fazendo a Rabo de Cavalo ficar com vergonha. Tsk.

—  Eu… acho que não, não é muito educado trazer meus próprios convidados.

—  O que que tem? Ué, o Todoroki chamou o boy dele, e o Bakugou também chamou uma menina que nem na U.A. estuda. —  a Rosinha faz o favor de contar pra todo mundo, fazendo-o tensionar os ombros só de lembrar da cagada que a Uraraka fez.

A Menina Sapo limpa a garganta, e parece surpresa quando ele olha pra trás pra encará-la, porque… ele a pega no pulo fazendo um gesto para a Rosinha ficar quieta.

—  Ah, desculpe, Ochako-chan, só… imaginei que você não quisesse falar disso, ribbit. —  ela se explica.

—  Disso o quê? Do Bakugou e aquela menina? Tsk, quem liga? —  ele dá de ombros, sentindo o rosto esquentar de raiva só de lembrar da Uraraka falando que, quando ele gosta de alguém, sempre fica perto da pessoa, tsk… como alguém pode ser tão inteligente e tão burra ao mesmo tempo? Cara de Anjinho estúpida, falando do “tipo” dele com tanta propriedade, tsk… o que é que ela sabe?

—  Hã, sabe… é normal sentir ciúmes… —  a Menina Sapo diz pacientemente. Ciúmes, hein? A Uraraka que tava com ciúmes, hehe. Essa tosquice dela é bonitinha pra porra —  Você e o Bakugou têm se aproximado bastante ultimamente, ribbit, então dá pra entender.

— Não dá pra entender porque vocês se aproximaram, na verdade. —  a Orelhuda diz, fingindo desinteresse nesse assunto — Como você o suporta?

—  Ah, mas ele tá tão fofinho ultimamente, Kyoka-chan! —  a Celofane diz empolgadamente — O Mashi-kun que não me escute, mas o Bakugou sempre foi um gato! Agora que ele tá todo meiguinho, não tem menina que resista, super te entendo, Ochako--chan, de verdade.

—  Hã, eu não sei se é apropriado falarmos dessa forma quando o Midoriya-chan ainda não deu uma resposta para a confissão dela, ribbit. —  a Menina Sapo diz em um tom cauteloso.

—  Ah, me poupe! Quanto tempo isso já faz? Um mês? Acho que a falta de resposta dele já é uma resposta, não acha? —  a Orelhuda sugere em um tom amargo. E… de certa forma, Katsuki é obrigado a concordar. Porra, só tem duas respostas possíveis pra uma confissão, claro que o merda do Deku ia achar um jeito de complicar as coisas, mas caralho, é só decidir se ele gosta ou não da Uraraka, o que tem de difícil nisso? Tá, ele não pode responder agora por causa da troca de corpos, mas porra, o idiota deveria ter uma resposta na ponta da língua assim que a Cara de Lua se confessou. Pedir tempo pra pensar? Vá à merda! Como ele ousa pedir um tempo pra pensar se quer ou não ficar com ela? Como caralhos alguém… teria dúvidas sobre querer ficar com a Uraraka? —  Eu acho que tá na hora de você fazer a fila andar, Uraraka, mesmo que seja com o Bakugou… pelo menos ele não vai ficar te enrolando. — Pode crer, ele odeia enrolação de qualquer tipo! Mas… porra, essa menina tá viajando um pouco também, “fazer a fila andar com o Bakugou?” Tsk, que ideia… besta da porra.

—  Não seja tão dura, Kyoka-chan! A gente tá falando do primeiro amor dela, não é assim tão fácil partir pra outra… —  a Celofane diz — Não é, Ochako-chan?

—  Sei lá. —  ele dá de ombros. Que merda ele ia saber sobre esse papo de “primeiro amor “? Ugh!

—  Aí é que tá, primeiro amor não precisa ser o único, pô! Sabe quem foi meu primeiro amor? O paspalho do Kaminari!  — a Orelhuda declara — Assim como o da Momo foi o Todoroki, e o da Mina foi o Kirishima, e todo mundo aqui seguiu em frente quando viu que não ia rolar. —  fica um silêncio desconfortável no quarto. Vish… até a Rosinha fica meio sem jeito.

—  Bom, então… —  a Rabo de Cavalo limpa a garganta —  Vamos seguir para a revisão de inglês? Acho melhor iniciarmos com o Present Perfect.

E o assunto de antes simplesmente morre. Katsuki ainda não gosta como todas essas enxeridas têm opinião formada sobre ele e a relação dela com o Deku, mas… porra, seria do caralho se a verdadeira Uraraka estivesse aqui pra ouvir o que a Orelha falou sobre o Deku ser um puta de um enrolão. 

 

Que diabos ela deve estar fazendo agora? Tsk, só falta estar perdendo tempo com as besteiras do Cabelo de Merda! Porra, ele devia ter pensado em uma regra sobre o Kirishima! Aquele lá se faz de sonso pra viver, mas a Uraraka não sabe disso, sabe?



***

Ochako sente o corpo inteiro tensionar só com a ideia de ficar sozinha com um garoto no quarto dele. Mesmo que seja o Kirishima, mesmo que ela tecnicamente seja um garoto também, mesmo que ela esteja morando no quarto do Bakugou há quase um mês, é só… errado em muitos níveis e ela se odeia por ter se enfiado nessa por causa de um maldito calção de banho que ela nem deveria pensar em usar.

—  Entra aí, mano. Fica à vontade. —  o Kirishima anuncia sem cerimônia, entrando e já puxando a gaveta da cômoda. Ah, o quarto dele… já tem mais de um ano que ela entrou aqui, foi no concurso de quarto mais legal, e olha… é que o bolo do Sato tava mesmo uma delícia, mas Ochako considerou seriamente votar no do Kirishima. O quarto dele é… tão…

—  Maneiro… —  ela sussurra enquanto não consegue evitar olhar ao redor com fascínio.

—  Hã, valeu? Mas… não é você que vive falando que meu quarto é brega? —  ele dá um sorriso debochado — Você finalmente se rendeu ao meu incrível quarto de macho, Bakutetas?

—  N-não me chama assim!  — ela esbraveja, aproveitando-se disso pra desviar do fato que acabou se entregando um pouco, droga! —  Tô falando do… do… saco de pancada, porra! É novo, não é novo? — Ochako tenta desconversar.

—  Hã… não, eu só troquei a capa porque a outra rasgou, mas isso já tem uns  três meses, esqueceu? — ele inclina a cabeça em confusão — Enfim… os calções de banho que eu tenho são esses. —  ele os joga pra ela pegar, e a primeira coisa que ela nota é que um deles não é um calção, na verdade, parece uma cueca, mas quando Ochako pega pra olhar melhor, percebe que… a tal cueca não tem a parte de trás —  Opa, esse aqui não, hehehe! — ele dá uma risada sem-graça, e ela sente as orelhas queimarem de vergonha.

O que só piora quando ela vê os calções. Um é vermelho com uma estampa de chamas alaranjadas, o outro é preto com um dragão e o kanji de “força” escrito na bunda e tem mais um com uma estampa florida. Ela não sabe se ri ou sai correndo daqui de tanto constrangimento, evitando a todo custo imaginar o Bakugou vestindo qualquer um desses shorts… bom, ou isso ou a sunga… ela tá até com medo de ver as sungas que o Kirishima deve ter.

—  Vai esse aqui. —  ela murmura. Dos males, o menor, ou seja, o vermelho com estampa de fogo —  Valeu.

—  Dibas, cara. —  ele sorri.

—  Aí, Kirishima?

—  Fala.

—  Posso... ?  — ela aponta pro saco de pancada. Ochako sabe que deveria sair daqui, mas poxa, ela nunca mais vai ter outra chance de entrar no quarto do Kirishima assim, então…

—  Opa! —  ele também parece gostar da ideia —  Manda a ver!

Ochako acena com a cabeça e entra em posição, flexionando levemente as pernas e fechando as mãos em punhos. Engraçado, é a primeira vez que ela para pra prestar atenção em como as palmas das mãos do Bakugou são ásperas, cheias de cicatrizes. É óbvio que a pele dele teve que desenvolver muita resistência pra aguentar o calor e o impacto das explosões, mas… será que em algum ponto chegou a doer? Ah, a julgar pela aparência delas, com certeza! O Bakugou tá sempre por aí exibindo sua individualidade ultra poderosa e tal, mas… ninguém deve ver as consequências de tanto poder, o quanto deve desgastá-lo…

Ela inicia uma sequência de jab, gancho e soco cruzado, aumentando a velocidade enquanto o Kirishima segura o outro lado com firmeza, contando a série pra ela.

—  Mantém o ombro alinhado, Bakugou! —  ele instrui — Presta atenção na respiração! Vai, 1, 2, 3! Esquerda! Direita! 1, 2, 3!

Eles ficam nessa por mais alguns minutos, revezando-se, até que sentam no chão, exaustos.

—  Isso é muito mais legal que estudar, fala aí!  — o Kirishima a cutuca com o cotovelo, e ela ri meio sem fôlego.

—  Mas não é mais legal que a sua sessão de amassos com o Pikachu.

—  Ah, mas aí é sacanagem! Nada é melhor que a sessão de amassos com o Pikachu, quer dizer, com o Denki! —  ele ri — Vish, falando nisso, melhor ver o que ele tá fazendo, eu falei que ia terminar de treinar contigo tem uma hora atrás, a gente ia descer pra jantar junto.

O Kirishima se levanta, e Ochako o observa. Realmente, é impossível que exista alguém que não goste dele. Até o Bakugou se rendeu, mesmo que não admita. É, o ruivo pode ter um gosto bem duvidoso para moda praia, mas… é leal, gentil, carismático e confiável. O melhor amigo que não só o Bakugou, mas qualquer um, poderia ter.

Não é justo que tanto o Bakugou quanto ela mintam pra ele.

—  Kirishima-kun? —  ela diz em um tom sério.

—  Hã? Pode falar, Bakugou-”kun”! —  ele imita o tom dela em deboche, olhando-a preguiçosamente enquanto ela se levanta.

—  Você pode achar loucura, e tem que me jurar que não vai falar pra ninguém. —  ela respira fundo — Mas tem uma coisa que eu preciso te contar.


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Notas finais do capítulo

Oioi!

Eu lembro que na época que escrevi esse capítulo, pensei seriamente em colocar o Bakugou se perguntando como a Hagakure faz quando está menstruada, acho que hoje em dia todo mundo meio que entende que o poder dela tem a ver com manipulação de luz, então deve ser assim que ela esconde um absorvente, slá... segue a reflexão huahsuhhs

Obrigada por ler, espero que esteja curtindo!



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