Eu no seu lugar escrita por annaoneannatwo


Capítulo 18
Outra regra nova: não fazer besteira na hora do almoço




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Katsuki respira fundo, aliviando a tensão nos hashis que segura antes que eles se quebrem. Ele quer muito focar apenas na comida em sua frente e esquecer tudo que acontece ao seu redor, mas isso é impossível até quando ele tá em seu próprio corpo, sentando com os idiotas que sempre ficam em volta dele na hora do almoço, não é surpresa que também seria impossível no corpo da Uraraka, sentando com os idiotas que ficam em volta dela. Por que caralhos ele tá almoçando numa mesa em que estão Quatro-Olhos, Meio a Meio e, ugh, Deku?

Porque o maldito falou uma coisa que ficou martelando na cabeça dele: a Uraraka se sente solitária. Ele não tinha percebido antes, mas ao encontrá-la dormindo sobre os livros, sozinha na área de convivência, ele entendeu. Há três semanas, a pessoa com quem ela mais passa tempo é ele, só ele. E se para Katsuki, não tem nada de errado nisso, é simplesmente lógico que eles evitem todo mundo pra que ninguém descubra essa porra de segredo, para a Cara de Lua isso é tortura. Ele não sabe como, mas ela adora esse povo da sala, gosta da companhia deles, e não poder se aproximar demais é estressante pra ela. Então, pelo menos na hora do almoço, ela merece que ele abra uma exceção e deixe-a fazer o que gosta.

Porque não tem nada que a Uraraka queira que Katsuki não queira dar pra ela. É bizarro pra caralho o quanto ele já se conformou com esse fato. Talvez ainda seja a porra da menstruação mexendo com sua cabeça —  a Carinha de Lua disse que a dela costuma durar três dias, então deve acabar hoje, TRÊS DIAS SANGRANDO! Essa porra não pode ser normal! Como caralhos ela treina e faz as atividades práticas das aulas quando tá assim? Tudo que ele quer é que a porra das aulas acabem pra poder ir deitar, que merda é essa? —  mas não é só isso, ele sabe. Por mais que odeie o fato de que só a companhia dele não basta pra ela sossegar, Katsuki vai deixá-la se divertir com as bobeiras do Kirishima e dos outros imbecis enquanto ele tenta ficar o mais de boa possível almoçando com um bando de cretinos nessa mesa.

—  Então, Midoriya-kun, você precisa que a gente leve alguma coisa? Comida, ribbit, bebidas? —  a Menina Sapo pergunta.

—  Não precisa não, Tsuyu-chan! Minha mãe vai fazer as comidas, e o Amajiki-senpai vai pagar pelas bebidas! Vocês só precisam trazer a fome! —  o nerd ri como se essa merda tivesse muita graça, imbecil!

—  E presentes, claro. —  a Menina Sapo sorri.

—  Ah, só se quiserem, claro, não se incomodem com isso! Só de vocês irem, eu já fico muito feliz!  — o nerd dá uma olhadinha pra ele. Ugh! Katsuki só vai nessa merda porque seria esquisito pra porra se a Uraraka não fosse, que porra esse nerd fica rindo pra ele?

—  Ah, estão falando da super festa de níver do Midoriya-kun? —  essa voz… Katsuki odeia admitir, mas conhece muito bem: Rosinha. Porra, essa menina já terminou de comer? Bem que o Kirishima falou uma vez que ela nem mastiga a comida direito, só engole pra ter mais tempo de fofocar no intervalo.

—  S-super festa? Ashido-san, não é bem assim… —  o nerd coça a cabeça, sem jeito — É só uma reuniãozinha entre meus amigos e os do Togata-senpai.

—  Uma reuniãozinha NA PRAIA!!! —  ela dá um berro de alegria — Mal posso esperar!

—  Ah sim, é bom que tenha trazido o assunto à tona, Ashido-san. —  o Quatro-Olhos fala — Midoriya-kun, o traje mandatório para a festa é de banho?

—  Não, não, claro que não! Q-quer dizer, quem quiser levar calção de banho, pode levar, mas ninguém é obrigado!

—  Então a gente pode ir de biquíni? —  a Rosinha se inclina na direção do nerd, e ele fica tão rosa quanto ela, otário —  AÍ, TOORU-CHAN! O MIDORIYA LIBEROU O BIQUÍNI! — a maluca grita, recebendo um “UHUUUL” como resposta.

—  A-Ashido-san! —  e o nerd só falta se esconder embaixo da mesa.

—  Hmmmm, então a rendez-vous para o aniversário do Midoriya-kun será um evento praiano, hein? —  o esquisitão com cheiro de queijo surge do nada, e Katsuki quer mandar todo mundo calar a boca, que porra é essa? Se ele já tava pistola antes, só piora quando o esquisitão põe a mão no ombro dele —  Bom para você, Uraraka-san. Seu presente para o Midoriya-kun ficou bem mais fácil, non?

—  Do que você tá falando, hã… —  qual é mesmo o nome desse bosta? —  Aoyama-kun? — É isso, não é?

—  Ora, é só você usar um belíssimo traje de banho, mon amie, e a felicidade do aniversariante estará garantida. —  o esquisitão sorri e dá uma piscadinha perturbadora, Katsuki sente que terá pesadelos com essa cara pelo resto da vida.

—  Hehehe, não só por esse, mas por vários aniversários. —  a Rosinha complementa. Puta que pariu!

—  O QUE VOCÊS-? E-eu, ahhh, não digam coisas assim tão alto, eu não… quer dizer, não dá bola pra eles, K- Uraraka-san! —  o nerd começa a gaguejar e se contorcer. Katsuki nunca conversou com esse tal de Aoyama antes, mas uma coisa é certa: ele odeia esse cara e tudo que sai da boca dele.

—  Então você não quer ver a Ochako-chan de biquíni? Hein???—  a Rosinha continua provocando. Maldita!

—  E-eu… —  ele o encara, e pra falar a verdade, Katsuki quer muito ouvir a resposta, qual é a desse nerd com a Uraraka, no fim das contas? —  Hã… quer dizer, não importa o que eu penso, depende apenas do que a Uraraka-san prefere, eu a quero confortável e se divertindo na minha festa, então hã, e-eu…

—  Creio que o assunto esteja tomando um rumo inapropriado tanto para o local quanto para o horário! —  o Quatro-Olhos se levanta e sacode os braços de um jeito bizarro — Ashido-san, Aoyama-kun, por favor, mantenham a compostura!

—  Ah, Presidaaaa! Mas eu quero sabeeeer! Você é muito sem graça! —  a Rosinha faz biquinho e sai batendo o pé.

—  C’est pas marrant! —  o esquisitão sacode a cabeça e dá meia volta dramaticamente. Por um lado, Katsuki até vai ter que concordar: caralho, Quatro-Olhos! Deixa o merda falar o que ele acha da Uraraka! Por outro, ele tá aliviado que esse assunto morreu, essa história de Carinha de Lua usando biquíni mexe com ele de todos os jeitos errados.

Aí ele se lembra que pra ver a Uraraka usando biquíni, ele mesmo teria que usá-lo! E nem fodendo que ele vai usar biquíni! É, foi uma boa o Quatro-Olhos ter interrompido essa conversa bizarra.

—  Apenas gostaria de lembrá-lo que eu entendo francês, Aoyama-kun! —  o Quatro-Olhos responde — Lamento se essa conversa a deixou desconfortável, Uraraka-kun. —  ele sorri, e porra, só mesmo a Carinha de Lua pra fazer esse mala sorrir desse jeito, ela… ela realmente tem essa habilidade de fazer todo mundo ao redor dela ser mais gentil.

—  Valeu, Iida-kun. —  ele responde, odiando-se por lembrar de como o Deku o aconselhou a ser mais legal com o Quatro-Olhos.

—  Midoriya, eu estava pensando, você se importa se eu trouxer um convidado de fora? —  porra! O Todoroki tá aqui?! Katsuki tinha até esquecido no meio dessa zorra toda, o imbecil não falou nada até agora!

—  Claro que não, Todoroki-kun! —  o nerd parece mais calmo — Pode chamar quem você quiser! Você vai trazer alguém da sua família?

—  Não, eu vou convidar o Inasa. —  ele responde enquanto olha fixamente pra tigela de macarrão, e Katsuki nota o silêncio repentino quando os outros três ficam olhando pro Meio a Meio de um jeito estranho, o tipo de olhar que a Rosinha faz.

— Então vocês estão mesmo se aproximando. —  o Quatro-Olhos acena com a cabeça como se fosse um pai orgulhoso.

—  Eu diria que sim, mas creio eu que ele quer vir porque muito provavelmente a Utsushimi virá também e eles podem se fazer companhia. —  hã? Que caralhos a beiçuda que estuda no Shiketsu vai vir fazer no aniversário do Deku?

—  É, deve ser esquisito vir a uma festa só com pessoas de outra escola. Eu me sentiria deslocada, ribbit.

—  Por que ca- por que essa garota vai vir?

—  Não sei ao certo. Mas o meu palpite é que o Bakugou a convidou para sair. —  ele suspira — Já não era sem tempo, eu já não aguentava mais as mensagens dela me perguntando sobre ele.

É O QUÊ? Como assim? Que porra é essa? A Uraraka convidou aquela bocuda maluca? Mas por quê?

—  Tsk, o Bakugou-kun nunca a convidaria. —  ele desdenha, sentindo a necessidade de falar isso de repente —  Ele não suporta ela.

—  Talvez ele tenha mudado de ideia. Bom, pelo menos é o que os garotos estavam comentando nesse grupo que me colocaram: Bros da 2-A. — o Meio a Meio diz com a mesma voz morta de sempre.

—  Por essa eu não esperava, ribbit. —  a menina Sapo parece pensativa — Bom, talvez uma namorada seja o que ele precisa para se acalmar um pouco… — namorada? A Camie? Ele gargalharia nesse momento se não tivesse tão puto —  Você está bem, Ochako-chan?

—  Por que eu não estaria? —  ele dá um sorrisinho bobo, mas não, ele não tá bem.

 

Que porra é essa, Uraraka?



***

Alguns minutos antes no refeitório…

Ochako leva um pouco de arroz à boca. Já fazia tempo que ela não comia os pratos deliciosos do Lunch Rush. Não que os bentos que o Bakugou faz não sejam incríveis, eles são —  na verdade, ela até diria que a comida dele é ainda melhor — mas é bom matar a saudade dessa comida, do refeitório barulhento e lotado com pessoas de todas as classes, ah… ela tava sentindo falta dessa agitação toda! Comer sozinha no terraço com o Bakugou não é tão horrível quanto parece, mas… fazer isso todo dia cansa um pouco. Provavelmente ele sente o mesmo, talvez por isso tenha concordado em vir almoçar no refeitório, mesmo que seja na mesma mesa que o Deku. Bom, ele não vai fazer nada de ruim, ela sabe que pode confiar nisso, pode confiar nele.

— Aí, Sero! Mina tá vindo aí. —  o Kaminari gesticula com a cabeça, e o Sero chega um pouco pro lado, abrindo espaço pra ela sentar —  Sua chance, cara!

— Minha chance nada, deixa isso quieto! —  o Sero responde com a cara vermelha.

— Chance do quê? —  o Kirishima pergunta, curioso.

—  Ele quer chamar a Mina pra ir com ele no aniversário do Midoriya. —  o Kaminari explica, inclinando-se pra falar bem pertinho do Kirishima.

—  Ué, a gente não ia todo mundo junto?

—  Não assim, Kirishima, ele quer que ela… o acompanhe na festa. —  Ochako intervém, ignorando os olhares curiosos dos outros, como se perguntassem “o Bakugou falou isso mesmo?” —  Ficar com ela igual você e o Pikachu, entendeu?

—  Hummm… tendi! —  o Kirishima dá um sorriso enorme e se volta pro Sero —  E você tá fazendo cu doce pra falar isso pra ela por quê?

—  Por quê? Ah, sei lá, vai que ela acha ruim e para de olhar na minha cara. —  ele dá de ombros.

—  Por que ela faria isso? É a Mina, cara, ela ia topar qualquer rolê. Não me diz que você tá com medo de tomar um fora? —  o Kaminari provoca.

—  Lógico, pô.

—  Pensa assim, Fita Crepe, o “não” você já tem. É melhor falar logo do que ficar sofrendo pensando o que rolaria se você não falasse. —  Ochako diz, de novo ignorando os olhares.

—  É, acho que sim… —  ele coça a cabeça, pensativo.

—  Você acha o quê? —  a Mina chega com sua bandeja, sentando ao lado dele e fazendo-o corar mais ainda.

—  A-ah, eu… eu, hehehe, eu… —  ele engole em seco — Eu acho que você acabou de perder um dos momentos mais absurdos do ano: o Bakugou dando conselho amoroso. —  o Sero desconversa, e Ochako o olha feio como o próprio Bakugou faria.

—  Ai, mentira! —  a Mina arregala os olhos —  Conselho pra quem? O que ele falou? Desde quando o Bakugou entende alguma coisa de amor pra dar conselho pros outros?

—  Tsk, não é nada disso! —  Ochako resmunga — Eu só tava falando pro Fita Crepe aí parar de ser covarde e chamar a garota que ele gosta pro aniversário do Deku… maldito.

—  Jura? Quem você quer chamar, Sero? É alguém que eu conheço? É da nossa sala? Não é a Ochako-chan, é? Você tinha uma super crush nela no primeiro ano, lembra? —  Ochako se sente ruborizar e olha pra baixo. Ela já sabia dessa tal crush, a Kyouka que contou pra ela ano passado mesmo. Se a amiga de cabelos roxos não tivesse falado, ela nunca teria percebido… nada contra o Sero, ele é super gente boa, provavelmente vai dar um ótimo namorado, é só que… ela nunca pensou em nenhum outro menino nesse jeito sem ser o Deku...

—  Não, NÃO! Não é a Uraraka! Eu juro, Bakugou, não é a Uraraka! Eu tinha uma crush nela, mas já superei faz muito tempo! Por favor, não me explode! —  ele nega desesperadamente, por que ele falou isso assim só pra ela? — A menina que eu… quero levar é… — ele olha pra todos na mesa, fixando o olhar no Kirishima —  Ah, e se a gente fizesse assim, Mina, eu e você vamos juntos com o Kaminari e o Kirishima?

—  Como num encontro duplo? —  ela se inclina na direção dele, os olhos brilhando de empolgação —  Fechou!

—  J-jura? —  o Sero dá um sorriso bobo. Ah, que bonitinhos! —  Legal, fechou então!

—  Ué, o Bakugou vai ficar sobrando? —  o Kaminari pergunta — Ou você nem vai na festa? É aniversário do Midoriya…

—  Tsk, só porque o Cabelo de Merda ficou me enchendo o saco, eu vou nessa bosta! —  ela mente em sua melhor imitação de Bakugou.

—  Eu… nem falei nada, na verdade. Mas sim, eu ia te encher o saco até você concordar, que bom que nem vou precisar. —  o Kirishima sorri, merda! — Mas agora ele vai mesmo ficar sobrando…

—  Ué, por que você não chama a Camie-chan? —  a Mina pergunta. Camie? Quem é essa? — Aí vira um encontro triplo!

— Camie? Aquela gata do Shiketsu? —  o Kaminari diz, de repente muito interessado —  Eita, Bakubro… não sabia que vocês tinham um rolinho… —  bom, Ochako também não sabia, então…

—  Aquela menina com quem você e o Todoroki fizeram a prova de recuperação da licença provisória? Dessa nem eu tava sabendo. —  o Kirishima admite, e ela fica muito sem graça, porque o Kirishima sabe de tudo quando o assunto é o Bakugou, então das duas uma: ou realmente não tem nada a ver essa história com essa tal de Camie, ou… o Bakugou escondeu isso até dele. Mas por quê?

—  Lógico que não sabe, bobinho! O Bakugou não fala nada pra ninguém.

—  Então como você sabe, Rosinha? —  Ochako pergunta.

—  Por pura coincidência! Eu fui ao shopping depois da aula no sábado, aí uma menina loira super estilosa me parou, viu meu uniforme e perguntou se eu estudo na U.A., aí eu falei que sim, tava na turma 2- A do curso de heróis e tal, aí é que vem a parte legal. sabe o que ela falou?

—  O quê? —  todos eles perguntam.

—  “Ah, você é da turma do Bakutetas? Arrasou, migs, eu tô sempre mandando memes pra ele, mas ele só me deixa no vácuo, fala pra ele que a Camie mandou um beijo no mamilo!” —  silêncio, até que todos na mesa começa a rir loucamente. Todos, menos Ochako.

O Bakugou disse pra mandar todo mundo que envia mensagem pra ele à merda, mas ela nunca faria isso, então Ochako só ignorou as mensagens pessoais que ele recebe. Nossa, será que… ela tá atrapalhando os dois flertarem ao ter ignorado essas mensagens? Mas… mas… ele disse que não gostava de ninguém, ele… não ia mentir sobre isso, ia?

—  Cara, você precisa convidar essa menina! Nunca te pedi nada! —  o Sero implora com as mãos.

—  Eu… vai te catar! Eu não vou ficar chamando gente de outra escola! —  ela responde na defensiva.

—  Por que não? Eu ouvi falar que o Todoroki-kun tava querendo chamar o namorado dele, que também estuda no Shiketsu. Não acho que o Midoriya ia ligar. —  a Mina diz.

—  Nossa, só de o Bakutetas aparecer, o Midoriya já vai ficar feliz! —  o Kaminari complementa. E é, isso é verdade… o Deku ia ficar mesmo muito feliz de ter o Kacchan na sua festa, realmente não importa com quem ele apareceria… mas… Ochako não se sente muito bem com essa ideia…

Porque… poxa, o Bakugou não falou nada sobre essa menina, ele podia ter contado pra ela, mesmo que não quisesse, só pra Ochako ficar sabendo e não boiar nas conversas, mas… nem mesmo o Kirishima sabe dessa tal de Camie… pera, Camie? Não é… não é aquela menina loira que… que… ficou pelada no exame de licença provisória ano passado? E que depois ficou dando tchauzinho pro Deku? Por que ela… é assim tão íntima pra dar apelidinhos pra ele e mandar beijo no… no mamilo?

Será que… o Bakugou não confia tanto assim nela pra ter escondido isso? Ele acha que ela vai estragar esse… o quer que seja que ele tem com essa moça? É isso? Ochako se sente péssima, poxa, ela achou que o Bakugou tinha feito um progresso enorme naquele sábado no metrô, mas… ainda tem coisas que ele não quer contar… essa menina deve ser muito importante pra ele esconder o que sente por ela mesmo depois de ter contado coisas extremamente pessoais. Ochako tá um pouco magoada, ela tem sido tão honesta com ele, confia nele e… gosta tanto dele, pra quê mentir?

Ah, mas quer saber? Ela vai mostrar pra ele! Ele pode confiar nela pra tratar bem a menina que ele… gosta, ela consegue fazer isso! É! O Bakugou pode ter sido bem sacana em ter escondido isso dela, mas Ochako não guarda rancor! Por que… por que ela guardaria? Ele tem direito de… gostar de alguém, não tem? É claro que tem, assim como ela gosta do Deku, o Bakugou gosta da garota que fica pelada no meio de uma prova, e daí? É, não tem… não tem nada demais.

—  Tsk, eu vou convidar, mas porque eu quero, não porque vocês tão me enchendo o saco. —  ela finge que dá de ombros.

—  Cara, os bros precisam saber dessa! —  o Kaminari saca o celular e começa a digitar ferozmente.

—  Hã, Bakugou, se você realmente não quer chamá-la, você sabe que não prec-

—  Eu sei, Kirishima! —  ela esbraveja — A gente vai ter a porra de um encontro triplo na festa do merda do Deku e vai ser… do caralho!

—  Ok, se você diz… ouviu essa, Mina? —  quando eles se viram, nem ela nem a bandeja dela estão aqui mais.

Ochako sente uma pontada na barriga enquanto pega o celular e pensa em como ela vai convidar a tal da Camie. Esquisito, faz tempo que ela não come no refeitório, mas não é possível que faça tanto tempo assim que a comida desça estranha. Por que esse incômodo tão grande?



***

—  Um minuto que eu te deixo sozinha e você faz merda! Não é possível, Cara de Lua! —  é a primeira coisa que ele diz quando a encurrala nas escadas, descendo rumo à academia.

—  Eu? O que eu fiz? —  ela pergunta, genuinamente chocada.

—  Você ainda pergunta? Que história é essa de que você convidou a beiçuda pra festa do Deku?

—  Que beiçuda, Bakugou-kun? Do que você…? —  até que ela entende do que ele tá falando —  Ah, a Camie-san… ué, eu só… achei que é o que você faria.

—  De que porra você tá falando?

—  É… é o que você costuma fazer, Bakugou-kun. Quando você gosta de alguém, você sempre fica perto da pessoa. Você gosta dessa moça, então eu a chamei pra festa pra que ela pudesse passar um tempo com você. Eu, hã… não sei se entendi direito a resposta dela, mas pelo que entendi, ela aceitou e vai vir junto com o namorado do Todoroki-kun. —  ela responde mecanicamente.

—  E da onde você tirou que eu… gosto dessa menina, Cara de Lua? Você bateu com a cabeça?

—  Ué, ela tá sempre te mandando mensagem, Bakugou-kun, e ela… tem um apelidinho pra você e… te mandou um beijo no… mamilo. —  Ochako desvia o olhar, sentindo-se corar com as próprias palavras.

—  Porque ela é doente da cabeça, aquela maldita! —  ele esbraveja, afastando-se um pouco e correndo as mãos pelos cabelos —  O que foi que eu te falei aquele dia no meu quarto? Se eu quisesse perder tempo com essas besteiras de namoro, não ia ser com essa daí, você não me escutou?

—  Claro que eu escutei! Eu só achei que… você tava mentindo e escondendo que gosta dessa menina, você… não me conta tudo, Bakugou-kun, eu achei que você não confiava em mim o bastante pra me contar isso!

—  Uraraka, eu te contei de como eu achei que era culpa minha que o All Might se aposentou, eu te contei que não gosto do escuro, porra, como caralhos você ainda acha que eu não confio em você?

Silêncio. Os dois se encaram em choque com a eloquência dele. Ele já tinha dito indiretamente que confiava nela aquele dia no metrô, mas ouví-lo assim, de maneira tão clara, cai como uma bomba para os dois. Bakugou Katsuki confia em Uraraka Ochako, que ninguém duvide disso, principalmente ela.

—  Então… você e a Camie-san…? Não têm nada?

— Porra, se tivesse, eu tinha te falado! Isso não é óbvio? —  ele aperta as têmporas, visivelmente tentando se acalmar — Você vai se virar pra dispensar essa menina domingo. Eu não quero nem saber dessa merda, entendeu?

—  M-mas, Bakugou-kun, eu não… e se ela ficar magoada? Não tem nada que você queira que eu fale pra ela?

—  Porra, não! Eu achei que aquela imbecil gostava do Meio a Meio, agora ele veio falando que ela fica perguntando de mim, não quero saber de nada dessa porra! Você se enfiou nessa sozinha, pode se virar pra sair!

—  Ok, é justo. —  ela finalmente concorda —  Me desculpa, eu agi sem pensar, Bakugou-kun.

Ele olha pra ela e, caralho, o jeitinho triste dela faz os joelhos dele tremerem, como caralhos ela faz isso?

—  Tá, tá. Não faz uma merda dessas de novo. Me pergunta antes de sair tomando decisões no meu nome, falou? — ele respira fundo e depois resmunga —  Eu e aquela imbecil, que ideia de merda!

—  Como eu ia saber que é o jeito dela falar assim? Eu nunca conversei com ela, eu só sei que ela luta muito bem, tem reflexos incríveis e... é muito bonita, tem um… hã… —  ela olha pro lado, envergonhada, tentando gesticular sobre as curvas da Camie — Ela parece ser seu tipo.

—  Meu… meu tipo? —  ele a olha feio — Desde quando você sabe quem é e quem não é meu tipo?

—  Desde que eu vi você babando na Nejire-senpai, indo pro provador e comprando sutiã com ela, aposto que tirou uma casquinha, seu sem-vergonha! —  ela cruza os braços e franze as sobrancelhas, e Katsuki sente uma vontade absurda de rir da cara dela. Mas em vez disso, ele se aproxima, apoiando a mão na parede.

—  Você por acaso tá com ciúmes, Cara de Anjinho? —  ele sorri sarcasticamente.

—  Tsk, vai sonhando, Bakugou. —  ela desvia o olhar, torcendo pra que ele não consiga perceber o quanto o coração dela tá acelerado. Por que isso tá acontecendo? É o corpo dela assim tão próximo, não tem porque ficar nervosa, tem? —  Pera, você me chamou d-

—  Hã, Ochako-chan? —  uma voz feminina os interrompe, e os dois se viram para encontrar a Tsuyu olhando-os com uma expressão indecifrável. Ao lado dela, está o Kirishima, ele não parece tão impressionado, mas sim confuso, como um pai que acabou de pegar o filho fazendo o que não devia.

—  O que você q- O que foi, Tsuyu-chan? —  Katsuki se afasta, fechando uma das mãos em irritação. Porra! Logo agora esses dois tinham que aparecer?

—  Ah, é que… você tava demorando, achei que você não estava se sentindo bem de novo…

—  Tsk, não se preocupa. Eu tô ótima! —  ele olha rapidamente pra Cara de Lua —  Nunca estive melhor. Vamos? — e com isso, ele se junta à Menina Sapo.

—  Você está bem mesmo? Suas bochechas estão tão vermelhas, ribbit.  — ele só sorri, mas por dentro Katsuki tá surtando pelo que acabou de acontecer.

—  Tsuyu, por favor, não conta pra Mina o que você viu. — ele murmura, tentando ignorar a própria vergonha diante do novo apelido que arrumou pra Uraraka.

Enquanto isso, Ochako mal consegue raciocinar, ela não… não tava com ciúmes dele, imagina, isso é… absurdo, por que ela teria ciúmes do Bakugou?

—  Kirishima, por favor, não conta pra Mina o que você viu. —  é tudo que ela consegue dizer enquanto anda lado a lado dele.

—  Pode deixar, Bakutetas. —  ele responde dando risada, e ela sabe que deveria xingá-lo pelo uso de um apelido tão nada a ver, mas honestamente, ela não liga. 

Ochako só consegue escutar “Cara de Anjinho” ecoando por seus ouvidos.


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Notas finais do capítulo

Oioi! Aqui estou de volta em um domingo com att!

Acho que já deve ter dado pra perceber porque aparece em praticamente toda fic minha, mas eu amo cenas no refeitório! Acho que é resquício de uma das primeiras fics kacchako que eu li na vida, e que é também uma das melhores, que tinha umas cenas geniais no refeitório e que me impactaram muito, eu acho. A quem se interessar, a fic tá em inglês no AO3, é essa aqui: https://archiveofourown.org/works/13234497/chapters/30272820
Esse capítulo também conta com um elemento que eu não gosto muito, mas considero importante pra caracterização e desenvolvimento do plot, que é a Ochako sendo burra emocionalmente. Normal né, gente? Ela é adolescente e não tem todas as respostas (nem adultos têm), tá passando por uma situação completamente maluca e se dividindo quanto aos sentimentos. Não gosto de escrevê-la assim, mas acho válido e vou defendê-la, o que significa que só eu posso chamá-la de burra, quem xingar minha anja vai ter o comentário apagado, não digam que eu não avisei, 3bjs

Caso alguém tenha curiosidade sobre minhas desventuras na saga do concurso público, informo que fui surpreendentemente bem! Eram provas pra dois cargos, em uma eu acertei uns 65%, e na outra (que é a que eu quero passar mesmo) foram 80%! Ainda tem mais umas etapas de avaliação e muitos critérios de desempate, não tem nada garantido, mãs... o que tava ao meu alcance pra fazer, eu fiz. Agora a gente espera. Sigam torcendo por mim, porfa!
Eu ainda tenho mais essa semana de correria (meu aniversário foi sexta dia 11, e eu nem tive tempo de celebrar :')), depois as coisas vão se acalmar, então pode ser que logo eu volto com att de Quase um mês. Por enquanto, seguimos com essa repostagem.

Obrigada por ler! Espero que esteja curtindo!



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