Be your everything (BlackWater) escrita por Amanda Vieira, MandysGonçalves


Capítulo 34
Trinta e quatro




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 [Jacob]

 

 Quando Leah e eu acordamos na manhã seguinte, saímos para tomar café da manhã na padaria e aproveitamos para comprar a cama nova.

 -Essa cama é enorme, cabem umas cinco pessoas ai. -comentou Leah, enquanto andávamos pela loja olhando camas novas. Comecei a rir de seu comentário, e ela continuou. -Essa cama deve ser pro povo que gosta de umas aventuras sexuais.

 -Meu Deus, Leah! -exclamei sem conseguir conter o riso. Ela piscou os olhos, fingindo inocência.

 -Que tipo de cama estamos procurando? -perguntou, voltando ao foco. Dei de ombros.

 -Uma cama grande, mas que não ocupe o quarto todo, pra começar. -respondi, ela assentiu.

 -Um colchão macio, mas que seja firme. -acrescentou ela.

 -Temos uma direção, baseado nisso vemos as opções disponíveis e qual acabamento vai nos agradar mais. -falei.

 Continuamos nossa busca, dessa vez com um objetivo estabelecido. Meia hora depois, já tínhamos escolhido uma bela cama queen size com acabamento de madeira que seria entregue em dois dias. Saímos da loja e voltamos pro carro de Sue que Leah havia pegado emprestado, seguindo pra casa de Charlie, onde haveria um almoço. Leah estava dirigindo e estávamos conversando tranquilamente, entramos na rua de Charlie e um movimento me chamou a atenção, seus olhos viraram em nossa direção por apenas um segundo antes dela voltar pra dentro da casa. A voz de Leah pareceu abafada, como se estivessemos em baixo d'água, meu corpo parecia estar flutuando.

 -JACOB! -gritou Leah, seu rosto encarando o meu, uma expressão horrorizada tomando suas feições.

 -O que…

 -Merda, não acredito que isso está acontecendo de novo! -exclamou Leah, desesperada.

 Eu estava perdido, me dei conta que estávamos parados com o carro no meio da rua e eu não conseguia parar de encarar a casa, querendo ir até lá com urgência. Ouvi a porta do carro batendo com força, Leah havia saído do carro, estava indo em direção a floresta. Rapidamente sai do carro e fui atrás dela, o que precisou de muita concentração, pois parecia haver um ímã me puxando até a casa de Charlie.

 -Leah! -chamei. -Onde você vai? -perguntei, atordoado. Ela se virou bruscamente, seu rosto sombrio.

 -Não é óbvio? Eu vou embora, não vou assistir esse showzinho novamente. -falou entre dentes.

 -Que? Leah, não estou entendendo. -insisti.

 -Não é possível que você seja tão idiota, Jacob! -gritou ela. Me senti derrotado, Leah estava bem na minha frente, visivelmente transtornada e eu só não conseguia pensar direito, minha mente parecia enviada. Ela deve ter percebido minha confusão, pois recuou, então soltou uma risada medonha. -Não acredito que você ainda não entendeu, só pode ser brincadeira.

 Nos encaramos, eu queria ir até ela e abraça-la, mas simplesmente não conseguia sair do lugar. Leah parecia querer arrancar a cabeça de alguém, talvez a minha.

 -Leah… -tentei novamente, seus olhos me fuzilaram. -Eu juro, não sei o que…

 -Você teve um imprinting! -berrou ela, suas palavras me atingiram como um tapa. Arfei, meu corpo recuando. -Você nem olhou pra ela direito… puta que pariu, deve ser carma, não é possível.

 Ouvi uma movimentação se aproximando pela direita, fiquei alerta. Então Seth surgiu entre as árvores, ele nos olhou, então foi pro lado da irmã.

 -Nem vem, Seth, agora não. -afastou-se ela.

 -Lee… -tentou ele, baixinho.

 -Eu devo ser uma idiota! -exclamou ela, o rosto contorcido.

 -Leah, vamos ter calma e conversar. -pedi. Ela me respondeu com uma risada sarcástica.

 -Não temos o que conversar. -falou por fim, então Leah se transformou.

 O lobo cinza me encarou duramente, mostrando as presas, então correu pela floresta. Seth se moveu para segui-la.

 -Espere. Seth, preciso que você vá até a casa, fale com a sua mãe. -pedi, Seth claramente preferia ir atrás da irmã, mas não questionou meu pedido. -Seth. -chamei novamente, ele se virou para mim, cabisbaixo. -Quem é ela?

 Seth respirou fundo, ele me olhou nos olhos, mas não havia brilho nenhum em seu olhar quando respondeu.

 -Renesmee, a filha da Bella.

 Seth me deu as costas, me deixando sozinho, absorvendo suas palavras. Alguns minutos se passaram até que eu me mexesse. De forma automática, voltei até o carro de Sue, ainda parado no meio da rua, dei partida no carro e o estacionei o mais perto da casa que achei seguro me aproximar, sai do carro com os olhos colados no chão e corri para a floresta, onde me transformei. Os pensamentos de Leah logo me atingiram, enquanto eu voltava para a Reserva, pude vê-la correndo sem rumo, por mais que eu quisesse ir até ela, sabia que precisava lhe dar espaço. Uivei para o céu, ela sabia que eu estava na forma de lobo e estava me ignorando, então uivei, para que ela soubesse que eu havia voltado, que estava esperando por ela.

 Fui em direção a minha casa até sentir Quil e Embry se transformando, suas mentes agitadas invadindo a minha.

 "O que…", Quil se calou ao ser inundado pelos acontecimentos momentos atrás, nós quatro estamos revivendo a lembrança. Então veio a dor dilacerante de Leah, por um segundo vacilei, meu corpo perdendo as forças, a dor de Leah me desnorteou, esmagando meu coração.

 "Leah", chamei, então ela saiu da forma de lobo.

 "Posso ir atrás dela", prontificou-se Embry, concordei e ele imediatamente correu atrás da minha garota.

 Continuei no chão, sem forças, até que o focinho de Quil me cutucou, para que eu me levantasse.

 "Isso é um pesadelo", falei, então deixei a forma de lobo, onde tudo era mais intenso.

 

 Eu estava no chão do meu quarto, o cheiro de Leah preenchia o lugar, fazendo meu coração afundar. Meu celular começou a tocar em algum lugar e corri para pegá-lo, pois podiam ser notícias de Leah. Achei meu celular jogado em um canto, a foto de Rachel piscando na tela.

 -Oi. -atendi. Rachel respirou pesadamente do outro lado da linha.

 -Jake. -sussurrou ela, a voz tremendo. Ouvir minha irmã se segurando foi o gatilho para que um soluço escapasse da minha boca, então ambos caímos no choro.

 Um choro descontrolado tomou conta de mim sem que eu pudesse fazer nada.

 -Oh, Jake, eu nem sei o que dizer. -falou minha irmã, chorosa.

 -Eu não entendo, Rache, simplesmente não faz sentido! -falei desesperado. Minha irmã chorou ainda mais.

 -Vocês estavam tão felizes…

 Respirei fundo, juntando forças para pronunciar as próximas palavras, que me destruíram em mil pedaços.

 -É a filha dela, Rache, a filha de Bella. -contei. Minha irmã arfou, absorvendo o que eu acabara de falar.

 -Não, não é possível!—protestou minha irmã. -Meu Deus, Jake, isso não está certo, é cruel.

 -Foi tão rápido, nem a olhei direito, pra ser sincero, eu fugi, fiquei com medo de não ser capaz de responder por meus atos. -admiti.

 -E a Leah? -perguntou Rachel, baixinho. Respirei fundo.

 -Ela não suportou, saiu correndo, não sei onde está, ainda não recebi notícias, Embry foi atrás dela. -expliquei.

 -Sei que é pedir muito neste momento, mas por favor, me dê notícias, suas e dela. -pediu Rachel. Ficamos em silêncio por um momento, ouvindo a respiração um do outro. Então Rachel tomou fôlego e prosseguiu: -Jake, eu sei que o imprinting é algo forte, que teoricamente, é impossível resistir e que é a coisa certa, MAS, se você ama mesmo a Leah, e eu sei que ama, eu sei que vocês podem superar isso, juntos. Ninguém mais do que vocês merecem o amor que estão construindo, com bases sólidas, com verdade, com esforço.

 Não fui capaz de responder, eu amava Leah, mas esse sentimento seria forte o bastante pra enfrentar o imprinting? Eu esperava que sim, desejava com todas as minhas forças ser capaz de resistir e continuar com a pessoa que eu havia escolhido, não por causa de uma crença idiota, mas sim por tudo o que haviamos passado e superado, por quem eramos de verdade e como eramos um com o outro.

 Eu havia lutado uma batalha perdida por Bella por tanto tempo, sofrendo a toa e me torturando ficando ao lado dela enquanto ela esperava seu bebe, simplesmente não conseguia ir embora, até que finalmente consegui deixar ir, sair da minha vida de uma vez por todas. Eu não podia aceitar que agora tinha um imprinting com a filha dela, era no mínimo bizarro, depois de tudo o que havia acontecido. Caralho, eu havia beijado a mãe dela, acreditei por meses e meses que estava apaixonado por Bella e tentado impedir sua vida ao lado do homem que ela tinha escolhido

 Não sei por quanto tempo fiquei no chão do meu quarto, perdido em pensamentos, até acabar adormecendo. Fui acordado por Quil, que havia se sentado ao meu lado.

 -Leah está bem? -perguntei.

 -Acho que bem não é exatamente a palavra pra definir esse momento. -respondeu ele. -Ela está em casa, com Sue e Seth…

 Imediatamente me levantei, pronto para ir atrás dela.

 -Ela não quer te ver, Jake. -avisou Quil, também se levantando.

 -Eu preciso ir atrás dela. -falei nervosamente.

 -É por isso que eu estou aqui. Ela precisa de espaço, Jacob…

 -Não! Eu não posso deixar ela acreditar que eu vou mesmo abandoná-la, ela não pode achar que vai passar por essa merda de novo. -berrei.

 -Olha, eu não sei o que você acha que pode fazer, sinceramente, o imprinting é algo muito forte, você sabe… é melhor dar um tempo para Leah se acalmar e processar tudo. -argumentou Quil, se colocando entre mim e a porta.

 -Quil, você é um dos meus melhores amigos, então, por favor, sai da minha frente. -falei entredentes.

 -Sim, somos melhores amigos e é por isso que eu não posso fazer isso. É pelo bem estar dela também, Jacob! -retrucou Quil.

 -Acho que temos um problema maior agora. -falou Emby, irrompendo pelo quarto. O encaramos, ele soltou o ar, cansado. -Sam está lá fora.

 -Como ele ficou sabendo? -questionei, Quil e Embry deram de ombros.

 -Através de Paul, provavelmente. Billy ligou para Rachel assim que você chegou em casa. -falou Quil.

 -É a lógica mais provável, no entanto, não acho que ele tenha feito nada de maneira intencional. -acrescentou Embry.

 -Certo, vamos acabar com isso de uma vez por todas. -falei usando o comando de alfa, não queria ser questionado e nem impedido, não agora.

 Quil saiu da minha frente, ele e Embry me seguiram quando eu sai do meu quarto, indo em direção a porta principal. Foi quando escutei Billy na varanda.

 -Sam, por favor, saia da minha casa. -ordenou meu pai.

 -Você sabe que eu não posso fazer isso, Billy. -respondeu Sam.

 -Você não só pode, como deve. Estou falando como  seu ancião e como dono deste lugar. Vá embora!

 Não esperei pela resposta de Sam, sai para encará-lo. Ele estava parado na grama, com Jared a tiracolo.

 -Jacob, por favor, filho. -pediu Billy.

 -Sam tem razão, precisamos resolver isso, de uma vez por todas. -falei.

 -Jacob. -tentou Quil, mas ignorei.

 Fui em direção a Sam.

 -Eu cansei das suas provocações, de você se achar o dono da razão. Eu tentei, mas parece que só um pode comandar esse lugar e nós vamos resolver isso hoje. -falei.

 Sam sorriu debochado. Abri um sorriso de lado, um que aprendi com o lado psicopata de Leah. Então Sam fechou a cara, foi a deixa. Corri em sua direção, deixando que o lobo assumisse meu corpo e ele fez o mesmo, nos atacamos.

 Sam e eu nos embolamos, rolando pela grama enquanto tentávamos morder um ao outro. Ouvi gritos indistintos, estava concentrado no lobo preto que tentava atacar meus pontos fracos, eu precisava subjugá-lo.

 -Billy! Chamem a emergência!

 Ouvir o nome do meu pai chamou minha atenção, fazendo com que eu me distraísse da briga com Sam, que aproveitou que eu havia virado minha cabeça em direção da casa para me morder, ficando em cima de meu corpo, gemi com a dor de seus dentes rasgando minha pele.

 “Você é fraco, Jacob Black, você nunca deveria ter assumido o comando de uma matilha. Eu avisei que você ia machucá-la, mas vocês não quiseram me ouvir.” a voz de Sam soou na minha mente, presunçoso.

 Pelo canto do olho podia ver uma movimentação ao redor do meu pai, Quil, Embry e Jared pareciam desesperados. Minha raiva borbulhou em meu estômago, crescendo e dominando meu corpo.

 “Pelo contrário, eu sou Jacob Black, meu único erro foi ter deixado você comandar, um Uley jamais deveria ser alfa, mas não se preocupe, estou corrigindo isso agora.” retruquei, ferindo seu orgulho.

 Sam recuou involuntariamente, aproveitei a deixa e me desvencilhei de sua mordida, ficamos frente a frente, nos encarando. Então invoquei o poder de alfa que havia em mim.

 “Você, Sam Uley, deve obediência a mim, Jacob Black, seu alfa, declarei, usando o comando de alfa.

 Sam tentou resistir, mas essa não era uma briga que ele podia vencer, eu era o alfa por direito, minha linhagem sendo superior a dele. Ele tombou com um baque, Sam havia sido derrotado.

 “Não precisava ter chegado a este ponto, mas você não me deu escolha”, falei.

 -JACOB! -gritou Embry.

 Dei as costas pro lobo preto encolhido no chão e fui até meu pai. Cheguei na varanda e voltei a forma humana, Billy estava respirando com dificuldade.

 -Pai, eu sinto muito, vai ficar tudo bem. -falei, desesperado. Billy colocou sua mão sobre a minha, estava cansado e sem forças.

 -Já ligamos pra emergência. -avisou Quil, assenti.

 -Vai colocar uma roupa, rápido. -mandou Embry, me lembrando que eu estava desnudo.

 Entrei em casa correndo, indo até meu quarto e pegando qualquer roupa que vi pela frente, me vesti e voltei para fora. Jared estava parado, me olhando, Sam continuava na grama.

 -Jared, tire ele daqui e fique com ele, conversamos depois. -ordenei.

 Jared assentiu, se despediu de Billy e foi até Sam, que voltou a forma humana e seguiu Jared para dentro da floresta.

 A ambulância chegou e levou Billy, para que recebesse um atendimento mais completo. Peguei a chave da caminhonete e segui a ambulância até o hospital.

 

  Quando sai do hospital, já era de madrugada. Billy havia passado por exames, que graças aos céus, não haviam apontado nenhuma alteração, mas por conta da idade, a equipe médica achou melhor mantê-lo em observação durante a noite. Como Billy não corria nenhum risco, fui mandado pra casa, eu retornaria no dia seguinte para buscá-lo.

 Estacionei a caminhonete e encarei minha casa. A noite estava bonita, sem nuvens, com a lua alta no céu. Decidi caminhar, eu sabia que ficar em casa seria sufocante e já que eu passaria a noite em claro, que fosse na floresta, sob as estrelas.

 Andei sem rumo, absorvendo a natureza ao meu redor, procurando acalmar meu interior. Estava chegando perto do penhasco quando a vi, minha doce Leah estava sentada na grama, iluminada pela lua. Apreciei a visão por um momento, antes de ir até ela.

 -É agora que colocamos um ponto final?


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