Naruto - Com Um Bater de Asas (Itachi) escrita por Mirytie


Capítulo 2
Yukia U. N.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809306/chapter/2

A última semana antes da data do parto foi cheia de preparações para que Kushina pudesse dar à luz em segurança, sem pôr em risco a vida da mãe e do bebé. Foi por volta desse tempo que Yukia começou a notar algo de estranho em volta dos pais. Como uma sombra, algo que trazia desgraça.

Ao ver que Yukia não parecia bem, um par de dias antes de as preparações do parto começarem, Kushina pediu para conversar com a filha a sós, uma vez que a casa estava sempre cheia de ninjas e médicos nos últimos dias.

Eles deixaram as duas sozinhas na cozinha, o lugar onde Yukia tinha falado com Kushina pela primeira vez.

— Eu não gosto de falar sobre isto, Yukia. – começou Kushina, docemente, pondo instintivamente uma mão na barriga – Mas tens estado estranha. Passa-se alguma coisa? Os teus poderes estão a incomodar-te?

Yukia olhou para  Kushina com surpresa. Kushina e Minato eram os únicos que sabiam quais eram os poderes dela, mas Yukia não sabia que a mãe sabia que era aos cinco anos que eles começavam a despertar.

— Como sabes, o meu clã era confundido muitas vezes com o vosso. – relembrou Kushina – E isso fez com que os anciões ensinassem o que sabiam sobre o vosso clã às crianças.

— Os meus poderes… - Yukia tentou desviar os olhos, mas quando Kushina colocou uma mão sobre as suas, não conseguiu fazê-lo – Eu não sei o que é isto, mas eu vejo uma sombra à sua volta. E do pai também…

Yukia pensou que ia ser castigada ou que Kushina iria simplesmente pô-la na rua, mas Kushina limitou-se a suspirar.

— Não é nenhuma surpresa. – Kushina soltou uma gargalhada tremida, mas não tinha lágrimas nos olhos, e a sua mão continuava calmamente na mão de Yukia – Sabes o que é essa sombra? – quando Yukia abanou a cabeça, Kushina voltou a sorrir, cheia de compaixão nos olhos – Então deves estar bastante assustada. Desculpa por não ter falado mais cedo contigo sobre isso. – Kushina levantou-se, deu a volta à mesa e depositou um beijo na testa de Yukia – Quando o teu pai chegar, vamos ter uma conversa juntos, pode ser?

Yukia anuiu com a cabeça e deixou-se ser abraçada. Um abraço que demorou mais do que demorava normalmente, como se Kushina quisesse que Yukia se lembrasse daquela sensação.

Minato chegou pouco depois do sol se pôr e, depois do jantar, dirigiram-se ambos para o quarto de Yukia. Os ninjas ficavam agora permanentemente em volta da casa para protegerem Kushina e ficava sempre um par de médicos a dormir no quarto que futuramente seria do bebé.

Enquanto Minato puxava uma cadeira para se sentar ao lado da cama, Kushina sentou-se aos pés da cama, com aquele sorriso que parecia oferecer facilmente a toda a gente.

— A Kushina contou-me sobre a conversa que tiveram hoje e também quero pedir desculpa por não termos falado contigo mais cedo. – Minato colocou uma mão no ombro de Yukia – Deves ter ficado muito assustada.

— Nem por isso. – mentiu Yukia, tentando não chorar.

— Queríamos adiar isto mais um bocado, porque a informação pode ser um bocado assustador para uma criança. – Kushina olhou brevemente para Minato e o seu sorriso pareceu ficar mais triste – Mas parece que já não temos mais tempo.

Minato anuiu e sentou-se como se sentava quando estava prestes a contar uma história longa.

— O teu clã era um grupo de xamãs. Eles tinham as suas crenças em deuses e demónios. – começou Minato – Uma das suas crenças era que, de dez em dez anos tinham que trazer um demónio à terra, prendê-lo num corpo humano e depois sacrificá-lo aos deuses. Dessa maneira, eles acreditavam que o clã iria continuar a prosperar e também  ajudaria a paz a continuar no mundo ninja.

Minato suspirou fundo, como se estivesse a chegar à parte difícil.

— A maneia como eles faziam era criar uma rapariga longe de todos os problemas e dificuldades do mundo, tornando-a assim “pura”, dentro dos critérios do clã. – continuou Minato – Quando essa rapariga chegasse aos dezoito anos, haveria um ritual em que ela ficaria grávida e um segundo ritual em que, aos cinco meses, a criança receberia a alma do demónio.

— Depois de dar à luz, a mãe morria, por causa da energia do demónio. – Kushina colocou uma mão no joelho de Yukia – E o recém-nascido era sacrificado aos deuses, antes de conseguir usar os poderes do demónio.

— Mas a tua mãe fugiu. – lembrou Minato, vendo os olhos de Yukia aumentarem do choque e do medo – Claro que, quando foi aceite na vila, não disse nada sobre o bebé ter recebido a alma de um demónio. Mas, infelizmente para ti, a aldeia que ela achava que, quando a mãe morria durante o parto, o bebé trazia má sorte.

— A aldeia estava a passar por maus tempos, quando decidiram matar-te. – completou Kushina – Também acreditamos que um membro do clã de xamãs descobriu onde a tua mãe estava e infiltrou-se, até chegar ao líder da aldeia.

Houve alguns momentos de silêncio, enquanto Kushina e Minato esperaram que Yukia fizesse perguntas e Yukia deixava-se mergulhar na escuridão das suas memórias.

— Como? – perguntou Yukia, finalmente.

— Um dia, pouco tempo depois de te trazer para aqui, um ninja do clã de xamãs veio atrás de ti. – respondeu Minato – Os nossos ninjas apanharam-no e, depois de uma pequena conversa, ele revelou que estava à tua procura.

— Yukia. – chamou Kushina, obtendo a atenção da menina – Ninguém na vila, para além de nós sabes os poderes que tens. Para o resto da vila, tu és simplesmente uma menina que foi injustamente perseguida.

— E o teu segredo morrerá connosco. – concluiu Minato, vendo Kushina a anuir em concordância.

— Morrer? – Yukia olhou para Minato, que agora também sorria.

— Meu amor. – Kushina aproximou-se e abraçou-a novamente – Mais do que os teus poderes a aparecerem, essas sombras significam desgraça.

Minato deu a mão a Yukia.

— Apesar de não sabermos exactamente o que isso significa, uma vez que só vês duas sombras, isso quer dizer que o bebé ficará bem. – uma vez que Kushina continuava a abraçar Yukia, Minato continuou – O xamã que capturamos revelou qual foi o demónio que chamaram. Só quero que saibas que não trazes desgraça a ninguém, Yukia. És só uma criança, percebes.

Yukia acenou com a cabeça, enquanto sentia o seu ombro a ficar molhado. Depois de mais alguns momentos, Kushina afastou-se, limpou as lágrimas e soltou mais algumas gargalhadas.

— Não sei porque é que estou tão emotiva. – disse Kushina, num tom de piada, enquanto Minato lhe passava uma mão pelas costas – Devem ser das hormonas.

Depois de uma prolongada sessão de boas noites, Kushina e Minato deixaram Yukia dormir, mas a noite foi passada em branco.

A manhã seguinte foi passada num silêncio quase pacífico. Kushina demorou o seu tempo a preparar Yukia. Penteou o seu cabelo, contando até 100 com Yukia e depois escolheu a roupa preferida dela, evitando o preto.

— Nada de cores escuras. – protestou Kushina, quando Yukia ia escolher os sapatos pretos. Em vez disso, pegou nuns sapatos brancos que tinham comprado há pouco tempo numa saída “mãe e filha” Kushina insistia fazer semanalmente – Acho que vai combinar perfeitamente com o teu vestido vermelho.

Yukia suspirou dramaticamente quando Kushina a ajudou a calçá-los fazendo-a sorrir como se fosse uma criança.

Fizeram o pequeno-almoço juntas, sujando a cozinha toda para fazer apenas seis panquecas e uma jarra de sumo de laranja natural. Minato disponibilizou-se a ajudar a filha a arrumar, para que Kushina pudesse descansar, e ela assim o fez, esticando as pernas, colocando os pés numa cadeira que Minato tinha colocado à sua frente.

Acabaram os dois de arrumar a cozinha, enquanto riam das ordens que Kushina dava constantemente.

— Homens, Yukia. – resmungou Kushina, revirando os olhos – Se não os treinarmos com paciência, não conseguem fazer nada sozinhos.

Minato resmungou ao comentário, enquanto Kushina ria-se e Yukia tentava ignorar as sombras que se tinham tornado mais notáveis. Como dois monstros a seguirem os pais.

Pouco depois do almoço, que Kushina tinha feito especialmente para Yukia, Minato disse que tinha de sair durante uns minutos, mas que voltaria antes que pudessem sentir falta dele.

— Yukia, posso falar contigo? – pediu Kushina, sentando-se confortavelmente no sofá. Depois de anuir, Yukia sentou-se ao lado de Kushina e evitou olhar diretamente para ela, para não ter de ver a sombra – No que é que estás a pensar, querida?

Yukia manteve-se em silêncio durante alguns momentos, ponderando se valeria a pena mentir à mãe. Mas isso seria desrespeitar tudo o que Kushina e Minato tinham feito por ela, por isso decidiu contar a verdade.

— Um pouco antes do pai aparecer para me salvar, um membro do clã de xamãs encontrou-me. – revelou Yukia – Ele disse que eu era o demónio que trazia a morte e que não devia continuar viva. Disse que só traria azar a quem conhecesse.

— Yukia…

— Depois de o pai ter-me contado aquilo ontem, pensei que o que está prestes a acontecer era minha culpa. – confessou Yukia – Mas, mesmo que seja, mesmo que eu tenha poder para trazer miséria às pessoas que conheço, isso também deve querer dizer que posso..

— Yukia! – interrompeu Kushina, com as sobrancelhas franzidas – Nem penses no assunto. Tu não sabes controlar o teu poder. Só agora começou a acordar.

— Mas se eu a acompanhar…

— Não tens autorização para me acompanhar. – disse Kushina, imediatamente – Yukia, eu não quero que te sacrifiques. A única coisa que quero é que sejas feliz e vivas o máximo que puderes. E, apesar de não termos a certeza do que vai realmente acontecer, o Naruto vai precisar de uma irmã mais velha.

— O quê!? – o choque foi tão grande, que Yukia não conseguiu evitar exclamar – Em vez de uma irmã mais velha, o Naruto precisa mais dos pais.

Antes que Kushina tivesse tempo para argumentar, as médicas e ninjas entraram para preparar Kushina para o parto. Ela limitou-se a levantar-se e a abraçar a filha.

Não se trocaram mais palavras, até Kushina estar prestes a sair pela porta. Antes de partir, ela baixou-se e depositou um último beijo na testa de Yukia.

— Obrigada por seres minha filha. – murmurou Kushina, limpando as lágrimas que escorriam pela face de Yukia – Eu amo-te.

Yukia abraçou Kushina e fechou os olhos quando sentiu os braços a envolve-la. – Obrigada por seres minha mãe.

Kushina sorriu e esfregou a cara no cabelo de Yukia antes de se afastar e deixar que os ninjas a levassem para longe da filha.

Passou-se algum tempo até Minato aparecer, do nada na sala-de-estar, sorrindo quando viu Yukia no sofá, com a face lavada em lágrimas. O sol estava quase a pôr-se.

— Imagino que a Kushina já tenha ido. – Minato aproximou-se com passos apressados e abraçou Yukia – Filha, quero que me prometas que vais continuar a ser feliz. Que vais continuar a viver nesta vila e que a vais tratar como se fosse a tua casa.

Antes que Yukia tivesse tempo de responder, Minato acocorou-se e olhou para ela, olhos azuis como o céu de verão, sorriso brilhante como o sol.

— Foi uma honra ser teu pai. – Minato pôs uma mão dentro da capa branca e tirou de lá um papel e um envelope, que depois entregou a Yukia – Espero que não te importes de continuares a sê-lo.

Confusa, Yukia abriu com cuidado o papel que parecia oficial e viu o seu nome seguida de Uzumaki Namikaze. Com os olhos ainda a brilhar das lágrimas, ela olhou para Minato, que já se tinha endireitado.

— Como o Naruto já vai ser Uzumaki, eu queria que tivesses o meu último nome, mas a Kushina insistiu que também tivesses o último nome dela. – Minato encolheu os ombros, como se não fosse nada – Ficou um pouco grande, mas espero que não te importes.

— Pai… - murmurou Yukia, sentindo as lágrimas a preencherem os olhos novamente.

— Já tratei de tudo para ti e para o teu irmão. – interrompeu Minato, pegando na kunai de três pontas que Yukia conhecia tão bem – Espero que saibas que eu e a tua mãe temos muito orgulho de ti, Yukia.

Yukia anuiu ligeiramente, sorrindo quando Minato sorriu uma última vez, antes de se despedir e desaparecer.

Quando Yukia se trancou no quarto, o sol já tinha desaparecido. Não dormiu. Enquanto a vila mergulhava no caos e a destruição se instalava à sua volta, Yukia focou-se no envelope que o pai lhe tinha dado, e nas fotografias que tinha lá dentro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Conseguem adivinhar as fotos que havia dentro do envelope?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Naruto - Com Um Bater de Asas (Itachi)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.