Naruto - Com Um Bater de Asas (Itachi) escrita por Mirytie


Capítulo 1
Capítulo 1 Yukia




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Eu fui “apanhada” num dia de neve, por um ninja que todos na aldeia tínhamos ordens para evitar. Mas eu era apenas uma criança. Uma que não era particularmente querida pela sua pequena vila.

Por isso, quando o flash amarelo de Konoha apareceu à minha frente, limitei-me a ficar no mesmo sítio, enquanto a neve ia ficando preso no meu cabelo vermelho e o vento assobiava pela lâmina da espada que tinha na mão.

— Lembras-me de alguém. – e o sorriso dele foi quase tão brilhante quanto a neve no chão que ele tinha acabado de manchar de vermelho – Que idade é que tens?

Hesitei, mas o homem à minha frente não parou de sorrir. Tinha a kunai de três pontas escondida atrás das costas e tentava o melhor que podia, pôr-se à frente dos corpos dos ninjas que tinha acabado de matar.

Lentamente, ergui o braço e levantei quatro dedos. O sorriso dele aumentou e acocorou-se para conseguir olhar-me nos olhos. Os dele, azuis como o céu de verão, os meus, amarelos como o sol.

— Estes homens eram da tua aldeia? – perguntou ele, docemente, sem nunca quebrar contacto visual. Eu limitei-me a anuir – E estavam contigo?

Quando eu abanei a cabeça, ele suspirou e adicionou. – Estavam atrás de ti?

Eu desviei os olhos para a minha mão, que ainda segurava a pequena espada com força, as pontas dos dedos a ficarem brancos.

— Eles dizem que sou mau presságio. – murmurei, surpreendida quando ouvi uma gargalhada.

— Bem, na minha vila não acreditamos em nada disso. – disse ele, fazendo com que eu olhasse inconscientemente para o símbolo da sua bandana, apesar de já saber de que vila é que ele era – Queres vir comigo?

Hesitei novamente. Vilas não costumavam aceitar estranhos facilmente. Principalmente aldeias fortes como Konoha, onde os grandes clãs tinham um dizer nas pessoas que viviam lá. Ao ver a incerteza nos meus olhos, ele sorriu docemente.

— Não te vou mentir, vamos ter de te fazer umas perguntas. – confessou ele – Mas eu sou o Hokage e tu vais estar sob a minha protecção. Nada de mal te vai acontecer.

Ele virou as costas na minha direção, para que eu conseguisse subir.

— Será mais rápido se eu te levar. – explicou imediatamente.

Fiquei durante mais alguns momentos no mesmo lugar, mas ele não se mexeu, por isso aproximei-me e subi para as suas costas, agarrando com força a capa branca.

— Como te chamas? – perguntou ele, depois de se levantar.

— Yukia. – murmurei, corando quando ele olhou para mim de lado, com aquele sorriso brilhante.

— Prazer em conhecer-te, Yukia. – disse ele – O meu nome é Minato.

Minato Namikaze tornou-se, naquele momento, no primeiro amor do meu jovem coração.

Tal como Minato tinha dito, a chegada foi rápida e, mal chegamos ao portão de Konoha, ele colocou-me no chão e deu-me a mão.

— Consegues andar? – perguntou ele, olhando para os meus sapatos gastos, quase cobertos pelo vestido branco que trazia, manchado de terra e musgo.

Eu anuí e entramos calmamente na Aldeia da Folha. Os guardas olharam para mim, como os ninjas da minha aldeia olhavam, mas não fizeram quaisquer perguntas. Limitaram-se a cumprimentar o Hokage e a dizerem que estavam contentes por ele estar de volta em segurança.

Esperei ser levada para uma sala escura, para interrogação mas, em vez disso, vi-me em frente a uma casa que mais tarde viria a descobrir ser do Hokage e da sua mulher. No entanto, naquele momento, enquanto Minato abria a porta, o que me chamou a atenção foi o barulho de passos a aproximarem-se.

Virei os olhos para o chão, a tentar descobrir de onde é que vinham. Duas pessoas. Uma delas era criança e a segunda, pelo peso dos passos, era um homem. No entanto, estavam longe demais, não passariam por nós antes de estarmos dentro de casa.

— Vens? – perguntou Minato, fazendo-me olhar para cima.

Com cuidado, entrei na casa e quase suspirei quando ele fechou a porta.

— Porque é que não te pões confortável? – ele tirou a capa e espreguiçou-se – Eu vou buscar alguma coisa para comeres.

No entanto, quando ele me deixou sozinha, em vez de ir até ao sofá, dirigi-me à janela e olhei para a rua, vendo um homem a passar em frente à casa com um rapazinho ao seu lado. Caminhavam como se fossem estranhos, sem conversar, sem se tocarem, sem olharem um para o outro, apesar de parecerem ser da mesma família. Estava prestes a virar costas aos dois estranhos quando a criança parou e olhou diretamente para mim.

Assustada, dei um passo atrás e inspeccionei a cortina. Era impossível que ele tivesse notado que eu os estava a observar.

Ao notar que o mais pequeno tinha parado, o homem fez o mesmo e olhou para onde o mais novo estava a olhar, mas não parecia ver nada para além da cortina. Com um suspiro de frustração, voltou à caminhada.

— Vou deixar-te para trás, Itachi. – comentou o homem, sem olhar para trás.

A criança começou a caminhar lentamente, sem quebrar contacto visual, até perder de vista a casa. Perturbada, dirigi-me para o sofá, esquecendo-me das nódoas que tinha no vestido quando me sentei.

Minato entrou pouco depois, com um prato com bolachas numa mão e um copo com o que parecia ser leite com chocolate na outra.

— Desculpa a demora. – disse ele, colocando as coisas na mesa em frente ao sofá – A Kushina disse que ia esconder as bolachas, mas não estava à espera que ela o fizesse mesmo.

Olhei para ele, confusa, fazendo a pergunta sem sequer a perguntar. Ele sorriu.

— A Kushina é a minha mulher. – explicou Minato – Vais conhecê-la hoje. E, se os guardas do portão fizerem o seu trabalho, também deves ficar a conhecer o Sarutobi-sama. Ele foi o Hokage antes de mim.

Eu devia parecer confusa porque, depois de tirar uma bolacha do prato e dar uma dentada, perguntou se eu tinha alguma pergunta a fazer.

— Eu venho de outra vila. Uma que mandou ninjas para me matarem. – olhei para o copo de leite, incapaz de o olhar nos olhos – Não devia ter mais cuidado com o que me diz?

— Não te preocupes. – disse ele imediatamente – Apesar de ter este aspeto, eu sou bastante esperto. E muito bom a ler pessoas.

Pela primeira vez em muito tempo, sorri e, ao ver isso, ele fingiu-se ofendido, mencionando, não muito subtilmente que tinha estado entre os melhores na sua escola.

Foi nesse momento que a porta se abriu e o silêncio instalou-se. Tal como Minato tinha previsto, um homem com ar sério, acompanhado com quatro ninjas de máscaras entraram. Depois de alguns segundos de confusão, uma mulher com cabelo vermelho e expressão preocupada entrou, fechando a porta atrás de si.

— Minato. – chamou a mulher, fazendo com que Minato se levantasse imediatamente e fosse ter com ela – O Sarutobi-sama estava a vir nesta direção. Disse que precisava de falar contigo. O que é que se passa?

— Não é nada com que tenhas de te preocupar. – Minato apontou na minha direção. Houve surpresa no olhar da mulher, mas não demorou muito a ser substituído por um sorriso de compreensão – Será que podes levar a Yukia até à cozinha, enquanto eu falo com o Sarutobi-sama?

A mulher anuiu e esticou a mão na minha direção. Um bocado hesitante, levantei-me e fui ter com ela. Não lhe dei a mão, mas segui-a até à cozinha, onde me sentei à mesa.

— O teu clã foi muitas vezes confundido com o meu. – a mulher sentou-se à minha frente e pegou numa madeixa do seu cabelo – Por causa do vermelho no nosso cabelo. Mas eu pensava que a vila do teu clã tinha sido…que já não existia.

— Não existe. – murmurei, olhando para as minhas mãos.

— Não faz mal. Há espaço suficiente em Konoha para duas ruivas. – a mulher riu-se – Já agora, o meu nome é Kushina e estou a ver que o Minato já descobriu onde é que eu escondo as bolachas.

Escondi o sorriso, enquanto Kushina começava a queixar-se que ia ter de encontrar outro sitio para as esconder. Estava quase a entrar na conversa, quando Minato entrou na cozinha, seguido pelo tal Sarutobi.

Ele também vinha com um sorriso, mas este era claramente forçado. O sorriso de Minato tinha desaparecido. Em vez disso, parecia atento a cada movimento de Sarutobi.

— Será que posso falar contigo, Yukia? – perguntou o velho, sentando-se ao meu lado, sem esperar pela resposta – Não tens de te preocupar com os outros, eles só estão aqui para me fazerem companhia quando for embora. Afinal, já vai estar de noite e as ruas são perigosas.

Enquanto ele falava, Kushina voltou a sentar-se à minha frente e Minato posicionou-se ao meu lado, entre mim e o velho.

— O Minato disse-me que precisas de um sítio onde ficares. – disse Sarutobi – Mas antes disso, temos de te fazer algumas perguntas, pode ser?

Eu anui, olhando rapidamente para Minato, para obter confirmação.

— Yukia. – Sarutobi entrelaçou os dedos em cima da mesa – De que aldeia é que vens?

— A minha família não pertence a uma aldeia. – respondi, em voz baixa – Pelo que sei, eramos contratados por outras vilas, mas estávamos sempre em viajem.

— Mas tu estavas a viver numa aldeia, certo? – perguntou o velho, enquanto eu mantinha os olhos na Kushina. Ela sabia a minha história. Se ela falasse, estaria tudo perdido para mim. Mas ela mantinha-se calada.

— A minha mãe fugiu para essa aldeia quando estava grávida de mim. – voltei a olhar para o meu colo – Ela morreu quando eu nasci.

— Lamento ouvir isso. – disse Sarutobi, e parecia sincero, mas eu não levantei os olhos – Imagino que tenhas sido criada por elementos da aldeia. Porque é que estavas a fugir deles? E porque é que eles te queriam matar?

Houve um pequeno silêncio. Vi pelo canto do olho Minato a colocar uma mão no ombro de Sarutobi, para que ele tivesse cuidado com as perguntas, mas o velho não retirou a questão.

— Eles pensavam que eu dava má sorte. – respondi finalmente – Pensavam que a única maneira de se livrarem da má sorte era sacrificar-me aos deuses deles.

— Mas tu conseguiste fugir dos ninjas deles. – Sarutobi levantou uma sobrancelha – Isso espantoso para alguém tão jovem.

— Era uma aldeia pequena. – expliquei – Os ninjas não eram muitos nem muito fortes.

Outro silêncio. Desta vez, Sarutobi virou-se para Minato, como se conseguissem falar sem trocarem uma palavra.

— Eu acho que ela precisa de descansar. – ouvi Minato dizer, fazendo Sarutobi se levantar. Kushina manteve-se sentada – Amanhã dir-lhe-ei mais alguma coisa, Sarutobi-sama.

— Agradeço a cooperação, Minato. – Sarutobi direccionou-me um último sorriso antes de sair da cozinha, acompanhado por Minato.

Enquanto eles trocavam umas últimas palavras à porta, num murmúrio, eu olhei para a Kushina.

— O que é um Danzo? – perguntei, vendo o olhar de confusão de Kushina a transformar-se num sorriso.

— Suponho que tenhas ouvido a conversa deles. – disse Kushina, docemente – O Danzo é…um amigo do Sarutobi-sama.

— O velho disse que ia ter de chamar o Danzo se não descobrisse mais sobre mim até amanhã à noite. – revelei, começando a brincar com os dedos em cima da mesa. Ao ver isso, Kushina esticou o braço e cobriu as minhas mãos com a sua.

— Não precisas de te preocupara com mais nada. – prometeu Kushina – Eu vou falar com o Minato e ninguém vai voltar a fazer-te perguntas.

Kushina manteve a sua promessa e durante quase um ano, vivi em paz naquela casa. Minato e Kushina foram mais pais para mim do que aqueles que me acolheram na minha antiga aldeia.

Percebendo que eu não gostava muito de conviver, Kushina não me apresentou a muita gente e, mesmo no meu quinto aniversário, não houve convidados, apesar de Minato dizer que eu precisava de começar a interagir com a população.

— Ela ainda é uma criança. – dizia sempre Kushina – Vai te muito tempo para socializar quando for para a escola para o ano.

Um dia, no entanto, quando a acompanhei ao médico, encontramo-nos com uma das suas amigas – Mikoto Uchiha. Ela estava grávida e estava lá para ver se estava tudo bem. Kushina revelou que também estava ali por um motivo semelhante e ambas desejaram o melhor para o futuro, queixando-se que os maridos deviam ser amigos.

Quando, finalmente, Mikoto perguntou quem eu era, Kushina disse que era uma familiar e que provavelmente ia viver com ela e com o Minato a partir de agora.

Mikoto sorriu quando me viu corar e perguntou que idade é que eu tinha, comentando depois que tinha a mesma idade que o filho dela.

Quando o médico veio chamar Mikoto, Kushina despediu-se e olhou de seguida na minha direção.

— Peço desculpa se foi demais para ti. – pediu ela – Mas a Mikoto é a pessoa mais simpática que conheço. Não precisas de ter medo dela.

E, tal como tinha dito, Mikoto trazia o sorriso mais doce que alguma vez tinha visto até àquele momento, dizendo imediatamente a Kushina que esperava o melhor para ela e que tinham que combinar um jantar em família para comemorar a noticias.

Kushina concordou e deu-me a mão quando o médico a chamou.

A notícia, no entanto, apesar de ter deixado Kushina contente, deixou-me apreensiva. Ela estava grávida. Cerca de quatro meses, segundo o médico. Eles iriam ter um filho. Um filho mesmo deles. O que queria dizer, que já não teriam espaço para mim.

Ou, pelo menos, era isso que eu achava mas, nessa noite, quando Kushina foi-me aconchegar, como fazia todas as noites, Minato juntou-se a nós. Normalmente, era Kushina que me aconchegava e, quando chegava a casa, Minato dava-me um rápido beijo de boa-noite na testa, mas naquele dia tinha chegado a casa mais cedo.

— Yukia, espero que não estejas preocupada com o que ouviste hoje no médico. – pediu Minato – Eu tenho a certeza que vais ser uma óptima irmã mais velha.

Não houve menção de ter de mudar de casa ou ir viver com outra família. Podia até presumir que isso nunca tinha passado pela cabeça de nenhum deles. Só queriam ter a certeza que eu estava preparada para a chegada de um bebé.

Acho que nunca esquecerei essa noite. A Kushina sentada ao meu lado na cama, sorrindo docemente, enquanto o Minato fazia uma lista de coisas que eu poderia ensinar ao meu irmão mais novo e do que poderíamos fazer como uma família de quatro.

Os meses seguintes foram cheios de felicidade. Conheci um dos professores do Minato, Jiraya-sensei, que deu nome ao meu futuro irmão mais velho e, depois de muitas discussões, persuadiram-me a trata-los por “mãe” e “pai”.

A primeira vez que o fiz, Kushina chorou, enquanto me abraçava e prometia que íamos ser a família mais feliz daquela aldeia.

Mas, depois, o dia do parto chegou.


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Notas finais do capítulo

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