Na opinião de James T. Kirk, não havia nada como começar o dia com uma simulação de Kobayashi Maru. Ele tinha boas memórias do seu teste, o único a passar no teste na Academia da Frota, o que lhe causava orgulho, tanto para o bem, como para o mal. Analisar as qualidades de Saavik eram sua incumbência do dia, e estar perto da jovem novamente, que agora era um pouco mais velha do que a cadete que sua esposa mentoreou há anos atrás, também era um motivo que o tornava orgulhoso.

Por mais que ela não tenha passado no teste, Kirk tinha que admitir suas qualidades como oficial, o faziam se lembrar da própria Spock. Mais comentários sobre a tenente Saavik foram interrompidos quando Spock recebeu uma mensagem.

—Mensagem pessoal enviada à capitã Spock e ao Almirante Kirk - anunciou o computador da Enterprise.

O casal deixou o holodeck para seus aposentos, um tanto curiosos sobre quem estava tentando falar com os dois simultaneamente.

—Mãe, pai, que bom ver vocês! - surgiu o rosto sorridente e jovial de David na tela, feliz por vê-los depois de algum tempo considerável.

—David, é sempre um prazer revê-lo, filho, mesmo que à distância - disse a capitã, de forma calma e serena, mas contente por ver David.

—Faço das palavras da sua mãe as minhas - Jim complementou - como está, David? E o trabalho? No que se meteu agora?

—Bom, eu não posso dar mais detalhes do que estou fazendo agora, mas é certamente empolgante - ele explicou - tenho trocado algumas ideias com tio Sam sobre o projeto.

—Claro, você conta as coisas para o seu tio, mas não para mim - Kirk fingiu estar magoado.

—Não é nada disso, papai, o senhor como membro da Frota Estelar compreende tudo isso - David rebateu - mas não é só com o tio Sam que eu tenho falado, eu descobri que a supervisora do projeto é uma antiga amiga sua, se lembra da Dra. Marcus?

—Eu me lembro - o almirante deu um pequeno sorriso constrangedor, recobrando suas memórias sobre como o namoro com Carol tinha terminado mal, ela tinha aceitado que não podia competir com a Frota Estelar na vida de Jim e ele sentia que não havia nada que ele poderia fazer quanto a isso, ainda assim, a vida dos dois se resolveu e eles tinham se tornado bons conhecidos.

—Ela contou algumas histórias sobre você, histórias engraçadas, garanto - David voltou a falar - bom, eu espero poder encontrar vocês em breve, poderiam visitar o laboratório.

—Assim que pudermos, prometo - Spock deixou claro.

—Com certeza, filho - Jim assentiu, concordando com a ideia.

—Ah, e antes que eu me esqueça, caso não consiga falar antes, parabéns pelo seu aniversário, pai - David saudou, com um sorriso animado, mas que não foi totalmente correspondido por James, apenas de forma um tanto constrangida - mandarei um presente, se puder.

—Ah obrigado, filho, agradeço de verdade - James resumiu tudo, de forma um tanto apressada - bom, eu não quero interromper mais seu trabalho, aliás, te desejo um bom trabalho, seja o que for que está fazendo, tenho orgulho de você.

—Cuide-se David, e não deixe de nos informar sobre seu estado, até breve, se possível - despediu-se Spock, percebendo a pressa do marido.

A transmissão se desligou e então ela se voltou para ele, intrigada.

—Qual o problema, Jim? Seria a menção ao seu aniversário? - ela ergueu uma sobrancelha questionadora, aguardando uma resposta.

—É isso, há uma coisa nos seres humanos que acho que nunca vamos deixar de ter, a ideia de envelhecer nos assusta um pouco - ele sorriu da mesma forma que sorriu para David, desviando-se do assunto, o que era um sinal claro de que sua esposa não deveria incomodá-lo mais com isso, e ela o respeitou.

Eventualmente, o dia do aniversário de Jim tinha chegado, e se recordando bem de que ele não era muito para festas, o que a deixava satisfeita também, Spock apenas decidiu lhe presentear com um livro.

—De sua esposa, Spock - Jim leu a dedicatória na primeira página - obrigado.

—Feliz aniversário, Jim - ela reiterou, no mesmo tom que usava com ele sempre - há algo que gostaria de recomendar.

—Claro, sempre aprecio seus conselhos - ele assentiu, de bom grado.

—Se quiser o comando da Enterprise novamente, ela é sua se quiser, entendo que o tempo como almirante pode ter te cansado e feito você sentir falta do posto de capitão - ela sugeriu.

—Não, de jeito nenhum - ele negou imediatamente - o comando agora é seu, e eu não poderia estar mais contente e orgulhoso de você, sabe que não teria ninguém em quem eu confiasse mais a Enterprise. Magro me disse algo parecido também.

—Concordamos nisso, mas agradeço sua confiança no meu comando - ela agradeceu - sabe que eu sempre compreenderei que a necessidade de muitos sobrepõe a necessidade de poucos.

—Ou de um - ele completou.

As palavras dele pesaram positivamente no coração dela, embora ela demonstrasse sua reação a isso com apenas um brilho no olhar.

—Você é meu oficial superior, mas também é meu marido, e eu sempre serei sua - Spock prometeu mais uma vez em sua vida.

Apesar dos sentimentos conflituosos que estava sentindo, Jim se concedeu abraçá-la, aliviado e grato por saber que, em todos esses anos, ele a teve ao seu lado, sem dúvida ou hesitação.

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Um ataque de outra nave da frota, a Reliant, despertou os sentidos da tripulação da Enterprise.

Um pedido estranho convocou a nave da capitã Spock até o laboratório científico Regula I, bem onde David Kirk estava trabalhando, para esclarecer ordens que não fizeram muito sentido aos cientistas. Se unindo a McCoy e Saavik, Kirk liderou o grupo de descida, com o objetivo de entender melhor de onde tinha vindo a ordem de usar o projeto do laboratório em outro planeta que não fosse o que já estava estabelecido.

—Se cuide, Jim - Spock desejou, preocupada com ele, mas também com Saavik e McCoy.

—Nós vamos - garantiu o doutor.

O casal trocou um típico olhar que prometia que se veriam outra vez. Foi lá embaixo então que a verdade veio à tona, Khan tinha retornado, querendo vingança na forma da morte de Kirk.

Depois de matar a equipe de cientistas, Khan deixou o lugar à deriva, onde a equipe de descida encontrou Chekov, Terrell, Carol e David.

—Pai? - David saiu do esconderijo, perdendo um pouco do medo que tinha o aterrorizado até poucos momentos atrás - pai, é você mesmo?

—David! - os olhos de Jim se focaram nele imediatamente, abraçando o rapaz, se certificando de que ele estava bem - o que aconteceu? Você está bem?

—Eu estou, nós... nos escondemos... - ele explicou com um pouco de receio, as imagens fortes que presenciou ainda estavam quentes em sua mente - quem nos atacou? Por que queria o Projeto Gênesis?

—O nome dele é Khan, é um velho inimigo, nós precisamos neutralizá-lo - Jim respondeu imediatamente, mas notando Carol logo em seguida - Carol, eu sinto muito por isso.

—Jim, eu entendo - ela assentiu, compreendendo que ele faria o que estava dentro de seu alcance para resolver a situação.

Foi no que o capitão se focou nos instantes seguintes. Uma batalha entre a Enterprise e a Reliant foi travada e ao fim de tudo, restou a Spock e seu senso de responsabilidade fazer o que era necessário. Os avisos ao seu redor de que deveria parar e não fazer o que estava pretendendo foram ignorados pela vulcana. Um pensamento rápido voou por sua mente, a última coisa sensata a se fazer antes de seu sacrifício final.

De todos ali, era em McCoy que ela confiava mais, apesar de todas as suas divergências. O bom doutor tinha sido um amigo constante e fiel, presente no nascimento de seus três filhos. Foi com Amanda, Georgina, David e Jim em mente que ela depositou seu precioso katra na mente de Leonard. 

Assim, Spock conteve a radiação que poderia matar a todos ali, colocando as vidas deles muito acima da sua.