A Essência do Dever escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 12
Entre dois caminhos




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A Enterprise estava em órbita de um planeta Classe M recentemente descoberto, sem ainda nem ter sido batizado. A missão da tripulação no momento era catalogar qualquer forma de vida que pudesse ser encontrada ali, se depois de sua primeira descoberta, algo biológico tinha se desenvolvido ali. O grupo avançado se compunha de Kirk, Spock e Sulu. O piloto podia ser bem útil quando se tratava de botânica, por tanto, a convite da oficial de Ciências, ele se juntou ao grupo alegremente e disposto a ajudar.

Caminharam por um breve período de tempo, observando seus arredores.

—Não há nada além de deserto e algumas espécies de plantas a oeste daqui, segundo o tricorder - Spock constatou, depois de examinar tudo.

—Acho que vale à pena conferir em pessoa, o que acha, capitão? - Sulu se voltou para Kirk, esperando uma resposta.

—Me parece bom, só preparem os feisers em tonteio, não sabemos exatamente que formas de vida podemos encontrar - Jim recomendou, liderando o grupo, mas seguindo Spock, examinando tudo com o tricorder.

De repente, o caminho tinha mudado de forma, dando lugar a formações aparentemente rochosas, que se fechavam cada vez, até se verem dentro de uma caverna. Uma leve varredura do local fez o trio perceber que estava preso, como se as pedras tivessem ganhado vida e se fechado ao redor deles, ou pior, alguém as controlasse para fazer isso.

—Como é possível? Eram apenas rochas! Precisamos encontrar um jeito de sair daqui - constatou Sulu, procurando uma saída olhando através das pedras.

—Quem está aí? Quem ousa me perturbar? - disse uma voz estrondosa, que atingia o coração de cada membro do trio.

—Não sabemos quem é você - Jim se voluntariou a ser o porta voz do grupo, agindo totalmente como capitão - não estamos aqui para fazer mal, eu garanto.

—Vocês não podem me fazer mal, mas eu posso fazer mal a vocês, como ousam me perturbar? - rebateu a voz, ainda irada.

—Não era nossa intenção perturbar - Spock se manifestou - estamos aqui representando a Federação Unida dos Planetas, eu sou a Comandante Spock, viemos apenas estudar o planeta.

—Estudar? De que serve conhecer esse planeta? Ele é tudo que eu conheço, e não há nada demais aqui, eu garanto, no entanto, estranhos como vocês, são interessantes - ponderou a voz, o que deixou o trio em alerta.

—Meu nome é Jim Kirk e esse é Hikaru Sulu, se nós o perturbamos, podemos simplesmente sair daqui, se nos permitir - o capitão tentou negociar a saída.

—Eu não posso sair daqui para ver o que há lá fora, mas vocês conhecem, então ficarão aqui comigo, me contarão todos os dias tudo o que sabem – ordenou a voz, o que deixou o trio mais tenso.

—Isso é um absurdo, não podemos ficar aqui, estamos apenas em missão! – exclamou Sulu.

—Se há três de vocês, os outros dois podem continuar com sua tal missão, que fique um de vocês aqui, Spock deve ficar aqui – declarou a voz sem nome, sem que dar chances de ser contestado.

A decisão deixou ela, o capitão e o piloto espantados e preocupados. Kirk olhou diretamente para ela, vendo as sobrancelhas se ressaltarem, porém logo depois, ela voltou a ostentar a expressão séria de sempre. Sua decisão estava tomada, mais uma vez se sacrificaria pelo bem da Enterprise, pelo bem dele.

—Não se atreva – Jim chegou a tocar o braço dela, no que Spock se retraiu para trás, sem apreciar tanto o gesto – eu sei o que está pensando, não faça isso, eu não poderia deixa-la aqui sem assistência nenhuma, como você sobreviveria?

—Se a criatura precisa de mim para lhe contar sobre o universo lá fora, me manteria viva, não é algo lógico de se acreditar? – ela procurou manter a calma.

—Eu entendo sua lógica, mas você também compreende minha lógica de não deixar ninguém a minha tripulação para trás, eu não vou deixá-la aqui – assim como Spock, Jim já tinha tomado sua própria decisão.

—Temos um impasse interessante aqui, por que insiste tanto em leva-la, aquele que chamam de Kirk? – questionou a voz sem corpo.

—Porque eu sou sua primeira oficial – Spock respondeu antes, mas Jim complementou logo depois.

—Porque eu a amo, se ela decidir ficar aqui, é decisão dela e terei que respeitá-la, mas não me faça me separar da mulher que eu amo, se entende o mínimo do que é amor e afeição, nos deixe partir, a nós três! – James se impôs, sem se importar muito com as consequências que poderiam vir a seguir.

—Amor... não entendo o que pode ser isso, além da sua raiva, da sua força, em defender Spock de todas as maneiras que puder – ponderou a voz – ter alguém assim para sua defesa, seria bom, eu jamais poderia experimentar algo assim, se não saísse daqui.

—Acha mesmo que não há como sair daqui? Se se manifestasse fisicamente a nós, poderíamos pensar em uma forma de ajuda-lo – Sulu sugeriu, tentando escapar daquela situação – seria muito melhor poder ver com seus próprios olhos, entender com sua própria mente do que apenas ouvir relatos.

Um silêncio apavorante se fez em seguida, deixando os oficiais da Frota atentos. O local todo começou a tremer. Sem ter como predizer o que viria a seguir, James agarrou a mão de Spock, o que ela achou bem vindo e segurou de volta.

Uma forma corpórea se fez diante deles, nada humanoide, apenas uma silhueta cinza, esfumaçada, o máximo em que a criatura poderia se materializar.

—Estou preso a este lugar, eu preciso e quero sair daqui, não sem como seria possível – implorou ele novamente.

—Você teria um nome? – James arriscou, tentando uma abordagem mais pessoal.

—Nunca me foi dado um, nunca vi outros além de mim – replicou a criatura, num murmúrio que podia ser bem entendido, solidão não era bom para nenhuma criatura viva.

Com um pequeno plano baseado a uma possibilidade menor ainda, Spock usou o tricorder para examiná-lo rapidamente. Eram certamente leituras de uma forma de vida únicas, de modo que, se não estivessem tão perto, não captariam nem mesmo da Enterprise.

Colocando o tricorder para vasculhar a superfície da região, Spock encontrou uma forma correspondente, que em poucos minutos, se tornou em ao menos cinco.

—Não está sozinha aqui – afirmou a vulcana, com toda a autoridade que podia empregar na voz.

—Eu sempre estive sozinho! Como pode mentir assim?! – a criatura sem nome se irou de vez.

—Vulcanos não mentem e eu sou uma vulcana – insistiu a oficial de ciências – o que acontece aqui é que você está preso a essa caverna, sua constituição química está ligada à estrutura, segundo minhas leituras, no entanto, há outros como você lá fora, em outra região do planeta.

Intrigado com aquilo, a criatura ponderou a possibilidade que tinha surgido.

—Me prometeram me tirar daqui e me levar com vocês se eu me mostrasse fisicamente, então façam isso – insistiu ele.

—Espere – James deu um passo à frente, após trocar um olhar confidencial com a namorada – você tem uma nova oportunidade aqui, quer ficar com esses seres ou visitar o universo lá fora? A escolha é toda sua...

Mesmo sem saber a resposta daquele que tinha se tornado seu anfitrião em pouco tempo, Spock se pôs a trabalhar com o que tinha. Tinha que mudar a constituição física da criatura, no que modificar o phaser foi muito útil nesse caso.

—Eu... posso ficar com eles e então... poder ver o que tem além dessa caverna... seria um bom começo... – ponderou a criatura, chegando a sua resposta final.

—Farei como me pede, lhe desejo boa sorte – Spock disse antes de lhe disparar o phaser.

A criatura esfumaçada se desfez na frente deles, se juntando aos outros do seu povo. Sem perder mais tempo, Jim acionou o transporte pelo comunicador.

Depois dos sustos e relatórios obrigatórios com os diários, Jim pôde finalmente dizer o que tinha pensado por todo o tempo em que estavam em risco.

—Está vendo por que eu não posso te perder? – ele fez questão de dizer, interrompendo o jogo de xadrez do casal após o jantar.

—Acredito que está se referindo à última missão, Jim, apenas fiz meu trabalho de forma lógica, encontrei a solução mais plausível no momento – ela respondeu, se ajeitando atrás da cadeira, sendo bastante prática.

—Mesmo que seja pela lógica, você agiu primeiro que todos nós, agir assim a faz ser quem você é, completamente brilhante, é uma das coisas que eu amo em você – ele sorriu de lado inclinando-se para frente, se aproximando mais um pouco.

—Falando em amor, agradeço o que disse e o que fez pelo que disse, eu amo você também – ela sabia que tinha que retribuir as palavras doces e reconfortantes que tinha ouvido do namorado.

Spock foi a primeira a iniciar o beijo dessa vez, sentindo o cabelo de Jim na ponta de seus dedos enquanto segurava o rosto dele. Com certeza, aquele momento de carinho e alívio tinha se tornado sua parte favorita de um dia desafiador.


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