Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 41
Futuro - Crucio


Notas iniciais do capítulo

Olá, finalmente chegamos com o tão esperado capitulo da vingança...
Mais uma vez antes de iniciarem a leitura, deixo aqui um alerta de gatilho, se você tiver problemas com cenas de violência, aconselho não ler esse capitulo. Ele é difícil, em alguns sentidos.
Boa leitura!



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Severo estava em seus aposentos pessoais, repassando aqueles pequenos fragmentos do dia que o impulsionavam a reagir e o motivavam a fazer aquilo que estava prestes a realizar, Shara ele checou, estava descansando agora, Pomfrey informou que ela havia passado o resto do dia muito bem, se alimentando adequadamente e que ela até tinha começado as linhas que ele havia pedido no dia anterior, não que ele se importasse com isso agora, mas ao consultar pelo anel, não havia nenhum sentimento conflituoso com o qual ele precisasse se preocupar, aparentemente ela estava estável.

Tudo que ele mais queria era que aquele dia acabasse desde o instante em que ele começou, mas ainda havia algo importante a ser feito, algo que não poderia esperar pelo dia seguinte, ele olhou no relógio mais uma vez, era suficientemente tarde agora, um bom horário para um acerto de contas tardio, ele caminhou até o armário do seu quarto, removendo com um feitiço um fundo falso, e retirando uma caixa que estava lá a tempos, intocada, onde ele guardava as vestes e a sua máscara de comensal da morte, afinal aquela visita exigia um traje especialmente apropriado para a ocasião, ele sorriu, enquanto segurava a máscara, aqueles entalhes foram feitos de forma personalizada para cada um dos seguidores e aquela máscara contava uma história, uma história de horror, foram tempos difíceis, tantas mortes e muita tortura, a simples menção do que aquela mascara presenciará assustaria o mais corajoso dos trouxas, ele encolheu o traje o guardando no bolso de suas vestes habituais, em tempo, ele saiu do seu aposento, e caminhou para o seu destino.

Ele atravessou o castelo às pressas, saindo com facilidade do terreno seguro da escola e aparatando em um beco, próximo ao local que ela chamava de lar, faziam anos que ele não ia até a Londres trouxa daquela maneira, e aquela parte da cidade era péssima, a pior com certeza, o acesso era pouco iluminado e a casa ele localizou, era a última da rua, era uma rua sem saída, Severo colocou as vestes de comensal, a máscara e as luvas, podendo facilmente se camuflar na escuridão daquela maneira, ele podia sentir a adrenalina que passava por todo o seu corpo, ao encarar o lugar que se parecia mais com uma casa mal assombrada, era uma casa grande de dois pisos e um sótão, a casa era de cor escura, aparentemente espaçosa a notar pelas grandes janelas frontais, a porta principal de entrada era de madeira maciça, havia uma aldrava velha e enferrujada no centro dela que estava bastante danificada pelo tempo, mas não era por ali que ele havia planejado entrar, não, já que ele conhecia um acesso secundário, a porta dos fundos, a porta por onde Noah havia deixado Shara, no seu aniversário do ano anterior, já passava das onze horas da noite, bastante tarde para uma visita, Severo localizou a porta com bastante facilidade, era exatamente igual ao que ele havia visto na lembrança da criança, e ele a destrancou usando um simples feitiço para essa finalidade “trouxas e sua falsa segurança” ele pensou.

A cozinha também era a mesma, tão velha e antiquada como todo o resto ali, o fogão ainda estava quente, ele notou, provando que tinha sido usado recentemente por alguém, ele ouviu sussurros abafados, que pareciam vir de dentro de um dos armários baixos, logo abaixo da pia, como bom espião ele não deixava passar nada, ele se aproximou do armário suspeito, escancarando suas portas, revelando ali duas crianças pequenas e assustadas, elas estavam encolhidas, a mais velha não devia ter mais que 7 anos de idade, ele suspirou ao vê-las desapontado com aquele encontro não programado, aquele não era um bom momento para ter crianças por perto, justamente com essa preocupação em mente que ele havia escolhido vir tão tarde, afinal seria óbvio de que as crianças daquele lugar já estariam todas dormindo, ele as encara por um momento, pensando em o que fazer para se livrar delas, não, ele não machucaria as crianças, mas elas não deveriam ficar para presenciar aquilo que ele estava prestes a fazer ali, certamente que elas já tinham traumas mais que o suficiente para lidar, simplesmente por viverem naquele lugar hostil, ele não queria causar ainda mais memórias ruins.

—Mas o que é que estão fazendo fora da cama nesse horário? - ele perguntou em tom de repreensão, se dando conta de que ele não estava em Hogwarts e que, portanto, ele não tinha que exigir nada delas ali, a mais nova o olhou assustada.

—Você é algum tipo de bandido? - Ela perguntou, começando a chorar baixinho, ele sabia que normalmente já soaria bastante assustador, os alunos de Hogwarts poderiam provar isso com bastante facilidade, mas usando aqueles trajes de comensal e aquela mascará, aquelas crianças certamente passariam a ter pesadelos.

—Por favor não nos machuque – a mais velha pediu intervindo, enquanto tentava proteger a mais nova – estávamos com fome, muita fome, Mancha nos deixou sem o jantar, a Louise é minha irmã mais nova, e saímos escondidas do quarto para tentar conseguir algo na cozinha já que ela não estava conseguindo dormir – ela disse acuada, Severo fez sinal para que elas saíssem do esconderijo, e elas o obedeceram prontamente, era impressionante como crianças poderiam ser tão tolas e ingênuas, a criança mais velha havia elaborado aquilo muito bem, e ela tinha um instinto bastante protetor em relação a sua irmã mais nova o que a fazia parecer muito mais velha e madura do que uma criança da sua idade, assim como Shara também era, aquele ambiente e as circunstâncias certamente as obrigavam a amadurecer antes do tempo e se defender desde muito novas, Severo suspirou irritado, pensando em tudo que Shara poderia ter passado e vivenciado ali, sob o cuidado daqueles que eram a pior espécie de trouxas possíveis, nenhuma criança merecia viver em um ambiente assim, Severo sabia exatamente a quem a menina se referia ali, Mancha, sim ele havia visto a suposta trouxa na lembrança de Shara também e encontrar aquelas crianças naquele estado lastimável, só fez tudo piorar, ele não podia mais esperar para realizar a sua vingança.

—Vocês não deveriam estar aqui - ele disse por fim - onde está o diretor desse lugar? – ele perguntou, sabendo que possivelmente as estava assustando com aquele tom de voz, a mais nova escondeu o rosto no corpo da irmã.

—Não conte para ele por favor, ele vai nos castigar, é ruim, muito ruim... - a mais velha implorou completamente apavorada com aquela possibilidade, Severo podia entender o que aquele maldito trouxa representava para aquelas crianças, foi assim que Noah se tornou o bicho papão de Shara, ele era o pior tipo de opressor, por isso era muito mais fácil para Shara atacar e se defender de um comensal da morte ou de um dragão como ela fez naquele dia na sala de aula de defesa, pois nada poderia causar mais dor e horror do que ele, aquelas crianças foram moldadas a sentir medo dele, elas lidavam com esse medo todos os dias, ele cerrou os punhos, ele não era uma pessoa boa, mas ele não era como o Noah, definitivamente não, e deixar crianças sem o jantar, qual a razão daquilo?. Ele abaixou ficando à altura delas.

—Senhoritas – ele chamou a atenção delas - acreditam em magia? - ele perguntou, ambas gesticulavam positivamente para ele - hummm vejamos, existe algo específico que gostariam de comer? - ele perguntou, já que o intuito delas estarem fora da cama naquele horário era encontrar algo para se alimentar.

—Eu gosto de bolo de chocolate - a mais nova disse prontamente, agora bastante animada, ele franziu a testa insatisfeito com aquele pedido, imaginando que elas devessem comer algo mais nutritivo, enfim, aquilo não seria algo que ele fosse discutir no momento, ele puxou a varinha, convocando umas torradas velhas que estavam num pacote em cima da bancada e um prato limpo - prestem bastante atenção - ele pediu, soando completamente fora do seu figurino, elas mal piscavam, e não havia ninguém assistindo que pudesse denunciá-lo ou algo assim, então ele seguiu o plano, lançado um feitiço e transformando as torradas num delicioso bolo de chocolate, os olhos da mais nova brilhavam, ele sorriu satisfeito - agora subam e não comam tudo de uma vez - ele orientou, a mais velha pegou o prato mal acreditando naquilo que havia visto.

—Isso foi tão incrível, foi mesmo magico! - ela disse feliz o encarando - obrigada Senhor - ela disse por fim - A sala do Noah fica no final do corredor – ela apontou – só tome cuidado ele está de mal humor – ela sussurrou baixinho ao informa-lo, Severo assentiu satisfeito, já que ele também estava bastante mal humorado.

—Agora saiam daqui – ele ordenou recuperando seu habitual tom de voz - fiquem no quarto, e não desçam em hipótese alguma - elas se moveram com agilidade, desaparecendo do seu campo de visão – Severo adentrou um pouco mais no recinto, a porta do suposto escritório de Noah estava fechada, mas havia uma luz fraca que irradiava pelas frestas embaixo da mesma, mostrando que o ambiente estava sendo ocupado por alguém, Severo sorriu.

“Maeva se pudesse ver o lugar em que sua filha foi criada, se soubesse as condições impostas a ela aqui, e as consequências de tudo isso, certamente que teria repensado sua decisão” ele pensou, um tanto quanto incomodado a medida que inspecionava o lugar, aquilo era mesmo lastimável, móveis desgastados pelo tempo e com estampas bastante duvidosas, nada que pudesse ser aconchegante e muito menos acolhedor para aquele que deveria ser um ambiente para crianças, Severo abriu a porta do escritório sem nenhum cuidado especial, encontrando Noah de costas, ele parecia organizar algo em um armário repleto de pastas e documentos.

—Morgan, esse não é um bom momento – ele disse, sem se virar para encará-lo ali, pena que fosse considerado covardia atacar alguém pelas costas, mas vontade era algo que não lhe faltou ali, finalmente, aquele trouxa intragável estava ali para ele.

— Discordo – Severo disse com seu tom de voz grave e gélido – acho inclusive o momento bastante oportuno – ele disse se divertindo ao ver a reação de espanto do trouxa, enquanto ele se virava derrubando assustado o copo de bebida que ele estava segurando em uma das mãos, a peça estilhaçou em inúmeros pedaço assim que alcançou o chão, Severo podia sentir o medo fluir através do olhar daquele ser tão abismal, aquilo era bom, era prazerosamente bom, um excelente começo ele pensou, e isso o lembrou das vezes que precisou invadir casas trouxas na época da guerra, a pedido do seu mestre, a expressão no rosto das pessoas era sempre a mesma, nada para se orgulhar é claro, mas dessa vez Severo sorriu de satisfação, já que aquela estava sendo a primeira vez que algo assim estava lhe proporcionando algum tipo de prazer genuíno, incutir medo naquele que o fazia em crianças indefesas.

—Quem é você? – ele perguntou, recuando – Esse... esse – ele estava gaguejando agora, Severo se aproximou um pouco mais apenas por puro divertimento – saiba que esse é um lar do bem e existem crianças dormindo lá em cima nesse exato momento, peço que se retire ou terei... – ele olhou para um telefone trouxa - que chamar a polícia – ele concluiu tentando soar de forma corajosa, mas Severo podia sentir o cheiro do medo a distância.

—Um lar do bem? - Severo repetiu de forma bastante irônica – eu vejo.

—Como você entrou aqui? – Noah perguntou com certa dificuldade, tentando manter o controle.

—Não importa como entrei, Noah – Severo disse o chamando pelo seu primeiro nome, o trouxa parecia ainda mais assustado agora e igualmente surpreso com a menção do seu nome dita por ele ali assim - o que importa na verdade – Severo disse devagar para que ele processasse cada palavra - é que descobri o que você vem fazendo com as crianças nesse lar do BEM – ele disse com ênfase especial para a última palavra.

—Eu... eu não sei do que você está falando – ele estava encurralado. Severo sentiu seu sangue ferver, ele nunca teve paciência para ouvir desculpas esfarrapadas, ainda mais quando elas vinham de um ser tão lastimável, como ele e por isso o Lorde das trevas não o costumava deixar participar das torturas, já que Severo gostava de resolver as coisas de forma mais prática e rápida possível, ele sacou a varinha que vinha segurando com firmeza em suas vestes, a apontando para o trouxa que parecia perder toda a cor, a desviando apenas alguns meros centímetros.

—AVADA KEDRAVA – ele disse finalmente, vendo o rato que passava por cima da estante, cair morto instantaneamente no chão, o trouxa arregalou os olhos assombrado com aquela cena.

—Então, você, você é um deles... – ele constatou, olhando de forma apavorada para o rato morto à sua frente e depois para a varinha que Severo ainda impunha no ar – um bruxo?... – Ele perguntou conseguindo arregalar ainda mais os olhos ali - isso que você fez… o rato, ele está morto? Não está? – ele perguntou sem tirar os olhos do rato agora completamente imóvel, Severo não respondeu… era óbvio e o trouxa sabia - o que quer de mim? – ele perguntou finalmente.

—Que bom que tenha perguntado - Severo sorriu, ele era um excelente legilimem, um dos melhores, e ele precisava acessar algo ali, ele havia planejado aquilo durante o dia com bastante cuidado, e ele podia fazer aquilo de forma discreta e sem causar nenhum dano ou dor, o que ele fez com maestria resgatando a lembrança de Shara mais cedo naquela manhã, a criança sequer havia percebido, bastava uma pequena e breve troca de olhar e seria mais que o suficiente, mas Severo decidiu que não havia necessidade de poupa-lo, já que dor era algo que Severo gostaria de vê-lo sentir, então sem perder mais tempo ele fez, aproveitando que Noah ainda o olhava assustado, Severo entrou sem nenhum cuidado em sua mente, procurando memórias específicas, não foi difícil, ele as achou, apesar de que o lugar era uma completa bagunça, havia também as memórias sobre Shara,… ele parou diante delas, pensando duas vezes, pensando se queria mesmo vê-las pelos olhos dele, elas estavam todas ali e então ele entrou.

"Shara corre assustada subindo as escadas (pelo tamanho ela aparentava ter um pouco mais que 9 anos) era noite e ela entra dentro de um quarto, fechando a porta e se recolhendo em um dos cantos, ela estava chorando, assustada, as roupas estavam sujas e rasgadas e havia sangue em sua perna, sangue que escorria da parte superior do joelho, ela havia se machucado, talvez tivesse caído ou algo assim.

A porta do quarto é esmurrada com força…

—Não por favor não, eu não fiz por mal, eu posso limpar... eu posso – ela implorava, enquanto ele abria a fivela do cinto, o tirando com bastante agressividade.

—Sua rejeitada nojenta, será que você não consegue fazer nada direito? Mas é claro que não - ele disse a rondando - sabe por que está aqui? Vamos, olhe pra mim e REPITA…

—Não - ela gesticulava desesperadamente com a cabeça - por favor.

—REPITA - ele mandou levantando o cinto que agora estava em suas mãos a ameaçando.

—Porque ninguém se importa comigo - ela disse encolhida.

—Oque mais? - ele pediu

—Por que eu não sou ninguém - ela continuou, enquanto as lágrimas escorriam.

—Mais alto - ele pediu com maldade - não ouvi direito.

—Por que eu não mereço - ela disse.

—Isso, muito bem - ele disse sorrindo satisfeito - podemos acrescentar ainda… por que ninguém te quer, nem seus próprios pais te suportaram, é evidente, afinal por qual motivo mais eles a deixariam aqui? Saiba que ninguém se importa com uma aberração como você, você foi descartada na primeira oportunidade, como um lixo... você deveria ser tão, mas tão grata a mim, por te dar um teto e comida, e você faz o que, sua criatura inútil, venha aqui… A criança se afasta se jogando sobre a cama, e se cobrindo com a coberta tentando se esconder ali, mas sabendo o que viria depois.

—Por favor, eu sou grata, me desculpe… por favor, não me machuque - ela pediu.

—Essa vai ser a maior surra que você já recebeu em toda a sua vida Shara, lembre-se sempre disso, por que isso é o que você merece, sua garota inútil.

Começa a agressão… gritos e choros"

Severo sai daquela memória, totalmente atordoado e chocado com o que tinha visto ali, era muito ruim, a forma agressiva como ele a havia machucado, ela era apenas uma criança tão pequena, era evidente porque aquelas crianças o temiam tanto, ele era cruel e frio, suas mãos tremiam, enquanto ele encarava o trouxa que se escorava na bancada, buscando um certo apoio completamente suado e com dor, Severo podia matá-lo naquele exato momento, mas havia mais… ele se aproximou o segurando pelo colarinho o obrigando a encará-lo outra vez, lá estava, ele mergulhou novamente, com ainda mais violência agora, destruindo tudo que via a sua frente, ele sabia muito bem que aquilo poderia causar bastante dor… ele não se importava.

"_ por favor me deixe entrar… - ela estava desesperada, chorando do lado de fora da porta. Estava chovendo forte, as árvores pareciam prestes a desmoronar, raios e trovões preenchendo o céu, ela estava na porta dos fundos da cozinha, tampando os ouvidos e fecha os olhos, ela implora por clemência.

—Você merece Shara, lide com isso, e depois me agradeça quando tiver conseguido superar esse seu medo imbecil, e acostume-se, pois, esse será o único presente de aniversário que irá receber hoje, afinal uma vida como a sua não merece ser comemorada, sua aberração inútil - ele disse de dentro da cozinha enquanto comia um dos biscoitos de canela.

—Por favor, senhor, por favor… - choro alto - me deixe entrar…

Ela se encolhe, enquanto lá dentro uma música alta começa a tocar e Noah arrasta a garota trouxa mais velha para algum lugar, as batidas na porta desaparecem…"

Aquilo era a memória do aniversário, e aquilo deveria bastar, mas havia mais uma memória saltando que chamou sua atenção, ele precisava acessar aquilo, sem se importar com o trouxa gritando de dor a sua frente.

"Novamente era tarde da noite, ela parecia ter um pouco mais de 10 anos, aquelas eram lembranças recentes, ela estava deitada em sua cama, no mesmo quarto da memória anterior, a porta se abre revelando um Noah bastante alterado…ele havia bebido muito, estava completamente alcoolizado, Severo conhecia aquele comportamento, algo que fez parte da sua própria infância também, ele fechou o punho com força, ele sabia o que viria em seguida, mas não era possível intervir.

—Ei garota esquisita, acorde - ele chamou, enquanto ela puxa as cobertas por cima da cabeça, ela não estava dormindo, ela estava esperando de forma angustiada como se soubesse o que estava por vir, lágrimas escorrendo pelo seu rosto infantil.

—Hoje eu vou te ensinar algo sobre a maturidade, Morgam me disse que você já é uma mocinha não é mesmo? não se preocupe você vai me agradecer depois, afinal quem mais iria querer tocar em uma garotinha nojenta e imunda como você… - ele disse de forma asquerosa e ela se encolhe com aquelas palavras, enquanto ele cambaleia para perto de onde ela estava deitada.

—Não seja uma menina má e não grite - Ele puxa com força removendo as cobertas, ela se encolhe ali, era tão vulnerável, apenas uma criança, ele se aproxima da cama e acaricia o rosto dela, com um sorriso malicioso no rosto.

—Por favor não… - ela implora em pânico.

—Shiii não vai doer nada, você só precisa ser uma boa menina para mim - ele disse enquanto abaixava a calça. Shara se afasta, fechando os olhos com força.

—Venha aqui, seja obediente... se não colaborar, sua amiga fará no seu lugar - ele disse a ameaçando.

—Não, não... nos deixe em paz – ela declarou com a voz rouca.

— Não tente fugir do seu destino, mais cedo ou mais tarde isso iria acabar acontecendo agradeça por ser com alguém como eu - ele disse tentando tocá-la e num impulso Shara se afasta, ainda com os olhos fechados, ela ergue as mãos, em frente ao seu rosto, em sinal de defesa, ela estava chorando de forma desconsolável, mas de repente ouve-se o silêncio e de uma forma sobrenatural ele tinha sido arremessado com tanta força contra a parede oposta do quarto, caindo e batendo com a cabeça no chão, ele não se levantou e permaneceu deitado imóvel completamente desacordado… ela se encolhe como uma bola com as mãos no rosto, deslizando até o chão.

—É tudo culpa minha - ela disse se balançando freneticamente - tudo minha culpa - Uma mulher mais velha aparece, abrindo a porta assustada, era Mancha, como a chamavam, Severo reconheceu ser a mesma da lembrança de Shara na cozinha, a mulher entra no quarto e Severo esperava que ela fosse acolher a criança ou algo assim, mas não, ela se volta para aquele trouxa nojento, eles eram iguais.

—O que você fez com ele? sua garota esquisita? – ela disse com ódio no olhar - você vai pagar caro por isso.

Sim aquilo bastava, Severo sente vontade de vomitar ao sair daquela última lembrança, aquilo fez com ele perdesse completamente o chão, aquela era a sua FILHA, fazia tempo que ele não sentia tanto ódio por algo ou alguém e naquele ponto, ele entendeu de uma vez por todas o que havia acontecido naquele lugar, confirmando em partes as suas suspeitas, Shara havia dito isso aquele dia na visita com o diretor na escola quando conversava com sua amiga trouxa, no dia em que ele estava disfarçado com polisuco, por sorte o trouxa asqueroso não tinha conseguido tocar nela, na verdade por muito pouco, ela havia liberado magia ancestral, e agora ele entendeu quando ela se referia ao fato de que devia tê-lo machucado mais, honestamente ela tinha razão, aquele trouxa merecia ter morrido naquele dia, felizmente ele estava bem a sua frente agora agonizando de dor, deitado naquele chão imundo, Severo havia feito um pequeno estrago na sua mente antes de sair.

Severo não queria ficar para ver as lembranças seguintes, mas provavelmente Shara deveria ter sofrido alguma penalidade por ter liberado a magia ancestral e tê-lo machucado naquele dia, era óbvio que aquele acidente o tinha machucado, porem aquilo certamente se tornou um divisor de águas, já que ele não a tocou mais depois do ocorrido, quem sabe para atingi-la, ele machucasse a sua amiga Catie, ele não tinha dúvidas de que a menina mais velha sofria abusos consolidados ali naquele lugar e por isso a insistência de Shara para que ela fugisse, Severo estava acostumado a ver cenas fortes de tortura, nada muito diferente dos abusos que alguns comensais cometiam, mas aquela era a sua criança, maldita Maeva, Shara havia se tornado a sua maior fraqueza, e agora ele estava de frente com aquele homem que havia sido o abusador dela, tanto físico como emocionalmente, era disso que ela se referia tantas e tantas vezes, era essa a fonte dos seus medos e dos seus traumas.

—O que você fez com a minha mente? – Noah disse cansado, com uma expressão de dor, ele estava de joelhos tentando se reerguer do chão e com as duas mãos na cabeça – tire essa dor horrível de mim – ele pediu, Severo sabia o quanto aquilo podia machucar mas ele não se importava, aquele trouxa deveria pagar por cada palavra e cada ato, Severo se aproxima vendo que ele estava com dificuldade em se levantar, apenas para o chutar com violência o fazendo cair com o rosto no chão, uma lâmina de sangue vivo escorre pelo seu rosto já que aparentemente ele havia caído em cima de um dos cacos de vidro do copo que havia sido quebrado ali. Severo se aproxima ainda mais, pisando com força em cima da sua cabeça e esfregando o rosto dele no chão, onde os cacos de vidro fariam o restante do serviço, ele queria deixar boas cicatrizes, lembranças daquele dia, agora sim memorável, Noah grita de dor, não conseguindo se desvencilhar, aquilo era como música aos seus ouvidos, Severo se abaixa agora empunhando a varinha contra o pescoço dele, aproveitando aquele momento de dor e de fraqueza, onde ele estava verdadeiramente miserável ali.

—Você achou que seria engraçado machucar uma criança indefesa, não é mesmo? - ele disse no seu melhor tom ameaçador – vamos ver como você se sai com alguém do seu tamanho, com alguém que pode se defender a altura, vamos onde está toda sua valentia agora? - Severo o provocou - tente abusar de mim - ele pediu rindo.

—Você é daquela escola? Olha eu não sei o que aquela menina te disse, ela é uma mentirosa você sabe, tivemos diversos incidentes com ela durante os anos, nós tentamos educá-la, mas ela às vezes não nos deixava muita opção, foi tudo puramente necessário, você deve compreender que disciplina nem sempre é fácil e... – Ele estava tentando, Severo sentiu nojo, o puxando pelo colarinho e obrigando a sentar, apenas para encará-lo melhor.

— Não me fale de DISCIPLINA – ele gritou, apertando a varinha ainda com mais força contra a pele dele enquanto ele se contorcia – não pra mim.

— O que... o que você quer de mim? – ele estava gaguejando, com o rosto coberto de sangue agora e suando muito.

—Vingança - Severo disse friamente - sabe eu ouvi uma vez alguém que disse que devemos lidar com os nossos próprios medos – Severo pontuou com bastante ironia - e esse alguém disse isso enquanto arrastava uma criança assustada e indefesa para fora de casa no meio de uma tempestade violenta - Severo falou cada uma daquelas palavras apreciando a reação do trouxa a sua frente e continuou... - Me diga, Noah.. Quais são os seus piores medos? - Severo o notou estremecer ali… - hummm não precisa, eu os conheço agora - ele riu com desdém.

—Vai embora - Noah pediu com a voz fraca - já me machucou o bastante - ele disse com expressão de dor.

—Deixe que eu mesmo julgue isso, mal comecei a me divertir - Severo sorri com malícia.

—Ela me obrigou a agir daquela forma… eu não tive escolhas – Noah disse com a voz falhando, Severo se aproximou e o chutou no estômago outra vez ao perceber que ele estava tentando se levantar de bruços, o lugar daquele trouxa era no chão, se arrastando como um verme.

—Compreendo - Severo disse sem emoção.

—O que você vai fazer, vai me matar? - Noah pediu.

—Muito melhor que isso - Severo apontou a varinha e lançou um encantamento quase que silencioso, mantendo um sorriso de escárnio completamente satisfatório no rosto, nada havia acontecido que pudesse ser visto, e esses eram sempre os melhores feitiços de tortura, estava feito, o trouxa o olhou assustado enquanto Severo se movia pela sala, com bastante dificuldade Noah se senta no chão, se encostando na parede, ele estava completamente descomposto ali, em meio ao caos, e ao sangue ele começa a rir de forma histérica

—Então é isso? Você invade essa casa, mexe com minha cabeça, me ameaça com uma varinha mágica e fala umas palavras estranhas? – ele continuava a rir de forma histérica.

—Uma experiência inesquecível suponho - Severo sorri - se preferir eu posso voltar amanhã para saber o que você terá achado dela – Severo sugeriu, enquanto dava uma olhada nos livros trouxas que estavam na estante, nenhum que houvesse despertado seu interesse.

—Oque você fez? – ele perguntou, soando desesperado – O QUE VOCÊ FEZ COMIGO? – ele gritou – DIGA!

—Não seja tão impaciente – Severo brincou – terá bastante tempo para descobrir, aviso apenas que as noites vão ser bastante difíceis daqui pra frente – ele sorriu outra vez.

—O que isso significa? – era delicioso sentir o pânico que emanava daquele trouxa – DESFAÇA – ele implorou... - Quem é você? - Ele perguntou - e por que se importa com aquela criança inútil? – ele disse usando o termo pejorativo que ele costumava usar para chamá-la, Severo se aproximou mais uma vez, Noah se calou instantaneamente, se dando conta do que havia dito.

—Nunca mais… escute-me bem - Severo disse o intimidando - nunca mais, se refira a ela dessa maneira - Severo ameaçou elevando a voz - e nunca mais ouse encostar em um único fio do cabelo daquela criança – ele finalizou o encarando.

—Por que? - Noah perguntou quase sem nenhuma voz.

—Porque… Shara é minha Filha - ele afirmou com bastante autoridade, enquanto notava a cor no rosto do trouxa sumir completamente… - e ninguém encosta na minha FILHA e sai ileso - ele esbravejou enquanto se aproximava do trouxa, se abaixando para ficar no mesmo ângulo de visão.

—Impossível… os pais dela estão mortos - ele disse tentando recuperar a cor.

—Por acaso, eu pareço um fantasma para você? - Severo disse ao puxar o cabelo dele com força para a frente o obrigando a encará-lo, notando que aqueles ferimentos ocasionados em seu rosto estavam bem feios - diga, eu me pareço com um?

—Não - ele respondeu, visivelmente abalado com o que tinha acabado de ouvir, Severo sorriu de satisfação, se levantando enquanto o soltava, empurrando seu corpo com força contra a parede.

—Bom, vejo que está ficando tarde e infelizmente terei que deixá-lo - Severo disse com ironia - mas antes que eu me esqueça, eu ainda tenho algo especial para você essa noite - o trouxa estava acuado, não por menos, o olhando com desconfiança - Apenas aprecie o seu dia 6 de Novembro - Severo disse erguendo sua varinha e com toda a satisfação, lançando ali o feitiço almejado – CRUCIO - o homem começou a se debater instantaneamente a sua frente, era uma cena que realmente deveria ser apreciada, Severo cruza os braços por um momento, naquela sua posição estoica de superioridade que ele usava em sala de aula, apenas para contemplá-lo sentir dor, trouxas tinham ainda menos resistência para esse tipo de encantamento, então não satisfeito Severo lança o segundo Crucio da noite, só para vê-lo agonizar também, ele estava espumando pela boca, um terceiro Crucio seria demais e certamente o levaria a morte, mas Severo não queria matá-lo, a morte apenas facilitaria as coisas para alguém como ele e Severo queria vê-lo sofrer e pagar por tudo que fez em todos aqueles anos.

A porta atrás dele se abre de forma violenta, revelando uma mulher de roupão completamente desorientada, ela havia demorado para aparecer, uma pena, Severo a reconhece imediatamente, ela localiza Noah ali no chão se assustando por encontrá-lo naquele estado deplorável, ela se abaixa horrorizada ao lado dele, para o checar, não havia nada que pudesse ser feito.

—O que você fez com ele? – ela perguntou quase aos gritos, tentando socorrê-lo de alguma forma, Severo a encara por um momento pensando que não seria uma má ideia vê-la se juntar ao seu cúmplice, afinal ela era tão culpada quanto ele por tudo que acontecia naquele lugar, Severo sorri por sentir que estava sendo vingado em dose dupla, apontando a varinha mais uma vez agora em direção a mulher histérica a sua frente.

—CRUCIO – ele disse sem sentir nenhuma piedade e vendo-a cair por cima dele e começando a agonizar de dor também, assim estava melhor, então ele saiu, fechando a porta com cuidado atrás de si, e deixando para trás dois vermes se debatendo no chão, eles levariam alguns dias para conseguirem se recuperar completamente daquelas dores musculares insuportáveis, ainda mais sem nenhum medicamento mágico que pudesse ajudá-los. Aquilo tinha valido muito a pena. Prestes a cruzar a porta da frente ele escuta alguém descendo as escadas sutilmente atrás de si.

—Espere – ele ouve uma voz familiar o chamar, era a garota trouxa, Catarina a amiga mais velha de Shara, ele se vira, para encará-la, ele usava os trajes de comensal, permanecendo completamente irreconhecível, não que isso importasse - eu não sei o que fez exatamente, com eles lá dentro, mas imagino que deve ser algo bastante ruim - ela disse apontando para a porta, ele não se moveu - pelos gritos - ela justificou, de fato ele não havia lançado nenhum feitiço de privacidade ali, se alguém estivesse acordado, certamente teria ouvido - de qualquer forma… eu gostaria de agradecê-lo - ela disse enquanto descia todos os degraus - obrigada, obrigada por se importar conosco, quando ninguém antes se importou – ela disse, havia lágrimas escorrendo pelo seu rosto, ele notou, e ele assentiu, simplesmente não havia nada a ser dito - por favor, poderia entregar isso para Shara? - ela disse se aproximando, ela segurava um embrulho semelhante com o embrulho entregue para ela no ano anterior - ela ainda não me escreveu, eu gostaria muito disso - ela parecia triste, e ele estranhou aquilo, mas pegou o pacote, sumindo na escuridão.

Severo caminhou em silêncio até o início da rua, entrando em uma viela escura, agora ele estava mesmo precisando de umas boas doses de whisky de fogo para ajudar a amenizar o peso daquele dia infernal, ele precisava de algo que fosse suficientemente forte, algo que fosse capaz de fazê-lo esquecer pelo menos por um momento aquelas memórias desagradáveis que ele tinha visitado ali, ele fechou os olhos tentando limpar a mente, completamente sem sucesso.

Ver a criança acuada, tentando se defender daquele maldito trouxa bêbado, traziam lembranças ruins de um passado distante, se ela não tivesse conseguido manifestar sua magia naquela noite, o estrago teria sido infinitamente pior, e com esses pensamentos em mente ele foi tragado completamente pela escuridão, Severo aparata até a entrada dos terrenos de Hogwarts, sem nenhum desvio ele se direciona aos seus aposentos pessoais nas masmorras.

Se sentindo exausto ele tira aquelas vestes imundas, que o faziam se sentir um genocida às lançando no chão e as fazendo sumir do seu campo de visão, ele alcança a garrafa tão almejada e estava terminando de se servir, quando notou as chamas da lareira oscilando as suas costas, anunciando um visitante pela rede de Flu, sim ele estava esperando por isso, era previsível que ele viria, sem se virar, sentindo a presença iminente do seu visitante ilustre, Severo diz com ironia.

—Boa noite Alvo, a que devo a honra, a esse horário? - ele disse fingindo acreditar que aquela seria apenas uma visita convencional.

—Severo, o que fez com aquele homem? – ele perguntou o ignorando, e agindo de forma objetiva, ele apreciava isso.

—Vejo que as notícias correm mesmo muito rápido por aqui, ou será que estava me espionando? – Severo perguntou aborrecido por sentir o tom de frustração que o diretor havia empregado.

— A primeira opção – Alvo disse sério.

—O ministério, suponho? – era óbvio.

—Sim, acabei de receber uma correspondência informando que foi detectado ação mágica imprópria na Londres trouxa – Alvo o encarava com frieza – bem pense só a minha surpresa quando me deparei com o endereço de onde aconteceu o ocorrido.

—Um pequeno acerto de contas - ele disse sem revelar muito do que poderia ter acontecido.

—Entendo - o diretor disse o encarando - bom acredito não ser necessário mencionar que minha maior surpresa foi ver a lista dos feitiços imperdoáveis que foram lançados essa noite, sendo três de tortura e um feitiço de morte - Alvo disse parecendo completamente desapontado - um feitiço da morte? - o diretor perguntou.

—Apenas um rato - Severo sorriu - no sentido literal da palavra é claro.

—Feitiços imperdoáveis Severo, como ousa? - ele o encarava.

—E o que pretende fazer com essa informação? me delatar? – Severo perguntou debochando, sabendo que dificilmente ele faria algo assim, não depois de todos esses anos.

—Sabe, Severo eu fiz uma visita à ala hospitalar no início desta noite e encontrei Poppy, ela me pareceu bastante abalada, não precisei perguntar muito para que ela me contasse o triste ocorrido dessa manhã, quando iria me contar a respeito disso? - ele perguntou chateado.

—Outro dia, quem sabe, havia algo mais importante que precisava ser resolvido antes disso – ele admitiu de forma irônica, fazendo menção a aquilo que eles estavam discutindo ali.

—Você agiu como um tolo ao deixar com que suas emoções o guiassem dessa maneira - Alvo disse finalmente chegando ao cerne do que ele achava ser o problema ali.

—E depois de tudo que aconteceu essa manhã, de tudo que eu já sabia, esperava o quê Alvo? - Severo disse com certa agressividade - que eu fingisse não ver? que eu agisse de forma indiferente a isso? - Severo o encarava - esperava que eu me comportasse como você? - Severo acusou - e não fazer nada.

—Sinto pela criança – Alvo devolveu - sinto pelo que ela teve que passar nas mãos daqueles trouxas e naquele lugar por todos esses anos, mas não se deixe cegar pelo ódio, talvez não veja, mas você ainda é muito mais útil para ela enquanto está aqui do seu lado a protegendo, do que preso em Azkaban - Severo riu daquilo, como se essa fosse mesmo a real preocupação do diretor ali, Alvo o conhecia, foram anos agindo como comensal da morte, e obviamente que eles lhe renderam alguns bons ensinamentos e o principal e o mais importante de todos é nunca deixar ser pego.

—Não me subestime Alvo - Severo o acusou - Eu conheço suas reais motivações, e não se preocupe, a ordem não será responsabilidade por isso e nenhum dos seus planos serão frustrados ou algo do tipo – Severo disse com desprezo - eu me certifiquei de estar devidamente disfarçado para este trabalho, já que estava usando os meus trajes de comensal e sobre a varinha… - Severo a retirou do bolso a quebrando no meio na frente do diretor, com cara de deboche - obviamente não é a minha varinha oficial - o diretor parecia impressionado, quem ele achava que ele era? Um precipiante? - Sobre Azkaban, não será tão fácil, a menos é claro que pense em me delatar - ele disse sorrindo com o canto da boca.

—Seu modo operandi não deixa de me surpreender, você é de longe o mais bem preparado aqui, mas ainda assim eu reitero que suas ações foram bastante imprudentes Severo, você está se movendo pela emoção, quando você melhor do que ninguém sabe que ações desse tipo devem ser pautadas no racional - o diretor disse o encarando - respondendo sua pergunta, não eu não estarei o delatando, afinal eu não gostaria de perder um dos meus melhores professores para Azkaban tão cedo, mas você deveria ter falado comigo, eu saberia o que fazer - ele disse deixando Severo ainda mais irritado, aquele não era um bom momento para lições de moral, não conseguindo controlar sua fúria ele arremessa o copo que estava segurando com força contra a parede de pedras a sua frente.

—Saberia mesmo o que fazer diretor? - ele perguntou de forma hostil o encarando - Saberia? assim como você soube o que fazer quando pedi que protegesse Lili? ou quem sabe Maeva?... Bem, apenas não espere que eu fique sentado esperando para ver o destino da MINHA FILHA definhar nas suas mãos, não DESSA VEZ - ele disse de forma exaltada.

—Achei que já tivesse superado isso Severo - o diretor disse mantendo a cordialidade, mas ele nunca poderia superar aquilo, nunca e depois de alguns minutos sem nenhuma resposta o diretor suspirou cansado sabendo que não obteria nada dali - Quão ruim é o que você viu Severo?

—Muito ruim - ele disse de forma ríspida - o pouparei dos detalhes, acredite bastante sórdidos.

—Eu posso ver que algo vem mudando, já que essa é de fato a primeira vez que o ouço a chamar de filha - Alvo pontuou - algo que antes era completamente indesejável e indiscutível.

—Eu não tive escolhas, você sabe disso, eu não quis nada disso… e mesmo assim tudo isso foi imposto a mim…

—Errado - o diretor o interrompeu - todos nós, sempre temos escolhas Severo, você fez a sua é claro, mas presumo que tenha feito a escolha certa - Severo o encarou para notar que agora ele sorria, aquele velho era insano - Os imperdoáveis são fáceis de detectar já que podem ser controlados e rastreados pelo ministério, tal qual foram aqui - Alvo disse mudando de assunto - mas te conhecendo bem o suficiente, tenho certeza de que você pensaria em algo mais elaborado que isso, algum outro feitiço certamente, o que você fez? Que feitiço lançou sobre aquele homem? – Alvo estava certo, os imperdoáveis, não teriam sido o bastante, não ao ponto de deixa-lo satisfeito ali, ele queria algo que fizesse com que aquele trouxa se lembra-se todos os dias, daquele dia especifico, daquele 6 de novembro, um presente especial para Shara, a vingando por tudo que ela havia passado naquele lugar terrível e sim isso certamente resolveria.

—Eu fiz - Severo admitiu - usei meus mais singelos conhecimentos em magia negra e criei um inferno temporal - Severo sorria com malícia ao se lembrar das feições daquele trouxa maldito e principalmente ao ver o semblante surpreso do diretor.

—Interessante, e imagino que você tenha escolhido bem as memórias que ele irá reviver em seus sonhos todas as vezes em que for dormir? - Alvo perguntou curioso.

—Certamente ele terá pesadelos terríveis - Severo confirmou, aquele era um feitiço das trevas, muito antigo, era usado para enlouquecer seus oponentes, não era um feitiço fácil e poucos poderiam utilizar, pois para aplicá-lo era necessário acessar a mente do seu opositor, e descobrir suas maiores fraquezas, Severo uniu as duas coisas ali, ao acessar as memórias daquele maldito trouxa para encontrar as que pertenciam a Shara, e para acessar salas escuras e encontrar os pontos que ele iria precisar para findar o feitiço, aquele trouxa iria lidar com seus medos todas as noites, talvez assim ele aprendesse a supera-los, pura ironia do destino, com sorte ele enlouqueceria.

—Severo, uma boa escolha – Alvo disse colocando a mão em seu ombro - eu não teria pensando em nada melhor do que isso - ele disse, dessa vez o pegando de surpresa, Alvo se vira, se voltando até a rede de Flu e sumindo no meio das chamas. Aquele velho era mesmo imprevisível, afinal o que tinha sido tudo aquilo?


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Notas finais do capítulo

Então... está entregue.
Gente, que capitulo difícil heim... quero fazer algumas considerações, sobre ele, mas depois me contem, espero ter atendido as expectativas :)

A cena em que Severo encontra as crianças na cozinha e depois transfigura as torradas em um bolo de chocolate, bem é uma cena que não muda e nem interfere em nada na história, mas esta ali, pois nesse capitulo Severo é mal, é sádico e consigo imagina-lo perfeitamente nesse papel, mas eu queria mostrar no mesmo capitulo os dois lados dele e de como ele consegue sim separar o Severo comensal da morte, para o Severo (agora pai) depois de Shara, por que sim ele esta mudando né. Existem dois Severo nessa história e queria deixa-los em evidencia :)

Modo comensal da morte ON (adorei esse termo) amei escrever a parte onde ele meio que esfrega a cara do Noah no vidro (meio estranho dizer isso) mas cara Noah mereceu cada momento, foi tenso... depois de escrever a parte do abuso, sério, Noah podia morrer... mas Severo tem razão morrer seria muito fácil.

E o inferno temporal, pensa reviver todas as noites um looping sem fim dos seus maiores medos, talvez eu optaria em não dormir, mas sabemos que depois de algumas noites em claro, ninguém aguentaria... acho que ele esta sendo castigado de uma forma terrível e feliz 6 de novembro (Shara será sempre lembrada assim né)

E não podia faltar o CRUCIO atendendo os pedidos, esse capitulo leva esse titulo!
Obrigada a todos que estão acompanhando, espero que estejam gostando.



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