Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 31
Futuro - Treino de Quadribol




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809277/chapter/31

—Shara o que há de errado com aquela garota ridícula? – Gina perguntou um tanto quanto aborrecida, enquanto chamava sua atenção - vocês brigaram de novo ou algo assim?

—O Que? Quem? – Shara perguntou concentrada, tentando entender a quem Gina se referia ali, já que ela literalmente não podia tirar os olhos do caldeirão, aquela poção era muito mais difícil de gerenciar, qualquer distração e seria um desastre completo.

—Diaz, é obvio, ela não para de olhar pra cá, sinceramente chega a ser irritante, talvez você devesse dar uma olhada, já que é evidente que é a sua atenção que ela deseja capturar – Shara baixou um pouco o fogo para ganhar alguns minutos e passou seus olhos sobre a garota loira que estava a apenas algumas carteiras de distância a sua frente, de fato ela parecia querer comunicar algo e Shara revirou os olhos, ela havia decidido não dar mais nenhuma importância para os comentários e investidas daquela garota insuportável, no mínimo ela queria distraí-la com algo outra vez, mas agora Shara estava muito mais preparada e não seria tão fácil assim.

—Apenas ignore – Shara disse, voltando seus olhos para o caldeirão outra vez.

—É... acho que não, já que ela está passando um bilhete – Shara suspirou irritada, qual era o problema daquela garota? Enquanto observava um papelzinho cuidadosamente dobrado que vinha voando em sua direção, assim que o bilhete estava próximo o suficiente e que Shara fez menção em alcança-lo no ar, alguém já o havia pego antes dela, Diaz, Shara notou estava virada pra frente como se nada tivesse acontecido, claro algo tipicamente sonserino, e ela resolveu não se importar, voltando seus olhos para o caldeirão outra vez, felizmente estava tudo sob controle ali. Já o professor Snape havia simplesmente colocado o bilhete no bolso, sem dizer nenhuma palavra e continuou sua ronda pela sala, averiguando os demais trabalhos e parando na bancada de Diaz, apenas para tapeá-la na cabeça, isso fez Shara sorrir, pelo menos o professor havia notado que não tinha sido ela que havia começado aquilo.

—Idiota – Shara disse olhando para frente.

—Só agora que notou? – Gina disse de forma divertida.

—Eu me refiro a Carla – Shara sorriu com aquele comentário, pelo menos as coisas estavam mais leves nesses últimos dias e muito mais parecidas com uma rotina de verdade, ela apreciava isso, sim ela apreciava muito isso.

—Tanto faz, ambos são – Gina disse dando de ombros - o que será que ela queria? – Gina perguntou curiosa, deve ser algo importante, afinal ela meio que se arriscou mandando o bilhete – Gina parecia estar pensando sobre aqui.

—Sinceramente, não me importo – Faziam dias que elas não trocavam uma palavra sequer, era estranho já que elas estavam no mesmo dormitório e se encontravam diversas vezes no dia, mas era muito melhor assim, aquela garota não fazia a menor diferença na sua vida e não era o tipo de pessoa que Shara poderia sentir qualquer afinidade, ela pensou enquanto observava a poção borbulhar na sua frente, percebendo que já estava na hora de acrescentar outro ingrediente para que a poção realmente pudesse adquirir a coloração adequada, Shara amava fermentar, aquilo era quase como entretenimento para ela, já Gina não parecia se importar tanto, mas ainda assim era uma excelente companhia.

—Tem certeza que não quer ir no treino de quadribol hoje à noite? – Gina perguntou descontraída – vai te fazer bem acredite e você está adiantada com as atividades, tenho certeza que irá finalizar tudo até mesmo antes do prazo – a amiga estava insistindo a semana toda, era impressionante como Gina gostava daquele esporte, por vezes ela só falava sobre aquilo.

—Eu realmente não posso Gina, eu estaria morta no dia seguinte se o fizesse – ela disse enquanto olhava discretamente para o professor que estava de costas para elas agora, tirando pontos de uma dupla de grifinórios, apenas mantendo a tradição, ela suspirou.

—Ahhh desde quando ele controla sua vida desse jeito? – Gina perguntou indignada – e não é como se você estivesse quebrando regras ou coisas do tipo, você não está! Quebrar regras é outra coisa, como ter acesso a um livro da sessão restrita, por exemplo – ela a lembrou, sim não havia um critério, e Gina estava certa sobre isso.

—Gina, entendo mas eu não posso – Óbvio que Shara queria ir mas não era tão simples assim, aquilo envolvia tantas outras coisas, e bem ela havia prometido também.

—Por acaso ele é seu pai agora? – Gina disse cruzando os braços, Shara encarou a amiga por alguns segundos enquanto voltava seus olhos sobre o professor outra vez, ele havia retornado para a bancada principal, na frente da classe, ele era incrivelmente assustador, sua presença poderia intimidar qualquer um, ele tinha um lado sombrio, que lhe dava calafrios, mas ao mesmo tempo, havia algo nele que ela ainda não havia conseguido identificar e ele conhecia sua mãe, talvez, só talvez ele  conhecesse seu pai também, Shara sentiu o colar pulsar, isso estava se tornando bastante comum ultimamente, mas ainda assim era estranho, e ela colocou as mãos sobre ele discretamente.

—Não ele não é – ela respondeu, percebendo que Gina estava ali esperando por uma resposta – não seja ridícula – ela concluiu.

—Justamente e esse é o ponto – Gina disse – e bem Harry pediu pra te avisar que ele pode te ajudar se você topar - Shara suspirou, eles não desistiriam tão fácil.

—Certo, a resposta é não de qualquer maneira... mas o que exatamente ele tem em mente? – Gina sorriu, com o comentário da amiga.

—Você tem medo de ser pega não é mesmo? – Gina disse praticamente afirmando aquilo – pois bem use a capa dele, eu a trouxe na bolsa, e ele pediu para te convencer e te entregar, então não decepcione - ela sorriu - sabe de alguma forma ele também quer muito que você vá hoje a noite – Gina disse cutucando a amiga e óbvio que aquilo fez ela corar, Harry era um bom amigo. 

—Uma capa, é sério isso? – Shara perguntou, tentando ignorar as insinuações da amiga – sinceramente quer que eu saia escondida, e me cubra com uma capa? – ela reforçou, indignada.

—Hummm você não sabe sobre a capa dele – Gina disse de forma divertida – pois bem não é uma capa qualquer, sua cabeça oca, é uma capa de invisibilidade – ela disse e Shara levantou as sobrancelhas em sinal de confusão, isso existia?

—Pare de fazer esse negócio com as sobrancelhas, é sério... você se parece com ele assim – Gina disse lançando um olhar horrorizada para o professor e Shara ignorou isso Também.

—Uma capa de invisibilidade… como assim? O que isso faz? – Shara perguntou curiosa.

—Sério? Você é meio lerda heim – Gina gargalhou um pouco mais alto do que deveria e aquilo chamou a atenção do professor, que agora as estava fuzilando de forma letal.

—Srta. Weasley - ele disse de forma arrastada - talvez deseje compartilhar com o resto da classe o que pode haver de tão engraçado na sua poção? – ele pediu com ironia e Gina se calou imediatamente, enrijecendo  – achei que não – ele disse satisfeito - menos 5 pontos para a grifinória – Shara viu Gina fechando os punhos com força.

—Sério Shara você vai nesse treino nem que eu te arraste – ela disse visivelmente chateada com ele – idiota – ela disse apenas para Shara ouvir.

—Olha eu fico imensamente feliz que todos desejem a minha presença tanto assim. mas...– Shara estava começando a ficar nervosa, ela não podia sair, e não podia principalmente fazer isso a noite, ela nem sequer sabia o motivo daquilo, já que ele não havia dito e eles também não haviam se falado mais, depois daquilo,  Shara apenas notou o olhar diferenciado do diretor sobre si nos dias seguintes, era obvio que ele e o professor falaram ao seu respeito, mas ela estava completamente cega ali, ela detestava essa sensação.

—Apenas use a capa – Gina disse – e ninguém vai notar que você saiu do castelo, ou vai me dizer que você tem medo dele? – ela perguntou a desafiando, bem ela meio que tinha medo dele, quem não tinha? 

—Me dê essa maldita capa – Shara pediu – eu irei mas com uma condição, apenas 1 hora, uma única hora e estarei voltando para o meu dormitório – ela sabia que não deveria ir, já que ela estaria descumprido uma de suas ordens ali, e isso fez com que ela sentisse aquele  frio na barriga característico, mas ele não poderia pegá-la naquilo, já que ela estaria invisível não é mesmo? e esse era o espirito da coisa, esse era o jeito Sonserino de fazer algo acontecer, faça o que tem que ser feito e não deixe ninguém pegá-lo nisso. Shara olhou para a poção que havia chegado no ponto ideal agora e desligou o fogo, satisfeita com o trabalho que elas haviam feito ali, pronto agora era só engarrafar, dessa vez elas haviam sido as primeiras a terminar, e o professor Snape sempre costumava liberar os alunos conforme eles fossem finalizando, ela se dirigiu até a mesa dele, para deixar a poção, quando notou o bilhete de Diaz no centro da bancada, não seria tão errado assim pega-lo não é? Afinal aquele bilhete era pra ela mesmo, ela levantou os olhos discretamente apenas para averiguar que o professor Snape realmente não estava por perto, e ele não estava, Shara não pensou duas vezes, ela apoiou a poção que ela estava levando no lugar que ele havia destinado pra isso enquanto pegava o papel sorrateiramente e o colocava no bolso de suas vestes, estava feito, ela caminhou lentamente até sua bancada de trabalho, começando a organizar seu material e ela e Gina  estavam  prestes a sair. 

—Srta. Epson – ela o ouviu chamar, com aquela voz arrasta de sempre - você fica – ele pediu com certa rigidez, oque? Por que? Ela achou melhor não questionar, sentindo seu coração acelerar, será que ele havia percebido o que ela tinha acabado de fazer?

—Sim senhor – ela disse desanimada, sentando, Gina que não havia percebido o que ela havia feito a estava olhando com solidariedade agora.

—Te vejo no almoço então e te entrego... você sabe – ela sorriu tentando anima-la – vou avisar Harry, ele estava convencido de que você aceitaria – ela piscou para a amiga, enquanto saia, Shara se sentou e apoiou a cabeça sobre a bancada, já que ela teria mesmo que esperar. 

Cerca de meia hora depois, quando o último aluno saiu da sala de aula, frustrado por não ter conseguido finalizar a poção, Shara achou que aquele era o momento certo e se aproximou da bancada principal, enquanto ele rabiscava algo em um livro.

—Com licença - ela disse e ele sinalizou com a mão para que ela o esperasse terminar, Shara estava começando a ficar impaciente, ela bufou e isso chamou sua atenção.

—Com pressa Espon? - ele pediu com ironia, de certa forma sim, ela queria sair dali o quanto antes, afinal a sensação que ela estava sentindo no momento era de que havia cometido um crime e estava prestes a ser pega por isso.

—Com fome - ela mentiu, além do que seria uma mentira dizer que ela não estava chateada com tudo aquilo de não ter nenhuma informação, não era justo afinal ela havia compartilhado com ele a visão, aquilo era pessoal e em troca ela não havia obtido nenhuma explicação, apenas “não faça isso, não faça aquilo” ela detestava se sentir assim.

—Esteja na minha sala hoje a noite depois do jantar e traga seu material, vamos ver o quanto de energia você tem empregado naquilo que realmente é útil  – ele ordenou de forma rígida sem sequer levantar os olhos para ela.

—Hoje? – ela engoliu em seco, aquele era bem o horário do treino da Grifinória, ela não poderia ser mais azarada, aquilo chamou sua atenção, obviamente ele não parecia muito feliz.

—Hoje – ele arqueou as sobrancelhas encarando – não se atrase - ele reforçou - agora saia – ele mandou, Shara lembrou de Gina lhe dizendo sobre ele controlar a sua vida, bem ele meio que podia não podia? Mas ela achou que valeria mais uma tentativa.

— Professor… - ela chamou, tentando usar o tom de voz mais doce possível ali - será que podemos fazer isso amanhã? – ela pediu, cruzando os dedos, e ele a olhou desconfiado, hora de  se justificar ela pensou, seja convincente e seja rápida – bem eu meio que pensei em dormir mais cedo hoje, estou tão exausta já que passei os outros dias me dedicando aos estudos – ela mentiu miseravelmente ali, torcendo para que desse certo, ele parecia pensar sobre aquilo - por favor - ela finalizou.

—Amanhã cedo, as 8:00 hrs e sem mais alterações – ele disse irritado, era bem cedo já que amanhã era sábado e todos dormiam até mais tarde, mas era o melhor que ela havia conseguido – se vai dormir cedo, presumo que não terá problemas como o horário – ele disse, parecendo ler seus pensamentos.

— Não senhor, obrigada – ela disse tentando não parecer tão animada, havia mesmo dado certo era inacreditável, aquele era seu dia de sorte, ela se virou se retirando.

—Epson – ele a chamou quando ela já estava na porta – a propósito menos 5 pontos para a Sonserina por retirar algo da minha mesa sem permissão - ela arregalou os olhos, não era possível -  não sei o que havia naquele bilhete, mas não quero ouvir sobre você se metendo em problemas com aquela garota outra vez, controle seus impulsos, está me ouvindo? – ele ordenou, maldição, como ele fazia aquilo, como ele poderia saber? Ela assentiu saindo da sala com pressa, antes que aquilo pudesse piorar, aquele homem era mesmo impossível, após caminhar por dois ou três corredores, ela finalmente abriu aquele mísero bilhete “me encontre na biblioteca após o almoço, tenho um assunto do seu interesse, C.D.” Shara revirou os olhos, o que aquela garota poderia ter de tão relevante para contar? Agora ela queria saber.

Shara sentou ao lado de Gina na mesa da Grifinória, Harry estava alguns lugares a frente, mas sorriu para ela, ele sorria de forma diferente e ela apenas assentiu, certamente Gina já havia contado a novidade.

—Shara essa é a capa – Gina mostrou de forma discreta, enquanto a colocava em sua bolsa, era uma capa muito bonita, toda trabalhada – cuide bem dela, são bastante raras, essa era do pai do Harry, ele deixou com o diretor antes de morrer, e o diretor meio que devolveu pro Harry no natal do ano passado – Shara parecia meditar sobre aquilo, ela sabia como Harry podia se sentir com aquilo, era como ela se sentia com a carta da sua mãe.

—Eu não deveria estar com isso – Shara disse – isso é tão pessoal e cheio de significados, Gina, não esta certo – Shara olhou para Harry que estava distraído agora.

—Shara, foi ideia dele, então apenas a use e depois devolva – Gina disse de forma simples.

—Não acredito que vou mesmo fazer isso – ela disse sentindo o frio na barriga outra vez –o professor Snape, me pediu para comparecer na sala dele hoje depois do jantar, Gina tudo isso só faz piorar, eu neguei, você tem ideia do que eu fiz? Eu menti, aleguei que estaria indo dormir mais cedo – ela colocou a mão na cabeça - ele vai me matar se souber.

—Ele não vai saber – Gina disse a incentivando – e ele não vai te matar, ele gosta de você.

—Pare de repetir isso, se você soubesse como ele é na maioria das vezes, você não diria isso nunca mais – Shara percebeu o olhar assustado da amiga, ela não deveria ter dito isso daquela forma - consegui o bilhete da Carla – Shara informou mudando de assunto – eu meio que o peguei escondido da mesa do professor – ela disse antes mesmo da amiga perguntar – ela quer me encontrar na biblioteca depois do almoço, disse que tem algo do meu interesse para me mostrar, bom pelo menos é um lugar público, então eu vou – Shara disse convencida.

—É um lugar público e bem isso ajuda bastante, mas tome cuidado Shara eu não confio nela – Gina disse receosa 

—Eu sei, e eu não confio também, mas confesso que me interessa saber do que se trata, e você tem razão, ela não viria até mim se não fosse algo com alguma importância – Shara disse.

—Se preferir eu posso ir com você – Gina se ofereceu, Shara apreciou isso, e agradeceu a amiga, mas de qualquer forma ela sentia que era algo para se fazer sozinha, Gina não insistiu, ela não era como Beta. Após o almoço Shara se levantou e se direcionou até a biblioteca, Diaz ainda estava no salão principal quando ela saiu, ela iria esperar, seria melhor se elas não fossem vistas saindo juntas, já que aquilo poderia chamar a atenção, Shara procurou uma mesa que fosse mais visível possível para se sentar, assim elas poderiam ser vistas com facilidade, melhor garantir ela pensou e abriu um livro do seu interesse enquanto aguardava, o que não precisou muito.

—Epson - Shara viu Diaz se aproximando, ela também estava sozinha, o que era uma grande novidade, ela estava com um pedaço de pergaminho enrolado na mão, aquilo foi a primeira coisa que Shara notou e era estranho estar ali com aquela garota, elas se detestavam desde o dia que se viram pela primeira vez, elas eram tão diferentes e elas não haviam se falado mais depois do ocorrido com o colar e do suposto acidente no salão comunal da Sonserina.

—Seja breve – Shara disse - Não estou no clima para encrencas - Shara disse antes que ela começasse a implicar ou coisa do tipo, se lembrando do conselho que o professor Snape havia dado, controle de impulsos, ela poderia lidar com isso.

—Estou quase arrependida – Diaz disse incomodada – só tente agir mais naturalmente, também não quero chamar a atenção principalmente do seu lado – ela disse se sentando - tenho algo, algo que eu sei que vai te interessar – ela mostrou o pergaminho, ainda fechado.

—Honestamente, não sei se quero mesmo saber - Shara disse de forma vazia – por que está fazendo isso? – Shara perguntou sendo direta – você não faz o tipo altruísta, então não tente me enganar.

—Bom eu vim propor uma trégua entre nós duas - ela disse sem rodeios também, e aquele comentário fez Shara rir, claro, bem normal então do nada aquela garota resolveu que poderia haver uma trégua, sim Shara acreditava nisso assim como acreditava no coelhinho da páscoa.

—Trégua? Uma trégua com você? - Shara a olhou desconfiada – eu acho que você vai precisar tentar outra coisa, não está funcionando – Shara cruzou os braços esperando uma desculpa menos esfarrapada, e Diaz bocejou mostrando desinteresse.

—Você é entediante sabia? - ela disse - bom digamos apenas que resolvi te ajudar a provar sua descendência, eu sei que não costumo me misturar com gente como você e isso pode ser chocante – Shara fechou a cara ali – mas estou abrindo uma exceção aqui para aceitá-la no grupo, convivência pacífica apenas, afinal você dorme sobre o mesmo teto que eu, e preciso me acostumar com isso e bem seria essa a oportunidade para você resgatar memórias do seu passado, tudo aquilo que você não lembra, conhecer seus pais e provar enfim que merece estar na Sonserina junto conosco - ela disse sorrindo com uma pitada de ironia - claro que precisarei das provas e bem terá que valer a pena também, mas estou disposta a ajudá-la, quem sabe em outro momento você possa me recompensar - aquilo soava bastante sonserino, Shara não podia negar.

—Do que está falando? - Shara perguntou, Diaz tinha razão, aquilo despertava seu interesse, não sobre ser aceita na Sonserina, ela não se importava com isso, mas ela estava cada vez com menos informação e cheia de perguntas sobre o seu passado, ela não tinha a quem recorrer, afinal todos ali estavam dispostos a não oferecer nenhum conhecimento, e se houvesse mesmo uma forma de saber sobre o seu passado? Se houvesse uma maneira de conhecer seus pais e saber o que aconteceu com eles? Ela sentiu seu coração acelerar, já que aquilo seria algo que ela tentaria com toda certeza. 

—Uma poção – Carla respondeu, enquanto abria aquele pergaminho bastante surrado pelo tempo - é da biblioteca pessoal da minha família, está conosco a anos, meus pais contam que era bastante usada na guerra, já que muitas memórias eram manipuladas, com essa poção não, através dela era possível acessar as memórias genuínas dos presos nas batalhas - Diaz explicou indo direto ao ponto, e pela primeira vez Shara prestou atenção em cada palavra que ela havia dito até o final.

—Como funciona? - Shara perguntou enquanto lia os ingredientes, um a um ela mal os conhecia e não fazia ideia de como consegui-los.

—Bom, justamente isso…  ao toma-la você abre sua mente, bem todos nós temos memórias de após o nosso nascimento, elas estão aqui dentro – Diaz disse apontando para a cabeça – mas infelizmente não podemos acessar, elas meio que ficam no nosso inconsciente, mas com essa poção você pode se conectar com elas e resgatá-las, apenas aquelas que valem a pena é claro, como ver o rosto dos seus pais e saber o que aconteceu com sua família - Diaz tinha aquilo na ponta da língua, Shara estranhou, mas mesmo assim ainda parecia bastante tentador.

—Por que você está me contando isso? - Shara sabia que havia algo a mais ali.

—Uma trégua já disse - era evidente que não era sobre isso, mas a poção era real e era sua melhor alternativa, já que ela sabia que ninguém iria lhe fornece qualquer informação ali, ela estava sozinha com aquilo.

—Não conheço nem metade desses ingredientes, como vou conseguir isso? - Shara nunca tinha ouvido falar naqueles itens, era uma poção avançada também, e aparentemente difícil de fazer – não tenho habilidades para isso – ela admitiu.

—Não se vanglorie – Diaz disse de cara fechada – mas você é a melhor da turma em poções, tenho certeza que vai tirar isso de letra – era até estranho ouvir Diaz falar algo positivo sobre ela assim – eu já disse para não se vangloriar – ela enfatizou  – e para provar que realmente quero ajudar, eu consigo os ingredientes, quer dizer meus pais no caso, eles podem conseguir pra mim se eu pedir - ela informou - só tem um ingrediente, apenas um que não tenho como conseguir e que você terá que buscar sozinha, por que precisa ser fresco – ela informou dando de ombros.

—Qual? - ela perguntou, até o momento tudo parecia fácil demais, certamente tinha que a ver algo.

—Hynodora dourada - ela disse, apontando para o pergaminho - é uma espécie de flor, bastante rara, porém existem algumas na floresta proibida, elas só desabrocham a noite, a luz da lua - ela disse floresta proibida? Shara engoliu em seco, à noite? pior ainda, aquilo soava como quebrar as regras da escola e soava como desobedecer ao professor Snape, mais uma vez... e uma luz vermelha acendeu na sua cabeça, ela sabia que não deveria prosseguir com aquilo, ela sabia.

—Não podemos entrar na floresta - Shara disse e Diaz enrolou o pergaminho quase que imediatamente.

—Bom nesse caso, sem poção - Diaz disse se levantando.

—Espere… darei um jeito - Shara nem acreditou que estava fazendo mesmo aquilo, esse sim era um risco que ela estaria disposta a correr - consiga os demais ingredientes -  Shara pediu, eu pego a flor - Diaz sorriu satisfeita.

—Não esperava menos de você - ela disse se levantando - me avise quando for, e não comente sobre isso com mais ninguém, essa poção não é algo legalizado, se é que me entende – isso era algo que Shara podia entender bem, vindo da família dela principalmente, mas ela assentiu, vendo a garota loira se retirar, e já que Shara estava na biblioteca, aquela era uma boa oportunidade para pesquisar a respeito daquela flor, ela iria consegui-la, ela iria bolar um plano, aquela era no momento sua melhor oportunidade, e ela estava apenas alguns passos de descobrir a verdade, isso valeria qualquer castigo e detenção que fosse.

Shara estava acabando o seu jantar, quando notou Gina se levantar da mesa da Grifinória e olhar discretamente em sua direção, elas haviam combinado aquele sinal, Shara deveria esperar mais uns 10 minutos antes de sair, ela deveria colocar a capa dentro de um banheiro, tomando o cuidado para que ninguém a visse e ir direto para o campo de quadribol, ela estava bastante nervosa com aquilo tudo, já que não era algo que ela estava acostumada a fazer, mas ela faria de qualquer maneira, ela havia prometido aos amigos e aquilo era algo que ela queria também e definitivamente ela estava cansada de livros e ensaios, ela havia progredido muito bem com todas aquelas atividades e isso a motivou a prosseguir, ela tinha bastante material para mostrar ao professor amanhã e dessa forma ele não iria desconfiar de nada e para ajudar ele nem sequer havia comparecido naquela refeição e isso deixou Shara um pouco menos apreensiva com aquela situação, vamos, iria ser divertido, ela disse pra si mesma.

Shara estava sozinha no banheiro feminino do segundo andar, ninguém nunca aparecia por lá, ela colocou a capa por cima do seu corpo, deixando apenas a cabeça descoberta, aquilo era realmente fascinante, ela nunca tinha visto nada assim antes, então ela cobriu a cabeça e saiu. 

Seus amigos já estavam na arquibancada, quando ela chegou, e Shara não poderia perder a oportunidade de provocar a amiga, baixando o gorro de Gina assim que se aproximou.

—Ei, eu sei que você está aí – Gina disse divertida, enquanto Shara se livrava da capa.

—Sério, isso é verdadeiramente incrível – ela disse fascinada.

—Eu sei – Gina sorriu.

—Ei – Harry se aproximou, ele já estava na vassoura devidamente uniformizado – vejo que fez bom uso da capa – ele disse animado.

—Fala sério… você tem muita sorte por ter algo tão incrível assim, sabe se fosse comigo eu não sei se teria maturidade suficiente para restringir o uso dela e certamente me meteria em muita encrenca, já que eu meio que iria querer sair todas as noites com isso por aí – ela sorriu para ele que retribuiu com certeza ela desbravaria cada canto daquele castelo.

—Não vou nem comentar a respeito - Hermione bufou, e Shara entendeu o que ela queria dizer ali, Harry sai bastante com a capa.

—Obrigada Harry, de verdade – ela disse ao amigo e ele corou.

—Vamos pessoal, todos a postos, não temos a noite toda – Wood chamou e Harry se juntou ao restante da equipe.

—Eu quero jogar um dia – Gina disse esperançosa para a amiga – e você? 

—Ahhh não... dispenso, não me dou muito bem com vassouras – a verdade é que Shara tinha pânico de altura, mas esse era assunto para outra hora, ela queria aproveitar aquele momento da melhor maneira possível, a brisa noturna estava ótima, a luz da lua iluminava ainda mais o campo, tudo estava agradável demais para alimentar más lembranças.

— Também não gosto de voar – Hermione disse abrindo um livro, que estava pela metade.

—Você pelo menos podia parar de ler de vez em quando – Rony disse para ela – é sério, isso vai acabar te deixando maluca.

—E você deveria parar de comer, está sempre comendo – ela devolveu irritada, Shara riu, eles eram muito engraçados juntos. 

Shara se sentou ao lado de Gina, tentando acompanhar os passes da equipe, não era tão ruim assim, tirando a parte da altura o jogo era até interessante, Gina nem piscava, e Shara se sentiu feliz ali... ela deveria fazer isso mais vezes, ela sentiu falta de Beta, mas a amiga certamente estava na biblioteca lendo e estudando

—“Shara” - ela ouviu alguém chamando pelo seu primeiro nome, ela se virou assustada, passando os olhos por todos a sua volta, mas não havia ninguém ali e aquela não era uma voz conhecida.

—“Shara” - ela se levantou se aproximando do alambrado, talvez alguém que ela não estivesse vendo dali onde ela estava.

—Algum problema Shara? – Hermione parecia ter notado.

—Voce ouviu algo? - ela perguntou e Hermione apenas gesticulou de forma negativa - estranho tive a impressão de ter ouvido alguém me chamar – ela disse confusa, enquanto sentia um leve desconforto na sua cicatriz.

—Deve ser o vento – Hermione disse dando de ombros, Shara assentiu, ela caminhou até a parte mais alta do alambrado, a visão do campo era ainda melhor dali, normalmente aquele lugar era ocupado pelos professores e convidados durante os jogos, Gina havia explicado certa vez.

—“Shara” - ela estremeceu, a voz era bastante audível, e apenas ela podia ouvi-la e analisando bem aquela não parecia com uma voz humana, era meio pegajosa e fria, e ela sentiu um arrepio cobrir todo o seu corpo, talvez fosse melhor voltar para o castelo, ela olhou em direção a ele, ficava um pouco afastado agora, sua cicatriz estava latejando e ela não pode evitar, ela passou a mão sobre ela, esperando que não estivesse sangrando dessa vez, ela não saberia justificar isso na enfermaria.

—“Shara” - ela ouviu outra vez, parecia ainda mais perto agora, no campo a equipe estava completamente envolvida com o jogo, Rony e Gina estavam vidrados assistindo e Hermione estava entretida lendo, ela não queria alarma-los, Shara olhou por cima do alambrado, ela podia ver todo o entorno do castelo ali, principalmente a floresta, e foi quando ela notou uma mulher, Shara congelou, sentindo um medo completamente fora do comum, aquela era a mulher da sua visão, ela estava longe o suficiente, mas Shara sabia que era ela, o professor Snape tinha razão sobre ela não estar morta, como ele poderia saber?

—”Shara” – ela ouviu mais uma vez, aquela distância era impossível de ouvir qualquer um chamar, então como Shara conseguia ouvi-la? Aquilo era completamente anormal, e sem falar que ela sabia seu nome, Shara não conseguia ver a fisionomia dela dali, mas ela notou que ela havia erguido a mão, havia algo de errado acontecendo a dor na sua cicatriz aumentou um pouco mais, ela sentiu que o medo a estava dominando agora, ela já havia sentido medo assim antes, com Noah, Shara queria gritar, mas sentiu que sua voz estava falhando, ela queria correr, mas se sentiu paralisada, ela estava sentindo dificuldade de respirar, isso era algum tipo de crise? Pelo visto sim... ela não podia se mover.

Shara deveria ter obedecido o professor, ele disse para que ela não saísse do castelo, a mulher deu alguns passos em sua direção, ela não chegaria ali tão rápido, mas involuntariamente Shara também deu uns passos para trás, ela havia conseguido se mexer, mas ela não conseguiria sair dali sem passar por ela lá embaixo, ela estava encurralada, aquilo fez com que ela fechasse os olhos por alguns segundos, agora ela podia entender que seja quem fosse aquela mulher, ela representava algum tipo de perigo, como Shara sabia disso? Ela não sabia…  ao abrir os olhos a mulher havia desaparecido do seu campo de visão… o que? Isso era completamente impossível. Não tinha como ela sumir simplesmente, não daquela forma, sua cicatriz estava queimando como prova de que ela não havia ido embora, talvez ela estivesse subindo, talvez todos ali estivessem correndo perigo, Shara sentiu as lágrimas, ela estava chorando de medo agora, ela não deveria ter saído do castelo, ela deveria ter ouvido o professor Snape, então ela se concentrou aos ruídos à sua volta, mas estava tudo quieto demais, onde estavam os barulhos? As vozes dos jogadores em campo? os gritos?  Seu coração estava prestes a parar, algo havia acontecido, quando ela sentiu uma mão gelada repousando sobre seu ombro, não aquilo não poderia ser real, mas era real, ela se virou horrorizada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hummm suspense... Aguenta coração!!!
Primeiro que Shara não perde uma oportunidade pra se envolver em problemas, bom isso a gente já sabe, mas o espanto dela com a capa de invisibilidade, é tipicamente como eu reagiria, literalmente sem maturidade pra isso. :)
E o que Diaz esta aprontando heim???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinos Improváveis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.