Destinos Improváveis escrita por Nara


Capítulo 32
Futuro - A Hidra




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...Seu coração estava prestes a parar, algo havia acontecido, quando ela sentiu uma mão gelada repousando sobre seu ombro, não aquilo não poderia ser real, mas era real, ela se virou horrorizada… esperando se deparar com a mulher misteriosa da sua visão, porém o tempo parou naquele exato instante, ao se dar conta de que na verdade ela estava de frente com…

— Srta Epson - ele disse de forma bastante ameaçadora - Se achando acima das regras não é mesmo? - ele sorriu com o canto da boca, segurando seu braço com bastante força - Você não tem ideia do quão encrencada está – Shara o ouviu dizer, mas ela não estava conseguindo processar aquilo, na real ela estava atônita, Shara voltou os olhos até a floresta outra vez, mas não havia nada ali… ela havia sumido.

—"Shara" - ela ouviu a voz assustadora mais uma vez, mas onde ela estava? Ela enrijeceu, já que isso podia ser ainda pior, sentindo um arrepio descer pelo alto da sua espinha, ela estava em pânico, coração acelerado, e seu corpo todo estava em estado de alerta, ela estava com medo era evidente e sua cicatriz latejava com bastante força naquele ponto a fazendo acreditar que o perigo estava perto o suficiente agora, ela encarou o professor naquele estado de terror, e então ele se aproximou notando em seu semblante que havia algo de errado com ela.

— Epson – ele a chamou agora preocupado, segurando seu queixo, e mudando um pouco a postura ali – e sem precisar pensar muito a respeito… ela se jogou nos braços dele, enrolando seus braços em torno da sua cintura com força e desejando que o tempo parasse ali, ela apoiou a cabeça em seu peito, sentindo o calor e o cheiro dos ingredientes de poções que emanavam de suas vestes, e ali ela chorou, deixando todo o pânico se dissipar, quem diria mas ele era um alento, ela estava segura, ela sabia que sim, nem o castelo poderia lhe oferecer tanta segurança como aquilo, ela sentiu as mãos dele repousando agora mais suavemente em seus ombros e a afastando um pouco – o que significa isso? – ele pediu, com uma expressão de confusão.

—Ela… - Shara disse com dificuldade em meio aos soluços - ela está aqui e ela está vindo até mim – sua voz mal havia saído, e Shara voltou a se afundar em seu peito, ela não queria sair dali e não precisou mais do que isso para ele entender do que ela estava falando e o que estava acontecendo, e o que incidiu em seguida, foi uma sequência de ações que Shara não estava esperando, ela o ouviu conjurar um feitiço, feitiço que ela não conhecia, mas ele estava chamando o diretor, que levou apenas alguns segundos para aparecer, o diretor estava acompanhado da professora Mcgonagall, claro que Shara sabia que toda aquela movimentação não aconteceria se aquilo não fosse algo sério, urgente e perigoso, ela ouviu o diretor, chamando outros bruxos que começaram a aparatar repentinamente naquele lugar, pessoas que Shara não fazia ideia de quem poderiam ser, a professora Mcgonagall foi incumbida de levar os alunos para o castelo já que eram todos da grifinória, espere… Shara congelou ao se lembrar que ela não estava sozinha, que seus amigos... Harry, Gina e todos os outros... eles também estavam ali e eles haviam presenciado aquela cena e certamente todo o silêncio que antecedeu aquilo se dava pelo fato de que eles estavam apreensivos com a presença do professor Snape, assim de forma tão repentina, e então eles viram ela se jogando nos braços dele, como uma criança de 5 anos faria, sem um motivo aparente já que ninguém ali havia notado o que estava acontecendo, como ela iria explicar isso? Agora ela podia ouvir Harry reivindicando ao fundo...

—Mas professora, ele a encantou ou coisa do tipo – com toda certeza se referindo a ela, quem não pensaria algo parecido, afinal que aluno em plena sanidade mental, faria algo assim? Quem se jogaria nos braços do pior e mais temido professor daquela escola, como ela tinha acabado de fazer? Nem ela podia entender o porquê ela estava se comportando daquela maneira, será que ela confiava nele a esse ponto? A ponto de confiar sua vida? Sua segurança?... ela sabia a resposta daquilo, e isso a fez permanecer naquele lugar.

—Ande Potter, todos vocês, ninguém está seguro aqui fora – a professora havia dito e aquilo fez Shara se espremer ainda mais ali, apertando os braços com mais força em torno dele, o professor parecia saber o que ela estava sentindo, e ele não tentou movê-la e nem sequer se mexeu, ela ainda estava com medo, e agora envergonhada também.

—Professora, simplesmente não está certo, ele está fazendo isso apenas porque Shara veio ao nosso treino, sendo que ele a havia proibido, isso não faz nenhum sentido… – Era Gina, ela estava inconformada e Shara podia entender a amiga, mas não era verdade, eles realmente estavam correndo perigo ali e agora ela podia entender aquilo também, Shara sentiu vontade de interrompê-la e avisá-la, dizer que ela estava errada, mas ela estava completamente paralisada, sua cicatriz queimava intensamente agora, e isso a obrigou a remover uma das mãos para levá-la sobre a marca em cima do seu ombro e ela sentiu a mão do professor Snape a acompanhar e repousar em cima da sua, era estranho, mas isso parecia aliviar um pouco aquela dor, e também ajudava a regular sua respiração, de qualquer forma era bom.

—Já chega mocinha, todos andando – Shara ainda podia ouvi-los resmungar, enquanto aparentemente eles desciam as arquibancadas.

—Severo – a professora o chamou pelo primeiro nome, isso soava completamente fora de mão, eles eram amigos? E então Shara percebeu que ela não sabia nada a respeito dele – posso levar a menina se preferir – ela pediu, não… ela não queria sair dali... e ela o abraçou com ainda mais força.

—Epson, é importante que você acompanhe a professor Mcgonagall agora – ele disse passando uma das mãos em suas costas – aqui fora não é seguro para você – ela se soltou um pouquinho, apenas para encará-lo, ela sabia que estava uma bagunça e mais uma vez ela havia sujado as suas vestes.

—Venha comigo – Shara pediu, aquilo era novo, aquele sentimento... a professora havia dito que não era seguro ali fora, para ninguém, então ele também não deveria ficar ali, ela sentiu medo, por ele – por favor – ela implorou, sentindo uma lágrima escorrer pelo seu rosto, o que isso significava? Ela estava tão confusa com seus sentimentos, minutos antes ela estava chateada com ele pela falta de informações, pelas imposições e tudo mais e agora ela estava se preocupando, ela se importava, muito mais do que ela achou que poderia, e era simplesmente aterrorizante imaginar que algo poderia machucá-lo.

—Me espere na sala do diretor – ele orientou a soltando de forma sutil – Obrigada Minerva – ela o ouviu agradecer, ela sabia o que precisava ser feito, e insistir por algo diferente daquilo seria como dar um tiro no próprio pé, afinal ela já tinha problemas de sobra com o que se preocupar, sua cicatriz ainda doía, evidenciando que o perigo ainda existia, era real, Shara olhou para o alto, algo ali chamou sua atenção, aquele era o pássaro da sua mãe, ele parecia estar ajudando de alguma forma, e o mais estranho, foi que ela teve a nítida impressão de que o diretor estava falando com ele, mas o pássaro não podia falar, podia?

—Vamos querida – a professora de transfiguração disse lhe estendendo a mão, Shara sabia que deveria obedece-lo que ela deveria ir, mas ela não queria fazer, não queria deixa-lo, ainda de maneira relutante, ela lançou um último olhar para o professor na esperança de que ele mudasse de ideia sobre aquilo.

—Vá – foi a única coisa que ele disse, e então ela baixou os olhos e foi, seus amigos já estavam a uma boa distância, eles estavam sendo escoltados por outros dois bruxos mais velhos, que Shara não fazia ideia de quem pudessem ser, e eles nem sequer haviam notado que ela vinha acompanhada pela professora logo atrás, Shara caminhou todo aquele percurso em silencio, ela estava se sentindo sozinha outra vez, mesmo sabendo que estava sendo assistida de perto pela professora, e ela estava em alerta constante, varinha a postos, seja lá o que fosse, ela estaria preparada, e à medida que elas se aproximavam do castelo, Shara podia sentir que a dor na cicatriz ia diminuindo, aquilo era algo que ela precisava entender melhor.

—Por aqui querida – a professora sinalizou por um caminho completamente diferente – acredito que não deseje encontrar seus amigos agora, os conhecendo bem, penso que eles não irão poupa-la e a sufocarão de perguntas – Shara sinalizou de forma afirmativa, definitivamente aquele não era o melhor momento pra isso e Shara apreciou a sensibilidade daquela mulher em compreender isso.

—Obrigada professora – ela disse com honestidade, recebendo um olhar caloroso em troca.

—Srta. Epson, como pode ver talvez o professor Snape e o diretor demorem um pouco para retornar, chamarei um elfo e ele irá lhe fazer companhia e atender suas eventuais necessidades enquanto espera  – ela disse em tom acolhedor – peço desculpas, mas infelizmente não tenho a mesma sorte e portanto terei que encontrar aqueles pestinhas e responder algumas das suas perguntas, antes que eles inventem histórias mirabolantes e espalhem elas por todo o castelo – a professora disse de forma divertida e Shara sorriu de forma afetuosa com aquele comentário, ela era de longe muito mais espirituosa que o seu chefe de casa, embora ainda assim Shara não conseguia se imaginar, se arremessando nos braços dela da mesma maneira que havia feito com ele – você está completamente segura aqui – ela completou, enquanto apontava para que ela seguisse adiante por uma gárgula que se abriu instantaneamente a sua frente, Shara nunca havia pisado ali antes, mas ela assentiu subindo de forma obediente.

Aquele com certeza era o lugar mais incrível de todo o castelo, a sala do diretor era enorme, e muito aconchegante, havia mais de um piso, muitos quadros e muita coisa fascinante espalhada por todos os lugares, coisas que ela certamente amaria bisbilhotar se as circunstâncias fossem outras, mas ela definitivamente não estava no clima para isso, ela estava apreensiva, ela se sentou em uma poltrona bastante confortável, enquanto notou a presença do elfo doméstico que de prontidão lhe ofereceu um xicara de chá, ela aceitou ela estava tremendo, com medo, Shara sabia que apesar de toda a segurança que aquele lugar poderia oferecer, haveriam duras penas a partir dali, ela tinha sido pega infringido algo que o professor Snape havia ordenado, e ela havia mentido para ele mais cedo, e agora se não fosse por ele, ela poderia ter sido atacada lá fora, quem sabe ter sido machucada de forma grave, ou até mesmo morta, já que ficava difícil entender quais eram os objetivos daquela mulher misteriosa, ou algo ainda pior... ela havia colocado seus amigos em perigo, mais uma vez, por que ela não podia ser alguém normal? Shara sentiu seus olhos arderem com o choro que agora ela estava insistindo em segurar, ela sabia que não deveria estar ali, que ela não merecia Hogwarts e nem aquelas pessoas, ela se encolheu na poltrona, puxando as pernas contra o seu corpo e colocando a mão sobre o colar.

—”por que mãe? Por que ninguém me conta a verdade? Quem eu sou afinal de contas? O que há de errado comigo? Por que você não está aqui? Por que meu pai não está aqui? Por que vocês me abandonaram?” – Shara disse aquilo em voz alta como quem estivesse falando com um fantasma naquele momento, era difícil externar aquilo, já que doía saber que ela nunca ouviria uma resposta, apenas o elfo que a olhava de forma esquisita, ela não se importava, ela baixou a cabeça, fechando os olhos, enquanto a apoiava sobre os joelhos, ela sabia que estava soluçando, mas ela também não se importava.

Shara ouviu o barulho de vozes se aproximando, ela não podia dizer quanto tempo ela permaneceu ali naquela posição, suas pernas doíam e isso significava que havia levado um bom tempo, e ouvi-los se aproximar fez seu coração disparar por situações completamente distintas, medo e alivio. Shara notou que eles falavam de forma bastante calorosa entre si, pareciam brigar, mas assim que se aproximaram, ambos silenciaram.

—Obrigada Beny – o diretor disse para o elfo, a princípio esse era o nome dele, Shara nem havia se dado o trabalho de perguntar, o elfo se reclinou em respeito e sumiu imediatamente, e agora o diretor a estava analisando de forma peculiar, ele parecia cansado, já o professor Snape ela notou estava com as vestes sujas e parcialmente molhadas, ele também estava  lhe direcionando o olhar – Shara querida, como está se sentindo? – o diretor perguntou, enquanto se sentava em sua cadeira, e ela se levantou num impulso, o professor Snape não era de fornecer informações, mas já que ela estava ali, quem sabe o diretor faria... não custaria tentar.

—Quem era aquela mulher? – ela perguntou indo direto ao ponto – por que minha cicatriz dói na presença dela? por que ela me chamou? o que ela quer comigo? Por que ela está na minha visão? Vocês a pegaram? – aquelas eram apenas algumas das mil perguntas que ela tinha em mente no momento, e o diretor sequer se moveu… continuando a analisar da mesma maneira que chegou, ele parecia distante.

—Epson, controle-se – o professor Snape disse de forma rude – contudo, responda aquilo que lhe foi questionado – Shara olhou para o professor incrédula, ela era mesmo muito tola em acreditar que ele poderia querer amenizar algo para ela depois de tudo aquilo lá fora? Sim ela era, e o que definitivamente mais a incomodava ali era o fato de que ninguém lhe contava nada, ela bufou, começando a se irritar com aquele jogo.

—Oque? Se eu estou me sentindo bem? – ela disse olhando pra ele e depois para o diretor – claro, eu estou ótima... tem sido dias incríveis, obrigada por perguntar… – ela disse com deboche, enquanto limpava o rosto com as vestes, ela sabia que seu estado era completamente miserável ali, e ela sentiu a mão firme do professor sobre o seu ombro a forçando a se sentar outra vez.

—Não seja petulante Epson – ele disse, ele estava bravo, muito bravo – nós certamente teremos uma conversa privativa em uma ocasião mais adequada, e isso deve ser o bastante para lembra-la de parar com o que quer que esteja tentando aqui – ela sentiu seu estomago embrulhar com aquela ameaça, e essa sim era uma sensação bastante familiar, ela não se moveu.

—Tudo bem Severo – o diretor interveio, olhando por cima dos seus óculos de meia lua – Eu consigo entender que você tenha tantas perguntas - ele sorriu para ela, mas ela não retribuiu, ela simplesmente não conseguiria sorrir - infelizmente querida muitas das respostas que você tanto procura, são de perguntas que você sequer fez ainda – ele piscou, ele sabia sobre seus pais, sim ela tinha certeza agora, era sobre isso que ele se referia, e isso a incomodou ainda mais – infelizmente eu não tenho todas as respostas – ele disse, ela sentiu as lagrimas escorrerem pelo seu rosto, ele estava mentindo - A verdade é uma coisa bela e ao mesmo tempo terrível Shara - ele disse distraído.

—Eu posso lidar com a verdade senhor – Shara disse por fim – por mais terrível que ela seja – ela achou por bem completar, sabendo que podia soar de forma petulante outra vez, enfim ela não se importava.

—Esse ainda não é o momento – ele a olhou de forma profunda, ela não entendeu, havia um momento? Ele só podia estar de brincadeira, ela fez menção em levantar outra vez, mas o professor a segurou com firmeza a impedindo – Shara você mencionou que ela te chamou, você podia ouvi-la? Poderia me explicar melhor? – ele pediu de forma educada, por que era sempre ela que tinha que responder a todas as perguntas e dar explicações, ela baixou os olhos, ela não tinha a menor vontade em responder aquilo – por favor – ele pediu afetivamente – infelizmente não conseguimos encontra-la, e isso pode ser bem preocupante para todos nós – ele informou e ela o olhou, aquilo era pouco mas era alguma informação – sabemos que ela está lá fora – ele a encarou tentando convence-la a fornecer algo – como exatamente você a ouviu? – era uma pergunta estranha de qualquer maneira, ela ouviu como ouviria qualquer um chamar.

—Eu posso responder isso, se o senhor prometer que irá me contar quem ela é - ela tentou de forma ousada – do contrario não vou colaborar – ela disse cruzando os braços.

—EPSON - ele grunhiu - não piore as coisas para você, estou avisando - era o professor Snape novamente, ela estremeceu, mas manteve a postura, ela estava melhorando nisso.

—Inteiramente Sonserino, posso ver - o diretor sorriu a analisando - caso ainda tenha alguma dúvida e ela notou o professor Snape o fuzilar com o olhar, será que ele também era intimidante com os adultos assim como era com os alunos? De qualquer forma o diretor pareceu não se importar – tens minha palavra - o diretor disse para ela, ela suspirou aliviada, havia dado certo.

—Alvo - o professor Snape disse o repreendendo.

—Ela me chamou pelo meu nome – Shara disse os interrompendo, antes que o diretor pudesse mudar de ideia com aquela abordagem, e ela notou a expressão no rosto dele mudar completamente com aquela informação, havia algo a mais ali – por que isso é tão importante? - ela pediu.

—Bem... por que aquela criatura, ela não pode falar, não a linguagem humana – ele disse de forma séria, o que? Claro que ela falava... ela tinha ouvido em nítido e bom som o seu nome sendo chamado por ela, mais de uma vez por sinal, apesar de que ela tenha sido a única entre todos a ouvir... isso por si só era estranho e era algo a se comentar,

—Ela fala, posso garantir - Shara disse o encarando - e ela sabe meu nome, embora... mais ninguém pudesse ouvir, eu meio que me certifiquei disso - o diretor teve uma longa e demorada troca de olhares com o professor Snape, onde obviamente eles estavam pensando em algo, algo que certamente eles não iriam esclarecer para ela, ela suspirou desanimada – de qualquer forma a voz não é muito humana mesmo, é meio pegajosa pra ser sincera e muito, mas muito assustadora, eu senti a minha cicatriz doer a partir do momento que ela começou a me chamar, uma dor parecida com a que senti naquele dia no Beco Diagonal, então penso que isso possa não ser algo muito bom, ela fez menção em se aproximar, e foi ainda pior, eu não sei o que ela poderia querer comigo... – Shara disse de forma pensativa, mais para si mesmo do que para eles e o diretor assentiu satisfeito.

—Agradeço os esclarecimentos, agora minha vez presumo - o diretor disse enquanto a analisava – Shara – ele disse finalmente - acredito que não preciso comentar, que tudo que tratarmos aqui é estritamente confidencial, embora tenho certeza que a partir de amanhã teremos muitos boatos e rumores a respeito do que aconteceu essa noite rondando o castelo, mas a verdade, a grande verdade sobre tudo isso permanece e deve permanecer em sigilo, isso para o bem dessa escola, para o bem da comunidade bruxa, e mais especificamente para o seu próprio bem – ele a olhou com cautela, Shara estava confusa, ela se mexeu de forma desconfortável, em outras palavras ele assumiu ali que ele detinha de informações e que ele mentia sobre elas conforme conviesse, ela não poderia julgar isso, mas de alguma forma isso a incomodava, por que ela sabia que era exatamente isso que ele estava fazendo com ela também, sobre as informações do seu passado e sobre seus pais.

—Alvo talvez não seja oportuno... – ela escutou o professor Snape dizer enquanto circulava sua poltrona e se aproximava ainda mais da bancada do diretor, tentando impedi-lo, honestamente ela não entendia o por que ele era tão receoso, ele achava que ela fosse quebrar ou algo assim? Bom com tudo que já aconteceu, ela achou que eles tivessem superado isso.

—Tenho certeza de que Shara poderá lidar com isso Severo – o diretor piscou para ela, enquanto o professor Snape lançava sobre ela um olhar de completo descontentamento – Shara, eu sei o que você viu lá fora, mas a verdade aqui é que nós não estamos falando de uma mulher, aquela criatura ela não é humana, pelo menos não mais, mas ela toma a forma de uma mulher apenas quando sai da água, porém isso só é possível em noites onde a luz da lua é predominante forte como hoje, pois só assim ela consegue fazer a transformação completa - Shara estava perplexa com aquela informação, ela não esperava por algo do tipo, e bem isso  fazia bastante sentido com a visão que ela teve… a mulher e a lagoa, ela olhou para o diretor assustada, ela havia entendido, sim... ela sentiu o peso do seu corpo afundar naquela poltrona, era isso, ela estava sendo ameaçada pela segunda vez pela mesma criatura.

—A hidra - Shara sussurrou, olhando para ele – a hidra... ela pode sair da água a noite... – ela constatou, ela está atras de mim.

—Sim, bastante esperta realmente - ele disse de forma séria olhando para o professor Snape que permanecia ali inerte com a mesma expressão vazia de sempre – a maioria dos bruxos desconhece essa habilidade, afinal não é algo que está escrito e documentado em livros, isso faz parte de algo maior, já que a hidra é uma criatura bastante reservada e não costuma... – ela o interrompeu.

—Sair do seu habitat natural, elas só fazem isso quando existe um motivo ou uma ameaça... – ela disse o complementando, ele a olhou curiosa – Hermione disse isso no almoço – Shara explicou.

—Sim – ele assentiu – bem observado – ele concluiu.

—Ela está aqui por minha causa – Shara disse confirmando algo que ela já sabia, só não sabia o porquê, o que ela quer de mim? - Shara perguntou amedrontada, e o diretor se reclinou em sua cadeira, descansando as costas de forma mais confortável ali, mas ele não respondeu, Shara sabia que ele não iria responder.

—Chega de perguntas Epson é o bastante por hoje - o professor Snape disse lançando um olhar aborrecido para o diretor.

—Não é justo - ela elevou um pouco a voz - isso tudo é sobre mim, não é? Eu sei que é! então por que eu não posso saber? – ambos a olharam, ela não entendia, ela se levantou do seu lugar, ela estava farta disso tudo, ela podia ter morrido lá fora, seus amigos podiam ter morrido e ainda assim eles insistiam em mantê-la no escuro.

—Shara - o diretor a chamou, soando de forma afetiva – lamento, eu sei que pode ser difícil compreender isso dessa maneira, mas você ainda é uma criança, uma criança tão doce  e não tem idade o suficiente para preocupações que não te competem – ela podia sentir a exaltação crescer junto com toda a frustração que vinha ao ouvir aquelas palavras vazias, ela se sentia cada vez menos pertencente a aquele lugar já que o diretor parecia se empenhar em mantê-la distante de toda a verdade, longe do seu passado, e muito além das respostas para as suas perguntas, ele lhe forneceu algo, com o intuito de que ela se conforma-se com aquilo, ela conhecia aqueles métodos, sua vida nunca foi fácil longe dali, ela entendia a grande maioria das estratégias dos adultos, e era por isso que ela não podia confiar neles, eles mentiam, assim com ele estava mentindo.

—Se eu não tenho idade aceitável para preocupações que não me competem – ela disse repetindo aquilo com bastante agressividade – eu pelo menos posso saber a quem o senhor irá reportar tudo isso? quem irá lidar com tudo isso pra mim?... a minha mãe morta? Ou o meu pai que me abandonou? Hummm acho que não... quem sabe ao Noah, ele certamente me entregaria numa bandeja para a hidra na primeira oportunidade que tivesse, bom talvez essa seja uma boa ideia afinal - Shara estava alterada ela sabia, mas o caso dela não era exatamente como o caso de outro aluno daquela maldita escola, ela não tinha ninguém por ela, então se ela mesma não podia saber e nem se defender, quem faria isso? Ela sentiu as lagrimas descerem outra vez.

—EPSON - o professor Snape gritou - JÁ CHEGA... você definitivamente passou de todos os limites essa noite, peça desculpas ao diretor imediatamente – ele ordenou, ela olhou para o diretor, ele não parecia em nada abalado com tudo que ela havia dito ali – AGORA – o professor disse gritando com ela outra vez, ela fechou os olhos cansada.

—Me desculpe – ela disse de forma vazia e seca, ela não queria dizer aquilo de verdade – agora posso sair? – ela perguntou, ela sabia que aquela seria uma noite bastante difícil, ela certamente não iria conseguir dormir ou teria pesadelos se o fizesse, ela ainda podia sentir o efeito de todo o terror que ela havia sentido lá fora, seu corpo estava enrijecido, sua cicatriz formigava, e ela se sentiu tão pequena outra vez por não ter ninguém a quem ela pudesse recorrer, involuntariamente ela colocou a mão sobre o colar e o segurou com força, era o que havia restado.

—Sim criança, está dispensada – ele disse com bastante tranquilidade, como ele podia agir daquela forma? Principalmente depois de tudo aquilo, ela não entendia – apenas não se esqueça de manter em sigilo aquilo que falamos aqui – ele disse finalizando – ele realmente se preocupava com isso, ela não iria falar, era óbvio.

—É claro senhor, conte comigo para ajudá-lo a mentir sobre isso – ela disse forçando um sorriso, prestes a se virar para sair, quando ela viu o movimento sutil da varinha do professor Snape em sua direção, ele havia lançado um feitiço que ela não conseguiu ouvir corretamente, apenas perceber que nada havia mudado, exceto pelo fato dela... estar com a língua presa.

—Eu avisei Epson – ele disse de forma letal e ela o encarou espantada, sim ela literalmente não conseguia falar, aquela era uma sensação terrível, ele a havia calado, e de alguma forma aquilo foi a gota final para ela ali, como ela podia ter se jogado nos braços dele daquela forma? Por que dentre todas as pessoas daquela escola ela havia se apegado justamente a ele? Por que sua mãe confiava nele tanto assim?... Ela estava tão chateada, completamente frustrada, cansada e com medo e agora... aquilo, e aquilo havia doido de uma forma diferente, mas ele havia avisado não havia? uma voz disse dentro de si, e ele tinha razão? sim de certa forma ele tinha… ela sabia que não deveria ter respondido o diretor daquela maneira, por que ela não conseguia simplesmente calar a boca quando estava irritada? ela não tinha mesmo nenhum controle de impulsos. Shara sentiu as lagrimas descerem com mais velocidade e eles tiveram uma longa troca de olhares ali, ele foi o primeiro a desviar o olhar – Compareça na minha sala de aula amanhã as 8:00hrs e esteja preparada Epson, por que isso não vai ser fácil, use o silencio para refletir sobre a somatória de erros cometidos durante esse dia, em específico ao seu comportamento bárbaro na presença do diretor essa noite, e talvez eu disse apenas talvez eu possa remover o feitiço da língua presa, agora SAIA e vá direto para o seu dormitório – ele mandou, ela estava tremendo agora, ela olhou para a porta que se abriu instantaneamente e então ela correu…

—________

Severo observou a garota sair correndo, em tempo ele poderia castigá-la de forma cruel por tamanha petulância e ousadia, ela havia ido longe demais essa noite, e de fato aquilo seria o que ele faria se aquela fosse qualquer outra criança e não ela, mas em contrapartida ele não queria deixá-la ir naquele estado, sabendo que aquela reação na verdade era reflexo do medo e da insegurança que ela estava sentindo, ele estava em conflito, tentando se convencer de que ele havia agido certo sobre tela enfeitiçado daquela maneira, ao mesmo tempo que se sentia culpado, mas ele havia avisado sobre controle de impulsos, ele havia avisado sobre o feitiço da língua presa...

—Severo, achei que isso não fosse possível, mas confesso que você estava coberto de razão - o diretor disse depois de um tempo, e Severo tentou entender o que ele estava tentando dizer ali - ela, a criança tem mesmo o seu gênio, apenas não consegue controla-lo ainda - sim ela era irônica e sarcástica assim como ele e podia dizer coisas duras quando provocada, ele já havia visto isso antes, ele encarou o diretor não havia muito a se dizer sobre aquilo, embora pudesse entender toda a frustração que ela deveria estar sentido, mas isso jamais justificaria aquele tipo de comportamento, ela havia extrapolado e deveria ser castigada por isso.

—Alvo peço desculpas pelo comportamento dela… ela será devidamente punida - ele disse, ele faria…

—Não pense que estou surpreso - o diretor disse - apenas não seja tão cruel, ela teve uma experiência bastante ruim essa noite - Alvo disse o encarando.

—Ela mentiu pra mim Alvo, ela me desobedeceu descaradamente… eu fui claro quanto a não sair do castelo e mesmo assim ela fez - ele disse, ele estava exausto, ele fechou os olhos por um instante, se lembrando da forma como ela o havia abraçado naquela noite, e naquele momento ele se sentiu tão impotente, ele nunca havia se sentido assim antes, ele queria protege-la, e por Merlin, como foi difícil vê-la ir com Minerva, mesmo sabendo que aquilo era o certo a se fazer naquele momento.

—Ela tem 10 anos - o diretor apontou - não espere um comportamento maduro e consciente de uma criança nessa idade, você já deveria saber isso.

—Quase 11… - ele corrigiu - se eu não tivesse chego a tempo… - eles foram interrompidos, quando a gárgula se abriu, anunciando uma professora bastante exaltada, acompanhada pelo auror chefe de um dos departamentos do Ministério.

—Alvo não pude impedi-lo - Minerva disse enérgica - Sr. Muniz se comporta pior que um dos alunos da minha casa - ela estava irritada.

—Com licença, peço perdão Sr. Dumbledore por interrompê-los dessa forma, mas preciso avisar que nós a perdemos... e infelizmente trago notícias ainda piores – o diretor se levantou naquele instante – aquela bruxa matou dois dos nossos aurores, ela os rasgou ao meio Dumbledore eu particularmente nunca vi nada assim antes, estamos lidando com uma besta selvagem, ou algo do tipo, seja lá o que ou quem ela está procurando, mas temo por essa pessoa – Severo fechou os olhos outra vez, era o bastante - O ministério não poderá cobrir isso por muito tempo, se os ataques continuarem teremos problemas.

—Entendo - Alvo disse parecendo ainda mais cansado - é uma tragédia, eu realmente sinto muito, não estavamos preparados para algo assim - ele parecia pensar sobre aquilo e Severo sentiu que aquele era um bom momento para se retirar.

—Alvo, acredito que não precisará mais de mim essa noite – Snape disse, e o diretor assentiu, ele estava inquieto e seriam necessárias algumas boas doses de whisky para acalmá-lo dessa vez, saindo da sala do diretor ele caminhou com destino às masmorras, mas antes, apenas por precaução ele passou o dedo anelar sobre o anel, Shara estava do lado de fora da sala comunal da Sonserina, ele suspirou cansado, maldita criança, o que mais poderia ser agora? ele estava perto o bastante quando notou que ela estava ali encolhida em um canto do corredor, ao lado da porta de acesso.

— EPSON - ele chamou se aproximando – levante-se, esse não é um bom momento para me testar - ele disse sentindo seu sangue ferver - eu não mandei você ir direto para o seu dormitório?- ele estava enfurecido, garota estupida – da próxima vez pensarei em um feitiço bom para os ouvidos, já que vejo que sofre de problemas de audição - ela levantou a cabeça lentamente, parecendo não se importar com o seu ataque de fúria, ali estavam os olhos de Maeva outra vez, os mesmos que o haviam encarado com tanta dor a apenas alguns minutos atrás, ele não podia sustentar aquele olhar, e agora eles estavam vermelhos de tanto chorar, seu rosto estava igualmente inchado, ela olhou lentamente para o retrato na porta da sala comunal, retrato que  instantaneamente  pediu "sua senha por favor" mas ela não podia falar… sim ela não podia falar, como ela iria entrar sem poder dizer uma palavra sequer? Por um breve momento ele ficou estarrecido, ele a havia mandado ir para o seu dormitório, mas se ela não podia dizer a senha, ela também não poderia entrar, ele passou as mãos pelo cabelo, ele disse a senha e ela se levantou imediatamente, correndo para dentro da sala comunal sem olhar para trás, o quadro se fechou e ele ficou ali ainda por alguns instantes parado até se virar e sair. 


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Notas finais do capítulo

Desculpe por deixa-los ansiosos, queria ter postado antes, mas na correria não consegui.
Para quem suspeitava do Snape... bem ele tem o controle de onde ela esta, pelo colar, então definitivamente ela não tem muito como infringir regras nesse sentido, mas que susto heim... já que a hidra não me parece ser tão dócil né.
Eu me emocionei com o abraço dela, tão genuíno no inicio do capitulo, e assim tão espontâneo na frente de todos, eu não sei como os amigos dela reagiram (pera eu sei sim hahaha) mas gente se colocando no lugar, não é fácil... e o Snape tipo "oque ela tá fazendo?" mas aqui no final vemos como ele gostou e como sutilmente ele esta mudando... ai ai ai eu amo isso!

O Dumbledore, bem, ele é meio manipulador não é mesmo? Shara não consegue ver o todo ainda, e por isso ela não consegue entender os motivos dele em mentir e omitir determinadas coisas, mas honestamente, eu não tiro as razões dela em dizer o que disse.

Enfim... espero que tenham gostado! :)
Fiquem com a imagem do nosso amado professor de poções olhando para o retrato da sala comunal da Sonserina e pensando, que puta babaca eu sou heim? hahaha talvez ele merecesse ser enfeitiçado com algum tipo de bom senso depois dessa...

Ahhh esse foi um dos capítulos que eu mais amei escrever, esse negócio do abraço me pegou de verdade.



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