Meio-humano escrita por BloonAckles


Capítulo 3
O Impala 67


Notas iniciais do capítulo

Desculpa por demorar tanto para postar pessoal.



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Já se passavam horas de estrada. Dean dormia no banco do passageiro e Lauren já estava impaciente no banco de trás. Ela tentava dormir, mas não conseguia. Sua inquietação era medo, medo do que sabia que tanto anjos como demônios eram capazes de fazer. Mas disfarçava isso fingindo estar irritada por motivos tolos. Ela sentou-se bufando, havia desistido de tentar dormir. Sam a olhou pelo retrovisor, e observando a tempos sua inquietação perguntou:

-Sem sono?

-Agente não chega nunca?  - Ela cruzou os braços ainda mais irritada, o que o fez dar um riso.

-Não respondeu a pergunta.

-Você nunca responde as minhas. Afinal para onde estamos indo?

-Logo você vai saber ta legal? Mas procura descansar.

-Fácil falar quando não se tem anjos e demônios na sua cola.

-É, mas já tive coisa pior na minha cola.

-Verdade. Esqueci que você era o receptáculo do Lúcifer. Ou o... Papai. – Revirou os olhos com um riso irônico. Sam ainda a olhava pelo retrovisor, eles ficaram calados por alguns segundos. Foi quando Sam tomou coragem de fazer a pergunta que sondava sua cabeça.

-Hum... Você já pensava assim quando era um demônio?

-Como assim? – Agora foi ela quem o olhou pelo espelho, e vendo seu rosto sem jeito entendeu a pergunta. Ela deu um riso, ele não entendeu. – Você está querendo saber se demônios podem ter sentimentos, podem escolher ser do lado bom? Como escolher renegar a Lúcifer? Não. Definitivamente Winchesters vocês me decepcionam, sempre posando de “FODÕES” e confiam em demônios? Pior, mais de uma vez. Não quando se é demônio não se pode escolher o lado bom, a maldade está no sangue. Mas disso você entende bem.

-Eu escolhi o lado bom.

-Agora, mas foi inevitável suas falhas no passado. Se mantenha longe de sangue de demônio Sam, acredite você não quer se transformar em um deles. E isso quase aconteceu.

-Você disse, mais de uma vez...

-Sim, eu sei do Crowley, da Ruby. Sou bem informada.         

-Então isso quer dizer que não devemos confiar em você?

-Provavelmente vocês não confiem, mas não há motivo pra isso. Eu sempre pensei que essa coisa toda de meio-humano fosse mito, mas é tão estranho. Se não fosse pelos poderes eu seria totalmente humana. É estranho, mas a ideia de machucar os outros me parece horrível agora, ou de fazer as coisas horríveis que eu fiz. Eu até, sinto o gosto do arrependimento. Ah quanto tempo eu não sentia isso.

-Acredite, eu sei como é.

-Claro, até pouco tempo você era um corpo sem alma.

Dean já tinha acordado a um tempo, mas não havia se manifestado até então.

-Bem informada até demais. Como sabe dessas coisas?

-Eu ainda tenho amigos demônios, ou tinha...

-Desde quando está nos ouvindo? – Perguntou Sam indignado com o irmão que fingia dormir e escutava a conversa dos dois.

-Desde que o assunto chegou em sangue de demônio. Mas... Tinha? – Lauren abaixou a cabeça, meio sem jeito. O que fez de imediato Dean entender. – O demônio que você matou.

-Ela se virou contra mim, todas as pessoas próximas a mim foram forçadas a tentar me matar. É, mas é como dizem “Entre vilões não há heróis”.

Ela abaixou a cabeça mais uma vez, um tanto quanto triste de lembrar. Claro que demônios não tinham amigos, mas tinham pessoas mais próximas. Pessoas com quem conversar, e contar. Obviamente quando o inferno ficava contra algum deles, os outros tinham que escolher um lado. E como não tem sentimentos, abandonavam os “Colegas” sem pensar duas vezes. Claro que se ela ainda fosse um demônio não ligaria pra isso, mas agora ela era quase humana e uma traição doía.

-Chegamos.

Sam informou parando o carro. Os três foram logo saindo, aliviados por fugir daquele clima ruim que pairou após a conversa. Mas logo que o alivio passou e Lauren passou a observar o lugar onde estavam, estranhou:

-Uma casa?

-Acredite, no momento esse é o lugar mais seguro.

Eles foram andando até a porta, Sam e Dean conversando e Lauren um pouco atrás apenas os seguindo.

-O que acha que aconteceu com ela?

-Acho que ela ficou magoada por causa dos demônios mais próximos, que se voltaram contra ela...

-O que? Eu estou falando do meu carro.

-Ah Dean, me poupe.

Assim que eles bateram na porta Bobby atendeu sorrindo, ele logo foi fazendo sinal para que entrassem quando viu Lauren. Olhou-a espantando.

-Namorada sua Sam?

-Não, é... Longa história. Mas vamos te contar tudo.

Sam e Dean explicaram a história toda, mas nem foi preciso muita conversa. Bobby já tinha ouvido falar na lenda, e também já tinha ouvido falar que anjos e demônios estavam atrás dela. Foi exatamente por isso que ele meio que pirou.

-Vocês estão malucos? Fazem idéia de quem demônios e anjos estão matando para achar essa garota? Sabe a Anna? – Sam e Dean fizeram um movimento afirmativo com a cabeça, enquanto Lauren sem entender só observava. – É pior.

-Putz! – Dean colocou a mão no rosto andando de um lado para o outro. Eles se lembravam muito bem de como havia sido enganar céu e inferno para tentar proteger Anna.

-Anna? É aquela anja que ouvia as conversas dos anjos?

-Exato.

-É, parece que popularidade não é meu forte. – Ela deu um riso irônico, percebeu que não estavam fáceis as coisas para o seu lado.

-Eu pensei no quarto onde deixamos Sam, quando... Você sabe.

-O que? Me deixar trancada em um quarto pra enlouquecer? Nem pensar.

Dean revirou os olhos, e fez uma cara de “Te falei” para Sam que deu de ombros. Antes que Dean voltasse a dizer algo a campainha tocou, eles se entreolharam assustados. Mas Bobby logo avisou:

-Todas as portas têm ao menos uma linha fina de sal, não se preocupem.

Bobby foi atender, seguido pelos três que observavam um pouco afastados. Apesar de Bobby tê-los tranquilizado Dean mantinha a faca já em suas mãos, e Sam um vidrinho de água benta. Logo que Bobby viu quem era respirou aliviado, deixando Sam e Dean também aliviados e abaixando as armas.

-É meu vizinho.

-Só vim dar um aviso. – O homem disse ficando com os olhos negros, e automaticamente fazendo com que Sam e Dean erguessem as armas mais uma vez. – Abaixem isso não vou entrar, já disse que só vim dar um aviso. – Apesar de ouvir o que o homem disse, eles não fizeram o que ele mandou.

-É como um telefonema do inferno, ele não vai fazer nada. Apenas veio dar um recado.

-Telefonema? – Dean questionou a explicação de Lauren. – Não me lembro de ver a opção atender ou apenas ignorar.

-Calma Dean, é do seu interesse. Estamos com seu carro. – Isso fez Dean parar com as piadas e a ironia de sempre ficando com os olhos arregalados, e ouvindo atentamente. – E só vamos devolver ele se nos entregar a garota de bom grado. Volte ao hotel, estaremos a sua espera. – Logo que terminou de falar o demônio saiu do corpo, fazendo com que ele caísse no chão. Bobby amparou o homem, e com a ajuda de Sam levou-o até sua casa.

Logo que voltaram viram Dean andando nervoso de um lado para o outro, e Lauren sentada no sofá com a mão no rosto.

-O que vamos fazer?

Perguntaram os dois entrando na sala e vendo a inquietação de Dean. Ele por sua vez foi até Lauren a pegou pelo braço, levantando-a.

-Não sei vocês, mas eu estou indo até o hotel.

-O que? – Lauren perguntou indignada enquanto se soltava. – Eu sabia que você era baixo, mas não a esse ponto.

-É o meu carro.

-É apenas um carro Dean.

-Não é apenas um carro, é um Impala 67 e ele é meu.

-Dean você só pode não estar raciocinando direito, não podemos entregá-la por causa do impala. Eles vão matar ela.

-Sam, eles vão acabar com o meu carro.

-Dean ela é uma pessoa.

-Tecnicamente ela não é...

-Chega disso Dean, nós não vamos entregar ela por um carro. Só que os demônio pensam que você faria isso, mas você não faria. – Bobby o encarou enquanto falava, Dean apenas olhou de volta teimando, ainda sem responder. Até que revirou os olhos, e se sentou enfim admitindo.

-Ta eu não faria.

-Mas como eles pensam que você faria, nós vamos usar isso. Vamos fingir aceitar o acordo, mas ao chegar lá fugimos com o carro e sem deixá-la.

-É mesmo espertão? E como pretende fazer isso? Eles podem quebrar meu carro.

-Dean a pior das hipóteses é que eles me levem, e você está preocupado com o carro?

-Não importa o que vai acontecer, mas se der errado muita gente saí ferida.

-É só um carro Dean. – Disse agora Sam já perdendo a paciência com o irmão, ele sabia como Dean amava aquele carro. Mas deixar um pessoa nas mãos de demônios por ele, era demais.

-Até você?

-Olha já chega, vamos fazer o plano do Bobby. Vocês fingem que vão me entregar, e lutamos para conseguir pegar o impala de volta. Se der errado EU MORRO, então não se preocupe com seu Impala 66.

-67.

Ela revirou os olhos, mas o que realmente queria era matá-lo com eles.

Ah noite passou de pressa, pois já eram mais de uma da manhã. Dean dormiu no sofá, Sam no chão logo ao lado e Bobby em seu quarto. Lauren para prevenir dormiu no quarto protegido, porém mais ficou deitada pensando do que realmente dormindo. Quando sentiu cede se levantou e foi até a cozinha. Bebia um copo de água, que quase derrubou ao ouvir alguém falando com ela.

-Não consegue dormir?

-Quer me matar de susto Dean?

-Desculpe, eu também não dormi muito essa noite e vi quando passou.

Os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, ela encostou-se à parede e bebeu seu copo de água pensativa. Já ele abriu a geladeira e pegou os ingredientes para fazer um lanche.

-To cheio de fome. Quer?

-Não obrigado.

Depois de oferecer para ela, ele preparou seu lanche sentado na mesa da cozinha e devorou-o demonstrando que realmente estava com fome. Lauren ignorou a linda cena e finalmente tomou coragem para perguntar:

-Você realmente me entregaria por um carro?

-Não é um carro...

-Dean! – Ela o encarou com uma das sobrancelhas erguida, repreendendo-o.

-Ta legal, eu não te entregaria por um carro. Mas eu... Não estava pensando direito, sei lá fiquei em choque. Sem falar que não sou muito fã de demônios.

Ela deu um riso, e sentou-se junto a ele na mesa. Agora já havia terminado o lanche, apenas dava goles em sua cerveja.

-Gosta muito dele né?

-Eu me apeguei a ele, mas não é só o carro. É mais o... Que ele representa.

-Seu pai né?

-Eu passei a minha vida admirando ele, o colocando a cima de tudo. Sei lá, ultimamente ele me decepcionou.

-Eu não sei se você acredita, mas ele tinha muita confiança em você, até orgulho.

-Como pode saber?

-Hum... Bom, por algumas vezes eu vi enquanto o Azazel o torturava no inferno, brincava com ele sem dó. E ele apenas gritava: O Dean vai matar você, eu sei que vai. Ele vai enfiar uma bala no seu peito, eu juro. Claro o Azazel apenas ria, mas parece que ele estava certo. Você deixou seu pai orgulhoso.

-É, mas acho que decepcionei ele. Eu disse sim, torturei almas e não consegui impedir o Sam.

-Você errou Dean, Sam também. Mas todo mundo erra, e a diferença é que vocês dois erraram tentado acertar. Eu acho que se existe um Deus, é isso que importa pra ele.

-Acha que ele está... Num lugar melhor?

-Olha quando humana nunca acreditei nessas coisas, mas depois de ser demônio... Sei lá. Quando agente conhece o lado ruim, tornasse quase impossível não sonhar com o bom. Imaginar que ele existe.

Ele se virou para ela, agora a olhando com um riso mais afetivo.

-Você não é mais um demônio.

-É, mas também não sou humana.

-Ta mais pra humana que demônio.

-É, mas como quase humana tenho necessidades. Eu vou tentar dormir, por que estou morrendo de sono.

Ambos riram enquanto ela se levantava, Dean não a acompanhou.

-Vai la.

Ele apenas se despediu com isso, era o máximo que ele podia fazer. Mas aquele “Vai la” mais soava como “Boa noite, se cuida”. Ele já começava a ver coisas boas nela, talvez pudesse até ser confiável. Mas isso ele ainda não sabia, continuou na cozinha por mais um tempo sorrindo ao lembrar-se das coisas que ela disse.

No mesmo dia eles acordaram tarde, conversaram um pouco, comeram e obviamente colocaram no carro todas as armas que tinham. Até uma arma surpresa que Bobby havia demorado a tarde toda para conseguir. Tirando é claro, a faca que andava sempre com Dean. Quando deu umas 18:00 horas eles já estavam prontos para sair, e assim fizeram em direção ao Hotel. Bobby ficou em casa, mas já preparado para ajudá-los caso ligassem. Todo caminho foi quieto e tenso, o que tornou-o mais demorado.

Assim que chegaram a porta do hotel, não avistaram demônio algum. Então aproveitaram para fazer uma armadilha para demônios bem em baixo do carro. Os dois saíram e deixaram Lauren lá: Tanto sem poder sair, como sem nenhum demônio poder entrar. Ficaram em frente ao carro aguardando e logo apareceram três demônios saindo do hotel, obviamente haviam mais deles lá dentro. Sam segurava a faca e Dean um saco preto.

-Cadê meu carro?

-Entregue a garota primeiro.

-Não, eu acho que vai ter que confiar em nós.

-Não tem escolha. Quer o carro? Entregue a garota.

-Ao menos nos mostre o carro antes.

O demônio revirou os olhos e estralou os dedos, o que aparentemente era uma ordem para o demônio a sua esquerda. Esse por sua vez pareceu conversar com alguém, mas falando com o nada. Logo o impala apareceu, estacionando atrás do carro em que vieram. Dean logo se aproximou e emocionado começou a alisar seu carro.

-Oh minha belezinha. Sentiu minha falta?

-Se afaste do carro Dean.

O demônio que dirigia saiu do carro e juntou-se aos outros três.

-Ou o que?

-Vocês acham que nos assustam com essa faca e esse saco preto? Somos muito mais poderosos do que os demônios que cruzaram com vocês.

-O que exatamente acha que tem nesse saco preto?

-Não sei, água benta?

-Não, são seus ossos James Roy Etienne.

O demônio ficou claramente apavorado, com os olhos espantados.

-Não, está blefando.

-Como eu saberia seu nome então?

-Como saberia que eu estaria aqui?

-Ah você não soube? É um dos dons da Lauren.

Com a janela do carro aberta Lauren sorria, então piscou para o demônio. Deixando-o mais irado ainda.

-Vá em frente, me mate então. Todos os demônios viram e mataram vocês.

-Sabemos disso, e é por isso mesmo que não vamos te matar. Só queremos que deixe Dean pegar seu carro, e irmos embora. Então seus ossos permaneceram intactos.

-Acha que vou confiar em vocês?

-Você não tem escolha.

Ele olhava os dois com tanto ódio, que se um olhar matasse Sam e Dean cairiam mortos naquele instante. Se bem que já receberam varias olhadas dessas, mas permaneciam intactos. Dean entrou no impala ainda com a sacola, enquanto Sam entrava no outro carro após fazer uma falha na armadilha. Os dois aceleraram, e claro Dean ainda teve tempo para abrir a janela e rir deles. Logo que viram os carros dispararem os quatro demônios correram para o meio da rua. Dean ainda os olhava rindo da janela do impala, quando viu James erguer a mão e a virar bruscamente. Nesse mesmo instante ele fez com que o Impala ficasse de ponta cabeça e os ossos dele caíssem pela janela aberta. O carro foi rodando até que caiu no meio do mato, e explodiu lançando chamas por toda parte. Sam parou o carro e saiu dele assim que viu pelo retrovisor o acidente do irmão.

-Não, Deaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaan!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e se gostarem deixem reviews depois. *--*Beijoos