Filha de Gelo e Fogo escrita por Dafne Guedes


Capítulo 26
Rumores




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Mais tarde, todos se reuniram na tenda. Cordyra era a única mulher, e a menor e mais baixa figura entre eles. Isso não significava que era a menos visível. Seus cabelos dourados pálidos brilhavam na luz do entardecer que entrava por fendas no tecido da tenda, e seus olhos cor de ametistas eram tão atentos quanto os olhos de qualquer grande lorde. Além disso, vez por outra, o olhar do rei repousava em seu rosto, avaliando como ela recebia os conselhos de seus vassalos.

—Levemos o que pudermos, e o que não pudermos carregar deve ser queimado. –Concordava Lorde Umber com algo que Patrek, representando Lorde Mallister, dissera.

                Robb estava ouvindo há algum tempo já, com ambas as mãos na mesa, olhando o mapa com os olhos semicerrados e apenas inclinando a cabeça para um lado ou para o outro enquanto os vassalos falavam. Uma parte deles, como Karstark e Umber, queriam atacar Lannisporto diretamente, mas Mormont, Glover e muitos outros achavam que seria inútil estar diante das muralhas fazendo cerco.

—Não será um cerco longo se os dragões sobrevoarem a cidade queimando tudo. –Disse Karstark, com sede de sangue em sua voz.

                Cordyra balançou a cabeça, sentindo que já dissera aquilo uma centena de vezes.

—O fogo do dragão fica mais quente e poderoso conforme ele fica mais velho, Lorde Karstark. –Disse ela. –Mesmo os quatro dragões não terão fogo o suficiente para queimar Lannisporto inteira.

                Ela não diria isso, mas a verdade é que não tinha vontade de arriscá-los. Sabia que era difícil matar um dragão, mas os seus eram pequenos. Discretamente, ela segurou o pulso de Robb e deu duas batidinhas em sua mão. Ele a apertou de volta rapidamente.

—Dividiremos o exército, mas devemos estar perto o suficiente uns dos outros. –Ele decidiu. –Daven Lannister está reunindo outro exército em Lannisporto a essa altura, mas não ousará nos atacar mais uma vez por algum tempo. Está acuado. Eu partirei com meu exército para Cinzamarca. Lorde Glover e Lorde Karstark deverão partir para saquear a costa. Lady Mormont, conto com a senhora para levar os saques de volta para as Terras Fluviais, onde são necessários. Grande-Jon, deve partir para Castamere.

                Cordyra não deixou de notar o orgulho nos olhos de Grande-Jon. Não era exacerbado, mas ele certamente se via como um dos favoritos do rei, e era de fato seu homem de confiança; Castamere era famosa por suas minas de ouro e prata, e o saque naquelas terras certamente renderia bons frutos. Cordyra não pôde deixar de se perguntar porque Robb não o tomara ele mesmo, mas não deixou de notar que o exército do rei seria o primeiro atingido quando Lorde Tywin marchasse para o Oeste. Sua escolha certamente era proposital, e os vassalos viam isso.

                Apenas um deles deu de ombros, um pouco insolente.

—Vossa graça, Daven Lannister pode pensar que temos medo dele. –Avisou Lorde Karstark, o rosto convertido em uma expressão de profundo desagrado. Se com a ideia de parecer um covarde ou com o rei, Cordyra não sabia dizer.

—Daven Lannister não é homem para ser subestimado. –Avisou Sor Brynden Tully, que sempre chegada antes dos outros e discutia com Robb todo o assunto, para ser discutido mais uma vez com os vassalos.

—Talvez. –Robb tinha um tipo de sorriso em seus lábios. Vento Cinzento, ao seu lado, balançava o rabo como se também achasse graça. –Mas, enquanto ele pensa sobre nós, estaremos saqueando as terras dele. Talvez isso o convença a sair de Lannisporto com seu exército mal treinado. Baterá de frente com Lorde Galbart, e com o senhor, Lorde Karstark. Pode acabar realizando seu desejo de enfrenta-lo.

                Grande-Jon, que não tinha restrições, soltou uma risada alta.

—O garoto não vai saber se deve nos enfrentar ou se esconder debaixo das saias de sua mãe!

                Alguns vassalos se juntaram ao seu riso, mas Robb e Maege Mormont foram alguns dos que não. Cordyra tampouco riu, embora houvesse sorriso quando Grande-Jon levantou as sobrancelhas para ela. Sentia que chamar Daven Lannister de “garoto” não fazia com que ele fosse menos perigoso.

—Partiremos em marcha amanhã. –Anunciou Robb ao fim do conselho. Havia uma gota discreta de suor na linha do cabelo, e ele de fato parecia cansado. Estavam conversando há tanto tempo que ficara escuro, embora, ao final, fossem apenas detalhes.

—Vossa Graça! –Disse Lorde Cerwyn, quando todos começaram a sair. Ele não olhou na direção da rainha de uma forma estranhamente proposital. –Estaremos na tenda de Lorde Tallhart mais tarde, se quiser se juntar a nós. Haverá diversão, ele promete.

—Obrigado, Lorde Cerwyn. –Robb respondeu rigidamente. –Mas temo que tenho assuntos a resolver esta noite.

                Um a um, todos saíram, embora Sor Brynden e Robb ainda houvessem conversado numa voz baixa e acalorada por alguns minutos. Não parecia um desacordo, apenas um algum tema que devia ser espinhoso. Cordyra ardia de curiosidade, mas não ousou interromper tampouco. Quando o Peixe Negro saiu da telha, Robb andou de um lado para o outro por alguns minutos, antes que Cordyra perdesse a paciência.

—Ora, Robb, diga! –Pediu a ele.

                Ele parou com um tranco, e virou-se para ela como se houvesse esquecido de sua presença na sala. Havia uma preocupação febril em seu semblante, e o vinco entre suas sobrancelhas se aprofundou quando ele suspirou.

—Ainda não recebi nenhuma notícia de Theon, embora tenha havido tempo o suficiente para ele ir e voltar das Ilhas de Ferro três vezes. –Ele a confessou, com ares de vergonha.

                Cordyra sabia o que ele estava pensando: a senhora Catelyn o havia avisado. Isso explicava sua agitação. Robb não conhecia o gosto da traição. Cordyra não gostava de Theon, mas disse a si mesma que não poderia ser.

—O barco não pode ter naufragado? –Perguntou. –Tempestades de outono...

—Atingem o Mar Estreito e o Mar Tremente, não o Mar do Poente. –Ele a interrompeu. –A notícia teria chegado até nós. Theon simplesmente não voltou.

                A rainha desejou nunca ter duvidado dele, ter conseguido um lugar em seu coração para Theon como Robb tinha. Gostaria de ter levado as piadas do garoto menos a sério. Então, talvez, não fosse sentir como se fosse culpa dela –como se todas as vezes em que ela duvidara de Greyjoy não fossem as responsáveis por fazer de suas dúvidas a verdade. Ela sorriu alegremente, com uma fé que não sentia.

—Ora, Robb. –Disse com suavidade, embora a lembrança de Theon a fizesse pensar na Vila de Inverno, e nas seguidoras de acampamento que cercavam as tendas durante a noite. –Ele não volta para casa há tanto tempo. Talvez o pai tenha adiado sua partida.

                O olhar no rosto de Robb era sombrio, de forma que o fez parecer com Jon. Jon é que sempre havia sido desconfiado, mas, talvez, em sua falta, Robb tenha aprendido por si só.

—Não combina com a descrição que meu pai fez de Lorde Balon Greyjoy. –Garantiu ele. –Talvez Theon tenha simplesmente decidido ficar em Pyke, que é o seu lugar. Com o seu deus Afogado e sua gente.

                Theon nunca tinha parecido um devoto a ela, mas talvez a própria Cordyra, nunca tendo sido muito devota ela mesma, não fosse capaz de entender. Lera sobre sua família. Valíria tinha muitos deuses, os quais não eram temidos, e os Meistres gostavam de dizer que era essa a causa da Perdição que se abatera sobre a Cidade Franca. Porém, quando assumiram o Trono de Ferro, os Targaryen se associaram à Fé dos Sete; foi um Targaryen a construir o Grande Septo de Porto Real. Por outro lado, os Stark tinham o sangue dos Primeiros Homens, e adoravam os Antigos Deuses da Floresta. Cordyra rezou algumas vezes, mas com pouca frequência e constância.

                Se Theon houvesse mesmo apenas decidido ficar em Pyke, esse era o bom cenário, Cordyra não deixou de pensar, e se odiou por isso. Disse a si mesma que era a realidade mais provável. Talvez houvessem bons bordéis em Pyke, e por isso ele não retornara.

                Ela disse isso para Robb e, parecendo surpreender a si mesmo, ele riu. O riso foi rápido, um arquejo entre os lábios com as pontas levantadas para cima, mas, quando a olhou, seus olhos pareciam mais brilhantes.

—Isso teria mesmo atraído Theon. –Ele concordou, embora houvesse algo em sua voz. Primeiro Jon....

                A deixa era boa demais para que ela a deixasse passar despercebida.

—Meu senhor. –Ela chamou numa voz tão suave que ele a olhou imediatamente. –Minhas senhoras parecem pensar que os lordes têm se reunido com algumas seguidoras de acampamento.

                Ela disse tudo muito rapidamente, de forma que Robb pareceu precisar de um momento para compreender o que dizia.

—Suponho... –Disse ele lentamente. –Suas esposas não estão aqui, e são homens...

                Ela estreitou os olhos para ele.

—Não era disso que o Lorde Cerwyn falou ao sair? Na tenda de Lorde Tallhart?

                A bochechas de Robb ruborizaram; uma visão infantil para um rei. Por outro lado, suas sobrancelhas se inclinaram para baixo.

—Não engajo com esse tipo de atividade, se é o que está perguntando, senhora. –Ele disse friamente, os olhos como vidro opaco.

                Às vezes usava aquele tom com um vassalo que duvidava de sua competência como estrategista, ou que insinuava que era apenas um garoto. Mas nunca com Cordyra; mesmo quando ela insistira em segui-lo para a guerra, ou quando o contara sobre os dragões. Sua raiva nunca parecera nada mais que exasperação, quando se tratava da esposa.

                Ela esperou uma repreensão.

— Vem aqui. —Foi o que ele disse ao invés. Não havia nada de convidativo em sua voz, ou na postura. Cordyra combateu o instinto de se encolher e foi para perto dele, próxima o suficiente para que ele pudesse tocá-la. Ele esticou as mãos e tocou gentilmente seu cabelo, afastando as mechas sobre o rosto. —Cordyra...

Olhou para ele. Os olhos eram da mesma cor que o céu logo antes de escurecer; mesmo ferido, o rosto era lindo. Queria tocá-lo, de um jeito instintivo que não conseguia explicar ou controlar. Quando ele se inclinou para beijá-la, ela se esforçou ao máximo para se segurar até que os lábios deles encontrassem os dela. A boca de Robb tocou a dela, que sentiu um gosto de sal, o sabor que emanava da pele macia e ferida onde o lábio estava cortado. Ele a pegou pelos ombros e a puxou para perto, com os dedos entrelaçando o tecido do vestido. Sentiu-se presa à onda poderosa que a ameaçava com seu balanço, comprimindo e partindo seu corpo, destruindo-a com a suavidade com que o mar destruiria um pedaço de vidro. Esticou as mãos para os ombros dele, mas ele recuou, olhando para ela, respirando forte. Estava com os olhos brilhantes, os lábios vermelhos e inchados agora tanto pelo beijo quanto pelos ferimentos.

Estavam cara a cara, peito contra peito. A respiração de Robb soprou seu cabelo. Ela sentiu o calor irradiando dele, como a névoa de verão do Faca Branca; sentiu o sangue latejando através da pele; viu com estranha clareza a pulsação em seu pescoço, a luz nos cachos ruivos do cabelo caído no pescoço pálido.

—Cordyra. —Disse ele, como quando eles eram crianças em Winterfell, e ele falava seu nome. Ela o encarou. Não havia nada de firme ou confiável na expressão do garoto. Os olhos estavam escuros, as bochechas enrubescidas. Quando ela levantou o rosto, ele abaixou o dele, a boca inclinando-se para a dela, e mesmo enquanto ela congelava, surpresa, estavam se beijando.

                Cordyra passou o corpo dele por debaixo de sua palma, o desenhando como uma pintura, como se ele surgisse debaixo das mãos dela, tornando-se realidade. A curva dura dos ombros, os braços com músculos maiores do que eram, as omoplatas lisas nas costas. A pele de Robb respondia ao seu toque como se fosse fogo; queimando e se moldando. Ela o empurrou gentilmente, e ele respondeu cessando o beijo, e tirando as mãos dela.

—Como pôde pensar isso? –Ele perguntou, o tom de voz não mais frio; agora, ela cheio de mágoa.

                Cordyra hesitou.

—Os homens têm essa.... Necessidade. –Ela tentou explicar. –Mesmo o tio Eddard... digo, há Jon....

                O olhar dele não mudou.

—Meu pai mal conhecia a senhora minha mãe até que se casasse. –Ele disse a ela. –Então, passaram juntos uma quinzena, e ele partiu para a guerra, onde se envolveu com outra mulher. Não, não é estranho, mas é diferente de nós.  

—Você nunca teve outra escolha. –Ela o interrompeu. –Fui sempre eu. Seus pais mandaram que fosse, pois eu era sua prima, e era a herdeira de Brandon. Se não houvessem mandado, teria escolhido diferente?

                Quando visitara a Muralha, Cordyra havia pensado que não ficava mais frio que aquilo. A expressão de Robb, naquele momento, era mais fria.

—Minha senhora deve se lembrar de quando, alguns anos atrás, Lady Alys Karstark nos visitou em Winterfell. –Ele começou a contar. Cordyra assentiu, mas ele não estava esperando sua permissão para falar, então continuou. –Lorde Karstark a levou para que me encantasse. Tinha esperança de fazer se sua filha senhora de Winterfell. Chegou mesmo a falar com o pai sobre isso. O pai me procurou. Contou sobre isso, e perguntou o que eu achava da senhora Alys. Disse que, se eu tivesse me encantado com ela, realmente encantado, o arranjo podia ser mudado. Ele certamente conhecia alguns senhores que não se importariam em tomá-la como esposa para seus herdeiros; no Norte, e mesmo no Sul. No Vale de Arryn, acho que ele disse.

—O que o respondeu? –Ela perguntou, com a voz rouca. A história tinha um gosto amargo, pois ela jamais pensara que Lorde Eddard a deixaria viver em outro lugar.

—Que ele me desse o nome desses senhores, pois os escreveria em desafio. –Robb deixou escapar um sorriso, que ele suprimiu rapidamente. –Tinha apenas doze anos, e o pai não permitiu, claro. Por isso pensei em manda-la para o Ninho da Águia para negociar com a tia Lysa. Talvez se Lorde Robert se encantasse com você o suficiente para mandar um exército... bem, não importa.

                Era essa mesma sua função como rainha, não deixou de pensar. Ser encantadora o suficiente para auxiliar seu rei; mas Robb não a havia mandado embora.

—Poderia prometer a Lorde Robert a mão de Sansa, selando uma aliança. –Disse ela. –Se a trocasse por Jaime Lannister.

                Afinal, era para isso que serviam as princesas. Cordyra tentou se lembrar com precisão do rosto de Sansa, mas percebeu que apenas se lembrava com clareza do tom dos olhos e cabelos, e isso porque eram os mesmos de Robb. Não conseguia mais decidir sobre o formato de seu nariz, ou sobre o quanto se abria seu sorriso quando ela estava alegre. O rosto de Arya era ainda mais enevoado, sem Jon para servir de comparação.

                Os olhos de Robb eram um fogo azul gelado.

—Entendo. –A voz também era fria, e Cordyra sentiu um arrepio. –Minha senhora, permita-me perguntar porque parece tão ansiosa em libertar Jaime Lannister? O que ele disse a você quando o foi visitar nas masmorras?

                A boca de Cordyra se abriu em indignação com a extensão de seu engano. Robb não podia mesmo acreditar que ela queria libertar Jaime Lannister, quando tudo que ela sentia era vontade de ter Sansa e Arya de volta. Ao mesmo tempo, sentiu o rosto ficando quente ao ser pega em sua mentira. Acreditara, tolamente, que a notícia de sua visita a Jaime passaria despercebida, como se Robb não pudesse saber.

—Quero Sansa e Arya de volta, Robb. –Ela disse com força. –Como ousa pensar outra coisa?

                Ele passou as mãos no cabelo.

—Os homens comentam, senhora. –Disse. –Teve contato com Jaime Lannister em Winterfell, visitou Willem Lannister, seu escudeiro, uma série de vezes em Correrrio, e, nas vésperas de nossa partida, foi visita-lo. Alguns chegaram a se perguntar se não estava se despedindo dele.

—Contato? –Ela repetiu, incrédula. A parte de trás de seus olhos pinicava suspeitosamente quente. –O que quer dizer com contato?

—Quero dizer –disse ele com firmeza dura. –Que entrou com ele no salão no dia do banquete de boas-vindas, que falou com ele em corredores vazios e que foi você quem o viu no dia que Bran foi jogado da janela. –Ele deve ter visto algo em sua expressão, pois suavizou a voz. –De novo, os homens comentam.

                Ele fez uma pausa para que ela respondesse, mas Cordyra se sentia sem ar. Havia sido mais fácil quando ela guardava rancor; Robb era o Norte de sua vida, e ela se guiaria por ele mesmo quando havia traído sua confiança. O contrário não era verdade, e ela sentia um medo avassalador de ser deixada de lado, ainda mais porque fizera as coisas das quais estava sendo acusada.

—Você pensa isso? –Ela perguntou, o desespero a fazendo esquecer da cortesia. –Pensa realmente que me importo com Jaime Lannister.

                Dúvida surgiu no rosto de Robb, mas era o suficiente para partir o seu coração.

—Por que foi procura-lo? –Ele não respondeu à sua pergunta.

                Cordyra não hesitou.

—Queria que ele me dissesse se havia jogado Bran. –Respondeu.

                Robb riu uma risada como folhas de outono estalando.

—Sabemos que jogou. –O maxilar de Robb estava travado ao falar. –Não há outra pessoa.

—Não quer que ele diga? –Ela perguntou. –Que confesse? Então poderá fazer justiça.

                Ele deu de ombros.

Você quer que ele confesse. –Acusou, mas sua voz estava mais branda, embora não olhasse para ela. –Só assim vai acreditar que não é um cavaleiro como nas canções. Nisto, minha senhora, é como Sansa.

                Cordyra engoliu em seco. Havia sido mesmo assim tão tola e, pior, tão transparente? Sabia, tinha de saber, que Jaime Lannister não tinha nenhuma honra. Mas havia se recusado a chama-lo de Regicida quando todos fizeram isso, e fora gentil com ele em Winterfell, embora o tio Eddard o odiasse. Pensara que Joffrey era desagradável e Sansa tola por não ver isso, mas agora percebia que era tão cega à beleza quanto sua prima. Robb, por outro lado, vira tudo sem ela notar.

—Quem? –Ela perguntou. –Quem anda dizendo isso?

—Os homens de Bolton. –Respondeu Robb sem ressalvas, embora algo no sangue de Cordyra houvesse fervido com a revelação.

—Robb, meu senhor. –Ela chamou, a voz quebrando. –Qualquer coisa que tenham dito, é mentira. –Ela disse, torcendo para que fosse verdade. Sabia que amava Robb, mas isso a impedia de admirar Jaime? Talvez não, mas Robb não aceitaria. –A armadura de uma mulher é a sua cortesia.

                Ele franziu a testa para ela.

—Por que cita Septã Mordane?

—Porque, se algo acontecer ao senhor meu marido, como já conjecturamos, minha gentileza para com Lannister pode ser a diferença entra a vida e a morte. Nem todos temos espadas.

—Você tem. –Disse Robb quietamente. –Jurei usá-la em seu favor.

—Pode chegar um momento em que você não tenha como fazer isso por mim. –Ela rebateu.

                Quando ele a olhou uma segunda vez, os olhos não eram mais frios, eram outra coisa, e Cordyra não sabia se gostava dela tampouco.


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