Filha de Gelo e Fogo escrita por Dafne Guedes


Capítulo 2
O Cortejo Real


Notas iniciais do capítulo

Vou postar logo de cara esses dois capítulos antes de transformar as postagens em eventos semanais, pois assim, conhecendo melhor a história, espero que vocês voltem por mais tempo!
Boa leitura!



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"There will come a soldier
Who carries a mighty sword
He will tear your city down
Oh lei, oh lai, oh, Lord
Oh lei, oh lai, oh lei, oh, Lord
He will tear your city down
Oh lei, oh lai, oh lei, oh, Lord"

Cordyra jamais havia visto antes um cortejo real. A estrada que levava a Winterfell, geralmente passeada apenas por lordes menores, vassalos de seu tio, empregados do castelo, vendedores, cantores e comerciantes, estava tão apinhada de gente que seria de se pensar que, de repente, o Norte era novamente um reino próprio. Exceto que, ao invés de branco e cinza, tudo era dourado, vermelho, amarelo e preto; além dos três mantos brancos da Guarda Real, andando tão próxima ao rei que poderia ser a sua sombra.

Mesmo Winterfell havia mudado para a achegada dos visitantes. Mãos extras foram contratadas para limpar todos os quartos e deixá-los aconchegantes para o rei, rainha e suas famílias. Tapeçarias foram tiradas dos depósitos, limpas e exibidas nas paredes de pedra, contando histórias de grandes feitos dos antigos Reis do Norte. Cordyra ouvira dizer que, no Sul, os castelos eram adornados de prata e ouro, e os cômodos eram separados por cortinas de sedas coloridas. As mulheres usavam tantas joias que dobravam o peso de seus corpos, e os vestidos eram finos, diáfanos e coloridos.

A austeridade nortenha, porém, parecia incapaz de sucumbir à ostentação sulista. Mesmo que eles tivessem minas de prata, diamantes e safiras, além de mares onde eram colhidas pérolas, no Norte, tudo era decorado com simplicidade e modéstia. Mesmo as roupas não eram tão coloridas. Winterfell não carecia de joias, mas elas ficavam guardadas em um cofre, não exibidas nas cabeças de seus senhores. O baú de joias da própria Cordyra era bastante simples: uma tiara de prata e pérolas, adornada com flores, para ser usada apenas em ocasiões especiais, um broche de safira azul grande como um ovo, brincos de pérolas em formato de gotas, e mais duas tiaras; uma feita de diamantes e esmeraldas e a outra de safiras, que combinavam com o broche. Cordyra adorava todas, e adorava ainda mais ocasiões que a dessem desculpas para usá-las.

                Catelyn Tully a contou que ela havia nascido no castelo em Porto Real, a chamada Fortaleza Vermelha. Cordyra não se lembrava de nada daquilo, tendo sido levada de lá muito nova após a morte de seu pai, Brandon, e a fuga de sua mãe, Lady Alyssa. Eddard, quando ela era mais velha, uma vez a olhara brincando da neve e comentara que o sangue dela era do Norte. Havia alguma dúvida? Sim. Sempre. Cordyra crescera com os cabelos de ouro branco dos Velaryon, além dos olhos violeta.

                O rei não era nada do que Cordyra sabia dele. Ela e os primos haviam passado a infância a ouvir as histórias de Eddard sobre a Rebelião de Robert. Tudo era sangue e honra nas histórias de seu tio. Ela sabia serem verdade. Havia sonhado com isso. Rubis caindo nas águas do Tridente como gotas de sangue, então sangue de verdade se espalhando. Os Targaryen podiam ter sido do sangue do Dragão, mas ela sabia que sangravam vermelho como qualquer mortal.

                Nos sonhos, Robert era um gigante entre os homens, com elmo chifrado, a armadura dando ainda mais volume aos seus ombros, e o nome de Lyanna Stark preso entre os lábios quando matara Rhaegar, o herdeiro Targaryen.

                Agora, porém, o rei Robbert havia alcançado o tamanho e peso de um filhote de elefante, com uma barba longa e preta, e uma camada de gordura na altura da cintura. Cordyra havia ouvido seus tios falando sobre os gastos do reino; a Casa de Lannister faziam tantos empréstimos que poderiam muito bem ser o banco de Westeros –Cordyra também sabia que, centenas de anos antes, na guerra civil conhecida como Dança dos Dragões, um quarto dos cofres reais haviam sido esvaziados pelos Lannisters, e ninguém parecia ter cobrado. O tio tivera que, antes da chegada da corte, segurar Cordyra pelo braço e a fazer prometer não tratar das despesas do reino com o rei, não importava quantas ideias ela tivesse sobre o assunto.

                As crianças Stark –ao menos as crianças Stark oficiais –foram enfileiradas para receber o rei, logo atrás de seus pais e rodeadas por cavaleiros. Os mais novos nas pontas, os mais velhos ao centro. Robb estava cercado de um lado por Sansa, e do outro por Cordyra, a quem fora prometido em casamento –Eddard sabia que, seus pais não tendo sido casados, sua linhagem podia facilmente ser contestada, embora Brandon não houvesse desposado outra mulher, ou tido mais filhos. Então o tio a casaria com seu primogênito de forma que ninguém pudesse questionar seu direito a ser Senhora de Winterfell. Cordyra usava a tiara de safiras, assim como o broche. Robb não. Usava apenas couro e lã.

Primeiro, os cavaleiros desceram de seus cavalos. Estes, Cordyra só podia reconhecer pelas descrições de seu pai. Tyrion Lannister era uma coisa feia e deformada, cujas pernas curtas não combinavam com a cabeça grande demais. Andava mancando, e passou os olhos rapidamente, sem interesse, pelas crianças Stark. Exceto quando os olhos bateram em Cordyra, então ele se demorou mais um segundo, rápido demais para que qualquer outra pessoa notasse.

Jaime Lannister, ela sabia bem, mesmo com seu manto branco, era o regicida. As pessoas só diziam isso pelas suas costas, o que Cordyra achava ser um tipo muito covarde de desrespeito. Os seus cabelos louros brilhavam como ouro, da mesma forma que os cabelos de Cordyra brilhavam em ouro-branco. Cordyra também sabia como era quando as pessoas diziam coisas pelas suas costas que não tinham coragem de falar em sua cara. “Cordyra Snow” e “Lady Snow” eram os apelidos preferidos das amigas de Sansa.

A septã Mordane dera uma tapa tão forte na boca de Jeyne Poole ao ouvi-la fazer um desses comentários que o sangue pulara de seu lábio até a parede ao seu lado. Cordyra havia sido mais discreta. Robb seria seu marido, um dia, mas acreditava que faltava um bom tempo até o casamento. Também sabia que Jeyne Poole era apaixonada por ele e, ao vê-los conversando no pátio após o treino de espadas, Cordyra saltitara até Robb com graciosidade, plantando um beijo em sua bochecha suada, e sorrindo de forma adorável. Se o primo ficara surpreso, não demonstrara. Sorrira para ela e a perguntou quais haviam sido seus melhores momentos. Cordyra, que não assistia aos treinos por puro desinteresse, muito ao contrário da prima Arya, desconversara.

Também havia Jon. O primo era cordial o suficiente com ela, amigável até, mas havia uma barreira entre eles quase tão alta quanto a Grande Muralha: os dois eram igualmente bastardos, mas ela recebera o sobrenome Stark e ele não. Eddard insistira que ela fosse uma Stark.

O rei já havia abraçado Eddard como a um velho amigo, o que eram, quando a rainha os alcançou a pé com as crianças. A liteira aonde ela tinha sido carregada era grande demais mesmo para os portões de Winterfell, e ela tivera que fazer o resto do caminho cheio de neve com seus próprios pés.

                Quando o senhor de Winterfell, Lorde Eddard, se ajoelhou para beijar o anel da rainha, assim também fizeram todos os seus filhos do sexo masculino. Cordyra e as primas, por outro lado, seguiram o exemplo de Catelyn, uma ligeira curvatura, deixando entrever o topo da cabeça.

                Apenas quando levantou os olhos a rainha estava perto o suficiente para que a garota a analisasse com cuidado. Era tão parecida com o irmão gêmeo que, não fossem de sexos diferentes, passariam facilmente pela mesma pessoa. Os mesmos cabelos dourados e olhos verdes, além de serem altos e esguios. Quando passou os olhos por ela, Cordyra notou que não eram sarcásticos como os do irmão, mas completamente frios, como os olhos de uma serpente.

                Os dois príncipes e a princesa não tinham nada do pai, eram apenas a imagem da mãe. O mais velho, conseguia imitar mesmo o seu olhar desdenhoso. Os mais novos tinham os olhos brilhantes, e olhavam para as torres de Winterfell, e para a neve acumulada em cima delas, com fascinação.

                As crianças, de ambos os lados, foram avaliadas uma a uma. Quando Robert pousou os olhos em Arya, pareceu quase emocionado por um segundo, enquanto sua esposa desviou o olhar para longe, como se a imagem pudesse queimá-la. Quando chegaram em Cordyra, pareceu como se todos os convidados houvessem perdido momentaneamente a voz por um minuto, que se estendeu tão longamente que Cordyra começou a sentir suas faces corarem. Eddard pigarreou, como se fosse mover as apresentações para Robb, mas o anão foi mais rápido:

—Filha de Lady Alyssa, Lorde Stark? –Perguntou cuidadosamente. –Com seu falecido irmão mais velho, Brandon, em seu tempo como prisioneiro do rei Aerys? –Antes que Eddard respondesse, ele tomou a palavra mais uma vez, como se não houvesse terminado. –Vejo a semelhança.

—Com Lady Alyssa? –A rainha, Cersei, interviu, cautelosa. –Ela se parece mais...

—Eu quis dizer com Brandon Stark. –O anão interviu muito rapidamente. Então acrescentou tardiamente, de um jeito que fez a rainha trincar o maxilar de forma visível. –Minha senhora. Ela tem o queixo e a testa dos nortenhos, embora todo o resto seja valiriano, como o nome. –Ele se virou educadamente para Eddard. –Foi o senhor, Lorde Stark, quem o escolheu?

—Não. –A resposta de Eddard foi apressada. –Lady Alyssa a mandou já com o nome.

—O sobrenome, porém, foi escolha sua. –As palavras de Jaime eram sarcásticas. –Poderia ter sido outro.

                O rosto de seu tio endureceu e escureceu.

—É a única filha de Brandon. Sua herdeira. –Postulou, e o queixo se levantou alto no ar quando disse isso. Não deu uma segunda olhada para a sobrinha quando se moveu ao próximo. –Este é Robb, o mais velho. 

                Cordyra se sentiu tão aliviada que deu um suspiro baixo, mas alto o suficiente para ser ouvido pelo primo que, quando as apresentações se moveram para Bran, inclinou a cabeça ruiva na direção dela.

                Robb não disse nada; não tinha necessidade. Ele estendeu a mão e pegou a dela. Os ombros dele eram tão retos diante da corte real; cheios de orgulho Stark, que pareceram formar uma barreira entre ela e o resto do mundo. Bateu o dedo três vezes na mão dela. Significava que perguntava se estava bem. Eles haviam criado aquele modo de comunicação muitos anos antes, quando a avó Lyarra ainda era viva, e não gostava que eles ficassem cochichando durante o jantar.

                Ela não sabia bem o que havia acabado de se passar, o que era uma sensação estranha porque, pelo castelo, ela era chamada de Cordyra, a Informada. A alcunha fora dada pelo tio, que cansara de encontrá-la à espreita, sempre à procura de uma informação de nova, de um livro mais interessante que o anterior, de uma conversa que sabia não poder ouvir. Eddard a dissera que entender as políticas do reino era trabalho complicado, e a mandou uma série de livros. Então enfatizou que ela devia sempre perguntar, e jamais espiar. Espiar era para aranhas, e ela era uma senhora.

                O diálogo deixou seus braços mais eriçados do que o frio do Norte era capaz. Um medo ancestral desceu sua espinha, como se ela houvesse nascido com ele, mas jamais sido apresentada formalmente até aquele momento. O rei Robbert fora o pior. Ele ficara em silêncio enquanto os Lannister confrontavam e questionavam sua linhagem, mas os seus olhos eram os mais duros. Ela sabia onde os tinha visto assim antes; quando sonhara com a batalha no Tridente. Era o olhar que Robert havia tido um segundo antes de quebrar a armadura de Rhaegar com seu martelo de batalha.

Assim que aquelas formalidades de saudação se completaram, o rei disse ao anfitrião:

— Leve-me à sua cripta, Eddard. Quero apresentar os meus respeitos.

Não foram necessárias mais palavras. Os olhos de seu tio brilhavam. A rainha começara a protestar. Que tinham viajado desde a madrugada, que estavam todos cansados e com frio, que decerto deveriam descansar primeiro. Que os mortos podiam esperar. Não disse mais que isso; Robert olhou-a, o irmão gêmeo Jaime pegou-lhe calmamente no braço e ela não disse mais nada.

Uma vez que o lorde de Winterfell e seu rei saíram do caminho, barracas e tendas começaram a ser montadas no pátio, enquanto os visitantes mais nobres eram levados pela senhora Catelyn para dentro do castelo, a serem apresentados às suas acomodações.

Cordyra queria se livrar de toda a pompa e seguir o tio para tirar satisfações com ele do momento mais constrangedor que já vivera, com os próprios rei e rainha a avaliando como se ela fosse seu inimigo declarado. Houvesse sido diferente, ela teria ficado feliz com toda a coorte estando em Winterfell. Cordyra adorava visitas; elas traziam notícias, visões que ela jamais presenciara, histórias que nunca tinha ouvido.

                De qualquer forma, ela não poderia interromper o tio enquanto ele estivesse com o rei. Robb tinha o que fazer como primogênito; entretendo o príncipe Joffrey, garantindo que todos se sentissem em casa. Ninguém sentiria falta de Cordyra, então ela foi procurar por Jon, outro desgarrado.

                Precisou procurar longamente por ele. A maior parte do castelo estava agitada; criados andavam de um lado para o outro, carregando baldes de água quente, frutas e carnes vindas do vilarejo de inverno, baús tão cheios de seda, lã e veludo que os tecidos caíam pendurados pelas laterais.

                A jovem donzela não estava pensando na agitação, porém. Pensava no nó apertado que amarrava os Starks juntos, e como ela, Jon e Robb haviam sido amarrados ainda mais próximos de um mesmo lado. Se um lobo pudesse ter três cabeças, eles seriam as três. Robb, sorrisos fáceis, cordialidade e força. Jon, observador, ágil, desconfiado. Cordyra, informada, cuidadosa, confiante. Cordyra podia imaginá-los em alguns anos, depois da velhice de seus tios. Ela casaria com Robert, e Jon casaria com alguma moça nortenha. Se tivesse sorte, talvez até alguma moça nobre, de uma Casa menor. Bran seria cavaleiro no Sul, mas Jon ficaria para ajudar Robb com a administração do castelo. Talvez ser o seu homem de armas. Winterfell seria cheia de crianças; louras, morenas e ruivas, como eles.

                Sansa e Arya seriam senhoras de castelos; podia imaginar Arya senhora de um castelo nortenho, talvez os Manderley, talvez os Boolton, Cerwyn ou Karstark. Sansa pertencia ao sul, porém, brilhando na coorte. Eles a veriam pouco, mas ao menos ela estaria perto de Bran.

                Estava pensando em como, quando senhora do castelo, encheria Winterfell de música, patrocinando harpistas e violinistas, quando encontrou-se no caminho para a torre da biblioteca. Uma grande porta de carvalho ergueu-se diante de si, e Cordyra e empurrou com força.

                Jon estava lá dentro e, ao vislumbrar sua entrada, puxou o livro aberto a sua frente para o colo, onde ela não podia vê-lo. Jon não estava só; Fantasma, o lobo albino de olhos vermelhos que o garoto tomara para si, estava lá, assim como Norte e Vento Cinzento, os lobos de Cordyra e Robb, respectivamente. Fantasma sentava-se quieto, olhando para a sua entrada, mas os outros dois embolavam um no outro, procurando morder as orelhas.

—O que está lendo? –Perguntou incisiva, deixando claro que Jon não poderia possivelmente enganá-la, mas, não tão interessada na resposta, continuou: -Achei que ficaria para assistir ao cortejo de algum lugar.

—Fiquei. –Jon colocou o livro discretamente em cima da mesa, e Cordyra pôde ler o título “Grandes Casas de Westeros, por Meistre Lynn”. –Mas então o rei saiu, e ele era a figura mais interessante.

                O “era” na frase indicava claramente que Jon ficara tão desapontado quanto ela ao ver a figura rechonchuda do rei. Cordyra encolheu levemente os ombros.

—Ouvi dizer que o irmão mais novo, Lord Renly, parece muito com sua alteza quando jovem. –Confidenciou a conversa que ouvira entre Jeyne Poole e Sansa. –O que quer saber sobre as Casas de Westeros? –Inqueriu. –Achei que já houvesse cansado das aulas de Meistre Luwin.

                O rosto de Jon estava perigosamente vermelho.

—É apenas pesquisa. –Falou, tão baixo que foi como se as palavras houvessem sido arrancadas dele. –Então? As crianças reais têm realmente o cabelo feito de ouro quando olhadas de perto?

                Cordyra permitiu-se uma risadinha com a ironia do primo. Robb era muito correto para fazer piada com os príncipes e a princesa, pois um dia seria um lorde vassalo deles, e não poderia respeitar um rei do qual tirava brincadeiras, mas Jon era bastardo e ninguém ligava se ele não tinha apreço pelos filhos do rei.

—Têm o cabelo dourado o suficiente. –Respondeu Cordyra de forma cortês. A ela não era permitido sair da linha; qualquer engano, e dedos seriam apontados em sua direção com a palavra que mais detestava. “Bastarda”, a chamariam. Cordyra não permitiria. –O que você achou?

                Jon encolheu os ombros e inclinou-se sobre a mesa. Cordyra deu um passo para mais próximo. Haviam apenas os dois na biblioteca, mas com o castelo tão cheio não dava para saber qual dos convidados estariam explorando.

—Acho que é uma longa distância que o rei está percorrendo por uma visita cordial. –A resposta de Jon era seca como o outono que se aproximava.

                Cordyra não fingiu não sentir pesar. Deixou-se cair pesadamente na cadeira. A neve voltou a cair do lado de fora; seria o primeiro inverno de sua vida, e ela temia que fosse ser longo.


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Notas finais do capítulo

A música desse capítulo é "Soldier, Poet, King", da banda The Oh Hellos.



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