Filha de Gelo e Fogo escrita por Dafne Guedes


Capítulo 13
Os Vassalos


Notas iniciais do capítulo

Sei que tenho adiantado os capítulos algumas vezes, mas a verdade é que tenho planejado escrever uma fic para cobrir a história de Cordyra por cada livro. Não sei se separarei a fic em Partes ou se abrirei fic diferentes ainda. Se alguém aí tiver uma sugestão, aceito. Mas como tenho capítulos o suficiente para postar por mais de dois meses sem escrever, então estou confortável em adiantar alguns para vocês.
Enfim, boa leitura.
P.S.
Esse capítulo tem um trecho um pouco mais quente, mas como não há nada explícito, estou deixando sem aviso.
A música do capítulo é Howl, de Florence and The Machine.



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"My fingers claw your skin, try to tear my way in
You are the moon that breaks the night for which I have to howl
My fingers claw your skin, try to tear my way in
You are the moon that breaks the night for which I have to
Howl, howl
Howl, howl"

 

Os Karstark chegaram numa manhã fria e ventosa, trazendo de seu castelo em Karhold trezentos homens a cavalo e quase dois mil a pé. As pontas de aço de suas lanças tremeluziam à pálida luz do sol enquanto a coluna se aproximava. Um homem seguia à frente, marcando um ritmo de marcha lento e gutural num tambor que era maior que ele, buum, buum, buum. Era o próprio Lorde Rickard que os liderava, com os filhos Harrion, Eddard e Tosshen cavalgando ao seu lado sob estandartes negros como a noite, adornados com o resplendor branco de sua Casa. Havia algum parentesco antigo com a Casa Stark, mas as semelhanças em aparência deviam ter se perdido há muito tempo, pois os Karstark eram homens robustos, com barbas hirsutas e mantos de pele de foca, urso e lobo.

                Parecia ter sido ontem que Robb, Cordyra, Hallis e Theon haviam convencido o Meistre Luwin a chamar os vassalos. Os Karstark eram os últimos a chegar, levantando seus estandartes com o Sol de Inverno ardendo alto e dourado. Cordyra estava do lado de fora, envolta em um manto de pele de urso-branco que fora presente dos Umber da Última Lareira.

O meistre ensinara aos jovens Stark todos os estandartes: o punho revestido de cota de malha dos Glover, prateado sobre escarlate; o urso negro da Senhora Mormont; o hediondo homem esfolado que precedia Roose Bolton, do Forte do Pavor; um alce macho para os Hornwood; um machado de batalha para os Cerwyn; três árvores-sentinelas para os Tallhart; e o temível símbolo da Casa Umber, um gigante a rugir com correntes quebradas. E em breve ficaram também conhecendo os rostos, quando os senhores e seus filhos e cavaleiros vieram a Winterfell para os banquetes. Nem o Grande Salão tinha tamanho que chegasse para que todos se sentassem ao mesmo tempo e, portanto, Robb recebeu os principais vassalos um de cada vez. Nessas ocasiões, Bran e Cordyra sempre o acompanhavam; Bran imediatamente à sua direita, e Cordyra à esquerda.

A Vila de Inverno estava cheia até o ponto de rebento, e as contas de Cordyra sobre o inverno tiveram todas que serem refeitas por conta dos novos gastos. Nem parecia que, há cerca de seis luas, eles haviam recebido a corte real naquele mesmo castelo, naquele mesmo salão. Ali, alimentaram inimigos, e abrigaram traidores. Cordyra torceu para que não estivessem fazendo o mesmo novamente.

Não havia nem uma lua completa que tudo mudara. Os Lannister começaram a reunir tropas junto às Terras Fluviais, forçando Edmure Tully a juntar os seus vassalos para responder. Com Eddard Stark preso, sendo acusado de traição, os Stark tinham a obrigação de também se juntar a luta, assim Robb convocou os vassalos.

Então eles vieram. Por uma quinzena inteira, chegaram tantas pessoas à Winterfell que Robb mandou que aponte levadiça estivesse sempre abaixada, pois muitos dos homens chegavam no escuro da noite. Ele também colocou uma adaga sobre a mão de Cordyra, e disse que ela a escondesse sob as saias. Estava bastante assustado depois do acontecido na Mata de Lobos, e proibira Bran de sair das muralhas de Winterfell.

Até mesmo Winterfell estava cheio de gente. O pátio ressoava com o som de espadas e machados, com o estrondear das carroças e o ladrar dos cães. As portas do armeiro estavam abertas, e Mikken vinha trabalhando mais que nunca na forja, batendo o seu machado durante noite e dia. Mas a maior mudança ocorrera no doce Rickon.

O Stark mais novo tornara-se incontrolável como uma tempestade de inverno desde que soubera que Robb ia partir para a guerra, ora choroso, ora zangado. Recusava-se a comer, chorava e gritava noite adentro, chegara mesmo ao ponto de dar um soco na Velha Ama quando ela tentou embalá-lo com canções, e no dia seguinte desapareceu. Robb pusera metade do castelo à sua procura, e quando finalmente o encontraram lá embaixo, nas criptas, Rickon golpeara-os com uma enferrujada espada que tirara da mão de um rei morto, e Cão Felpudo saltara da escuridão, babando como um demônio de olhos verdes. O lobo estava quase tão fora de controle como Rickon; mordera Gage no braço e arrancara um pedaço da coxa de Mikken. Só o próprio Robb e Vento Cinzento tinham logrado acalmá-lo, Farlen mantinha-o agora acorrentado nos canis, e Rickon chorava ainda mais por estar sem ele.

Meistre Luwin aconselhara Robb a permanecer em Winterfell, e Bran também lhe pedira, tanto por si como por Rickon, mas o garoto limitara-se a balançar teimosamente a cabeça e a dizer:

— Não quero ir. Tenho de ir.

                Cordyra não estava mais feliz do que Bran ou Rickon sobre isso. Argumentara com Robb que ele poderia muito bem deixar que um vassalo levasse a sua tropa. Roose Bolton parecia capaz, e Grande-Jon estava mais que ansioso para isso. Robb tinha catorze anos, qualquer um entenderia. Ele nem quisera ouvir falar no assunto. Disse que iria, pois não era homem de mandar outros morrerem na batalha em seu lugar.  Então Cordyra colocou a mão na mesa quando estavam apenas os dois, e disse em alto e bom som:

—Eu irei com você.

—Rickon e Bran precisam de você. –Robb argumentou, mais exasperado do que ela jamais havia visto antes, o rosto ameaçando ficar vermelho. –Além disso... –Aqui ele hesitou um pouco. –Que ajuda, como mulher, pode me oferecer na guerra?

                Então, com a mesma adaga que ele a havia presenteado, ela o fez um corte superficial no rosto. Depois disso, cuidou para que não infeccionasse, lavou e passou unguento, e no dia seguinte, era apenas uma sombra fina sobre a sua bochecha. Robb concordou em deixa-la ir, embora, novamente, tivesse citado o casamento. Cordyra lembrou-se do Meistre Aemon, e da conversa que queria ter com ele, mas de repente estava muito abaixo em sua lista de muitos afazeres.

                Além de tudo, seu interesse no meistre era menos sobre os dragões, e mais sobre a família de sua mãe. Haviam muitas histórias sobre os Targaryen; às vezes eles eram deuses, e noutras vezes, demônios. Ela queria saber se eles eram feitos de carne como ela, e se sua mãe quisera tê-la, e como acabara por dormir com Brandon Stark.

                O que ela não disse a ele era que tinha outras ideias; Jocelyn vinha treinando com Hallis Mollen durante a calada da noite. Não usavam espadas, ou mesmo adagas. Jocelyn, vinda das cozinhas, tinha habilidade em cortar lenha, e trabalhava melhor com o machado do que com armas finas, e Hallis Mollen estava trabalhando justamente isso sobre ela. A própria Cordyra não ficava parada nesse meio tempo; descia às criptas, onde ensinava aos seus dragões comandos em Alto Valiriano: Dracarys, Daor, Kessa, Zaldrizes.

                Baelon e Aurae já eram capazes de emitir chamas. Ela pensava que seriam a princípio uma coisa risível, mas eram chamas brilhantes que imediatamente derreteram as espadas da mão de Benjen, o Doce e chamuscaram seu rosto esculpido em pedra. Meleyna fazia sair um pouco de fumaça das narinas, mas Espectron apenas abria a boca ao seu comando, e nada de lá saia.

                Enquanto isso, a transformação de Robb em Senhor de Winterfell parecia ter-se feito completa. Até os vassalos pareciam senti-lo. Muitos tentavam testá-lo, cada um à sua maneira. Tanto Roose Bolton como Robett Glover exigiram a honra do comando de batalha, o primeiro de forma brusca, o segundo com um sorriso e um gracejo. A resoluta e grisalha Maege Mormont, vestida de cota de malha como se fosse um homem, disse abruptamente a Robb que ele tinha idade para ser seu neto e que não tinha nada que lhe dar ordens..., mas acontecia que tinha uma neta com a qual estava disposta a deixá-lo se casar. Lorde Cerwyn, um homem de falas mansas, tinha até mesmo trazido consigo a filha, uma donzela rechonchuda e desajeitada de trinta anos, que se sentou à esquerda do pai e nunca levantou os olhos do prato. O jovial Lorde Hornwood não tinha filhas, mas trouxe presentes, um dia um cavalo, no seguinte um quadril de veado, no outro um corno de caça com relevos de prata, e nada pediu em troca... nada exceto uma extensão de terra que fora tirada de seu avô, e direitos de caça para norte de uma certa serra, e licença para construir uma represa no Faca Branca, se agradasse ao senhor.

Robb respondia a todos com fria cortesia, muito à semelhança do que o pai poderia fazer, e de alguma forma dobrava-os à sua vontade, colocando Cordyra na frente de qualquer mulher que seus suseranos trouxessem. E quando Lorde Umber, cujos homens alcunhavam como Grande-Jon, tão alto como Hodor e duas vezes mais largo, ameaçou levar suas forças para casa se fosse colocado atrás dos Hornwood ou dos Cerwyn na ordem de marcha, Robb disse-lhe que o fizesse, se assim desejasse.

— E quando resolvermos o assunto dos Lannister - prometera, coçando Vento Cinzento atrás da orelha -, marcharemos outra vez para o norte e os arrancaremos da sua fortaleza e os enforcaremos por quebra dos votos.

Praguejando, Grande-Jon atirara um jarro de cerveja ao fogo e berrara que Robb era tão verde que devia urinar erva. Quando Hallis Mollen se aproximara para refreá-lo, atirara-o ao chão, virara uma mesa e desembainhara a maior e mais feia espada longa que Cordyra jamais vira. Por toda a sala, seus filhos, irmãos e soldados puseram-se em pé de um salto, puxando seu aço.

Mas Robb dissera apenas uma palavra em voz baixa, e com um rosnado e num piscar de olhos, Lorde Umber deu por si estatelado de costas, com a espada girando no chão a um metro de distância e a mão pingando sangue no lugar de onde Vento Cinzento arrancara dois dedos.

— O senhor meu pai me ensinou que empunhar o aço contra o seu suserano significa a morte - Robb dissera-, mas sem dúvida que o senhor queria apenas cortar-me a carne.

Grande-Jon lutara para se erguer, chupando os tocos vermelhos dos dedos..., mas então, espantosamente, o enorme homem soltou uma gargalhada.

— A vossa carne - o homem rugiu - é dura como um raio.

E de algum modo, depois daquilo, Grande-Jon transformara-se no braço direito de Robb, no seu campeão mais dedicado, dizendo sonoramente a todo mundo que o senhor rapaz era afinal um Stark, e que fariam melhor em dobrar o raio dos joelhos se não quisessem vê-los arrancados à dentada.

Apenas Cordyra, que ficara de pé ao lado de Robb assim que Grande-Jon tirara a espada, podia sentir Robb ligeiramente trêmulo debaixo de seus dedos.

Depois, lorde Cerwyn insistira em levar a filha para o Sul com eles, falando que alguém teria de cozinhar. Cordyra achava que poderia ter se controlado, mas Norte rosnou alto de seu lugar no estrado, e lorde Cerwyn mais tarde desistiu de seu intento. Cordyra, porém, não deixou de perceber que, quando Vento Cinzento fazia alguma ousadia, os lordes riam e aplaudiam, mas, quando era Norte a autora, então eles olhavam para Robb como se esperassem que ele pudesse controlar sua jovem noiva.

Esse comportamento mudou quando Meistre Luwin decidiu que era uma pior ideia manter os dragões presos no quarto, principalmente agora que eles soltavam fogo, a escondê-los dos vassalos. Robb concordava que os Lannister queriam guerra, e saber dos dragões não mudaria essa realidade. O Rei Robert, que mais odiava os Targaryen e que seria o melhor aliado de seu tio, estava morto. Não poderia ajuda-lo ou condená-lo. Portanto, Cordyra levou os dragões para o bosque sagrado, à vista de cada um dos vassalos. Primeiro, houve uma comoção. Todos se juntaram para assistir. Ela pensou que Robb tomaria o seu lado, mas, ao invés disso, ele ficou atrás, observando e lançando olhares matadores a qualquer um que dissesse qualquer coisa negativa sobre isso. À princípio, reinou o temor e a dúvida. Depois, Grande-Jon Umber disse, às gargalhadas que era uma boa coisa que estivessem ao lado dos dragões, e todos os outros pareceram concordar. O jovem Eddard Karstark pediu para vê-los soltando fogo, e ela anuiu a seu pedido.

Os comentários surgiram, como ela temia, mas nenhum foi tão ruim quanto eram em sua cabeça, e a maioria era sobre o seu pai.

—Mais uma façanha de Brandon Stark! –Exclamou lorde Galbart Glover. –Deixava um rio de mulheres arrasadas e de coração partido por onde andava, e chegou mesmo a domar um dragão! Deitou-se com a esposa de Aerys enquanto era seu refém!

                E os homens riram, e concordaram com a grandeza da façanha de seu pai, semelhante à de Bael, o Bardo.

                Quando, então, os homens souberam que os dragões estariam se juntando à batalha, sua coragem e força pareceu dobrar, e eles não mais apenas falavam de vencer os Lannister e conseguir lorde Eddard de volta, mas também de marchar até porto real e tirar lorde Stark das masmorras eles mesmos.

Para piorar, toda vez que os corvos chegavam pareciam trazer apenas mais notícias ruins. De porto real, chegou a carta mais escura de todas, e Robb a leu quando estava com ela e Bran.

— Ela diz que nosso pai conspirou para cometer traição com os irmãos do rei. –Lera. - O Rei Robert está morto, e a mãe e eu somos convocados à Fortaleza Real para jurar fidelidade a Joffrey. Diz que devemos ser leais e que, quando casar com Joffrey, suplicará a ele que poupe a vida do senhor nosso pai. – Seus dedos fecharam-se em punho, esmagando a carta de Sansa. - E nada diz de Arya, nada, nem uma única palavra. Maldita seja! Que se passa com ela?

—Perdeu seu lobo. –Bran respondeu, oco.

—Tem onze anos. –Cordyra endossou. –Está só, e o seu pai foi fiel ao Rei, porque teria ela de ser infiel à rainha? Não pode esperar que ela compreenda.

                Quando Bran saiu do aposento, Robb se deixou cair na cadeira que marcava a cabeceira da mesa de reuniões. Aquela sala era apenas para as reuniões mais íntimas, que tratavam dos assuntos mais caseiros; a colheita, as questões familiares, a criadagem de Winterfell. Era bem menor do que o Grande Salão onde recebiam os vassalos quando em grande número, mas era o suficiente para que acolhessem apenas os líderes das maiores Casas.

—Sansa tem apenas onze anos, e Bran, oito. –Ele disse, a voz abafada pelas mangas grossas de sua roupa de frio. –Como hei de deixa-lo gerenciando Winterfell?

                Cordyra, em pé, inclinou-se sobre as costas dele, de forma que eles se encaixaram, o rosto dela encostado na parte de trás de seus ombros.

—Não estará sozinho. Terá Meistre Luwin para guia-lo. Logo Sor Rodrik também estará de volta.

                Ela podia sentir o ritmo da respiração de Robb naquela posição, assim como sentir o cheiro molhado de seu cabelo. Ele tinha um cheiro rico, de terra molhada, neve e inverno.

—Fique. –Robb pediu, não pela primeira vez. –O guie.

                Esse era um assunto que ela não negociaria.

—Não. –Respondeu. –Irei com você.

                Ele não insistiu.

—Muito bem. Vá, então. –Decidiu. –Mas não como minha noiva.

                Cordyra sentiu como se uma pedra de gelo, grande demais para ser engolida, descesse pela sua garganta e se alojasse em seu estômago. O sangue desceu subitamente para os seus pés, e um pretume se ergueu sobre sua visão. Ele virou-se para encará-la.

—Sei que há pouco tempo. –Disse. –Partiremos em três dias. Mas não há melhor ocasião. Os vassalos já estão aqui.

                Cordyra continuou o encarando, o sangue circulando tão lentamente que era como se seu coração não fosse mais bater.

—Do que está falando? –Perguntou, a voz fraca.

—Do casamento. –Ele esclareceu. –Dormirá na minha barraca e deve ser minha esposa. Há pouco tempo, mas ainda assim...

                A cerimônia não seria nada como Cordyra imaginara. Feita às pressas, tudo que eles conseguiram foi que o arranjo de flores que ela levaria fosse feito com as rosas azuis de inverno que cresciam em Winterfell. O Bosque Sagrado foi decorado com um tapete das rosas azuis, e ergueu-se um arco de casamento bem de frente para a árvore-coração, com seu rosto. Seus tios não estavam presentes, assim como não estava presente Sor Rodrik, do jeito que ela pensara. Arya e Sansa não foram suas damas de companhia durante o café, nem a prepararam para a cerimônia. Ela não se importou muito; o personagem principal de suas fantasias estava presente, e era Robb.

                No dia do casamento, o dia antes de partirem, Jocelyn levou um café-da-manhã especialmente reforçado que ela tomou ao lado de Dacey e Maege Mormont, mulheres que ela mal conhecia, ao invés das primas Sansa e Arya. Haviam bolinhos de limão, queijos variados e geleias para acompanhar. Não foi uma situação desagradável. A velha senhora Mormont, para sua vergonha, a disse o que esperar da consumação. A senhora Catelyn já havia falado com ela sobre aquilo, ao menos superficialmente. A Septã Mordane fizera parecer que era algo tão horrível que deveria ser evitado a qualquer custo, mas Maege Mormont foi apenas direta.

                Quando elas saíram, Jocelyn ficou, parecendo pálida.

—O que há? Nervosa em ir ao Sul amanhã? –Cordyra perguntou a ela. Jocelyn vestia seu espartilho, e, portanto, seu rosto não era visível, mas havia uma dureza anormal em suas mãos.  

                Jocelyn confirmou com a cabeça e murmurou um “sim, senhora”, mas Cordyra soube que ela estava mentindo. Não insistiu, porém. Precisava muito de Jocelyn para concordar em deixa-la para trás, caso estivesse com o pé frio sobre deixar Winterfell. Então foi preparada para ela uma banheira, e Jocelyn a esfregou, oleou e enxaguou. Seus cabelos também foram limpos, perfumados, escovados e depois enrolados em um belo penteado nortenho, com muitas voltas.

                O vestido de casamento, que fora encomendado já há algum tempo pela senhora sua tia, era branco, com padrões num azul muito claro, como gelo, em mil arabescos pelo tecido. Tinha um corpete acinturado e uma saia ampla, que varria a neve quando ela passava. As mangas eram amplas e tão longas que chegavam ao chão, também adornadas com peles, assim como o colarinho. Foi, porém, quando Jocelyn trouxe a ela seu manto de donzela que ela hesitou.

—O que é isso?

                A peça era linda, sem dúvidas, mas sombria: preta, tão escura como piche, com arabescos vermelhos no mesmo padrão do vestido. No peito, estava bordado o símbolo da Casa Targaryen; o dragão de três cabeças em vermelho-sangue. Não tinha direito àquele manto.

                Mas compreendeu. Robb queria passar uma mensagem aos vassalos. Estavam ao lado da última Targaryen, e ela levaria Fogo e Sangue aos seus inimigos. Robb estava apresentando-a não apenas como esposa, mas também como sua arma mais poderosa. Ela devia sentir-se usada. Ao invés disso, sentiu-se importante. E, já que seria assim, ao sair para encontrar Bran para a cerimônia, ela fez com que o maior dos dragões, Baelon, se enroscasse em seus braços, com as escamas negras aquecendo seu tecido, enquanto Norte andou ao seu outro lado.

                Winterfell estava vazia, pois todos estavam do lado de fora esperando pelo espetáculo. Bran esperava por ela sentado em dançarina, segurando as rédeas com cuidado, parecendo uma escultura sob a neve que caia em leves flocos gelados. Forçou-se a parecer alegre, mesmo que eles fossem partir amanhã –talvez quisesse parecer maduro para assegurar Robb. Ele não a ofereceu o braço, porque não podia, mas Cordyra não se importou nem um pouco.

—Conseguiu convencer Rickon a ir? –Perguntou a ele quando se pôs ao seu lado, e Dançarina começou a trotar.

                Bran encolheu os ombros.

—Meistre Luwin o obrigou a vestir boas roupas e o trouxe de qualquer forma. –Respondeu.

                Havia uma multidão em pé no Bosque Sagrado esperando sua chegada, mas Cordyra não focou nos olhos de nenhum deles. Em pé, mais à frente, de costas para a Árvore Sagrada, Robb vestia roupas cinzas e um manto branco dos Stark. Olhava de volta para ela, e não havia nada mais.

—Ela é corajosa. –Ela ouviu alguém murmurar ao visualizar o manto de donzela nas cores de sua família materna, mas não se importou. Nunca tinha aparecido com seu dragão no braço, empoleirado, não em público. Sentia-se acima de qualquer mal, de qualquer julgamento. Só um olhar importava, e os olhos azuis de Robb se derramavam sobre ela como se encarasse o alvorecer.

Cordyra não esperava se sentir tão estranha quanto estava se sentindo: ao mesmo tempo extraordinariamente presente e distante, como se estivesse observando a cerimônia de um lugar distante. Ela viu sua família, viu Rickon olhar para ela, e Meistre Luwin. Ela não esperava o cheiro de flores, o qual parecia um tapete se abrindo diante dela, impulsionando-a até o altar, elevando-a até lá. Não esperava que o dragão parecesse tão pesado em seus braços. E ela não esperava Robb. Não esperava que os olhos dele se fixassem nela assim que ela entrasse no salão, olhando para ela e para nada mais. Ele estava tão lindo que Cordyra perdeu o fôlego. Robb parecia confuso, um pouco chocado quando ela se juntou a ele no altar, como se seu fôlego tivesse sido puxado dele. Ela não podia culpá-lo. Os dois sabiam que aquele dia chegaria, mas a realidade era chocante.

Mais tarde, ela se lembraria pouco da cerimônia em si.

Haviam as palavras a serem trocadas. “Quem vem lá?”, Robb perguntou, e ela se identificou. “Cordyra, da Casa Stark e Targaryen”, disse, e não soou como uma mentira. Eles trocaram votos e se ajoelharam diante da Árvore Sagrada para as orações silenciosas. Tudo que ela conseguia pedir era que os deuses nunca a afastassem de Robb. Sabia que devia pedir por outras coisas; filhos saudáveis para serem seus herdeiros, e um breve inverno. Porém, ao menos naquele dia, tudo que importava era Robb. Quando se levantaram, apenas depois de prestar suas homenagens aos deuses, Robb pediu que ela se virasse e gentilmente tirou seu manto preto –que era pesado e quente –e colocou por cima o manto mais leve dos Stark. Ela se agarrou ao tecido macio e branco, mas também se sentiu desamparada. Nunca tivera a proteção da Casa Targaryen, a não ser por um breve momento, mas mesmo assim, uma vez que tirou aquele manto, se sentiu nua.

Cordyra pensava, Está acontecendo. Está acontecendo mesmo. E, no entanto, apesar de tudo isso, ela estava despreparada para o que vinha a seguir. Depois que as palavras foram ditas, ela e Robb se entreolharam aliviado. Durou pouco, pois Robb logo se inclinou em sua direção como se não pudesse esperar nem mais um minuto.

Ele já a estava beijando. Ela sentiu o beijo, e o sorriso que ele carregava, por todo seu corpo, até os ossos. Impotente, ela o acompanhou, segurando os ombros de Robb. Embora ele mantivesse a boca comportadamente fechada, seus lábios eram incrivelmente macios, tão macios e mornos contra os dela que Cordyra precisou reprimir um gemido baixinho. Ele se afastou e Cordyra alisou o vestido com as mãos trêmulas. Quase antes de eles terminarem, vivas irromperam pela congregação, aplausos acompanhados de alguns assobios e batidas de pés. As comemorações continuaram conforme eles uniram as mãos e começaram a seguir pelo altar. Cordelia viu Dacey Mormont sorrir para ela — e então o rosto de Jocelyn, sério e impassível. A expressão dela a espantou. Ela devia estar preocupada com a viagem, percebeu ela. Cordyra não podia culpá-la. Não havia preparação que bastasse para aquele dia para deixá-la pronta para a vida real. Ela estava casada. Ela estava casada, e estava absolutamente apavorada.

Eles saíram do bosque para uma explosão de aplausos e vivas que os acompanharam até o Salão, onde as mesas tinham sido postas para o banquete de casamento. Cordyra, ainda de mãos dadas com Robb, olhou em volta maravilhada. O salão tinha sido transformado em um espetáculo brilhante. Catelyn tinha trabalhado incansavelmente por meses para deixar todo o planejamento pronto, e ela não tinha deixado um canto do salão de baile intocado, desde as velas tremeluzindo até centenas de arandelas de bronze e faixas de seda branca, cinza e azul-gelo nas janelas. Os tons do vestido de Cordyra eram repetidos diversas vezes, em penduricalhos brilhantes e sinos reluzentes pendurados do teto. Bronze brilhava das faixas que entrelaçavam guirlandas de papoulas e rosas de inverno, e delineava as maçãs e as peras aninhadas em conjuntos de sempre-verdes e sorveiras de frutos brancos. Até mesmo os dois imensos bolos de vários andares no centro do bufê abundante tinham cobertura azul e marfim. Havia um bufê realmente impressionante servido: bandejas fumegantes de frango e cordeiro assado, costeletas de ovelha amaciadas, língua bovina, patê de fígado de ganso. Outra mesa longa estava coberta com salmão frio em molho de pepino; uma salada de lagosta e arroz e outra de batatas cozidas e picles; e ovos graúdos flutuando engenhosamente em gelatina. Distribuídas entre as bandejas havia torres de gelatinas de cores alegres, âmbar, fúcsia e verde. Cordyra trocou olhares maravilhados com Robb conforme os vassalos os cercavam.

Meistre Luwin se aproximou, com Bran e Rickon com ele. Colocou os meninos diante do casal, e disse que os felicitassem, o que fizeram. Bran em com de alegria, Rickon como quem profere injurias injustas. Ela era grata a eles por terem aceitado tudo, por não a odiarem por se casar com Robb, e ir ao Sul com ele. Eles pareciam entender a situação, apesar das complexidades. Bem, ao menos Bran entendia.

Quando chegou a hora de receberem os presentes, tudo foi bastante inusitado. Houveram armas para Robb; uma adaga de aço valiriano, duas espadas e uma armadura. Os Mormont os ofereceram capas de pele para se aquecerem, e botas resistentes de couro para a viagem ao Sul. Os Manderly, mais ricos, perfumes do continente de Essos e um colar de ametistas que era da cor de seus olhos.

                Robb sorriu e foi cordial e grato a cada um dos convidados, mas parecia impaciente. Dava olhadelas de lado a toda hora para as portas do salão, e apertava o maxilar com força.

—Chegou a hora dos noivos! –Gritou finalmente Grande-Jon Umber, e Robb se retesou na cadeira no estrado que ocupava ao seu lado, mais alto do que os outros convidados.

                Quando todos se levantaram para o pior dos costumes nupciais, o estômago de Cordyra se revirou. Era costume em toda Westeros que os homens despissem a noiva e as mulheres despissem o noivo antes de deixá-los em seu novo leito marital. Antes que o medo, o frio e a vergonha se assentassem bem em seu âmago, porém, Robb se pôs em pé, e levantou as mãos de modo que todos pararam onde estavam.

—Perdoem-me, senhores. –Disse Robb cordialmente. Mas havia uma dureza em seu tom que era muito séria. –É uma noite fria, e levarei minha senhora eu mesmo aos aposentos.

                Helman Tallhart riu alto e bateu a caneca de vinho na mesa.

—Ora! –Exclamou. –Você quer é manter sua bela Targaryen para você! –Ele deu uma pausa quando sua fala foi tomada por um soluço, que fez o rosto dele ficar vermelho. Todos esperaram, Robb parecendo tenso. Mas Tallhart olhou ao redor e gritou ainda mais alto. –E quem pode culpar o rapaz?! Ora, vão, vão!

                Eles foram. Cordyra mal podia sentir as próprias pernas, mas deixou que Robb a pegasse pela mão mais uma vez e guiasse seu caminho por entre as mesas distribuídas pelo salão e ocupadas pelos vassalos. Quando eles entraram no corredor e deixaram o barulho de copos batendo em mesa, e a música na harpa para trás, ela notou que não estavam indo ao quarto de Robb. Disse isso em voz alta, ao que ele respondeu:

—Não era o quarto de um casal.

Todas as luzes estavam acesas no corredor. Tochas reluzentes percorriam um corredor curto; Robb abriu a primeira porta, e indicou que Cordyra deveria segui-lo para dentro. O quarto pintado de azul dava para o jardim dos fundos. Cordelia viu galhos brancos e um filete de lua pelo vidro das janelas. Archotes idênticos brilharam ao ganhar vida de cada lado de uma cama lindamente feita que era sem dúvida grande o bastante para duas pessoas. Cordyra se concentrou na primeira coisa sobre a qual seu olhar recaiu, um painel embutido sobre a lareira. As torres com ameias do brasão dos Stark estavam entalhadas no mármore. Robb seguiu o seu olhar.

—Sei que pedi que você vestisse o manto Targaryen no casamento. –Ele disse, parecendo envergonhado. –Meistre Luwin pensou que era uma boa ideia. Mas sempre pensei em você como uma Stark. Somos sangue, e agora algo mais.

                Ele tinha tirado o manto de pele; estava dobrado sobre um dos braços. O cabelo dele estava embaraçado, havia uma mancha de pólen das flores do casamento em uma das bochechas, outra de vinho no punho da camisa. Se ela o beijasse, ele teria gosto do bolo de limão da festa, aquele gosto doce aguçado. O interior de Cordyra parecia um turbilhão de incerteza e desejo.

                Ele olhava para ela também, e parecia hesitante.

Cordyra fixou o olhar a meia distância, embora isso não ajudasse muito — ela viu que estava encarando diretamente a base do pescoço de Robb, normalmente coberta por um botão fechado da camisa. Ele tinha o pescoço forte e esguio, e aquela visão era realmente fascinante, mas ela não podia se permitir perder a compostura por causa de pedaços de Robb Stark naquele momento. Ela reuniu a coragem e falou:

— Você vai ter que me ajudar com meu vestido.

— Acho que é melhor você se virar.

Virar-se foi um alívio, na verdade. Era muito pior ter que olhar para ele e saber que Robb conseguia ver que ela corava. Cordyra sentiu quando ele se aproximou por trás, sentiu as mãos dele tocarem seus ombros de leve.

— Por onde começo? — Perguntou ele.

— Vou tirar o cabelo do caminho. — Respondeu ela, estendendo a mão para pegar a pesada massa de cabelo dos ombros. Robb fez um ruído esquisito. Provavelmente chocado com o número de botões no vestido. — Apenas comece pelo alto, e se precisar rasgar um pouco o tecido, não tem problema. Não vou usar isto de novo.

Ela tentou fazer um pouco de graça, mas ele estava em silêncio absoluto. Ela sentiu as mãos dele se movendo e roçando sua nuca. Ela fechou os olhos. Os dedos dele eram leves, gentis. Ele estava tão perto que ela conseguia senti-lo ali, sentir a respiração contra a sua pele, arrepiando todos os pelos dos braços dela. Os dedos dele desceram. O vestido estava ficando mais frouxo, começando a cair. A palma da mão de Robb deslizou por trás do ombro dela. Cordyra sentiu as pálpebras tremerem.

O vestido escorregou. Cordyra não fez nada para impedir, mas estava tão sensível que apenas a sensação do tecido roçando sua pele até cair no chão a deixou arrepiada. Robb a virou lentamente, uma mão quente em sua omoplata, a outra em seu ombro, até que estivesse de frente para ele, sem nada por baixo. Sua garganta subia e descia num ritmo irregular.

                Robb a beijou. Ela soltou um pequeno arquejo contra a boca dele, e suas mãos deslizaram para os ombros de Robb, agarrando-o. Eles haviam se beijado antes. Mas isso era algo totalmente diferente. Era como a diferença entre alguém descrever uma cor para você, e vê-la finalmente por conta própria.

                As mãos de Robb deslizaram para o cabelo dela, emaranhando-se nas mechas grossas. Cordyra conseguia sentir o corpo dele mudar conforme a abraçava mais apertado. Sentir a tensão nos músculos de Robb, o calor correndo entre os dois. Ela abriu a boca para Robb, sentindo-se selvagem, quase chocada com a sua própria falta de controle. Robb tinha gosto de sidra e mel, e suas mãos desceram, segurando a base da escápula dela, acompanhando o arco das costas de Cordyra. Ela conseguia sentir a batida acelerada do coração de Robb conforme ele a segurava contra si, conseguia ouvir o gemido grave no fundo da garganta dele. Robb estava sussurrando contra a sua boca, como se fizesse uma prece, mas dizia uma palavra só: Cordyra, Cordyra, Cordyra.

Ela abandonou o decoro. Cordyra abriu a boca contra a de Robb, acompanhou o lábio inferior dele com a ponta da língua, agarrou a frente da camisa dele, seu corpo se arqueando contra o dele até que Robb se derretesse contra ela. Até que ela tivesse certeza de que nenhum senso equivocado de dever o afastaria, como havia antes. Mas não eram casados antes. Cordyra caiu para trás no travesseiro de Robb e ele passou para cima dela.

O olhar dele era de encanto, voracidade. Ela tremia: não conseguia imaginar como era essa torrente de sensações para ele, se seria tão intensa quanto para ela.

—Posso tocar em você? —Sussurrou Cordyra.

Ele fechou os olhos com força.

— Sim. Por favor.           

Ela deslizou as mãos por ele, pelos braços e os ombros, pela extensão esguia do seu torso. O calor dele, febril sob o toque de Cordyra. Robb estremeceu e beijou o pescoço dela, fazendo-a arquejar como uma donzela em uma música. Ela começava a entender por que as donzelas nas canções faziam as coisas que faziam. Tudo valia a pena por experiências como aquela.

— Minha vez — anunciou ele, segurando as mãos dela. — Me deixe tocar em você. Me diga para parar... — ele beijou o canto da boca de Cordyra — se quiser que eu pare.

Os dedos dele, longos e pálidos e fortes, traçaram as linhas do rosto dela, pela boca, descendo pelo pescoço, dançando pelas clavículas, segurando os ombros nus de Cordyra. O azul dos olhos dele tinha ardido até se tornar preto. Robb traçava o formato do corpo dela com as mãos, passando pelas curvas suaves dos seios, a depressão da cintura, até que as mãos dele estivessem fechadas nos quadris de Cordyra.

—Eu sonhei tanto com isso —Revelou Robb. — Com poder tocar você. Tocar de verdade. Eu só conseguia sentir você em parte, e imaginei como seria... Eu me torturava com isso...

—É como você imaginou? –Sussurrou Cordyra.

—Eu acho que isso pode acabar comigo. —Confessou ele, e se esticou acima dela. — Você pode acabar comigo, Cordyra Stark. —Robb a beijou, ardente e exigente. Abrindo os lábios dela, sua língua acariciando a dela, fazendo-a arquear o corpo contra ele em seu desespero de sentir as batidas do coração de Robb perto das suas próprias. —Ah, Deuses. — Sussurrou ele, contra a boca de Cordyra. — Ah, Deuses, Cordyra. — Ela queria se desfazer em pedacinhos para que Robb pudesse se encaixar ainda mais perto dela, quis se partir para ser remontada com ele.

E o tempo todo Robb observava o rosto dela, como se ele se alimentasse do deleite incrédulo de Cordyra, do prazer dela. Ele a tocava com urgência, mas de maneira cuidadosa e gentil, como se a ideia de a machucar o aterrorizasse. No fim, foi ela quem o incitou, quem o beijou com mais força, para tentar dilacerar o controle dele, até que ele murmurou:

— Pronta?

A voz dele estava seca e rouca, como se estivesse sufocado com o próprio desejo por ela, e Cordyra arqueou o corpo contra o dele e disse que sim, estava pronta, por favor.

                Tinham dito a ela, vagamente, que algo doeria, e a princípio houve uma pontada de dor. Cordyra viu o medo no rosto de Robb e o envolveu com as pernas, sussurrando para que não parasse. Ela disse coisas que mais tarde a fariam corar, e ele a abraçou e beijou enquanto os dois se moviam juntos, o breve desconforto se transformando em um prazer que retesava e retesava algo dentro dela até que Cordyra estava cravando as unhas nos ombros de Robb com mãos urgentes e exploradoras, até sua voz se elevar mais e mais enquanto suplicava incoerentemente que ele ficasse com ela, até tudo em sua mente se desmanchar em um caleidoscópio de fragmentos cintilantes mais perfeito do que qualquer outra coisa que ela já tivesse experimentado.

                Quando acabou, ela se deitou ao lado dele, e começou a puxar as peles sobre si, mas ele segurou a mão dela. Ainda tinha os olhos fechados, mas espiou o seu corpo por uma frecha nos olhos e sorriu.

—Não vá para o Sul comigo. –Disse subitamente.

                Cordyra não podia acreditar que ele estava trazendo aquele assunto à tona, não naquele momento. Mas Robb nem a deixou responder. –Não por enquanto. Vá para a Muralha, visite Meistre Aemon. Eu a prometi. Quando casássemos. Veja Jon, diga a ele sobre tudo. Então me encontre em Fosso Cailin. Ainda há alguns vassalos para se colocarem em marcha, esperarei por eles, e por você.

                Ela achava que ele iria fingir não lembrar da promessa, mas então lembrou-se que Robb conhecia seu coração como ninguém mais no mundo. Concordou com a cabeça, e ele a puxou para um segundo beijo, tão intenso quanto o primeiro.


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