Além Do Que É Divino - Volume 01 escrita por Malli


Capítulo 6
Interlúdio




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Não é surpresa que Tóquio seja conhecida mundialmente pela sua vida agitada, quantidade insana de habitantes, e como palco de eventos empresariais de companhias famosas, mas mesmo a mais movimentada das cidades tem os seus pontos calmos. Yamasaka era um desses lugares, um bairro conhecido pela sua tranquilidade, sendo tão pacífico que nenhuma pessoa tinha medo de andar ao seu redor até tarde da noite.

Pah!

Numa das casas deste bairro calmo, para ser mais preciso, a casa de uma família com o sobrenome Fujisaka, objetos eram lançados em todas as direções. Lâmpadas, computadores portáteis, vasos, copos, pratos, todos são atirados sem hesitação e voam pelo ar como balas disparadas num tiroteio.

Um a um, esses produtos colidem com a parede ou com o chão, criando estrondos ruidosos com cada impacto. O homem que os atirava parou por um minuto e respirou fundo, tentando controlar a sua súbita explosão de raiva. Sentado no sofá, ele olhou fixamente para o espaço vazio, como se encará-lo pudesse dar a resposta que procurava.

Ele não estava preocupado com a possibilidade de uma comoção ou queixa dos vizinhos, uma vez que tinha colocado um feitiço na casa, uma barreira mágica cuja especialidade era bloquear qualquer tipo de som e avisar se alguém estivesse aproximando-se da sua localização.

A sua mente exibia imagens da luta entre o rapaz, a garota e o monstro.

Isto foi possível graças a outra magia que ele tinha utilizado.

Ao implantar uma pequena parte da sua consciência no ser demoníaco, o homem foi capaz de ver através dos olhos da criatura.

—Aquele pirralho maldito.... Ele conseguiu destruir o meu [Daeva]!!!

A raiva ameaçou esmagá-lo de novo. Embora o homem fosse um mago talentoso, mesmo tendo sido chamado [o maestro da terra] num ponto da sua vida, e que convocar novamente um [Daeva] seria uma tarefa extremamente fácil para ele, os preparativos e o próprio ritual o irritavam e lhe causavam repugnância.

[Daevas], seres que os humanos só poderiam chamar de demônios, são bestas invisíveis para as pessoas comuns e normalmente movem-se através das sombras. É por meio delas que estes seres podem atravessar do mundo dos mortos para o mundo humano, e vice-versa. A sua única fraqueza são seres divinos, heróis, ou mágicos que possuem alguma poderosa habilidade de luz ou fogo. Caso contrário, poderiam ser considerados praticamente invencíveis.

— A minha energia mágica é mais forte do que na primeira invocação....perfeito, eu devo invocar dois em vez de apenas um neste novo ritual.

Ao levantar-se, o homem caminhou até às escadas e começou a subi-las. Entrando na primeira sala à sua direita, ele fechou lentamente a porta. Um círculo mágico foi desenhado no centro do quarto, sobre a cama colocada ali estava uma mulher e um homem que pareciam estar na casa dos trinta e poucos anos e duas meninas que mal tinham treze anos de idade. A família inteira estava amordaçada e inconsciente.

— Quanto mais depressa fizer o que tenho de fazer, mais rápido vou terminar essa merda.

Tirando o facão que estava amarrado à cintura, ele puxou os membros da família um de cada vez para o coração do círculo. O que aconteceu a seguir só poderia ser descrito como um show de horrores.

Swish!

O facão acelera pelo ar com um berro alto e bate no corpo dos membros da família. Uma quantidade absurda de fluído vermelho salpica, pintando as paredes com o líquido da vida. O som da carne a ser cortada enche a sala, pois pai, mãe e filhas são desmembrados sem um pingo de misericórdia.

Cortar, remover, levantar, golpear!

Após quase quarenta e cinco minutos de repetição deste mesmo processo, o que está no chão já nem sequer se pode chamar de humano, apenas um monte de carne, sangue e ossos partidos.

Deixando cair o facão coberto de vermelho e alguns pequenos pedaços de carne, o homem começa a recitar um encantamento em persa antigo.

—Os que andam na escuridão, Aqueles que anseiam pela destruição, ouçam o meu chamamento. Eu sou aquele que vos acolherá, eu sou aquele que vos libertará. Saiam das sombras e apareçam perante mim, tragam derramamento de sangue e desespero a todos de igual modo, matem e alimentem-se do sangue dos inocentes, enlouqueçam, devorem! E assim marcai o vosso lugar no mundo dos homens!!!

Entre o aglomerado de ossos e carne, as sombras começaram a dançar como se tivessem tomado vida própria. Estas sombras aumentaram então de tamanho, a sua figura anteriormente uniforme, assumindo agora uma aparência meio-humana, meio-animal.

Após alguns segundos, tudo acabou e os dois recém convocados [Daevas] ficaram parados, olhando para o seu invocador. Se o homem tivesse sido um mago mais fraco, os [Daevas] poderiam tê-lo morto sem quaisquer escrúpulos, pois a única coisa necessária para isso teria sido destruir o círculo de convocação, mas, eles reconheceram imediatamente que este homem não era um mago comum, os seus instintos gritavam para obedecer à pessoa à sua frente, uma vez que ele pertencia a um nível superior. Como se chegassem a uma deliberação, os dois seres ajoelharam-se perante o homem vestido de preto, uma demonstração da sua lealdade e submissão.

Observando os seus dois novos servos, o homem vestido de preto sorriu cruelmente.


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